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A 10ª Mostra de Cinema de Ouro Preto, a CineOP, encerra as atividades hoje, dia 22. A CineOP é um evento que promove o cinema brasileiro como patrimônio cultural, em três eixos: Preservação, História e Educação. Com programação gratuita, estruturada em seminários, oficinas, lançamentos de livros e exibição de filmes brasileiros, a mostra acontece anualmente na cidade histórica de Ouro Preto.

A décima edição prestou homenagens para cada um dos três eixos em foco. Na temática Preservação, a homenageada foi a conservadora audiovisual, Fernanda Coelho; em História, a CineOP prestou tributo para a representação do negro no cinema brasileiro, e o ator, Milton Gonçalves recebeu homenagens. Na temática Educação, o Cineduc − instituição sem fins lucrativos que dá a crianças e jovens a oportunidade de conhecer elementos da linguagem cinematográfica − foi a prestigiada.

Mais do que um circuito de festivais e mostras de cinema, a CineOP propõe agregar valor de patrimônio à sétima arte por meio de diálogos e discutir a preservação do audiovisual como um dos instrumentos mais importantes de nosso tempo para a construção de cidadania e da cultura. Durante os seis dias de evento, esta 10ª edição propôs debates sobre “Acesso e Acessibilidade” − em que os presentes trocaram informações sobre a dificuldade que a sociedade brasileira tem para acessar os bens culturais que ela mesma produz e as consequências disso −, e “O Negro em Movimento” − debates sobre a representação dos personagens negros no cinema nacional.

A Mostra de Cinema de Ouro Preto contribui para a construção da memória e da preservação do patrimônio fílmico nacional e propõe, por meio de discussão com o público, a construção de um modelo eficaz, democrático e de qualidade para a preservação audiovisual do país.

Texto: Camila Cordeiro

Foto: Yuran Khan

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O ator e diretor de teatro, cinema e TV, Milton Gonçalves, declarou que a situação do negro no cinema e na televisão pouco se alterou dos anos 1960 para cá.

“Nós, negros, não agimos. Se chegar dez mil cartas na TV Globo, a gente seria ouvido. Só eu falado lá dentro é pouco”. A declaração foi dada durante a coletiva de imprensa da 10ª Mostra CineOP.  Gonçalves é o homenageado da mostra cujo tema é “O Negro em Movimento”.

Segundo o ator e diretor, é possível criar uma sociedade igualitária através do cinema, mas para isso é preciso mobilização. “Todos os filmes têm que ter personagens negros que sejam relevantes na história que está sendo contada. Nem que seja vilão. Nossos programas não têm isso, o negro é sempre palhaço. e isso me irrita”, desabafou.

Texto e foto: Camila Cordeiro

O fim de semana chegou e temos algumas dicas para vocês aproveitarem um pouco do que Belo Horizonte tem de melhor para oferecer:

Museu de Artes e Ofícios – Praça da Estação

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Foto: Raphael Duarte

O museu é um dos mais antigos da capital mineira, e no sábado a entrada é franca. O horário de funcionamento aos sábados e domingos é das 11h às 17h.

Para mais informações, acesse o site .

 

SESC Palladium:

A galeria de arte do SESC Palladium exibe a exposição “Ater-se à Terra”, de Hortência Abreu e Janaína Rodrigues. A entrada é franca e aberta ao público de terça a domingo, das 9h às 21h

Para mais informações, acesse o site.

Cine Belas Artes:

Localizado na região centro-sul de Belo Horizonte, o Cine Belas Artes é o único cinema de rua da capital mineira. O cinema exibe até o dia 28/5 os filmes: “A lei da água (Novo código florestal)”, “Casa Grande”, “Um sonho intenso”, “3 coeurs” e “Miss Julie”.

Para mais informações sobre os horários e ingressos, acesse o site.

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Foto: Raphael Duarte

Circuito do Rock:

Neste fim de semana, em Belo Horizonte, ocorre a comemoração dos doze anos do Circuito do Rock, que reúne as três maiores casas de rock da capital: Jack Rock Bar, Lord Pub Rock and Roll e a Circus Rock Bar.

Segue a programação para sábado, 23/5:

  • Jack Rock Bar:

CR 12 anos! Hard and heavy + Seu madruga (AC/DC) + Aurora

Abertura da casa: 21h

  • Circus Rock Bar:

CR 12 anos! (Locomotive (GN´R) + U2 cover Brasil + Fools (FF)

Abertura da casa: 21h

  • Lord Pub:

CR 12 anos! IITS only Rolling Stonnes + Lithium +Lurex (QUEEN)

Abertura da casa: 21h

Para mais informações, acesse o site do Circuito do Rock.

 

Baixo apresenta Ledjembergs:

O grupo Ledjembergs traz em sua trajetória uma bagagem ainda pequena, mas de extrema significância. O trio, formado por Adriano Queiroga (voz, guitarra e violão), Lucas Ucá (voz, violão e Ukulelê) e Rafael Costa Val (guitarra e bandolim), já fez as aberturas do show do Seu Jorge e da banda canadense Simple Plan (em Belo Horizonte) e também esteve na Virada Cultural de BH. O grupo se apresenta no Baixo Cultural neste fim de semana.

Para mais informações, acesse o site.

No mês de maio, o Cine Sesc Palladium, promove a mostra Narrativas do Fantástico, com filmes, mesas redondas e oficinas, que unem o cinema com a literatura, tendo como ponto em comum o fantástico.

A seleção dos filmes é feita de maneira heterogênea, em relação a países, épocas e estilos, explica o jornalista e pesquisador Nuno Manna, 29. “Temos, por exemplo, filmes que foram grandes produções hollywoodianas e grandes sucessos de décadas atrás, e outros que, apesar de conhecidos por uma comunidade de cinéfilos, são bem menos acessíveis, sejam por disponibilidade ou pela sofisticação cinematográfica que trazem”.

O diferencial da mostra é a busca pelo fantástico, que segundo o dicionário nos remete ao “que pertence à fantasia; fantasioso, imaginativo”. Diferente da nossa definição, Manna esclarece que a ideia do fantástico presente nos filmes escolhidos é: “uma abordagem transversal do fantástico, que se dedica a aquelas obras que inserem em suas narrativas elementos insólitos, mágicos, absurdos, de maneira que tais elementos provoquem um deslocamento na representação da realidade. Não se trata, pois, da total fantasia, mas do nosso mundo, como pensamos conhecê-lo, invadido por algo que não conseguimos explicar”.

Críticas às adaptações literárias

É comum entre os cinéfilos e leitores assíduos as criticas a maioria das adaptações de livros para o cinema. O site da revista Rolling Stones disponibilizou uma lista com as 10 piores e melhores adaptações para o cinema. Segundo o jornalista, as seleções das obras foram bem pensadas para que agrade ao mais crítico dos públicos. “Todos os filmes que estão na mostra foram selecionados porque, enquanto adaptações possuem uma potência e uma originalidade em si mesmos. São, portanto, autonomamente notáveis e não se deixam constranger pelo peso da obra literária de referência. Acho que qualquer adaptação interessante (e elas são várias, a exemplo dessas que estão na mostra) guarda esse lugar de diálogo, ao mesmo tempo se alimentando da herança de uma grande obra, mas criando sua própria contribuição com sua narrativa”.

Entre os filmes escolhidos, o pesquisador conta, como forma de dica, que, um dos que merecem mais destaque é o do cineasta russo, Tarkovski, com a sua produção de 1972, Solaris.  “Devo muito a ele um aprendizado em relação a uma postura de espectador, à abertura para uma sensibilidade que seus filmes nos exigem e nos inspiram”.

Porém, ele conta que a grande expectativa fica com o filme polonês, de 1965, O Manuscrito de Saragoça, que é uma adaptação do livro de Jan Potocki, O manuscrito encontrado em Saragoça. “É um dos filmes menos conhecidos da mostra, e sem dúvida um dos que mais mereciam destaque. Mesmo sendo um filme bastante longo, consegue ser cativante”, argumenta.

Veja a programação completa do evento

Por: Ítalo Lopes

Imagens: Divulgação

No final de semana, 25 e 26 de abril, Belo Horizonte recebeu a visita do cineasta Ardiley Queiróz, que vem se destacando no cinema independente do Brasil.

Queiróz recebeu o público no centro cultural Cento e Quatro, onde exibiu o mais recente trabalho ‘Branco sai, preto  fica’ (2014) e o curta ‘Dias de Greve’ (2009). Mineiro de nascença, o cineasta reside desde os sete anos em Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal. E é bem ali que mora seus atores, e onde os trabalhos acontecem.

Ardiley fala rápido e direto: “Por que faço cinema? Pra me divertir! A gente não ganha mais que 4 mil por mês – é muito mais que muita gente, mas não dá pra ficar rico! Trampo nisso porque eu gosto. Parte do lugar da diversão, de poder falar o que quiser.” E encoraja todos que têm vontade e vocação para fazer cinema, mas que é bloqueado pelo medo.

“O primeiro filme é filme de coletivo, de cumplicidade, de parceria com os poucos que estão envolvidos. Estávamos todos aprendendo, arriscando. Igual à cena do pessoal bebendo e jogando bola (em Dias de Greve), o sol estava fazendo uma luz bonita no campo, a gente tinha uma lata (rolo de filme) e estávamos bebendo aquele vinho, não pensamos muito e decidimos filmar! Por isso parece documentário. O som vai aprendendo, a fotografia vai aprendendo. O que se tem que ter é pesquisa. Não existe documentário, filme de ficção sem muita pesquisa. Precisa de uma imersão profunda, apesar de não ter currículo.”

Quando perguntado sobre como foi feito a famosa cena do sofá pegando fogo, imagem que estampa o cartaz de divulgação do filme “Branco sai, preto fica”, Ardiley respondeu sério: “a gente só tinha um sofá e 4 ou 5 pessoas – nunca passa disso para fazer a cena, incluindo o ator. Mas teve todo um cálculo. O Marquinho calculou, mas não falou como calculou. Mas diz ele que é acostumado
a queimar sofá”, concluiu rindo.

Texto: Camila Lopes Cordeiro

Foto: divulgação

Começou nessa sexta-feira, 27, e vai até o dia 19 do próximo mês, no Cine Humberto Mauro a mostra Cinema e Rock ‘n Roll, que traz filmes sobre o universo musical do rock em suas várias gerações. Vários ícones e épocas desse estilo musical foram lembrados na escolha dos filmes, como Jimi Hendrix e Neil Young, que surgiram na década de 1960, e o movimento hippie, no longa adaptado do musical de mesmo nome, Hair, de 1979.

A mostra, que já está na terceira edição, tem se tornado tradicional no cinema. De acordo com o gerente do cinema e curador da mostra, Philipe Ratton, “a ideia da mostra é trazer a relação da música, em especial o rock and roll, com o cinema”.  O diferencial dessas exibições em relações às outras, é que nessa edição serão lembrados estilos musicais que ainda não haviam sido retratados.  “O blues, o soul e o glam rock”, cita o coordenador e também curador da mostra, Bruno Hilário.

A junção de música com cinema é comum, e atrai publicados variados.  Segundo Ratton, as duas primeiras edições lotavam a sala do cinema. Ele explica que “o rock é um movimento cultural, até pela sua própria origem de contestação e do desejo de se mudar antigos valores, e essa é a relação primordial com o cinema, que também busca conseguir isso”. O coordenador ainda acrescenta que um dos momentos em que podemos ver esse fenômeno bem explícito é quando o conhecido como rei do rock, Elvis Presley, começa a gravar seus filmes. “Um auge interessante é nos filmes do Elvis, quando o cinema pega as músicas desses camaradas e começa a acompanhar a indústria fonográfica e fazer ela movimentar. Os filmes do Elvis funcionavam como uma grande propaganda para os seus discos”, esclarece Hilário.

O estudante João Brandão, que esperava com a namorada a sessão começar conta que um dos motivos de vir ao evento são as variadas histórias que se conta dos bastidores do estilo. “Sempre têm muitas histórias e lendas, e elas são muito legais e interessantes, e é ótimo quando trazem isso pra gente”, conta Brandão.

De acordo com os curadores, o sucesso é tanto que já se planeja uma quarta edição. Ainda sem uma data estabelecida o projeto já está em mente. “A mostra vai ter uma continuidade, e sem dúvidas teremos uma parte quatro”, esclarece Ratton.

Por: Ítalo Lopes

Imagem: Cena do filme Hair, de Milos Forman