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Comas Brasil no desfile Eco Fashion Week

Como um dos pilares da instituição, os projetos de extensão tem como princípio construir uma visão aberta e plural nos alunos, capaz de estimular o contato de ambos com a profissão ainda na graduação. Uma maneira que enriquece os conhecimentos acadêmicos e salienta o dinamismo profissional em diversas áreas de atuação. 

E hoje, o Contramão traz um artigo de opinião construído por meio do projeto de extensão Jornalismo de Moda, liderado pela professora Gabriela Ordones, que tinha como propósito fomentar o senso crítico e a escrita jornalística dos alunos dos cursos de Design, Comunicação e Moda. 

por Helena Coutinho

“Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, como bem expressou Lavoisier. Esse é o precedente de um dos movimentos de mercado mais fortes da atualidade, que ressignifica o descarte e o transforma em novo, apontando uma direção importante para a segunda indústria mais poluente do mundo, a da moda. 

Há relativamente pouco tempo, o mercado tem caminhado em um mesmo sentido: o da sustentabilidade. Tal movimentação, já mostrava sua previsibilidade em diversos veículos de tendência, visto que, há muito, já vínhamos percebendo que a escala na qual produzimos é insustentável para o nosso planeta e esse não é um reflexo a longo prazo. Para as marcas, o que antes era uma escolha e um diferencial é agora uma obrigação e uma exigência crescente dos consumidores, principalmente no que diz respeito às novas gerações. Vemos hoje a assinatura de tudo isso em colabs eco-friendly, técnicas de Upcycling e linhas de produção mais transparentes e atentas aos seus reais impactos.

Mas, cá entre nós, o consumidor de luxo e de grandes marcas, no geral, não dispõe de muita atenção no que diz respeito à temática da sustentabilidade, apesar disso, nitidamente, veio se fortalecer a cada dia. Uma das fortes ondas do momento são as técnicas de otimização de recursos e a reestruturação de materiais que seriam descartados. Uma das mais vistas recentemente é o Patchwork.

A técnica não é novidade: desde o Egito Antigo já deixou suas pegadas e, na moda, marcas como Vivienne Westwood e Versace foram algumas das pioneiras. Porém, o discurso do Patchwork aliado à sustentabilidade é relativamente fresco e quase que simbiótico. Contudo, em um momento onde a narrativa de empatia com o nosso planeta é crescente, marcas que ousam experimentar técnicas de Upcycling e reaproveitamento devem se atentar, também, ao seu discurso e analisar, diante de um mercado cada vez mais atento, se o seu propósito enquanto marca converge ou não com os princípios que precisam nortear uma coleção ecologicamente segura.

É notável que o movimento efetivo relacionado à sustentabilidade na moda, teve seu ápice nos brechós, bazares e com pequenos artesãos que, com um talento impecável, transformavam o que antes era considerado lixo em peças comercializáveis e exclusivas. Feliz ou infelizmente, grandes corporações, ao perceberem a crescente valorização mercadológica desse tipo de produto, viram-se diante de uma grande oportunidade: vender mais, com um discurso que até então ia na contramão das suas crenças e da sua linha de produção. É aí que a discussão ganha novos rumos.

A pandemia impactou a escassez de matérias-primas de todo e qualquer setor, inclusive o da moda. Gigantes da indústria fashion deram de cara com a incerteza, investimentos perdidos e uma estrada nebulosa diante do que viria pela frente. Ao mesmo tempo, pessoas que estavam em casa, esgotadas pelas exigências do isolamento social, começaram a utilizar como forma de escape a arte e a criação. O famoso “inventar moda” deixou de ser apenas um termo e ocupou um lugar importante no cotidiano das pessoas, principalmente no TikTok, onde ficou famosa a reformulação de peças já existentes no guarda-roupa. E essa foi a estratégia também adotada pelas marcas, agora obrigadas a utilizar dos seus recursos em meio à escassez, vendo-se impelidas a aproveitar o seu estoque que, há pouco, era integralmente carbonizado. 

Dolce & Gabbana, marcada pelas suas polêmicas contraditória se ética questionável, foi uma das gigantes a adotar o reaproveitamento, estratégia carimbada na sua coleção de verão 2021 ready-to-wear, executada a partir da mescla de diferentes retalhos que, juntos, se transformaram em uma explosão de cores e peças bastante atraentes ao olhar. Por um lado, nossos olhos brilham por saber que a adesão de grandes marcas a temas e propostas mercadológicos do tipo é um passo enorme para a expansão destes. Porém, reconhecendo o aspecto pendular da moda, sabemos que toda tendência tem data de validade. E o reaproveitamento de retalhos, pode ser uma delas.

Dolce Gabbana no desfile primavera/verão 2021

O poder do capitalismo é ainda maior do que parece e o mercado da moda anda ao lado dele. Um dos impactos disso é o greenwashing, que, segundo o Politize, é uma prática que promove discursos ambientalmente responsáveis, o que, na prática, não ocorre. É então, bastante coerente questionar se o imperialismo das grandes marcas usa do seu poder com verdade e propósito ou apenas como o “branding ideal” para vender cada vez mais.

A relação de poder no mercado da moda é o maior patrocinador dos seus impactos, sendo urgente que nós, como consumidores, consigamos enxergar isso. Grandes redes de fast-fashion já foram responsáveis por criar peças com design sustentável que, no entanto, utilizavam tecidos novos, produzidos especialmente para aqueles modelos. Para onde vai o discurso da sustentabilidade? Ecologia está na moda, mas será essa uma nova postura ou mais uma das brisas do mercado que passam adiante com a chegada do novo?

Historicamente, conhecemos os inúmeros dos grandes artistas que se perderam ao baterem de frente com a fama descomunal. Halston, Amy Winehouse, Michael Jackson, todos engolidos pelos holofotes que idealizavam seres humanos. Com esse final, já estamos familiarizados, mas o que a indústria como um todo nos mostra são grandes empresas que se perdem diante da escuridão da sua efervescência, esquecendo-se de que arte e equilíbrio socioambiental podem e devem ser inseparáveis. O mercado muda, os discursos mudam, o público muda. Mas será que o mundo vai se manter o mesmo? Diante disso, nos cabe questionar: será que “fazer o que se vende” é mesmo a melhor escolha?

 

 

Edição: Keven Souza

Por Bianca Morais 

Atire a primeira pedra quem nunca gostou de um artista ou banda famosa, colocou poster d pelo quarto, mandou uma mensagem no Instagram, ou foi em um show cantar bem alto suas canções. 

A série de reportagens de sonhos adiados vai contar hoje a história das amigas Isabella e Mayura, que chegaram muito perto de ver a banda que gostam ao vivo depois de muitos anos sem assisti-los, mas que com a pandemia tiveram que adiar o sonho de ver os ídolos de pertinho. 

O início 

Isabella Procópio e Mayura Rinco são amigas de infância, e por volta do ano de 2004, no auge de seus 14 anos, Isabella apresentou a Mayura uma banda que havia conhecido na internet, o Mcfly. 

“Lembro que eu estava baixando música na internet, procurando dos Beatles e apareceu um cover do Mcfly. Eu já gostei de cara, da voz de tudo, baixei mais duas músicas e me viciei, escutava o dia todo”, conta Isabela.

Logo depois que ela conheceu a banda, os artistas estouraram com por terem uma música na trilha sonora do filme “Sorte no Amor”. Isabela conheceu ali a sua maior paixão de fã. Vale lembrar que na época, conhecer músicas de artistas internacionais não muito famosos, não era uma tarefa fácil, e se não fosse a coincidência de achar o cover deles dos Beatles ou o filme, as duas jamais teriam tido acesso a eles.

“Eu nunca gostei tanto de uma banda na minha vida igual eu gostei dessa, foi um vício que assim, ninguém na minha casa estava aguentando mais, eu só ouvia eles, só falava deles”, completa ela.

Isabella não podia viver esse sonho sozinha, por isso, apresentou a melhor amiga Mayura uma música e na mesma hora ela se apaixonou também. 

“Como toda boa amiga ela empurrou para mim o conteúdo e eu tive que aprender a gostar”, relembra Mayura.

Mas no fundo não foi nenhum sacrifício, a banda formada por quatro jovens artistas ingleses, encantou as duas logo no início e de longe elas sempre sonharam em poder ir a um show dos rapazes.

 

A primeira vez a gente nunca esquece

Foi em 2008, quando as duas descobriram que eles viriam ao Brasil pela primeira vez, para as adolescentes foi algo muito emocionante, afinal a banda era algo muito distante, e por não serem muito conhecidos jamais acreditavam que conseguiriam assistir um show deles ao vivo no Brasil. 

“Era algo que a gente só via pela internet, nem na tv, eles não eram muito famosos a ponto de aparecer sempre, então quando eles vieram em 2008 fizemos de tudo para ir”, conta Mayura.

Na época, Mayura era menor de idade e trabalhava apenas meio horário na loja de seu tio, Isabella tinha acabado de completar 18 anos e mesmo com pouco dinheiro, juntaram o que tinham e embarcaram para São Paulo. O irmão de Isabella morava na cidade, por isso, as duas tiveram onde ficar, no entanto, o dinheiro que tinham para passar os dias, acabaram comprando ingresso para outro dia de show.

“Iriam ter dois dias de show, 28 e 29 de maio, o show principal era dia 29, como esgotou eles abriram outro show extra, a gente comprou ingresso para o dia 29 e chegando lá nós pegamos todo o dinheiro que tínhamos para comer e compramos ingressos para ir no dia 28 também. E passamos dois dias só comendo promoção do McDonalds”, explica Mayura

“A gente tinha 18 anos, só que assim, as duas sem trabalhar, aquela confusão, mas conseguimos juntar dinheiro e pensamos vamos. No primeiro dia ficamos quase seis horas na fila, assistimos o show e depois que acabou, voltamos para fila do segundo, tudo isso para poder assistir a banda” relembra Isabella. 

A dupla de amigas já passou por vários perrengues pela banda, dormiram na fila do show para ficar na grade, passaram frio e tomaram chuva. Mayura acabou se sentindo mal e tiveram que ir para a parte de trás. Na volta para Belo Horizonte, Mayura foi internada com amidalite. Enfim, nada que uma boa fã não faria pelo ídolo adorado.

As amigas na fila do show

No ano de 2009, Mcfly voltou ao Brasil, dessa vez para a capital mineira, Isabella e Mayura “ganharam” uma promoção da Jovem Pan, com a ajuda de um primo da Isabella que trabalhava na rádio e conseguiram conhecer a banda pela primeira vez.

“Foi o primeiro show deles em bh, foi maravilhoso, mesmo esquema, horas na fila, só que esse ano, foi mais especial porque a gente conseguiu pela primeira vez ver eles de perto, foi bem rapidinho, só deu tempo de falar oi, mas foi sensação de outro mundo”, conta Isabela.

Na época, realizar todos aqueles sonhos era algo muito inédito para as duas, redes sociais como Instagram, onde os fãs conseguem ter contato muito próximo com seus ídolos era algo que não existia. 

“Eles eram inalcançáveis e de uma hora para outra se tornaram reais. Nessa fase o máximo que nós tínhamos era orkut, então colocávamos na frente do nome um parêntese com as datas com quantos dias faltava para o show”, completa Mayura.

Mayura e Isabela com a banda Mcfly

As expectativas para o retorno da banda aos palcos

As duas jovens aproveitaram e muito o pico da banda que gostavam. Acontece, que depois de muito tempo nas paradas, o Mcfly deu uma longa pausa nos palcos, e nesse tempo Isabella e Mayura, aquelas adolescentes que dormiam na fila do show, cresceram, amadureceram, Isabella acabou saindo do país para morar um tempo fora e Mayura se formou em odontologia e seguiu a carreira de dentista.

Em setembro de 2019, o grupo britânico anunciou o retorno aos palcos, nenhum show tinha sido confirmado ainda no Brasil, mas as expectativas e certezas das meninas eram altas. 

“A sensação era maravilhosa, a gente velha já, vários anos depois, não quisemos nem saber, iríamos de qualquer jeito”, confidencia Isabela.

No mês seguinte a banda confirmou, para a alegria dos fãs, os shows em março de 2020. A tour passaria pelas cidades de Belo Horizonte, Uberlândia, Rio de Janeiro, São Paulo, Ribeirão Preto, Curitiba e Porto Alegre. Em questão de segundos depois de começarem as vendas, elas já estavam com ingressos em mãos, se dependesse delas, comprariam para todas as cidades, porém acabaram adquirindo apenas para Belo Horizonte e Uberlândia.

“A gente ia ver em BH e em Uberlândia, BH porque a gente mora aqui e Uberlândia porque acreditávamos que seria mais fácil ter acesso a banda por lá, por ser uma cidade menor, encontrá-los no hotel para tirar fotos. Mas eu acho que no final das contas eu ia acabar fazendo alguma dívida e ia pro Rio de Janeiro ou São Paulo também. Eu ia fazer outra loucura igual eu fiz da primeira vez que não tinha grana para pagar”, brinca Mayura.

Para as duas, os shows seriam além de reviver toda aquela paixão pelo Mcfly, também o reencontro, já que Isabella estava morando em Portugal na época, e viria ao Brasil apenas para assistir aos shows ao lado da amiga.

“Começamos a fazer os planos e se preparar logo depois da confirmação, mesmo sem ter certeza se daria pra ir, até porque eu morava em portugal, estava estudando lá na Universidade do Porto, então eu fui na loucura, falei que ia, mas sem saber se daria certo. Foi de setembro até março nessa expectativa”, recorda Isabella. 

 

A chegada da Pandemia e o adiamento de tudo

Os shows do Mcfly no Brasil estavam programados para acontecer a partir do dia 19 de março, o primeiro inclusive, seria em Uberlândia onde as meninas já estavam com ingresso comprado e hotel reservado.

“Quando chegou janeiro e a pandemia começou a se espalhar pela Europa comecei a ficar com medo, só que eu não tinha ideia que ia chegar na proporção que chegou, porque até então o Brasil ainda estava teoricamente tranquilo” pensava Isabela. 

Acontece que desde o começo daquele mês uma grande quantidade de shows, principalmente internacionais, estavam sendo adiados ou cancelados no Brasil, já que a pandemia da Covid-19 começava a se expandir pelo país. 

Até o último momento elas não deixaram de acreditar que os shows aconteceriam, apesar de tudo ao redor dizer que não. Foi de fato no dia 13 de março, faltando menos de uma semana para que elas enfim pudessem assistir novamente, quase 10 anos, a banda favorita ao vivo, que saiu o anúncio do adiamento.

“De jeito nenhum eu imaginei que isso aconteceria, foi tanto tempo esperando, literalmente quase uma década, para faltando poucos dias ele ser adiado”, desabafa Mayura.

“Eu ainda fazia planos, Mayura e eu combinamos tudo, comprei a passagem, com muito custo, até porque eu nem podia, é muito cara viajar de lá para cá e eu já tinha vindo em dezembro, mas pelo Mcfly eu dei um jeito. Estava muito empolgada, mas o tempo passou e percebi que não ia ter o show, nem tinha como, mesmo assim eu vim na expectativa, e só quando eu cheguei aqui eu tive a confirmação de fato que ia ser cancelado”, revela Isabela.

Por fim, a pandemia não adiou apenas os shows mas também o reencontro das amigas, pois Isabela chegou a vir para o Brasil mas as duas não conseguiram se encontrar por causa do isolamento social.

Os prejuízos

Antes da pandemia, quando uma empresa responsável por um show tinha que adiar ou cancelar algum evento, geralmente cada uma tinha sua política, mas de uma maneira geral o consumidor poderia solicitar a devolução do dinheiro. No entanto, com o cancelamento em massa de shows, o governo estabeleceu uma medida provisória que dispensava essas empresas de reembolsarem em dinheiro, permitindo a devolução em créditos.

Com isso, não apenas Isabela e Mayura ficaram no prejuízo pelos ingressos adquiridos para dois shows, como todos os outros fãs ao redor do Brasil que haviam comprado ingresso para ver o ídolo. 

“Foi muito frustrante, principalmente porque não sei se foi algo adiado ou cancelado, não adiou para uma data certa, não sabemos até hoje quando eles podem vir novamente. Quanto ao dinheiro nem tento mais, apenas tenho retornos automáticos, aquelas mensagens padrão que enviam para todo mundo”, diz Mayura.

“Eu tenho esperança que vai ter o show e que eu vou poder usar esse ingresso, até porque eu tenho certeza se eu vender o ingresso, quando eles voltarem eu vou surtar e querer ir de qualquer jeito, prefiro deixar ele garantido, a esperança é a última que morre, ainda mais fã de Mcfly que está acostumado a nunca desistir”, confessa Isabella.

No caso de Isabella, o prejuízo não foi apenas do show, mas a garota veio ao Brasil exclusivamente para assisti-lo. “Comprei a passagem para o começo de março e voltaria no começo de abril, porém com a pandemia os aeroportos fecharam e não consegui voltar para Portugal”, lembra ela.

Isabella estava em período de provas e trabalhos na faculdade, mas sem condições de voltar, acabou se prejudicando. “Eu entrava em contato com a companhia aérea, com o aeroporto, com tudo, mas o mundo estava parado. E quando consegui realmente voltar a passagem estava absurdamente mais cara”.

A sensação de se adiar um sonho além de frustrante também é decepcionante, para Mayura além de estar indo ver sua banda favorito depois de ano, seria também a primeira vez que teria condições financeiras para não passar por perrengues como sobreviver a base de mcdonalds, dessa vez como adulta que se tornou poderia fazer algumas refeições a mais e ainda assistir os ídolos de perto. Também seria a primeira vez que iria viajar de carro para longe, enfim vários sonhos que foram adiados mas de forma alguma cancelados.

Foram 10 anos esperando a banda retornar aos palcos, as garotas já até tinham se acostumado a ideia de talvez nunca mais os ver juntos ao vivo e compartilhar aquele sentimento antigo de cantar bem alto todas as canções, cercadas de outros milhares fãs. O Mcfly voltou, elas viram de longe pelas redes sociais, os shows que aconteceram no final de 2019 em Londres e aguardavam ansiosamente pela sua vez, aquela sensação que permaneceu adormecida por uma década voltou com tudo, e elas chegaram muito próximas de reviver a juventude, dias, horas, porém a pandemia mais uma vez atrapalhou os sonhos planejados.

Nunca no último século o mundo cogitaria viver uma situação parecida com o que a pandemia da Covid-19 causou, ela abalou as crenças de muitos, mas como vimos na série de reportagens, sonhos nunca devem ser cancelados, e sim adiados, e a dupla de melhores amigas sabem disso, independente do prejuízo, elas vão manter os ingressos, porque sabem que pode demorar um, dois, ou até dez anos, como já aconteceu, mas elas vão esperar pelo Mcfly, assim como a Jordania seu intercâmbio e a Enza seu casamento. 

Pelo olhar do artista

Cantor Thiago Pinelli

Os impactos foram ainda maiores para os músicos. Muitos artistas, principalmente os independentes sofreram e muito com os efeitos causados pela pandemia. Nossa equipe entrevistou o cantor Thiago Pinelli, de 31 anos, que nos contou como tem sido superar esses obstáculos. 

Thiago é cantor sertanejo, antes do isolamento social se apresentava em bares, festas e casas de shows em Belo Horizonte e cidades de Minas. Já tocou em lugares de renome como Alambique e Observatório, agora com a retomada dos eventos está preparando muitas coisas novas para o público. Confira: 

  • Há quanto tempo você está no mercado da música e como começou nele?

Estou no mercado há dez anos. Na verdade, comecei minha carreira cantando em igreja. Em casa eu e meu irmão cantávamos de brincadeira e reuniões de família e amigos, quando numa dessas brincadeiras surgiu a vontade de formarmos uma dupla e cantar profissionalmente.

 

  • Como era a situação do mercado de shows para você antes da pandemia?

Quando dupla fazíamos bastante shows na região de Ouro Branco e Lafaiete, viemos para Belo Horizonte onde também fomos bem recebidos pelo público e casas noturnas, posso dizer que não ficávamos parado, sempre tínhamos shows e apresentações.

 

  • Tinham muitos marcados para acontecer?

Sim, estávamos com uma agenda muito satisfatória para quem tinha recém-chegado à Belo Horizonte.

 

  • Quando começou a pandemia você tinha ideia de que ela poderia atrapalhar tanto o seu trabalho como artista?

Não, Era uma doença nova e só com passar dos dias é que percebemos a gravidade disso tudo. Junto com o vírus vieram os cancelamentos das datas já marcadas, ai sim foi que a ficha caiu e passamos a perceber o que realmente estava acontecendo.

 

  • Como foi quando caiu a ficha de que os shows, todos os planos de gravações e novos projetos teriam que ser adiados?

Em Abril de 2020, quando os contratantes começaram a ligar para o escritório e cancelar as datas dizendo que estavam assustados com as reportagens e que não teriam datas certas para voltar aos shows, ai foi um baque pois no inicio da pandemia as datas eram adiadas e depois passaram a ser canceladas. Isso tanto nos shows como nos estúdios para gravações.

 

  • No começo da pandemia, quais foram as maiores dificuldades pelas quais você passou?

Largamos tudo o que tínhamos de segurança em nossa cidade para abrir novos espaços em Belo Horizonte, com a pandemia a maior dificuldade foi nos mantermos aqui na capital, sem shows e sem renda. 

 

  • O que os shows significavam para você tanto em questão de carreira quanto de realização pessoal?

Tudo! Cantar é minha paixão, eu estando no palco cantando é uma realização pessoal e profissional ou seja os dois andam lado a lado, juntos e misturados! E agora em carreira solo, significa mais ainda!  

 

  • Você teve prejuízos em relação a contratantes, quebras de contratos, atraso de salários?

Não digo prejuízo, posso dizer que deixei de ganhar. Os contratantes não tiveram culpa de algo que atingiu o mundo, não podemos cobrar deles essa conta. Mas, é complicado ficar parado, deixar de estar perto dos fãs, de fazer o que eu mais gosto!

 

  • Você trabalha apenas como músico ou tem trabalho paralelo para se manter?

 Vivo da Música, sou focado 100% na minha carreira, porém na pandemia fui ajudar meu pai na empresa de engenharia elétrica dele, precisava me manter! 

 

  • Como tem sido a sua rotina sem os shows ao vivo? Tem surgido alguma oportunidade de trabalho nesse tempo? Chegou a fazer lives?

Agora as coisas estão retomando devagar. Abri a agenda e já estou fazendo algumas apresentações em bares e casas de show em BH e Nova Lima. Mas, quando tudo estava parado, fiz apenas uma live na cidade de São Lourenço (MG). 

 

  • Pensou em algum momento em desistir da carreira?

Jamais! A música é minha vida, não me vejo fazendo outra coisa. Aproveitei esse momento para me dedicar à carreira solo, ensaiar bastante e focar em projetos para o pós-pandemia. 

 

  • E quais são esses projetos?

Bom, na verdade já comecei a colocar em prática um sonho que tenho há muito tempo, com a pandemia e os cancelamentos de shows, os trabalhos parados eu e meu irmão conversamos e resolvemos seguir caminhos diferentes. Como disse, meu sonho antigo era seguir carreira solo e venho fazendo meu trabalho gravando vídeos e movimento minhas redes sociais para que quando voltar a vida normal, o público e os contratantes já saberem desta nova fase da carreira solo.  

 

  • Quais são suas expectativas para quando voltar aos palcos?

Apesar de já ter completado 10 anos de carreira, acaba que nessa nova trajetória tudo ainda é novidade, mas claro que a expectativa é voltar a agenda recheada e conquistar meu espaço no mercado. Para isso, eu e meus produtores estamos realizando um trabalho intenso de preparação e produção de conteúdo. Queremos trazer muitas novidades e muita música boa para meu público. 

Conheça o trabalho do Thiago Pinelli no Instagram.

 

Revisão: Daniela Reis 

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Por Bianca Morais 

O TBT do Jornal Contramão de hoje presta uma homenagem a partida de um dos maiores atores que a população brasileira já teve o prazer de assistir

Tarcísio Pereira de Magalhães Sobrinho, eternamente conhecido como Tarcísio Meira, nasceu no dia 5 de outubro de 1935 e faleceu nesta quinta-feira, aos 85 anos. Deixa para trás sua companheira de vida, a atriz Glória Menezes e o filho, também ator, Tarcísio Filho.

Tarcísio Pereira e Glória Menezes se conheceram no início de suas carreiras no teatro, os fãs do casal lamentam não apenas a morte de Tarcísio como a internação de Glória no hospital, ambos contraíram o doloroso coronavírus.

Na televisão Tarcísio estreou em Noites Brancas, no ano de 1959, na TV Tupi. Em outro teleteatro, contracenou pela primeira vez ao lado de sua amada em Uma Pires Camargo, em 1961. 

Tarcísio era galã em sua primeira telenovela diária, 2-5499 Ocupado (1963), na Tv Excelsior, também com Glória Menezes e em várias outras da época, foram mais de sete telenovelas antes de ir para a Globo com a esposa onde estrearam em Sangue e Areia (1967). 

Esse foi só o começo de uma grande carreira onde participou de mais de 50 trabalhos, entre novelas, minisséries e seriados de televisão, exemplo: ​​Irmãos Coragem (1970), Cavalo de Aço (1973), O Semideus (1973), Guerra dos Sexos (1983), O Tempo e o Vento (1985), Desejo (1990), Rei do Gado (1996), Torre de Babel (1998), Hilda Furacão (1998), A Muralha (2000), O Beijo do Vampiro (2002), Senhora do Destino (2004), Páginas da Vida (2006), A Favorita (2008), A Lei do Amor (2016), Orgulho e Paixão (2018).

No cinema, Tarcísio Meira ainda se destacou no cinema, principalmente nos anos 70 e 80, o primeiro filme em que atuou foi Casinha Pequenina (1963), ao lado de Mazzaropi, e outros, como Máscara de Traição, As Confissões de Frei Abóbora, Independência ou Morte, A Idade da Terra e Eu. 

No dia de ontem perdemos também outro brilhante artista aos 84 anos, Paulo José, em decorrência a um quadro de pneumonia. O ator colecionou grandes papéis ao longo da carreira, como o mecânico Shazan no seriado Shazan, Xerife e Cia. No total somaram-se 20 novelas e minisséries, como Por Amor, Explode Coração, Senhora do Destino, Caminho das Índias e Em Família.

No cinema interpretou o emocionante papel no filme “O Palhaço” e em “Macunaíma”. Paulo José deixou esposa e quatro filhos.

Semana de luto para a cultura brasileira. Grandes talentos jamais são esquecidos.

Por Bianca Morais 

A Dígito Zero é uma produtora que faz parte do Núcleo Audiovisual da Fábrica. Durante muito tempo a DZ, assim chamada carinhosamente por alunos e equipe,  se envolvia pouco em projetos institucionais e o seu trabalho era dar suporte ao curso de Cinema e Audiovisual em demandas práticas, comunicação com alunos e projetos de extensão. No entanto, desde que a produtora foi integrada a Fábrica, ela passou a ter um papel muito importante para toda a Una, sendo requisitada constantemente para produção de materiais de cunho institucional que vão de produção de podcasts, gravação de programas para o Youtube, à transmissões ao vivo. 

Estúdio de TV
Estúdio de Rádio

Além da Dígito Zero, dentro da Fábrica Audiovisual, encontra-se também o NAV, enquanto a DZ é a produtora, que faz os vídeos, programas, podcasts, animações, etc, o NAV é setor que disponibiliza todos os equipamentos e estúdios para a produtora trabalhar. Olhando pelo lado acadêmico, o NAV empresta aos alunos e professores aparelhos e ambientes para realização de práticas e trabalhos. 

A equipe completa da DZ conta com o técnico Mateus Felix, e a estagiária Malu Saraiva, no NAV temos os técnicxs Gladison Santos e Ariadne Tannus e a estagiária Milena Barbaro, e o líder de ambos laboratórios, Raphael Campos.

As Parcerias do Núcleo Audiovisual

Durante a série de reportagens dos 60 anos da Una, vimos muitos projetos de extensão desenvolvidos por diferentes cursos da faculdade, e por trás de grande parte deles, está a participação da Dígito Zero e Nav, na produção audiovisual.

No Gastrouna e UnaTrend, a equipe responsável por fazer as vinhetas e chamada dos alunos, no dia do evento, cobrem e fazem transmissões ao vivo. 

No Lumiar, eles fazem todo o processo de assistência técnica, montam as estruturas, as câmeras, ajudam a escolher e legendar filmes, como evento do curso de cinema, eles ajudam na produção geral.

“Fizemos um belo trabalho na cobertura do Una Trend 2019/2, foi um desafio transmitir ao vivo o evento em dois telões simultaneamente e produzir um showreel do evento. Destaco, também, a live Volta às Aulas 2021.1 que demandou muito da parte técnica e o resultado foi muito bom” comenta Raphael.

 

Suporte aos alunos

Sem deixar os alunos de lado, a Dígito Zero e NAV é um grande suporte não somente para o curso de cinema, mas a todos, principalmente ligados à área de comunicação, onde auxiliam em demandas práticas e projetos de extensão. O núcleo é muito procurado pelos estudantes para aprenderem ferramentas dos softwares de edição e animação. 

Além da produção constante de conteúdo importante para a vida profissional do aluno e o desenvolvimento de projetos de extensão, os núcleos oferecem um trabalho de monitoria aos alunos.

“Para os alunos nós somos um apoio, muitas vezes o professor não pode estar presente a todo momento, mas nós sim, estamos lá para ensinar o que eles podem e não podem fazer. Já peguei muito aluno desesperado com o programa, ‘eu não sei mexer nisso’ e eu vou e salvo a pessoa, você ajuda e o aluno e ele fica muito grato”, conta Isabela Fonseca, ex técnica do laboratório.

 

Projetos em Ação

Assim como o Jornal Contramão, a Fábrica Audiovisual está preparando matérias especiais para a comemoração dos 60 anos da instituição, o núcleo irá produzir uma série de vídeos intitulada “60 Anos em 60 Segundos”, com depoimentos de pessoas que têm a Una como um personagem importante em sua vida. 

Em parceria com o Contramão, também irão produzir o Papo com a Fábrica: Reitores, que será gravado no Una Cine Belas Artes. Um bate papo entre os reitores recentes da instituição, conversando sobre momentos marcantes da Una. 

“Vai ser um momento especial, acreditamos que o resultado será um registro histórico muito importante”, comenta Raphael.

Fachada Una Cine Belas Artes

Canal Fábrica AV

O Canal Fábrica AV no YouTube, é um projeto interno da Fábrica Audiovisual, onde são produzidos conteúdos em série que vão de videoaulas sobre equipamentos de áudio à crítica cinematográfica. Com o principal objetivo de auxiliar os alunos dentro da área do audiovisual, principalmente aqueles que mexem com essa parte mais próxima, como os estudantes de jornalismo e designer.

O projeto foi idealizado pela técnica Isabela, que atua na coordenação e apresenta seu próprio quadro, De Zero a Herói. Além do canal, eles ainda tem a página no Instagram.

“De segunda a sexta nós temos conteúdos relevantes para o mundo audiovisual e falamos de absolutamente tudo, do rádio, novela, cinema, fotofilmes, elementos que às vezes não são tão colocados na faculdade”, diz Isabela.

Para acessar o canal, clique no link. 

 

É de casa

Da equipe da Dígito Zero, Isabela Fonseca, com certeza, é uma das mais antigas, a técnica deixou o laboratório no final de julho. A ex- técnica entrou como estagiária em 2018, e durante 4 anos participou ativamente das atividades do núcleo.

Isabela Fonseca, ex-aluna da Una e ex-técnica do lab.

“Já ajudei a produzir diversas edições do Gastrouna, Unatrend, Lumiar. Já fiz coordenação de oficinas, fiz um projeto de clipe para a cantora Mariana Cavanellas, esse em específico eu tive que selecionar os alunos que iriam fazer parte da produção. Participei também de um que chama Gororoba, projeto filantropo onde eles ensinam gastronomia para pessoas trans, cobrimos todo o processo e filmamos todas as aulas com os alunos”, relembra Isabela.

Para Isabela, a Dígito Zero sempre foi sua casa dentro da Una, ali ela conseguiu o primeiro estágio, o primeiro emprego fixo, e onde passou a maior parte de sua graduação, trabalhando durante o dia e realizando seu Trabalho de Conclusão de Curso.

“Eu chegava lá por volta das 7 da manhã e ia embora às 22h30, eu passava basicamente dois terços do meu dia inteiro dentro da Dígito, lá foi o lugar que me proporcionou conhecer pessoas maravilhosas, tem amigos lá que se tornaram família para mim”, completa ela.

Foi na Dígito Zero, que Isabela deu os primeiros passos no mundo do audiovisual, aprendeu a trabalhar em diversos programas importantes e melhorou sua performance em diversas áreas, como edição.

“Eu sou animadora e aprendi o After Effects, essa habilidade de animação eu vou levar para toda minha vida. Aprendi a mexer em câmera, eu não tinha noção nenhuma de como trabalhar e hoje eu sei configurar, montar, guardar, guardar equipamentos, fazer pré e pós produção, roteiro, eu sei fazer tanta coisa que eu não sabia fazer antes de entrar na DZ”.

Muito além de produção, a jovem também aprendeu a coordenar e liderar, organizar equipes, fazer escolhas, a se comunicar melhor com as pessoas. “Sempre fui uma pessoa um pouco mais fechada, de programa, aquela que fica na pós produção, eu e o computador, e de repente eu tinha que lidar com aluno, professor e tudo isso foi de grande importância para mim”.

O Nav

Gladison Santos, é técnico do Nav há 4 anos, e em entrevista explicou um pouco mais sobre o núcleo que junto a Dígito Zero formam o Audiovisual da Fábrica.

Gladison Santos

1. O que é o NAV e desde quando ele existe?

O NAV é um núcleo criado em 2011 que coordena os equipamentos e laboratórios audiovisuais da Una Liberdade

 

2. Qual papel ele desempenha?

A função do NAV é ajudar os alunos e professores com empréstimo de equipamentos e o uso dos estúdios.

 

3. Quais são os suportes que o NAV oferece para os alunos?

Damos suporte aos alunos emprestando equipamentos para produção de conteúdo audiovisual, ensinamos como usar os equipamentos e também auxiliamos em edições no laboratório iMac através de um estagiário.

 

4. E para a instituição?

Nosso suporte para a instituição é com o empréstimo dos equipamentos para as produções de vídeos feitos pela Dígito Zero e outros laboratórios como: Una 360 e o próprio Contramão.

 

5. Quais são os cursos que mais procuram pelos equipamentos do NAV e o que eles geralmente procuram?

O curso que mais procura pelos equipamentos do NAV é o de cinema, seguido de perto pelo jornalismo. A procura são por equipamentos gerais para criação de vídeos, sendo as câmeras (fotográficas que filmam) as mais procuradas.

 

6. Qual a diferença você vê no NAV de quando entrou para hoje?

Além dos técnicos que mudaram, hoje temos um envolvimento maior nas produções, inclusive Lives, temos mais equipamentos e conseguimos ajudar mais alunos, professores e laboratórios. Hoje o NAV faz parte da Fábrica Audiovisual, um “braço” da Fábrica e isso foi uma grande, e boa, mudança. Temos também um perfil no Instagram (@fabrica_av) com dicas diárias do mundo audiovisual e também um canal no YouTube (Fábrica AV) com quadro sobre edição de vídeo, oficina sobre equipamentos e resenha de filmes (até o momento).

 

7. Como técnico do NAV, como você procura ajudar os alunos? E quais as principais dificuldades eles mais apresentam?

Como técnico tento ajudar os alunos a escolher os melhores equipamentos para cada tipo de produção, para cada projeto, além de mostrar como cada um funciona. A maior dificuldade é em relação aos equipamentos de áudio e o laboratório de rádio, estes realmente são mais complicados e os alunos geralmente pedem a nossa ajuda.

 

8. Na sua opinião, qual a importância do NAV para a Una?

Eu acredito que o NAV seja muito importante pois proporcionamos aos alunos a praticarem o que aprenderam na sala de aula aumentando ainda mais o conhecimento. Sem o suporte do NAV / Fábrica Audiovisual as produções audiovisuais teriam mais dificuldades para serem realizadas.

 

Com a palavra, o líder

Rapahel Campos

“Acredito que é muito importante termos uma produtora audiovisual funcionando dentro de uma unidade tão diversa, produtora e criativa. É um espaço para o aluno experimentar e aprender, a DZ oferece isso aos alunos. Ela é um local de aprendizado para todos os estudantes, uma troca constante de conhecimento e experiência. Hoje todo o time é composto por alunos e ex-alunos da instituição, faz parte do nosso DNA dar espaço e a base necessária para os alunos evoluírem profissionalmente.

Durante a pandemia nós nos reinventamos, substituímos o suporte presencial pelo online através de postagens diárias no Instagram de muitos conteúdos técnicos do cinema e audiovisual. Hoje contamos com mais 400 postagens que vão de curadoria de filmes e séries a tutorias de motion graphic” – Raphael Campos

 

Edição: Daniela Reis 

Por Keven Souza

Tatiane Franco Puiati que é mestra em Gestão Estratégica de Organizações, trabalhou por muito tempo à frente das operações do Centro Universitário Una, onde assumiu o cargo de Diretora dos campi do Barreiro, Betim e Contagem na região metropolitana de Belo Horizonte. A institução obteve crescimento exponencial de alunos, durante sua liderança, e através do empenho corporativo conquistou nota máxima nos indicadores de qualidade acadêmica do MEC.  

Após uma administração de muito aprendizado e crescimento profissional, Tatiane finaliza seu ciclo junto à Una, sendo solícita ao aceitar o convite de trabalhar como diretora nacional da operação EBRADI (Escola Brasileira de Direito) e da Vertical da área de Ciências Jurídicas, que também compõem o Grupo Ânima. Em entrevista para o Jornal Contramão, Puiati compartilha sobre sua trajetória como diretora regional e traz experiências de vida e mercado, enquanto mulher, além de nos contar sobre quais são as expectativas para atuar nessa nova fase em sua carreira.

Tatiane Puiati

O que te motivou a querer ser líder regional, e como surgiu o convite? 

Sou uma mulher apaixonada pelo poder transformador da educação, onde desde os sete anos descobri minha vocação para ensinar. Em 2013, movida por esse propósito, aceitei o convite do reitor Átila Simões para implantar a primeira unidade de ensino técnico na Ânima Educação, pelo Pronatec e concomitante fui contratada também, pelo diretor Rodrigo Neiva, no Unibh, para assumir a coordenação do curso de Administração nos campi Estoril e Antônio Carlos. 

Implantamos o curso técnico em todas as marcas do Grupo Ânima tanto em Minas Gerais quanto em São Paulo. Foram mais de dez mil jovens impactados pelo programa e que tiveram seu projeto de vida realizado. Com o término do Pronatec, em âmbito nacional, auxiliei no processo de descentralização da pós-graduação na Ânima com Ricardo Cançado e Inês Barreto e, em 2016, Átila Simões e Carolina Marra me convidaram para assumir a gestão no Centro Universitário Una do campus Contagem. Um campus que tinha 1.800 alunos e com um potencial de crescimento muito grande. Inspirada pela gestão de Átila Simões e Carolina Marra, aceitei o convite. 

 

Durante sua trajetória, quais as principais ações e projetos que realizou na Una?

A Una para mim representa uma história de superação e crescimento pessoal e profissional. Não realizei nada sozinha, o resultado de qualquer líder é reflexo e consequência do trabalho de um time. No meu caso, formamos juntos um time de alta performance, do qual me orgulho. 

No campus de Contagem, estou há cinco anos, conseguimos transformar a Faculdade Una em Centro Universitário com nota máxima pelo MEC em 2019, atuando hoje com mais de cinquenta cursos superiores e pós-graduação, com alguns em destaques nacionais e regionais, posicionados como os melhores da cidade pelo INEP. Além disso, passamos de 1.800 alunos em 2016, para mais de 5.000 alunos em 2021, e neste ano inauguramos o primeiro Centro Médico Veterinário de Contagem e a primeira Clínica de Odontologia.

Em Betim, estou há três anos, saímos do Índice Geral de Cursos (IGC) nota 3, para nota 4, tendo esse ano alcançado o destaque histórico na Una de maior IGC Contínuo entre todas as instituições de ensino superior privadas de Minas Gerais. No mesmo ano e período do campus Contagem recebemos a visita do MEC para transformação da Faculdade em Centro Universitário, alcançado o resultado sensacional de nota máxima pela Comissão do MEC. Atualmente estamos trabalhando na expansão do campus no município e também no crescimento do portfólio, principalmente na área de Saúde e Ciências Agrárias, e já passamos de 1.700 alunos em 2018 para mais de 3.000 em 2021. 

O presente mais recente foi aceitar a gestão do campus Barreiro, desde setembro de 2019 estou na liderança desse campus encantador que comemora 15 anos na região, fazendo um trabalho louvável de transformação de toda comunidade e entorno. Atuamos no crescimento e expansão do campus Barreiro, principalmente na área de Saúde, Ciências Jurídicas e Ciências Agrárias. Inauguramos esse ano clínica integrada de saúde para atendimento à comunidade nas áreas de psicologia, estética, nutrição e fisioterapia. Neste feito, estivemos no crescimento exponencial da marca de mais de 3.000 graduandos. 

Todos esses indicadores de qualidade acadêmica alcançados durante esses cinco anos na gestão dessas operações da região metropolitana de Belo Horizonte, são frutos da dedicação incondicional e qualidade do nosso time de docentes, coordenação acadêmica, time administrativo e do comprometimento dos nossos alunos.

Tatiane Puiati e Átila Simões, ex-reitor da Una

Como era sua relação com os docentes, professores e alunos? 

Meu estilo de gestão sempre foi estar próxima da sala de aula de alguma forma. Minha primeira ação, sempre que assumi as operações, foi pedir para afixar um cartaz com todos os meus contatos, incluindo o meu celular com WhatsApp para todos os alunos, ou seja, inúmeros alunos possuem meu contato. Acredito que em uma instituição de ensino tudo acontece dentro de uma sala de aula e nessa trajetória tive que enfrentar vários desafios, ideias divergentes da minha e foi através do diálogo e escuta dos nossos alunos, professores e  coletivos que percebi inclusive minhas próprias falhas enquanto profissional. Todos os diálogos só me fizeram crescer como pessoa e como profissional. Os alunos e professores que mais contribuíram para o meu crescimento não foram os que me elogiavam sempre ou concordavam com todas as minhas falas e sim aqueles que traziam o ponto de vista divergente, críticas construtivas que me fizeram entender o que é realmente ter “empatia”.

 

Quais lembranças irá levar da sua jornada nesses anos como Diretora da Una? 

Vou levar inúmeros ensinamentos que aprendi nessa jornada com todos reitores que tive o privilégio de conviver na Una: a liderança inspiradora do Átila Simões; a habilidade e a abertura para o diálogo com a Carol Marra; a garra e coragem empreendedora da Débora Guerra; a sabedoria  do Ricardo Cançado e Marcelo Henrique; e o discernimento e assertividade na gestão de times do Rafael Ciccarini.

De cada liderado dos campi Contagem, Betim e Barreiro levarei o sentimento de gratidão por tamanha dedicação e entrega acima do esperado, superando todos os desafios. Por maior que fosse uma grande incitação, meu time, nunca achou que seria impossível. Fomos juntos e superamos sem saber que era praticamente impossível.

Dos professores(as) levarei a certeza de que a qualidade de qualquer instituição de ensino superior depende da qualidade e paixão dos seus professores. Tive a oportunidade de trabalhar ao lado desses grandes mestres, consequência disso é termos alcançado os melhores indicadores de qualidade acadêmica que se espera de uma instituição de ensino superior no Brasil.

E aos alunos, levarei com lágrimas nos olhos, o que realmente me move na  Ânima, pois é para eles e por eles que tentei sempre fazer o meu melhor na gestão. Não há nada no mundo mais gratificante do que ver a felicidade no olhar de cada aluno(a) que subiu ao palco da colação de grau para pegar o seu diploma. Aquele momento em que os pais se emocionam com a história e conquista de seus filhos é onde se concretiza o meu propósito de vida, o meu propósito de trabalhar na educação e o legado que quero deixar da minha história. 

 

Em sua trajetória profissional, você é graduada em Administração, e especialista em Gestão Educacional e Financeira, durante esse período enfrentou dificuldades para se reerguer profissionalmente?

Há algo curioso em minha trajetória profissional, apesar de muitos anos na mesma empresa, sempre estou assumindo novos desafios, geralmente no prazo máximo de dois anos. A Ânima Educação é meu segundo vínculo empregatício, tive a sorte de trabalhar em grandes instituições de ensino do Brasil, no Senac  por dezessete anos e na Ânima desde 2013. Tanto no Senac como na Ânima, ainda não fiquei mais de dois anos na mesma função ou escopo de atuação.

Minha ascensão sempre foi algo natural, fruto do reconhecimento do trabalho dos times que estiveram comigo. Para mim reconhecimento não se exige, se conquista. Precisa ser simplesmente consequência de um trabalho e na Ânima nunca deixei de ser reconhecida pelos meus líderes.

 

Em relação ao cargo de Diretora regional, como foi a experiência de administrar os campi sendo uma mulher? 

A Ânima Educação é uma instituição diferenciada em que mulheres assumem o cargo de direção. Em Contagem fui sucessora do professor Janones, em Betim, sucessora de duas grandes mulheres: Elaine Benfica e Daniela Tessele, no Barreiro de Maurília e Vinícius Costa. Não tive resistência em nenhuma dessas sucessões, pelo contrário, fui muito bem recebida por toda comunidade acadêmica e pelos parceiros de cada município.

 

As mulheres estão cada vez mais a entrarem em espaços que antes eram dominados majoritariamente por homens, podemos dizer que na Ânima Educação, prezam pela equidade de gênero? 

A equidade de gênero está na essência da Ânima Educação, respeito e transparência são valores que sempre foram percebidos por mim na instituição. Começando pelo nosso Comitê Executivo que hoje possui 40% dos vice-presidentes ocupados por grandes mulheres. Para mim, a Anima sempre foi o lugar da diversidade e da inclusão. Basta observar o resultado das nossas pesquisas, seja com educadoras e educadores ou com nossas alunas e alunos. Algo que me deixou muito feliz foi acompanhar a criação do Ânima Plurais, sendo esse o primeiro passo para criação de fóruns de discussão, alocação de educadoras e educadores, entre outras ações.  

 

Na sua visão, enquanto mulher e líder, qual conselho daria para outras mulheres que estão em ambientes corporativos, mas tem medo de ocupar grandes cargos?

Eu diria que a primeira pessoa que precisa acreditar na mulher é ela mesma. Tudo começa dentro de nós quando nos permitimos acreditar. Sei e estudo muito sobre os desafios para nós mulheres em cargos de comando, em algumas empresas e áreas, onde cargos de comando são ocupados geralmente por homens, podemos dizer que ainda há muito que se avançar para o alcance da  equidade de gênero. 

Para exemplificar, no campus Contagem, fiz um processo seletivo para vaga de coordenação do curso de Direito. Neste processo participaram mais de oito candidatos, dentre eles mulheres e homens. A aprovada foi uma professora e no momento em que ligamos para a mesma para dar o resultado ela ficou incrédula de que realmente tinha sido aprovada para a vaga,pois estava grávida. Eu fiquei surpresa, pois em nenhum momento pensei em reprová-la por estar grávida, muito pelo contrário, só o fato de ser mãe já era um grande diferencial competitivo. Para mim, as mulheres já são grandes guerreiras. Sendo então, mulher e mãe, merecem nosso reconhecimento duplicado e estão prontas para qualquer tipo de desafio.

 

Quais são as expectativas para atuar na nova instituição? 

Fiquei feliz pela oportunidade de poder operar a implantação da Primeira Vertical de Direito do Brasil. Esse desafio é enorme e num momento muito importante para nosso Brasil que tem vivido retrocessos enormes no Direito e na Justiça. Pode essa ser uma enorme oportunidade para resgatarmos o orgulho e a Justiça no nosso País, ao lado do Dr. João Batista e Guilherme Soarez, executivos de grande referência e também grandes líderes na Ânima Educação, me deixaram muito animada, desafiada e feliz!

 

O que você diria para a Tatiane que iniciou a graduação, pós e mestrado, há muitos anos atrás, para a Tatiane de agora que atuou como diretora regional de diversos campi universitários? 

É simples, digo que envelhecemos quando deixamos de aprender e que morremos quando deixamos de acreditar em nós mesmos! 

 

 

 

Edição: Daniela Reis 

 

Por Bianca Morais 

Dando continuidade a série de reportagens sobre sonhos adiados, hoje o Contramão traz a história de Enza e Jeferson. Um casal que tenta se casar desde o começo do ano, porém com a covid-19 e suas restrições têm adiado a realização desse sonho, mas como jovens apaixonados que são, não desistiram de seu casamento e apesar dos milhares de perrengues enfrentados, esperam ansiosamente a vez de subir no altar. 

A história do casal

 

Enza e Jeferson, moram no interior do Espírito Santo e se conheceram na escola. Apesar de não serem muito próximos o ciclo de amizade era o mesmo, por isso, foi questão de tempo para que o destino os unisse. Em uma noite qualquer do ano de 2015, uma amiga de Enza que namorava o amigo de Jeferson, a chamou para comer um sanduíche com eles. Depois de deixar Enza em sua casa, a garota mandou uma mensagem para ela dizendo que Jeferson havia falado dela no carro, depois de muito insistir para saber o que, a amiga revelou que naquela noite ele disse que “Essa ai eu pego hein”.

Nenhum deles sabia naquele momento, mas aquele encontro despretensioso para comer um lanche seria o início de uma linda história.

O casal está junto há 6 anos, e ano passado resolveram dar um passo a mais na relação, e antes que pensem que esse passo seria o casamento, não é, esse seriam juntos embarcarem para o Canadá e começarem uma vida a dois fora do país. 

Jovens, cheios de sonhos e planos, o casal sabia que estarem casados facilitaria o processo de tirar o visto e embarcar rumo ao futuro juntos, por esse motivo, no dia 10 de julho de 2020, eles contaram aos seus pais a decisão e comemoram o noivado moderno. Moderno porque foi decidido de última hora e as alianças ainda não estavam em mãos, entretanto, isso não diminuiu a importância daquele momento. 

“A gente comemorou o noivado, mas não teve pedido, a gente só falou a bora casar. A aliança a gente foi no dia seguinte na loja encomendar”, conta Enza.

Noivos, e agora?

Dado esse passo, agora eles tinham todo um casamento para planejar, isso, contando que ele deveria acontecer até janeiro de 2021, para que os planos que fizeram de ir para o Canadá, onde Enza iniciaria seu mestrado no meio do ano e Jeferson trabalharia, caso tudo saísse como planejado.

O dia 23 de janeiro, foi a data escolhida para acontecer o casório. Então, de julho de 2020 em diante eles teriam que escolher vestido, terno, buffet, decoração, enviar convite, contratar fotógrafo, agendar cabelo e maquiagem, entre outros. A noiva, em busca de economizar dinheiro para a viagem, decidiu assumir o papel de organizadora.

O planejamento acontecia a todo vapor, e não que tenham ignorado um fator importante, a Covid-19, contudo preferiram acreditar que na data escolhida para o casório, a questão “pandemia mundial” já não seria mais um problema.

“Eu jurei que até dezembro o mundo já ia estar melhor, que todo mundo ia estar vacinado”, comenta a noiva.

 

O primeiro adiamento

Acontece que planos e pandemia não são palavras que caminham juntas, em razão disso, cerca de um mês antes da primeira data agendada para acontecer o casamento, Enza e Jeferson acharam melhor adiá-lo para segurança de todos, afinal, na época os números de contágio ainda eram altos e o país ainda não tinha nenhuma perspectiva de começar a vacinação. 

“Quando eu vi que não tinha outra solução a não ser adiar, fiquei muito chateada, foi uma fase muito ruim, porque a gente tinha corrido atrás de tudo muito rápido, conseguimos, estava dando tudo certo e um mês antes foi tudo por água abaixo”, desabafa Enza.

A sensação de impotência tomou conta não somente do casal, mas de todos aqueles que precisaram deixar um sonho para depois em um momento tão complicado. “Ver hoje que tudo poderia ter sido diferente, que se o governo tivesse aceitado as ofertas de vacinas da pfizer lá atrás, as minhas esperanças de que muita gente já teria sido vacinada estariam vivas e que meu casamento poderia ter acontecido. É uma sensação muito ruim de impotência, porque não tinha algo que eu poderia fazer, eu não sei fazer vacina”, completa. 

 

Futuro delongado

A pandemia não adiou somente o sonho de se casar, mas também o de Enza fazer seu mestrado fora do país. O casamento dela não era apenas para mudar seu status de relacionamento, mas juntamente com o presente, ela pediu aos convidados que, ao invés de presentes, contribuíssem com uma quantia para ajudar o casal a construir o sonho de morar fora. O dinheiro que ganhariam no casório era um investimento no futuro deles, visto que, como filha única, o pai de Enza insistiu em pagar o evento.

Enza e seus pais

Além disso, a festa seria uma despedida do casal, dos parentes e amigos próximos, já que quando partirem para o Canadá, não pretendem mais voltar.

“Eu sempre quis morar fora, desde que começamos a namorar eu falava isso para ele, que ou ele ia junto ou a gente terminava. De tanto eu falar, ele começou a pesquisar e animou também, começou comigo, contudo hoje é um sonho do casal”, explica a jovem. 

 

A segunda onda da covid-19

Depois de precisar adiar o casamento pela primeira vez, o casal acreditava que a segunda data, no dia 10/04/2021, finalmente o sonhado dia chegaria, todavia, a pandemia mais uma vez iria arruinar seus planos. Se em janeiro a maior preocupação era que os convidados não estariam vacinados, para abril, as expectativas eram até muito boas, afinal a vacina já tinha chegado e a população brasileira, incluindo o grupo de risco, já havia começado a receber as doses. 

No entanto, a covid-19 é uma doença traiçoeira e quando o mundo pensou que poderia começar a se recuperar dela, ela voltou pior em uma segunda onda mais violenta. Não teve jeito, por mais que a última coisa que a jovem queria era delongar aquilo, por medidas de segurança, mais uma vez ela precisou reagendar. 

Além de toda frustração que é precisar atrasar tudo, ainda existe a dificuldade que é entrar em contato com os fornecedores, conciliar data, e até conseguir uma nova, afinal, não apenas ela como várias outras pessoas que tinham seus casamentos marcados precisaram adiar. 

Da primeira vez, Enza tinha uma data limite até julho para prorrogar, uma vez que iria embarcar para o Canadá em agosto, porém a pandemia ainda atrasou a emissão de seu visto, então a data da viagem também mudou. 

“Conciliar com todo mundo é difícil, porque sempre tem um que não pode em tal data, que não quer devolver o dinheiro, mas apesar de tudo eu ainda não perdi dinheiro”, ressalta. 

 

Contratempos no meio do caminho

Depois de três vezes adiando seu sonho e da dificuldade em encontrar a data do dia 07/08/2021, mais uma vez Enza precisou desmarcar, neste caso, a pandemia não foi o único motivo, e sim que a data conciliou com a da prova da OAB, que ela e a mãe precisam fazer. 

“Mais uma vez vou adiar, acho que dessa vez não escapo do prejuízo. A pior parte é ter que avisar todo mundo, medo de me esquecer de alguém e a pessoa aparecer no dia errado”. 

Desta vez, a noiva infelizmente teve a triste notícia que o vestido que escolheu não está mais disponível para esse ano, então ela vai precisar trocá-lo. “Estou muito triste pois gostei muito dele, mas alguma coisa precisava dar errado depois de três adiamentos”, confessa. 

 

Do amor não se desiste jamais 

Enza e Jeferson sempre tiveram uma relação intensa, com 1 mês e 4 dias ficando, eles assumiram um relacionamento sério, muito jovens, mas sempre muito responsáveis.

Depois de se formar no ensino médio na cidade de Nova Venésia, Enza voltou para São Gabriel da Palha, sua cidade natal, e os dois passaram a viver um relacionamento à distância, 40 minutos de distância, ainda assim distantes para quem se via todos os dias. O casal se encontra apenas aos finais de semana, foi difícil no começo todavia souberam lidar bem. 

Uma viagem especial do casal, Gramado (RS)

Se eles conseguiram levar durante seis anos um relacionamento a distância, não seriam pequenos perrengues encontrados na hora de casar que os fariam desistir. Em janeiro o cônjuge chegou a se casar no civil para tentar agilizar o processo do visto, porém eles seguem aguardando a partida para o Canadá para finalmente escreverem um novo capítulo em suas histórias. 

“Nada mudou, a gente se casou no papel, mas não moramos juntos, não temos uma casa só nossa. No fim de semana ele vem aqui para a minha, e aí moramos eu, ele e minha mãe, então para a gente é como se estivéssemos namorando ainda ou já estivéssemos numa vida de casados há muito tempo, tudo depende do ponto de vista, nunca teve muito essa divisão”, esclarece Enza. 

Como marido e mulher, eles ainda não tem uma casa só deles, mas a cada dia que passa esse dia se aproxima mais.

Enza e Jeferson não tem dúvidas de que querem estar juntos e construir um futuro fora daqui, por isso, não importa o tempo que leve, ou até quantas vezes o casamento precise ser adiado, eles não irão desistir. 

E para as noivas que se encontram na mesma situação que Enza, vários adiamentos e ainda sem muitas expectativas, o conselho da jovem é apenas um: Jogar para 2022. “Isso não é vida”, diz ela em tom de descontração, “ é ruim demais, se você pode jogar para frente só joga, se eu não tivesse o mestrado agora não estaria casando, nem noiva”, completa.

Casamento civil do casal

Fábrica de sonhos

Alexia Lorrane da Silva é uma jovem de 24 anos e influenciada pela mãe, Conceição Martins dos Santos Silva de 51 anos, criaram a empresa Ao Casar, juntas mãe e filha fabricam não apenas vestidos, mas a realização do sonho de muitas noivas. 

Há 10 anos elas começaram a vender vestidos para damas de honra e debutantes, com a queda nas vendas, acabaram ampliando para o aluguel de vestidos de noivas, madrinhas, padrinhos, festas, tudo sob medida e ainda a possibilidade de primeiro aluguel.

Alexia e a mãe, Conceição

Em entrevista, Alexia, conta um pouco como tem sido a rotina na pandemia e como tiveram que se adequar a ela. Confira. 

De onde surgiu a vontade de fazer uma loja de vestidos de noivas?

A vontade partiu do prazer do trabalho minucioso e da criatividade que se pode acrescentar a um vestido de noiva, além da valorização de um trabalho tão bonito.

 

Qual a sensação de materializar os sonhos e desejos das noivas em realidade?

Tenho prazer em realizar sonhos através do nosso trabalho, pois no fundo acabo também me sentindo realizada como profissional.

 

Como era a demanda de vocês antes da pandemia? Tinham muitos pedidos de vestidos?

Antes da pandemia nossa demanda era cerca de 20% maior, entramos na pandemia com apenas 5% da nossa demanda, atualmente, um ano depois já estamos atingindo os 90%.

 

Quando se deram conta da gravidade da pandemia e como isso poderia atrapalhar os negócios?

Logo no segundo mês já começamos a sentir o peso da pandemia, falência era algo que a gente pensava todos os dias.

 

No começo da pandemia vocês tiveram prejuízos em relação a cancelamentos de contratos? Como funcionou a negociação com as noivas?

Alguns prejuízos, adiamentos eram fato, mas os cancelamentos nos trouxeram o constrangimento da negociação mais agressiva, pois o cliente queria todo o dinheiro de volta e tínhamos que convencê-los da multa pelo cancelamento, afinal era nosso trabalho e nossas despesas em jogo.

 

Trabalhando dentro da área, você acredita que a maioria das noivas optaram pelo adiamento ou cancelamento do casamento? E por qual motivo?

Adiamento, com certeza, a maioria faz questão de comemorar.

 

O que mudou na rotina de trabalho de vocês durante a pandemia?

Tivemos que nos adequar ao agendamento para não ter aglomeração na loja. Também passamos a agilizar o atendimento prévio, fotografamos todos os vestidos e disponibilizamos as clientes os modelos disponíveis. 

 

Como tem funcionado o atendimento de vocês nesse período? Vocês são flexíveis a adiamentos ou cancelamentos? Oferecem reembolso em alguma circunstância?

Trabalhamos só com agendamento. Quanto ao reembolso, oferecemos carta de crédito para o próximo evento, ou cartão presente, que pode ser repassado para outra pessoa. Também oferecemos a devolução parcial, conforme prazos estipulados pela lei durante a pandemia.

 

Qual foi a maior dificuldade que vocês encontraram nesse momento?

Convencer os clientes a marcar horário, muitos aparecem na porta querendo ser atendidos e alguns até ficam com raiva. 

 

Em algum momento pensaram em desistir do negócio?

Jamais. 

 

No Instagram vocês têm postado diversos modelos novos de vestidos, isso significa que o mercado voltou a se aquecer?

Não exatamente, na verdade a demanda anda entre 60% e 90%. Nós tivemos a ideia de usar o tempo ocioso para criar e lançar novos vestidos.

 

A pandemia interrompeu ou adiou algum sonho de vocês como comerciantes?

Não, ao contrário, nos impulsionou a profissionalizar ainda mais os nossos serviços.

 

Vocês têm algum plano idealizado para quando terminar a pandemia?

Sim, pretendemos preparar um espaço maior para um atendimento mais personalizado.

 

Como vocês têm dado apoio às noivas?

Nós sempre procuramos incentivar apenas a adiar e não cancelar. Aconselhamos elas aproveitarem o prazo do adiamento para acrescentar algo que não seria possível a curto prazo.

 

Qual mensagem vocês deixariam para as noivas não desistirem de casar?

Sonho não se cancela e sim se adia. Paciência e foco, o resto vem com tempo.

 

Edição: Daniela Reis