Aline Lemos fala sobre sua paixão por quadrinhos e suas expectativas para...

Aline Lemos fala sobre sua paixão por quadrinhos e suas expectativas para o FIQ

Como uma programação que varia de edição para edição,o Festival Internacional de Quadrinhos – FIQ que ocorre a cada dois anos em Belo Horizonte, começou nesta quarta-feira (11). A 9ª edição do FIQ promete reunir durante quatro dias convidados de relevância nacional e internacional, promover exposições, lançamentos de HQs e livros, feira de publicações, sessões de vídeo, oficinas, palestras, mesas redondas e outras atividades. Entre os convidados deste ano está a quadrinista e integrante do grupos ZiNas, Aline lemos, que conversou com o Jornal Contramão.

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1. Quando surgiu sua paixão por quadrinhos?

Eu leio quadrinhos desde muito pequena, principalmente o Turma da Mônica e mangás. Além disso, desenhar sempre foi pra mim uma forma prazerosa de me expressar. Quando era adolescente, tinha uma ideia vaga de que gostaria de ser quadrinista e até cheguei a fazer um curso. Mas isso nunca esteve muito claro para mim como uma possibilidade real, por falta de conhecimento da área e principalmente de confiança. O empurrão que eu precisava para começar a produzir quadrinhos veio da movimentação da própria cidade, quando eu via pessoas daqui publicando no FIQ por exemplo, e de iniciativas de incentivo á novas autoras mulheres. Ver pessoas fazendo quadrinhos, e pessoas como eu, era muito empolgante. Os meus primeiros quadrinhos depois de adulta foram feitos em 2013 para a Revista Inverna e para o Zine XXX. Desde então tenho estado conectada com outros quadrinistas jovens em grupos de discussão na internet e participando de coletivos de mulheres artistas, como as ZiNas em BH e Mandíbula na Internet .

2. Quais Foram suas principais influências no mundo dos quadrinhos?

Eu sempre li muito mangá, então foi minha primeira grande influência. O manga me deixou encantada com contar histórias visualmente e com layouts de pagina dinâmicos, emotivos e não convencionais. Depois eu conheci autores como Neil Gaiman e Alam Moore e isso me abriu novos interesses nos quadrinhos. Quanto a nacional, foi uma revolução descobrir a Laerte e a Lovelove6. Hoje, eu leio de tudo e tendo aprender com tudo que leio. Mas acredito que a principal influência seja dos autores e autoras jovens independentes brasileiros, que acompanho de perto.

3. Como você entrou para o ZiNas?

Eu sou integrante mais recente das ZiNas, então participei da sua formação. Fui acolhida por elas em um momento decisivo para mim. Eu estava muito frustrada por não saber onde começar a divulgar meu trabalho e conhecer outros artistas. A Carol Rossetti me convidou para conhecer o grupo e logo comecei a participar das publicações colaborativas, que são muito gostosas de fazer. As ZiNas me apresentaram o mundo das feiras e das publicações independentes. Nós nos ajudamos e fortacemos nosso trabalho juntas, aprendendo, trocando ideias, realizando projetos que sozinhas não poderíamos.

4. Quais são suas expectativas para o FIQ ?

Estou muito empolgada! Frequento o festival há muitas edições e acompanhei o seu crescimento, bem como o crescimento da cena em BH. Pessoalmente, foi um grande incentivo para mim. Acredito que estamos em um momento muito estimulante para os quadrinhos no Brasil, com muitos autores e autoras produzindo e se unindo para fortalecer a sua produção. O FIQ também está acompanhando esse movimento e propôs uma programação muito bacana. É um festival interessante porque reúne um público muito grande e variado, de todas as idades e gostos, bem como quadrinistas de muitos lugares. Estou muito animada em encontrar todos eles.

5. Como você acha que o ZiNas é visto no mundo dos quadrinhos?

Somos um grupo pequeno e nosso trabalho mantém as raízes modestas do fanzine. Mesmo assim, fico muito feliz com a receptividade que as ZiNas tem tido. Participamos de festivais e feiras independentes há muito tempo e sempre temos uma acolhida muito boa pelo público e pelos nossos colegas. As pessoas gostam do nosso modo de tratar temas considerados “tabus”, mas que na verdade sentem muita falta de serem discutidos. Recentemente, passamos a fazer oficinas e investir em projetos culturais de inclusão social que acredito que vão ressonar positivamente no mundo dos quadrinhos, que é muito fértil para esse tipo de iniciativa. Posso falar isso sem nenhuma falsa modéstia, pois quem esteve encarregada dos últimos projetos foram as minhas colegas, principalmente a Carolita Cunha. No início fiquei surpresa por termos sido convidadas para integrar a programação do FIQ, mas preciso puxar saco: faz jus ao trabalho que as minhas colegas tem feito.

 

Por Amanda Aparecida

Fotos: Arquivo Pessoal de Aline Lemos

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