Protesto reúne insatisfeitos com o governo Dilma

Protesto reúne insatisfeitos com o governo Dilma

Foto: Marina Rezende

“Manda a Dilma saudar mandioca em Cuba”. Um jovem com, aparentemente, 25 anos, se apresentou à nossa equipe proclamando essa frase. Durante o protesto contra o governo Dilma Rousseff, expressões como essa eram comuns de se ouvir, na tarde do dia 16 de agosto nas praças da Liberdade e da Savassi. Cerca de 6.000 pessoas estavam presentes.

Foto: Marina Rezende
Foto: Marina Rezende

O protesto ocorreu de forma pacífica e a maioria dos manifestantes eram de classe média. Os policiais ficaram no entorno da região e não entraram em conflito com os manifestantes, que elogiavam o trabalho da PM após selfies e cumprimentos.

Os manifestantes tinham nos rostos dois borrões de tinta. um verde e outro amarelo. As mesmas cores das camisas da seleção brasileira de futebol, algumas, inclusive, com nomes personalizados, como “Bárbara,” número 10.  Eles foram escoltados pela Polícia Militar durante todo o protesto que durou quatro horas.

Havia carros com porta-vozes de movimentos que defendiam a retirada da atual presidenta da república do cargo. Algumas dessas pessoas usavam camisas em que se podia ler mensagem como “intervenção militar”. A intervenção não era apoiada por uma parte dos participantes. Quando a reportagem do CONTRAMÃO abordava os manifestantes, alguns diziam: “Eu não sou desses que pedem intervenção militar”.

Enquanto isso…

Do outro lado da avenida Cristovão Colombo, na Praça da Savassi, selfies pipocavam por todos os cantos. As famílias se reuniram erguendo faixas. Partes dessas faixas eram artesanais, com letras em tinta e acabamento caseiro. Bandeiras e camisetas também eram vendidas por ambulantes e em algumas lojas da região. Um vendedor, inclusive, nos parou para reclamar da ação da prefeitura contra o trabalho que exerciam. “Eles  [agentes da prefeitura] agem com truculência: já vem tirando tudo”. Entramos em contato com o setor de regulação urbana da Prefeitura de Belo Horizonte para falarem sobre o caso, mas, até o fechamento da matéria, não houve resposta.

Foto: Marina Rezende
Foto: Marina Rezende

“Deus no coração”

Ainda na Cristovão Colombo, um integrante da Igreja Adventista segurava um cartaz em mão com um endereço na internet (esperanca.com.br). Ele disse não ser completamente a favor das reivindicações e desejou à Dilma paz e “Deus no coração”. O homem afirmou que os problemas do Brasil ocorriam devido ao fim do mundo. “Com ou sem a Dilma não tem melhora para o mundo. Já estamos na reta final”, exclama.

Quando retiramos o microfone com a marca da UNATV, três pessoas começaram a se aglomerar ao lado da reportagem. Elas achavam que entraríamos em link ao vivo e se posicionavam de forma a serem enquadradas pela câmera com suas placas e faixas. Os dois homens e a mulher queriam explicitar suas reclamações não só na rua, como, também, para a mídia. Os manifestantes eram eram solícitos e predispostos a conceder entrevistas.

Nos bares dos arredores de uma das regiões mais badaladas da cidade, os proprietários e gerentes sorriam. Alguns daqueles que vestiam camisa da “seleção canarinho”, certamente, iriam fazer um lanche, almoçar ou, então, beber alguma coisa, água que fosse.

Com 12 anos

Uma mãe segurava uma garrafa de água, enquanto acompanhava a filha de 12 anos no protesto. “Ah, ela é a melhor pessoa para falar sobre isso [o ato]”, disse. “A importância é que todo mundo veio lutar para o Brasil melhor. Pelo bem de cada um e pelo de todo mundo”, declarou a garota com segurança e sem gaguejar.

A garota escutou críticas à educação, feitas por pessoas dos carros de som. “A educação é comunista” e “Professores de história, filosofia e sociologia são ‘comunas'” foram algumas das revelações feitas durante as 4 horas de manifestação. Com 12 anos de idade e borrões verde-e-amarelo no rosto, a pré-adolescente, também, ouviu pedidos para a volta da Ditadura Militar.

A distância de cerca de 500 metros entre a Praça da Liberdade e a da Savassi, após gritos pró-impeachment, a dispersão foi imediata. Um dos porta-vozes, em um dos carros de som, palanque de um movimento, anunciou que iriam para a avenida Raja Gabáglia, poucos que restavam e houve um minuto de aplausos para a ação da Polícia Militar. Depois de 10 minutos as ruas estavam vazias.

Foto: Marina Rezende
Foto: Marina Rezende

Por Gabriel da Silva

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