A poética de uma cidade em constante evolução

A poética de uma cidade em constante evolução

A exposição “Poética de uma cidade” por Câncio de Oliveira, que está aberta ao público no Memorial Vale desde 08 de maio até 31 de julho, traz fotografias, algumas em preto e branco, de uma Belo Horizonte desconhecida para a juventude atual. Na década de 1950, época em que algumas das fotografias de Câncio a população da Capital não passava dos 352.724 habitantes, número consideravelmente inferior aos 2.375.151 atuais.

O aposentado, Domingos Trece, 91, testemunhou as transformações ocorridas na cidade e as avalia como positivas. “Para uma cidade relativamente grande, é uma beleza. É o que nós precisamos, porque quanto mais cresce, mais oportunidade tem para o povo”, acredita. O aposentado ainda não foi à exposição, mas se recorda de como era BH no anos 1950, das árvores que tomavam conta da avenida Afonso Pena, mas ainda vê beleza na capital mineira. “O ritmo de vida era diferente. Eu trabalhava muito, mas nas horas vagas frequentava cinemas, teatros e até algumas festas. Mas BH ainda tem uma paisagem linda, linda de morrer, quem mora aqui é um privilegiado da natureza”, defende Domingos Trece. Mas quando o aposentado avalia as pessoas dos dias atuais, o tom muda. “O povo mudou pra pior, as pessoas estão maios atrevidas, mais desastrosas”

Senhor Domingos Trece, 91, aprecia a tarde na Praça da Liberdade.

Contudo, a região da Praça da Liberdade permaneceu com as fachadas dos prédios antigos, jardins que realça a permanência de um estilo do passado. Sobre isso, o estudante de arquitetura João Gustavo, 22, relata que do ponto de vista técnico as reformas das edificações tem sido muito bem executadas, com restauro das fachadas, das esquadrias, modificações dos espaços para adequação aos novos usos propostos.

Porém, ele faz uma análise da ocupação desses espaços. “Eu ainda ressaltaria que a decisão de retirar da praça os órgãos públicos que ela antes abrigava também foi muito criticada (pelo menos entre os arquitetos e urbanistas). A ideia de ter um espaço tão privilegiado economicamente, cultural e socialmente ocupado por repartições públicas não é muito atraente, a princípio, mas a quantidade de servidores públicos e da população que utilizava a praça como centro de serviços injetava público e consumo na região do Centro, Savassi e adjacências”, critica.

Por Ana Carolina Vitorino e Gabriel Amorim

Fotos: Ana Carolina Vitorino

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