Assalto!Assalto!

Assalto!Assalto!

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Foto Reprodução

Por Auspicioso Acapela – Coletivo parceiro Contramão HUB

Belo Horizonte, às seis horas da manhã, olho pela janela do quarto e observo as pessoas andando, algumas apressadas outras caminhando, reparo também algumas pessoas esperando o ônibus. Noto crianças e adolescentes com os uniformes das escolas do bairro e, principalmente, com os fones de ouvidos na orelha. Imagino se eles estão ouvindo música ou as notícias. Se minha avó estivesse viva, logo estaria falando – menina, tira esse trem do ouvido, quer ser assaltada? Você sem esse telefone não sobrevive! -. Rio com essa imagem na cabeça. Bom, hora sair e me tornar mais uma no meio da correria do dia a dia.

Estou na linha 8108 – Cidade Nova / Savassi, já sentei e me escorei na janela, quem sabe dá para tirar um cochilo. Na minha frente, ouço a conversa de um pai com o seu filho – já está na hora de começar a estudar para um concurso público, estabilidade financeira e carga horária reduzida. Você já pode parar de brincar de escrever. – Mesmo sonolenta, escuto a conversa com clareza.

Com a mente desligada, meu cérebro embaralha o pensamento da minha avó com a conversa. E de repente, minha cabeça tem uma estalo. O pensamento dela faz sentido. Ocorrem assaltos todos os dias e em diversas situações. Assalto – subst. masc. ataque repentino com uso de força, para retirar algo da pessoa –. Acabei de presenciar uma situação de assalto, o pai retirando o sonho do garoto. Paro para pensar em quantas situações, situações simples na verdade, em que as pessoas acham que tem o direito de abolir com algo de outro. Isso realmente é um assalto! Quem diria que quando minha avó puxava a minha orelha, ela tinha razão.

Subo a rua da Bahia, observo o movimento e realmente a frase “subir Bahia, descer Floresta” faz parte da vida de muitos mineiros, inclusive da minha. Com o pensamento da minha avó ainda na cabeça, imagino quantos sonhos já foram roubados naquele pequeno trajeto.

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