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Por Bianca Morais

No dia 7 de abril, foi comemorado o Dia do Jornalista. Esses profissionais incansáveis, que estão sempre correndo atrás de uma boa reportagem e nunca perdem um furo de notícia.

O Tbt de hoje do Jornal Contramão homenageia dois jornalistas que ficaram mundialmente conhecidos após revelarem um dos maiores escândalos políticos dos Estados Unidos: Bob Woodward e Carl Bernstein. Provavelmente, a uma primeira vista você não reconheça esses nomes, porém com certeza já ouviu falar do Caso Watergate, que foi investigado por esses repórteres do Jornal Washington Post, e posteriormente levou à renúncia de um dos presidentes mais detestados dos Estados Unidos, Richard Nixon. 

Entenda o caso

Watergate é o nome dado a um complexo de escritórios localizado na capital dos Estados Unidos. Na noite do dia 18 de junho de 1972, cinco homens foram detidos após serem flagrados quando instalavam escutas e fotografavam documentos na sede do partido Democrata. 

A história dessa invasão chamou a atenção de dois jornalistas, Bob Woodward e Carl Bernstein, de um dos jornais mais importantes da capital do país, o Washington Post. Durante meses os repórteres trabalharam junto a um informante conhecido como Garganta Profunda. Os encontros aconteciam em um estacionamento e apenas algum tempo depois que se descobriu a identidade desse delator, ele era William Mark Felt, diretor assistente do FBI.

Quanto mais pesquisava, mais havia indícios de uma ligação entre o caso e a Casa Branca. Um dos homens pegos na noite da invasão estava na folha de pagamento do comitê que trabalhava para Nixon e um outro havia recebido um depósito de 25 mil dólares.

O presidente da época era o republicano Richard Nixon, ele havia sido eleito no ano de 1968. Nixon era o terceiro presidente dos Estados Unidos a ter que lidar com a Guerra do Vietnã e concorria à reeleição contra o democrata George McGovern, vencendo de maneira esmagadora, ganhando em 49 dos 50 estados americanos.

Nixon era conhecido por gravar tudo que se passava em vários cômodos da casa branca, indo de conversas a chamadas telefônicas, com o único objetivo de criar arquivos pessoais sobre sua trajetória. Durante a investigação do Caso Watergate, essas gravações foram solicitadas ao presidente, que entregou com resistência aos federais, porém muitas delas foram cortadas, o que levantava bastantes suspeitas quanto à sua participação no escândalo. 

O advogado de Nixon alegava que ele tinha prerrogativas de cargo, que é resumidamente, o poder que o presidente, como autoridade maior, tem de cometer crimes e não ser julgado por eles. A popularidade de Richard caia, e em 24 de julho de 1974 foi julgado pela Suprema Corte dos Estados Unidos e obrigado, por votação unânime, a apresentar as gravações originais, que provaram que Richard sabia das operações ilegais contra o partido democrata e ainda tentou atrapalhar as investigações.

A essa altura, a população já pedia o impeachment de Richard Nixon, que posteriormente, no dia 9 de agosto pediu a renúncia de seu cargo, que foi substituído pelo seu vice Gerald Ford. 

O trabalho dos jornalistas do Washington Post foi fundamental para o desenrolar desse caso. Se esses dois repórteres não tivessem seguido as pistas e feito a investigação sobre o Watergate, talvez essa trama política de espionagem, sabotagem e suborno do governo de Nixon jamais teria sido descoberta. 

O jornalismo investigativo praticado pela dupla, de trabalhar com uma fonte, confiar na nela, checar as informações, mostra a importância e o poder que os jornalistas têm. Sem dúvidas Bob Woodward e Carl Bernstein criaram uma notoriedade na área do jornalismo investigativo e uma imprensa mais corajosa.

Por Daniela Reis 

Digo que não só me formei, mas nasci jornalista. Ainda menina, ganhei de presente aquele famoso gravador de fita cassete, vermelhinho, com os botões coloridos e um pequeno microfone, que usava para gravar meus primeiros programas de rádio. Ali, na minha emissora de “mentirinha”, eu exercia duas funções, a de repórter e também de entrevistada. As ondas não eram de FM, eram da imaginação da garotinha sonhadora e comunicativa. 

Sempre gostei de conhecer e contar histórias, até fui apelidada por uma professora do primário como “Daniela Tagarela”. Minha curiosidade ia além das perguntas clássicas das crianças. O sonho era grande, muito maior que aquela molequinha de cabelos lisos e compridos, franja e gordinha. Eu me vi algumas vezes como professora, mas o anseio era mesmo segurar um microfone em frente às câmeras, aquele com canopla e a logo de um importante canal. 

No dia da inscrição para o vestibular, lembro como se fosse hoje, o frio na barriga ao assinalar a opção: Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo. Estava ali dando o primeiro passo para um sonho que um dia se tornaria real. Como todo jovem eu tinha minhas dúvidas, meus medos, mas a única certeza era: Eu quero e vou ser jornalista! Provas de vestibulares feitas, aprovação e o primeiro dia de aula. Sim, eu estava na cadeira de uma universidade subindo o primeiro degrau para a conquista do meu canudo, o meu diploma. 

Sempre fui daquelas alunas caxias, que anotava tudo, que sentava na frente e que amava as aulas práticas de rádio e TV. Era figurinha conhecida do jornal laboratório, apresentava um programa na emissora educativa FM e aproveitava todo o meu tempo livre para trocar ideias e criar projetos com colegas e professores. Ali, a Daniela Reis Salgado começou a ser conhecida como Dani Reis, nome profissional que utilizo até hoje nas minhas produções. 

Ainda como universitária tive minha primeira matéria publicada em um jornal de grande circulação de Belo Horizonte, através de uma parceria da minha instituição de ensino com o veículo de comunicação, tenho esse impresso guardado até hoje como minha primeira conquista profissional. Daí não parei mais! Fui escolhida pela universidade para um intercâmbio em Portugal, estagiei na assessoria da UEMG – Universidade Estadual de Minas Gerais, fui monitora na rádio da faculdade, participei de projetos de extensão, formei! 

Pronto, o mundo estava aberto para mim! E como sempre fui dessas que busca oportunidades, logo me inscrevi para minha primeira pós-graduação. No mesmo período fui chamada para cobrir férias no Jornal o Tempo, onde também escrevi para o Jornal Pampulha e o Super. Veio a primeira reportagem de capa, o primeiro furo e a primeira matéria especial. A adrenalina da primeira entrevista coletiva que cheguei com gravador, bloco e caneta, a emoção de sentar no mesmo ambiente dos grandes, dos profissionais, caiu a ficha: Danielaaaaaa, você é uma profissional! Nossa… o sonho estava se tornando realidade. 

E foi assim, de degrau em degrau, que o dia de pegar aquele microfone com canopla chegou! Indicada por professores da pós, participei de um processo seletivo de uma grande emissora, passei! Agora era oficial, repórter Dani Reis. Poxa, a garotinha do programa de rádio no seu Primeiro Gradiente agora estava nas ruas fazendo povo-fala, cobrindo eventos importantes, dando furos e até fazendo vivo em um helicóptero. A rotina era puxada, muitas vezes as pautas eram tristes, tragédias da chuva, acidentes fatais, crimes hediondos. Plantões aos finais de semana, bater ponto às 05h da matina. Mas nada disso era maior que a realização de saber que estava alcançando o que queria. 

Foram anos de TV, mas o caminho profissional nos surpreende! Jornalismo não é só microfone ou gravador na mão, jornalismo vai além! E durante esse minha trilha passei por grandes instituições, por assessoria, por produção de eventos, marketing digital, freelas e mais freelas. Em todo esse percurso estava fazendo o que mais amava, comunicando, contando histórias, tendo contato com o público e deixando minha marquinha positiva na vida de pessoas que cruzavam meu caminho, sorte a minha! 

Hoje, a jornalista aqui pode fazer um pouco de tudo! Da TV e da produção para o universo acadêmico! Nesse novo desafio a possibilidade de compartilhar conhecimento, de gravar, de escrever, de revisar, de assessorar, de produzir e ajudar a construir novas histórias com jovens universitários, que assim como eu (um dia) sonhavam em chegar lá. 

Nesse dia do jornalista, só posso agradecer por tudo que vivi e esperar com o peito aberto por o que ainda está por vir. Continuarei buscando pautas, contando histórias, produzindo e mesmo com 15 anos de carreira continuarei sentindo o frio na barriga quando alguém gritar “gravando” e ainda temerei o nosso famoso deadline. 

Parabéns jornalistas, vamos comunicar para mudar o mundo!

 

*Edição: Bianca Morais e Italo Charles

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Por Daniela Reis 

Em outubro, o Centro Universitário Una completa seus 60 anos e desde a sua fundação, em 1961, a instituição vem cumprindo o papel de levar aos seus alunos uma sólida formação profissional e humana. E para comemorar essa data tão importante a equipe do Contramão preparou uma série especial de 60 matérias que vão contar um pouco dessa história e muitos personagens (alunos, professores e funcionários) que fazem parte dessa trajetória. 

Atualmente, a Una possui 19 unidades divididas em Minas Gerais e Goiás, onde são oferecidos 85 cursos de graduação, e também dezenas de opções de pós-graduação, MBAs, cursos livres, idiomas e extensão. 

Além da missão de transformar o país pela educação, com competência e paixão, inspirando os alunos, professores e colaboradores a concretizarem seus sonhos e potencialidades como indivíduos, profissionais e agentes de transformação da sociedade, o centro universitário traz cinco princípios fundamentais que norteiam suas decisões administrativas e acadêmicas, são eles:  

  • Cooperação 

Cooperar é trabalhar junto em uma saudável relação de interdependência, em prol de objetivos comuns e benefícios mútuos. A Cooperação fortalece o espírito de equipe, de solidariedade, além de instigar nossa capacidade de compartilhar informações, conhecimentos e vivências.

 

  • Transparência 

É a prática responsável e de mão dupla da verdade e da integridade, que implica na coerência entre o que se pensa e o que se faz, considerando os pontos de vista dos outros.

 

  • Respeito 

É ter consciência de nossos direitos e obrigações, assim como do outro, compreendendo e aceitando as diferenças individuais e fazendo valer as nossas considerações pelos valores humanos.

 

  • Comprometimento 

 É enxergar além dos interesses pessoais, os interesses dos outros e da instituição, assumindo o compromisso com a construção de um mundo melhor.

 

  • Inovação 

 É fazer diferente. É desenvolver a capacidade de imaginar o que não existe. É questionar a rotina e os hábitos. É aprender a conviver com o desconhecido, o diferente, o surpreendente e o novo. É transformar o sonho em realidade.

 

Modelo de ensino 

Na Una o currículo é integrado, ou seja, foram rompidas as grades, disciplinas e isolamentos e adotadas as chamadas UCs – Unidades Curriculares, onde o aluno é incentivado a desenvolver competências que contribuem para uma visão global, sendo protagonista da sua formação. Ou seja, ele passa a escolher as áreas temáticas adequadas aos seus objetivos profissionais, como: línguas, artes, raciocínio lógico, cultura, mindfulness e muito mais. 

 

Una e a sociedade 

“Transformar o país pela educação”. Essa é a missão da Ânima Educação, organização educacional da qual a Una faz parte e é uma das maiores do Brasil. Exatamente com essa missão que a instituição atua em todas as suas unidades, dentro e fora da sala de aula. Ou seja, além de levar esse lema à comunidade acadêmica, a Una aponta soluções, oferece projetos e serviços para sociedade local, trabalhando de forma integrada. 

São através desses projetos que os alunos têm a oportunidade de ampliar o aprendizado teórico com a vivência prática da profissão desde os primeiros períodos da graduação. São diversos serviços gratuitos em áreas como odontologia, medicina veterinária, direito, psicologia, nutrição, farmácia, contabilidade, arquitetura e engenharias, estética e cosmética, entre outros.

Os atendimentos são prestados pelos próprios estudantes, sob orientação e supervisão de professores experientes, nas clínicas-escola, escritórios profissionais e núcleos de atendimento que funcionam nas próprias unidades acadêmicas ou em espaços parceiros da instituição. Muitos desses projetos você também vai conhecer na nossa série de reportagens, fique ligado! 

 

Conheça nossas unidades

No site de cada unidade você consegue fazer o tour virtual e ter mais informações sobre endereços, cursos, contato, bolsas e muito mais!

 

*Edição: Bianca Moarais e Italo Charles

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O Transtorno do Espectro Autista afeta 70 milhões de pessoas no mundo sendo 2 milhões apenas no Brasil

Por Italo Charles

Após uma demora no processo de andar e por volta dos 2 anos de idade, Miguel Gaspar dos Santos – hoje com nove anos – apresentava, também, um atraso na fala, sintoma pouco comum para crianças da mesma faixa etária.

Foi então que sua mãe, Maria Beatriz Gaspar, 49, percebeu que algo diferente estava acontecendo e resolveu procurar informações e auxílio médico para entender a situação.

Na época, a procura por profissionais a fim de entender o que havia era incessante e custosa. Miguel e sua mãe, Beatriz, foram a quatro médicos pediatras que alegavam que o atraso na fala era normal, entretanto, já cansada, Beatriz pediu ao último pediatra consultado um encaminhamento para neurologista.

“Nós fomos em quatro pediatras diferentes e todos falavam a mesma coisa, que o atraso na fala era comum e que eu esperasse fazer 4 anos. No último pediatra, já estava cansada, falei que tinha plano de saúde e pedi encaminhamento para um neurologista com a esperança de conseguir um diagnóstico mais preciso”, comenta Maria Beatriz.

Com o encaminhamento em mãos, novamente mãe e filho presenciaram certa dificuldade para encontrar um especialista para a idade de Miguel. Quando encontrado, a consulta demorou, visto que havia poucos especialistas e uma demanda de pacientes enormes.

Chegada a consulta, ao examinar Miguel e perceber alguns gestos, a neuropediatra  questionou Beatriz se seu filho sempre repetia o mesmo gesto e se havia outras características. Beatriz então começou a perceber que Miguel dispunha de vários comportamentos específicos. No final da consulta, a médica encaminhou Miguel para avaliação com psicólogo, fonoaudiólogo e psiquiatra a fim de colocar um laudo para o caso.

“Após a consulta comecei a observar alguns aspectos. Miguel só comia macarrão, podia ser de todo jeito, mas só macarrão. Percebi que ele sempre repetia o mesmo gesto, brincava somente com carrinhos vermelhos, ele tinha muitos brinquedos, mas só brincava com carrinhos vermelhos e, também, usava só um tipo de roupa”, destaca Beatriz.

Outra grande dificuldade foi encontrar os especialistas para idade de Miguel, porém, dado momento e já com  acompanhamento psicoterapêutico Beatriz se viu em uma situação inesperada. “Em uma das consultas, conversei com a psicóloga e disse que a neuropediatra havia solicitado um laudo para poder dar o diagnóstico, mas a psicoterapeuta me disse que já havia o diagnóstico de Autismo, nessa hora eu fui ao céu e voltei”.

Com a notícia e explicações, Beatriz, em casa, começou a se adaptar à situação e fez pesquisas na internet para obter mais informações sobre o Autismo. Ao longo dos anos, com devido tratamento e acompanhamento Miguel evoluiu e é identificado com a “Síndrome de Asperger”.

Transtorno do Espectro Austista

Segundo dados do DCD (Center of Deseases Control and Prevention) em português “Centro de Controle e Prevenção de Doenças”, o autismo afeta 70 milhões de pessoas em todo mundo. Só no Brasil a estimativa é de 2 milhões de pessoas.

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) faz parte do grupo de Transtornos do Neurodesenvolvimento. De acordo com a Psicóloga Jeniffer Viana Lobemwein, o TEA é caracterizado pela dificuldade  persistente na comunicação social e na interação social incluindo dificuldade na reciprocidade social, em comportamentos não verbais de comunicação usados para interação social em habilidades para desenvolver, manter e compreender relacionamentos.

Ainda não se sabe a causa exata do TEA, mas, um estudo publicado  pelo JAMA Psychiatry em 17 de julho de 2019 sugere que 97% a 99% dos casos de autismo têm causa genética, sendo 81% hereditário. O trabalho científico, com 2 milhões de indivíduos, de cinco países diferentes, sugere ainda que de 18% a 20% dos casos tem causa genética somática (não hereditária), e o restante, aproximadamente de 1% a 3%, devem ter causas ambientais, através da exposição de agentes intrauterino, como drogas, infecções e possíveis traumas durante a gestação.

O autismo, de acordo com pesquisas da área, pode se manifestar desde o primeiro ano de vida da criança com indicadores de falhas na comunicação e interação. Os primeiros sinais podem ser observados entre os 15 e 18 meses, embora seja uma fase precoce para a conclusão do diagnóstico. Os especialistas apontam como idade ideal para avaliação e diagnóstico da síndrome a faixa etária dos dois aos três primeiros anos de vida da criança.

Psicóloga Jeniffer Lobemwein

Jeniffer explica que segundo o DSM- 5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) o TEA possui  3  níveis de comprometimento, são:

  • Nível 1 (leve): Os pacientes necessitam  de apoio, possuem dificuldade para se comunicar, interagir ou não têm interesse em se relacionar, apresentam resistência a mudanças e problemas de organização e planejamento. 

 

  • Nível 2 (moderado): Existe a necessidade de apoio substancial, apresentam déficit notável nas habilidades de comunicação tanto verbal quanto não verbal, possuem pouca interação social com outras pessoas (praticamente sem diálogo), evitam mudança na rotina pois tem dificuldade em lidar com ela. O nível 3 é o meio termo entre o leve e o severo.

 

  • Nível 3 (severo) : Necessitam de apoio muito substancial, apresentam dificuldade severa na comunicação verbal e não verbal, demonstram muita limitação para interagir com outras pessoas, não suportam mudanças na rotina, apresentam comportamentos repetitivos e restritivos que interferem diretamente na vida (do paciente) e das pessoas em suas volta, são mais dependentes dos pais para realizar as atividades do dia a dia, como, por exemplo, se vestir ou comer.

Dentro da categoria Nível 1 está identificada a Síndrome de Asperger – Transtorno que se assemelha e enquadra ao Autismo. O termo foi suscitado em homenagem ao pediatra e psiquiatra Austríaco Hans Asperger que, quando criança, apresentava sinais de transtorno.

Segundo Jeniffer  as pessoas com Asperger apresentam-se mais funcionais e em grande parte dos casos não manifestam atrasos nos marcos do desenvolvimento.

“Embora costumem apresentar interesses restritos e comportamento mais excêntrico, não há deficiência intelectual e algumas apresentam QI superior ou altas habilidades. Também não há atraso significativo na aquisição da fala, porém, a Síndrome de  Asperger conta com particularidades: repertório verbal extenso e mais formal, alteração na prosódia, timbre e altura de voz. Costuma existir falhas na compreensão de figuras de linguagem, gírias, piadas, mímicas faciais e linguagem corporal, interpretações mais literais, além de dificuldades em iniciar e manter uma conversa. A fala geralmente é mais para demanda própria do que para compartilhar”, explica. 

O TEA apresenta sintomas ou sinais, na maioria dos casos ainda enquanto crianças. “Alguns se manifestam com maior ou menor intensidade ou podem não ser observados”, explica Jeniffer.

  • Pouco contato visual;
  • Atraso na fala;
  • Manias (ter um jeito próprio);
  • Não ter medo de situações perigosas;
  • Acessos de raiva;
  • Hiperatividade;
  • Gostar de brincar sempre com o mesmo brinquedo;
  • Dificuldade em expressar seus sentimentos com fala ou gestos.

Como no caso de Miguel, é importante que os pais e familiares percebam possíveis sinais que possam levar ao diagnóstico de Autismo e assim realizar o acompanhamento. 

Para compreender melhor o processo de diagnóstico, a psicóloga Jeniffer explica que o  diagnóstico do TEA é apenas clínico e que para certificar que uma pessoa é autista, é preciso observar o comportamento do paciente e analisar informações coletadas com pessoas que convivem com o mesmo, “Todo o processo é delicado e, por isso, é necessário ser realizado por profissionais capacitados”.

Jeniffer ressalta que de acordo com a faixa etária do paciente os profissionais a serem procurados são diferentes. Enquanto crianças neuropediatras e pediatras, no caso de adultos neurologistas e psiquiatras “Depois de uma avaliação dos mesmos eles encaminham para os profissionais que acharem necessário para realizar o fechamento do diagnóstico e acrescentar no acompanhamento da criança/adulto”, salienta.

Adquirir o diagnóstico precoce possibilita que o paciente seja condicionado aos tratamentos que tendem a propiciar condições melhores ao desenvolvimento a partir do momento em que os profissionais começam a trabalhar as principais habilidades, sobretudo aquelas que estão ligadas à comunicação e à sociabilidade.

As possibilidades surgidas durante esse processo são inúmeras, a começar pelas orientações que os médicos e os demais especialistas dão em cada consulta. A informação repassada aos pais é essencial para a condução da criança, seja no ambiente doméstico ou até mesmo escolar.

Desenvolvimento e impacto

O TEA em meninos é mais comum. A proporção é de quase 5 meninos afetados por cada menina. Os sintomas iniciais apresentados pelos meninos autistas incluem maneirismos, comportamentos repetitivos e interesses altamente restritos. Acredita-se que os sintomas menos reconhecíveis em meninas estão levando não só ao diagnóstico tardio, mas também a uma sub-identificação da condição.

Como no caso de Miguel, o atraso na fala pode ser muito comum, entretanto, com o tempo pode ocasionar sérias consequências quando não diagnosticado e tratado. 

“O atraso da fala pode trazer sérias consequências para o processo de aprendizado, assim como para as interações sociais. É a partir do quarto mês que o bebê começa a balbuciar e emitir alguns sons repetitivos, esse é um dos marcos principais para o desenvolvimento da fala. Por isso, se o bebê não está balbuciando, é preciso investigar “, comenta Jeniffer.

Não somente o atraso na fala, há também comportamentos repetitivos que podem ser importantes para a identificação do autismo. Denominado hiperfoco ou interesse restrito é uma condição intensa de concentração em um mesmo tema ou tarefa. 

Em pessoas com TEA o hiperfoco acaba fazendo parte da categoria de padrões comportamentais restritos e repetitivos. A estereotipia que consiste em bater os pés, balançar o corpo, girar objetos, emitir sons repetitivos, entre outros, são movimentos auto regulatórios feitos para buscar sensação de bem-estar ou ainda para aliviar o estresse.

Mitos relacionados ao Autismo

O Transtorno do Espectro do Autismo carrega em si muitos estigmas e mitos, muitos deles podem e são ofensivos aos autistas e seus familiares.

 

  • O autismo é causado pela falta de afeto dos pais;
  • O autismo é causado pela exposição a determinados materiais tóxicos, como o mercúrio;
  • Uma criança autista pode ser curada com uma intervenção psicoterapeuta
  • A única coisa que pode ajudar uma criança autista são as intervenções médicas
  • O autismo passa com a idade;
  • Nenhuma terapia é realmente útil: na verdade, não há nada a fazer;
  • O autismo é um distúrbio muito raro;
  • Uma criança autista é, na verdade, um gênio;
  • Se a criança fala, não pode ser autista;
  • Uma criança autista só precisa de amor;
  • Autismo é causado por vacinas;
  • Autistas não conseguem olhar nos olhos;

Desafios e Direitos

Assim como Beatriz, muitos pais não possuem informações do Transtorno do Espectro do Autismo. Além da dificuldade em encontrar profissionais capacitados, existe também a dificuldade de encontrar espaços sociais que incluam a criança.

Jeniffer Lobemwen possui 15 anos de experiência na psicologia, durante sua formação e carreira trabalhou com locais que atendiam pacientes autismo. Ao longo do tempo, foi pesquisando e aprendendo mais sobre o transtorno.

Em determinado momento, Jeniffer se viu em uma situação parecida com a de Beatriz. Para além de psicóloga, Jeniffer é mãe do Cauã Viana Lobemwein Brandão, 9 anos, portador da Síndrome de Asperger.

A dificuldade para Jeniffer, diferente de Beatriz, era menor por ter mais informações e ter experiências com autistas, mas os desafios e aprendizados diários foram se apresentando durante o tempo.

Além das dificuldades encontradas no percurso da vida, é importante ressaltar que existem direitos que auxiliam os pacientes autistas e seus familiares para manutenção da vida e tratamento. 

No Brasil há leis específicas para pessoas com deficiência (Leis 7.853/89, 8.742/93, 8.899/94, 10.048/2000, 10.098/2000, entre outras). Cada município ou estado também possui suas leis. 

No geral, os benefícios incluem atendimento na Assistência Social (CRAS e CREAS), Benefício de Prestação Continuada, que é um benefício socioassistencial regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS (Lei 8.742/93), atendimento educacional especializado (mesmo em escola regular, é possível um acompanhamento de um profissional específico com conhecimentos em Transtornos do Neurodesenvolvimento), na Saúde, com atendimento terapêutico e dentário, entre outros, além de passe livre no transporte público (consulte as leis municipais ou estaduais da sua região).

Existem também vagas específicas para deficientes em estacionamentos que podem ser asseguradas a quem tem Autismo ou acompanha um autista, inclusive há a possível redução da jornada de trabalho sem redução de salário em alguns casos. 

Por lei, o CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) deve prestar atendimento às pessoas diagnosticadas com TEA. Porém, há poucos pelo Brasil. Cerca de 31 Unidades de Atendimento Infantil no país (dados de 2017).  Além disso, a inclusão da pessoa com TEA é assegurada por diversas leis, a principal delas, a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Lei Nº 12.764, ou Lei Berenice Piana), sancionada em 2012. Segundo esta, o indivíduo com TEA também é considerado portador de deficiência. Desse modo, a Lei Nº 7.853, que dispõe apoio à pessoas portadoras de deficiência e sua integração social, torna-se aplicável.

 

“Falar sobre Autismo é quebrar estigmas e estereótipos levando às pessoas informações que propiciam conforto e cuidado! No dia 02 de abril é celebrado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, a data foi instituída pela ONU em 2007”.

 

Edição: Bianca Morais e Daniela Reis

 

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Hoje o Contramão veio para deixar sua páscoa mais gostosa! Uma receita de Pescada Amarela no azeite de Sálvia e purê de banana da terra do professor do curso de Gastronomia da Una, Sinval do Espírito Santo.

Vamos ao passo a passo!

Nome da receita: Pescada do Brasil
Quantidade de porções: 4
Tempo de preparo: 1h
Categoria: Prato Principal
Nível de dificuldade: fácil

Ingredientes:

Para o peixe:
4 pedaços de filé de pescada amarela
8 folhas de sálvia fresca
sal e pimenta à gosto
600 ml de Azeite extra virgem

Para o purê:
6 bananas-da-terra maduras
½ cebola
2 colheres (sopa) de manteiga
caldo de 1 limão
½ xícara (chá) de leite integral
sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto
1/2 xícara de creme de leite fresco

Passo a passo para a preparação:
Escolha uma assadeira ou tabuleiro e faça uma espécie de envelope de papel alumínio para que o peixe possa ser envolvido. Coloque os filés de pescada na assadeira, tempere com sal e pimenta do reino. Coloque as folhas de sálvia fresca por cima de cada um dos peixes. Regue com bastante azeite até cobrir os filés. Feche o envelope de papel alumínio cobrindo o peixe totalmente. Leve ao forno em temperatura baixa, entre 100 e 120 graus, por 30 minutos.

Para o purê, descasque e corte as bananas em rodelas de 1 cm, transfira para uma tigela, regue com o caldo do limão e reserve. Descasque e pique fino a cebola.
Leve uma panela média com a manteiga ao fogo baixo. Quando derreter, acrescente a cebola, tempere com uma pitada de sal e refogue por 2 minutos, até murchar. Junte as bananas (com o caldo de limão) e misture bem.

Regue com o leite, tempere com sal e pimenta, tampe e deixe cozinhar em fogo baixo por cerca de 5 minutos, mexendo de vez em quando, até as bananas ficarem bem macias – o tempo de cozimento das bananas pode variar, se a banana estiver menos madura e mais firme, junte mais água e deixe cozinhar mais um pouquinho. Adicione o creme de leite fresco e deixe incorporar.
Desligue o fogo e, com o mixer, bata as bananas na própria panela até formar um purê bem liso e cremoso – se preferir uma textura mais rústica, amasse as bananas com a colher de pau. Sirva a seguir.

Se vc curtiu a proposta de servir o peixe com a Farofinha de Limão siga o preparo:

Farofinha de limão
2 colheres de sopa de manteiga
Suco de 2 limões
Sal a gosto
1 xícara de Farinha tipo Panko
1 colher de chá de alho em pasta (sem sal)

Numa frigideira coloque a manteiga e deixe derreter. Acrescente o alho e deixe dourar. Coloque o suco do limão mexendo bem. Desligue o fogo e misture a farinha panko e o sal. Pra servir polvilhe por cima do peixe assado ao lado do purê de banana.

Sobre o chef Sinval
 Sinval Espírito Santo é Mestre em Cucina Italiana pelo ICIF, Doutorando em História na UFMG, Professor de Gastronomia da UNA. Membro da Academia Della Cucina Italiana e da Frente da Gastronomia Mineira. Chef do Fubá, já viajou pelo mundo em busca de temperos, sabores e para representar o Brasil em diversos eventos internacionais. Cozinheiro de Minas, orgulhoso de suas raízes, tradições e “causos”, sendo essa mistura, a base que move seus trabalhos, questionamentos e paixão pela cozinha.

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Por Bianca Morais

No dia 30 de outubro de 1938, marcianos invadiram os Estados Unidos. Essas criaturas escolheram a cidade de Grover’s Mill, no interior de Nova Jersey, para pousarem suas naves pela primeira vez no planeta Terra. Eles causaram um caos, máquinas gigantes mataram milhares de pessoas e destruíram cidades. 

O TBT de hoje, do Jornal Contramão, conta essa reportagem, que na verdade, é apenas uma pegadinha de 1 de Abril, uma fake news. A história real contamos agora.

O ano era 1938, a televisão não era acessível a grande parte da população que viam nos rádios os maiores veículos de comunicação e entretenimento. Nessa época os EUA viviam um cenário pós Grande Depressão, nome dado à crise financeira que levou milhares de americanos à falência, e o mundo todo acompanhava a ascensão de Adolf Hitler que comandava uma iminente 2°guerra mundial. Em uma realidade tão caótica, todas as notícias que se ouviam nas rádios eram de suma importância. 

Na véspera de halloween daquele ano, Orson Welles, era um jovem desconhecido, ator e diretor de cinema responsável pela produção e direção do programa Mercury Theare da Rádio CBS (Columbia Broadcasting System). O programa de rádio semanal, apresentava adaptações de obras literárias clássicas e o roteiro daquela noite seria inspirado no livro de ficção científica “Guerra dos Mundos” de Hebert George Wells. 

O programa

Naquele dia, Welles queria inovar. O espetáculo começou de uma forma bem comum, a programação tocava músicas, à medida que passava o tempo, boletins iam sendo soltados e noticiavam fenômenos estranhos. Inicialmente um meteoro havia atingido a cidade de Grover’s Mill e a emissora enviou um carro para o local. A produção foi tão astuta que dentro do estúdio colocaram um repórter para narrar o acontecimento como se estivesse realmente na cidade. 

O repórter, já no lugar, narrava que escutava barulhos estranhos e ao chegar mais perto de onde o meteoro caiu, “alguém se aproximava” deles. Dali para frente não existiam mais dúvidas, se tratava de uma invasão alienígena. A ideia foi genial, os efeitos sonoros tornaram tudo mais real, explosões, gritos, correria. 

No começo, havia sido informado que se tratava de um radioteatro, porém, a rádio em questão, não era muito conhecida, por isso, poucas pessoas acompanharam o início e entenderam que se tratava de uma trama. A CBS calculou que o programa foi ouvido por cerca de 6 milhões de pessoas, onde metade delas sincronizaram apenas no meio e perderam a introdução.

Pânico coletivo

A dramatização gerou uma histeria geral entre os espectadores do programa. Houve uma fuga em massa, aglomerações nas ruas, congestionamentos, linhas de telefones sobrecarregadas, todos queriam fugir daquele ataque que se aproximava. Nesse dia também foram registrados muitos suicídios. 

A transmissão de “A guerra dos Mundos”, popularizou  muito na época e é lembrada até hoje como um alerta de como os meios de comunicação podem exercer alto poder de influência sobre quem os acompanha.