Belo Horizonte “Made in China”

Belo Horizonte “Made in China”

Foto: Sandy Ang

Em meio a milhares de pessoas que circulam diariamente no centro de Belo Horizonte, os comércios e comerciantes da região podem passar despercebidos, mas no momento em que você resolve dar uma pequena pausa para entrar em uma dessas lojas, é possível notar que o perfil de quem trabalha e gerencia esses estabelecimentos mudou.

Não são mais os brasileiros que estão atrás dos balcões. Agora eles ficam apenas caminhando dentro da loja para oferecer ajuda caso você esteja interessado em algum produto e te encaminham para o caixa. Atrás deles é possível ver um ou mais chineses conversando em mandarim, e na maioria dos casos, com cara de poucos amigos. A expressão muda quando o cliente chega com a mercadoria e pergunta o preço, “doze, doze”, responde o chinês com um pouco de dificuldade. Enquanto você retira o dinheiro da carteira, outro pergunta se precisa de sacola. Na realidade ele não pergunta com palavras, mas com gestos de positivo ou negativo feito com as mãos. Mas quando questionados se poderiam falar com o Contramão, a resposta era unanime, “no, no”.

Foto: Sandy Ang
Foto: Sandy Ang

Organizada e muito bem iluminada, a loja de acessórios para celular está aberta há apenas dois meses na Rua São Paulo, mas já conta com um bom número de funcionários, “trabalho nessa loja há um mês”, diz uma jovem atendente que não quis revelar seu nome. “A comunicação não é das melhores, mas dá pra gente se virar”, finaliza a lojista.

Em outro estabelecimento, ao lado da loja de acessórios para celular, havia de tudo que se possa imaginar. Desde gorros até perucas de cabelo sintético. “Ela está ali há cerca de um ano”, conta um vendedor simpático que também não quis ser identificado. “Trabalho aqui há um ano, mesmo tempo em que a loja abriu. No início a comunicação era difícil, mas como eles estão aqui há um tempo, dá pra se comunicar melhor porque aprenderam algumas palavras e arriscam o português.”, completa.

 O comércio do centro, principalmente nas ruas Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo, vêm sofrendo com a concorrência implacável dos chineses. Para a gerente Suely Alves, 32, que trabalha há nove anos em uma loja de apetrechos, os chineses começaram a se instalar na Rua São Paulo no ano de 2014 e tem sido complicado competir com eles, uma vez que eles oferecem preços bem menores. “Estamos tendo que diminuir o preço do lucro para competirmos, mas ainda assim é difícil. Alguns clientes entram na loja, olham o preço e dizem que vão comprar no chinês porque é mais barato”. Desabafa Alves. Especializados na venda de eletrônicos e acessórios, os asiáticos exportam seus produtos diretamente da China, por um preço menor e em maiores quantidades.

A diferença de preço é tanta, que é possível encontrar determinadas mercadorias por até dez reais a menos, como no caso de um “gorro peruano” que custa 15 reais na loja dos chineses 28 na loja brasileira.

Veja abaixo alguns dados sobre a “invasão chinesa” em BH:

Infográfico: Marina Rezende
Infográfico: Marina Rezende

Por Julia Guimarães e Marina Rezende

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