cinema

Foi exibido ontem, 20, no Cine Humberto Mauro no Palácio das Artes um clássico do cinema brasileiro, o filme “Amante Latino” (1979) estrelado pelo cantor Sidney Magal, 61, que presenciou e interagiu com participantes no fim da sessão. A presença do cantor fechou a Mostra Curta Circuito que apresentou no mês de setembro clássicos do cinema brasileiro.

Apesar da demora para se abrirem as portas e dar inicio a sessão, a carreira do artista e algumas histórias dos anos 1970, contadas por idosos que aguardavam na fila, deixaram a espera menos tortuosa. As portas foram abertas e os organizadores do Curta Circuito apresentaram o objetivo da mostra e agradeceram a todos que colaboraram para a sua realização.

Ao som de Sandra Rosa Madalena, o cantor surgiu no palco, dando o ar de sua graça. Com o seu bom humor clássico, Magal fez piadas sobre o seu peso e sobre a sua atuação sem experiência no longa. O músico contou ao público como foi descoberto para o papel e o motivo de ter poucas falas: “Inexperiência!”, destacou.

O filme entrou na tela acompanhado com palmas e mais uma trilha musical do cantor. A história trata de temas como ecologia e pessoas que são expulsas do lugar ondem moram, ciganos e hoje, sem-teto. Apesar de polêmica, a temática foi tratada com muito humor, pela irreverência dos personagens.

Com o encerramento da sessão, o artista deu início a um depoimento emocionado, falando sobre as amizades que fez durante as gravações e que foi emocionante ver depois de tanto tempo o filme sendo exibido em uma sala de cinema. Relatou também, com a voz embargada, que vários atores já faleceram, e que isso tornou ainda mais gratificante a participação na mostra.

O bate-papo como era de se esperar, foi bem divertido. O público fez perguntas e contou ao artista histórias que tinham em relação a ele. Sidney agradeceu aos participantes o carinho e disse estar satisfeito pelo que fez ao longo da carreira, deixando em evidencia que mesmo depois de tanto tempo ainda é aclamado pelo público, que só teve histórias boas a contar.

Texto e foto: Ítalo Lopes


 

 

 

Pela primeira vez na história recente da Agência Nacional de Cinema (ANCINE), vários setores da cadeira produtora do Audiovisual se reúnem, em Minas Gerais, para discussões sobre as particularidades do Fundo Setorial Audiovisual (FSA).

Na abertura do seminário “Um dia com a Ancine”, nesta sexta-feira, 01 de agosto, a diretora da agência, Rosana Alcântara, apresentou um conjunto de ações possibilitadas pelo FSA que refletem as metas da política pública federal para a área no Brasil. O objetivo é aquecer um setor já em crescimento para que, até o final de 2017, possa haver um aumento significativo em qualificação profissional e em volume de conteúdo produzido e distribuído.

Na área de produção de conteúdo, entre os pontos da meta do governo, está o lançamento de mais de 1.000 longas-metragens e a produção de cerca de 10 mil episódios para TV. Para exibição, pretende-se que mais de 800 novas salas de cinema sejam abertas e que todas as cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes tenham, pelo menos, uma sala. “Talvez nunca tenha sido tão viável viver de audiovisual no Brasil”, comemora Rosana.

“Esse momento em que o audiovisual brasileiro vive precisa, para ele ser garantido, juntar todos os setores do mercado e estavam todos aqui discutindo e aprimorando as possibilidades de fomento para que a gente não tenha mais um ciclo interrompido, como a gente já teve no passado”, aponta o diretor executivo da Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão (ABPITV).

Regionalização

A diretora da Ancine ressalta que o setor audiovisual brasileiro tem muito espaço para crescer, especialmente em mercados fora do eixo Rio-São Paulo: “a regionalização aparece no conjunto das linhas do Fundo Setorial Audiovisual”. O diretor executivo da ABPTI se diz  otimista em relação à expansão e  insiste que a união do setor é fundamental para a “inserção do produto mineiro nesse cenário nacional”.

Uma reportagem recente, publicada na Folha de S. Paulo, aponta que apenas 10 produtoras brasileiros concentram mais de um terço do financiamento público para filmes nacionais. Os dados são da própria Ancine, em um levantamento feito no período entre 1995 e 2012. A própria agência pretende mudar esse cenário com as novas linhas do FSA.

Junia Torres, fundadora da Filmes de Quintal, de Belo Horizonte, afirma que o encontro é uma boa possibilidade de se “estabelecer uma relação de mais proximidade entre a classe produtora, a classe exibidora e a Ancine”. Para ela, a partir do diálogo, a tendência é de um maior esclarecimento dos produtores em Minas Gerais, que podem se posicionar para que “as demandas da produção regional cheguem às instâncias nacionais”.

Para Fred Furtado, representante da Secretaria Municipal de Cultura de Barbacena, é muito importante para produtores independentes e iniciantes terem “entendimento dos mecanismos técnicos e burocráticos de como transformar sua produção em uma produção que consiga chegar a canais de visibilidade e de distribuição”.

César Piva, gestor cultural da Fábrica do Futuro, de  Cataguases, aponta o encontro como “fundamental” para que os produtores e gestores possam “desenvolver e fortalecer a participação de Minas Gerais, inclusive o interior de Minas, nessas novas perspectivas que o audiovisual brasileiro está ganhando nos últimos tempos.”

Mesmo com maior espaço para independentes e iniciantes, a diretora da Ancine chama a atenção para a necessidade de se estudar e discutir os editais: “é preciso amadurecer os projetos e compreender qual é a melhor política pública para qual  ele está desenhado é o grande desafio”.

Apesar do otimismo nos números e nas perspectivas para o setor, alguns produtores de conteúdo, que não quiseram se identificar, dizem ter saído confusos do evento, especialmente nos itens relacionados à produção para TVs. Os organizadores prometem novas rodadas de conversas sobre questões específicas de cada sub-área.

Para este segundo semestre, serão abertas linhas específicas para produção de conteúdo para TV pública (estatais, educativas, culturais, comunitárias e universitárias), com uma verba prevista de R$ 60 milhões.

O seminário “Um Dia com a Ancine”, em Belo Horizonte, foi realizado pela Agência em parceria com a Associação Curtaminas (ABD-MG) e a Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão (ABPITV), com o apoio do curso de Cinema e Audiovisual da UNA.

Da Redação

A ação cineclubista começou no Brasil em 1928, com o Chaplin Club, no Rio de Janeiro e desde então foi se espalhando por todas as regiões do país. Hoje, totalizam cerca de 1370 cineclubes ativos, segundo o Conselho Nacional de Cineclubes no Brasil. Após 50 anos de Ditadura Militar, o cineclubismo continua a ser uma prática vanguardista. Em 1964, após o golpe, foram fechados vários cineclubes que eram vistos como prática subversiva. Em Belo Horizonte, a repressão fechou na década de 70, o curso de cinema da PUC Minas.

Sempre com local, data e horários fixos, os cineclubes exibem filmes de diversas temáticas – política, social, ou até mesmo a filmografia de alguns cineastas que marcaram, geralmente pensando na democratização do acesso e filmes que não circulam dentro das salas comerciais. A exibição é sempre acompanhada de debate, que tem ampla participação e importância. Nos debates os cinéfilos trocam experiências e despertam sua criticidade.
Texto: Luna Pontone
Foto: Danilo Vilaça

A Fundação Clóvis Salgado apresentou durante 46 dias a Mostra Igmar Bergman – Instante e Eternidade. Segundo o curador do Cine Humberto Mauro, Rafael Ciccarini, “uma mostra desse tipo e dessa proporção não se limita a apenas exibir toda a filmografia, mas também de vivenciar esse cineasta por um longo período de tempo, tentando discutir os diferentes aspectos desse autor.” Na programação, 79 filmes distribuídos em 160 sessões foram exibidos, reunindo diversos formatos, como o digital, a tecnologia DCP (Digital Cinema Package) e a película de 35mm, que totalizaram 800 kg de filme vindos do exterior.

Além dos filmes, a programação apresentou cursos, debates, palestras e a realização da peça teatral baseada no último filme de Bergman – Saraband. Os diretores Ricardo Alves Jr. e Grace Passô foram os convidados para transformar a ideia em realidade. O espetáculo Sarabanda foi apresentado no Grande Teatro do Palácio das Artes e teve apresentações impactantes. Bergman, em sua vida, colocou o teatro como sua esposa e o cinema como sua amante e a mostra trouxe essa referência. O cinema trazendo a eternidade e o teatro o instante, compondo o nome da Mostra.

Ricardo Alves Jr e Grace Passô: O DESAFIO TEATRAL DE SARABANDA

Ricardo Alves Jr., formou-se pela Universidad del Cine, em Buenos Aires. Como curador, integrou comitês de seleção dos Festivais Internacionais de Curtas do Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Diretora, dramaturga e atriz, Grasse Passô formou-se no Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado, em Belo Horizonte. Grace e Ricardo foram convidados pela curadoria da Mostra Ingmar Bergman – Instante e Eternidade para adaptar o último filme da obra de Bergman, Saraband.

Como surgiu a ideia da adaptação do Bergman para o teatro?

Ricardo – A montagem do Sarabanda veio a partir do convite da curadoria da Mostra. Vendo que o Bergman foi um grande realizador do cinema e também se dedicou muito ao teatro pensamos numa montagem dentro da mostra de algum filme para levar ao teatro.

Grace – Eu acho que pra relevar a dimensão do teatro na vida do Bergman, a mostra foi ousada em radicalizar nesse formato. Homenagear esse homem do teatro que o Bergman foi, que por vezes a gente até se esquece disso. Para a adaptação, a gente partiu da noção do filme como um texto, mergulhamos nesse filme, não só no roteiro escrito por ele, mas tudo que em seu conjunto Bergman significa. Desse mergulho gerou uma obra teatral que é o “Sarabanda”.

Ricardo – Esse filme particular é o ultimo filme do Bergman, então isso pra gente era algo que significava muito. Na relação desses 4 personagens, está ali contido tudo que o Bergman trabalhou em todas as suas filmografias, as relações entre pai e filho, a relação com o outro, e tem alguns que falam muito sobre a morte que atravessa toda essa dramaturgia do espetáculo e do filme, então assim, esse filme “Saraband” foi muito significativo para trazer ao teatro.

Como foi receber o convite da curadoria e fazer o convite para a Grace? Grace como foi receber esse convite do Ricardo?

Ricardo – O curador da Mostra, Rafael Ciccarini, trouxe esse desejo de realmente pensar o Bergman dentro do teatro e ainda não tinha essa clareza do que seria esse espetáculo no grande teatro, o que seria o último filme do Bergman. Ele trouxe uma proposta em como a gente poderia pensar em trazer esse Bergman para dentro do teatro. Daí não sei, como a gente já tinha trabalhado juntos no ano passado, na hora que eu recebi o convite, por telefone mesmo, fiz o convite para a Grace, que nem tava aqui em BH, e falei com ela: “surgiu esse convite, vamos pensar algo assim?”

Grace – As pessoas assistindo ou entrevistando gostam um pouco de separar, por exemplo, então o Ricardo cuidou da visão de cinema e você do teatro, é muito mais complexo que isso. É óbvio que existe um campo técnico que o Ricardo sabe que eu não sei, ele trabalha com o cinema eu não e nós dois trabalhamos com teatro. então a questão é bem mais complexa. Na verdade eu já conheço o Ricardo há muito tempo e a gente já é parceiro. Quando eu faço uma performace, é muito comum eu ligar pra ele e perguntar sobre. Ele é uma referencia de trabalho, em todos os trabalhos. Então, um convite do Ricardo é muito caseiro, pelo fato de a gente ter uma intimidade, pensamos em arte junto de alguma forma, fazemos parte de uma mesma geração e, é um ponto de referência na minha vida artística. Se eu me perco ou me encontro, eu ligo pra ele e pergunto. Como esse diálogo já existe há muito tempo,o convite soou natural, pela intimidade e admiração que temos um pelo outro.

Ricardo – Com esse convite já que minha relação primeiramente com o cinema, mesmo já tendo trabalhado com teatro, esse trabalho não faria sozinho.Então a primeira pessoa que eu pensei foi na Grace. Quando o Cicarini fez a proposta, era pra gente poder fazer esse encontro e trabalhar junto.

Bergman inovou muito em termos de linguagem, a peça também traz uma inovação como por exemplo colocar a plateia em cima do palco. O que isso influenciou nessa adaptação para o teatro?

Grace – Nesse caldeirão de questões e objetivos da peça, partindo desse filme, existe um desejo de homenagem e o significado do teatro na vida do Bergman, então de alguma forma, a gente entendendo esse espaço arquitetônico como um lugar muito simbólico do teatro, inclusive da cidade Belo Horizonte. Esse palco é muito significativo e representativo de um teatro em grande escala, então trabalhando nesse espaço, jogando a luz nele próprio, a gente entendeu que assim estaria metalinguisticamente falando sobre essa questão do teatro, nessa linguagem teatral na vida Bergman, daí esse cenário e arquitetura da peça, essa inversão da platéia é consequência disso. Se a gente queria jogar a luz nesse espaço, mudamos o ângulo convencional do espectador, trazemos eles para conseguirem se ver aqui de alguma forma, um espelho contrário.

Ricardo – Trazer a plateia para esse ponto de vista, é trazer para uma proximidade da cena. Cria-se também um espaço bem intimista em determinados momentos para a construção da cena, que é também muito próprio do Bergman. Trabalhar sempre os interiores, sempre os personagens em espaços menores. Tem algo interessante dessa inversão que é o momento de ver esse palco, de ver esse grande teatro sobre um outro ponto de vista, acho que todo mundo que é de BH sabe a importância desse teatro, então é uma forma de homenagiar não só o Bergman mas também esse grande espaço teatral.

Como foi fazer a ligação entre audiovisual e teatro? Como foi trazer isso para a peça?

Ricardo – Foi muito fluido, a gente começou a conversar, colocar ideias e fomos trazendo coisas e trabalhando isso dentro do ensaio com os atores. A gente tinha um desejo de trabalhar com o audiovisual, trabalhar com a imagem projetada dentro do espetáculo e, fomos descobrindo isso no processo com os atores. trouxe a câmera e pensamos em como colocar o personagem fora cena, mas sendo projetado dentro dela, isso foi uma coisa que a gente foi discutindo muito assim como na encenação. Por exemplo, saber como iria trabalhar com certa profundidade de campo e um tipo de registro de voz que seria microfonado, que é muito próprio do cinema, um som ou uma fala em primeiro plano em certa distância e as projeções nós fomos colocando isso como uma ideia e durante o processo e meio que entendendo essas funções.

Encontraram alguma dificuldade na adaptação da pela e/ou na preparação com os atores?

Grace – Se eu fosse eleger uma coisa pra falar sobre isso, não falaria dificuldade, mas existiu sempre uma preocupação nossa em entender de fato. Quando a gente propõe fazer uma peça de teatro a partir de um filme, o que muda radicalmente? Obviamente não vamos fazer uma cópia de um filme, não faz sentido, mas fazer uma recriação em outra linguagem artística que vai nos fazer criar coisas que jamais poderíamos fazer no cinema. A nossa preocupação sempre foi entender lucidamente qual a função de fato, de transformar numa obra teatral com força própria e com autonomia em relação a um filme tão importante.

No filme o “7º selo” de Bergman ele levanta questões sobre morte, inferno e deus que também está presente no seu filme “Tremor”, existe alguma relação entre os dois?

Ricardo – Não diria relação, mas tem algo, um encontro com a morte. Não sei se faria alguma relação entre um filme e outro, mas o Bergman tem alguma coisa que influencia, todo mundo que assisti um filme dele, seja o “7º Selo”, seja “Gritos e Sussurros”, se impacta muito com a forma de como ele coloca os personagens e as questões existenciais. Tem algo aí que eu também me deparo.

Nas suas peças a gente também percebe que você levanta questões existenciais. Existe alguma relação com as obras de Bergman?

Grace – intencional não, acho que um pouco por ai, como o Ricardo falou. Tem algumas pessoas que criam coisas tão poderosas, inauguram novos códigos em determinada linguagem, que são uma influencia tão potente e viva na arte que é impossível não ter se modificado. Ter artistas que modificam o tempo e, o Bergman é mais um desses, que é impossível não fazer parte de seu repertório pessoal como artista, não tem como não ser afetado ou ser marcante, então o trabalho do Bergman é muito marcante na minha vida.

Rafael Ciccarini

Como está a mostra do Bergman? Vem superando as expectativas?

A mostra está sendo um sucesso, as expectativas já eram boas, mas estão sendo superadas. É interessante comentar que essa é uma política de longo prazo. A gente começou na Fundação Clovis Salgado desde a Mostra Luis Buñuel que é uma mostra que foi muito especial, a primeira grande mostra que exibiu toda a filmografia dele e se realizou também atividades de de formação, debates, palestras, cursos. Porque uma mostra desse tipo, dessa proporção não se limita a apenas exibir os filmes, o que ja seria uma coisa legal, exibir uma obra completa de um cineasta importante, mas também de vivenciar esse cineasta por um longo período de tempo e tentando discutir os diferentes aspectos desse autor. Isso já fizemos com o Luis Buñuel, Charlin Chaplin e Hitchcock. Essa política recebeu uma acolhida da cidade muito grande, com sessões lotadas e recorde de público. Ao mesmo tempo a gente ta lidando com o Bergman que é um autor, que aparentemente não vai dar um público tão grande quanto do Hitchcock que foi o maior sucesso de público e que é uma marca, um nome fortíssimo na história do cinema. Mas surpreendentemente o público está parecido com o do Hitchcock, muitas sessões lotadas e isso é muito legal.

Duas coisas, primeiro porque a gente perde um pouco o preconceito de que o público não estaria interessado em uma programação mais artística e de uma qualidade maior. Existe essa noção, que é um pouco até preconceituosa, que não teria público para certas atividades artísticas e isso é desconstruído quando a gente tem essa experiência.

O que é um desafio para uma mostra do Bergman?
A gente sempre tenta atacar, dialogar, fazer e aparecer todo o universo temático e artístico do autor que a gente está tratando. No caso do Bergman a gente se viu no desafio de exibir mais de 70 filmes, 79 considerando os filmes que ele fez roteiro e os documentários sobre ele e, considerando também que a gente sempre opta por tentar trazer a película, o 35mm,o filme físico e isso significa 800 kg de filme, quase uma tonelada de filmes vindos do exterior, uma série de burocracias, um trabalho de produção muito grande. O Bergman além dessa produção de filmes gigantesca, ele tem uma vida no teatro, tem uma frase famosa que ele fala assim: “Vamos colocar que o teatro é minha esposa e o cinema é minha amante”. Frase interessante que mostra essa relação simbiótica , difícil dizer o que foi mais imoprtante na vida dele . A gente conhece muito mais o Bergman diretor de cinema porque o cinema tem essa coisa da eternização, isso é importante porque está no nome da mostra, isso é um jogo bergmaniano.
O teatro é a arte do efêmero, ele é aquela potencia do público com a presença do ator. Enquanto o cinema trabalha produzindo a eternidade, e isso fica mais complexo ainda em Bergman, porque essa relação de instante e eternidade está presente na produção cinematográfica dele.Um dos grandes temas da arte do Bergman é a morte, a arte pra ele é dura, é dolorosa, mas ele precisa da arte para se manter vivo, até porque a arte por si só é uma luta contra o tempo.

Como lidar com esse bergman deatral, como trazer pra mostra essa esposa do bergman?
Tinhamos duas estratégias. 1 – trazer pra mostra as peças que ele filmou, não é a mesma coisa de estar lá, mas é o que foi possível; 2 – é essa peça “Sarabanda’ tentando reproduzir essa simbiose, reproduzir esse diálogo, invertendo um pouco o signo mais clássico de transposição, é mais fácil fazer um filme através de uma peça. Agora o desafio é pegar um filme e fazer o inverso. Esse desafio profundo de trazer o teatro para a discussão, pensei no nome do Ricardo. Preciso de um artista/diretor que ande pelas duas áreas (cinema e teatro) e que realize um pouco essa simbiose. O projeto começa a nascer, ele traz o nome da Grace que trabalha com o teatro e ele tem um nome no cinema importante.

O que achou da peça “Sarabanda”?
Eu fiquei impactato, não esperava, vi os ensaios e estando ligado a produção, pensei que seria uma peça que toda hora podia dar errado. Na abertura, a peça me convocou pra ela e, a mágica da arte aconteceu, achei a peça forte, me emocionei e os diretores foram fundo no que a gente estava buscando. Essa força veio toda para o palco.Trazer para a peça o audiovisual, tentando construir um pouco o cinema dentro do teatro, ou, repotencializando o teatro com o audiovisual, criando esse filho híbrido ai, que é tão a cara do Bergman.

Texto: Lívia Tostes

Foto Layla Braz

Nesta quinta-feira, 29, aconteceu a abertura oficial da 9ª Edição do CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto. A cerimônia aconteceu no Cine Vila Rica, onde apresentou à temática e os homenageados desta edição.

A CineOP se caracteriza pelo único evento a ter enfoque a preservação, a história e a educação audiovisual no Brasil. Entre os homenageados, estão os cineastas Luiz Rosemberg Filho, Ricardo Miranda e ao grande preservador e ex-curador da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), Cosme Alves Netto.

Na temática histórica, Rosemberg, é considerado um dos mais inventivos, radicais artistas da geração de 68, onde desenvolveu um cinema mesclando erotismo, crítica, política e amor ao cinema. Já Ricardo Miranda, foi um artista, montador, cineasta, professor e um cinéfilo que o fez uma das grandes referências da sétima arte das duas últimas décadas. Pensando na temática de preservação, ninguém melhor do que Cosme Alves Netto, que esteve à frente da cinemateca do MAM entre 65 e 88, resistindo à ditadura militar, lutando e organizando a memória do cinema, além de ter sido um dos maiores incentivadores da produção cultural e independente da época.

Durante a cerimônia, os homenageados receberam o simbólico troféu Vila Rica. As viúvas de Ricardo e Cosme subiram ao palco para receber o prêmio e falaram da importância do reconhecimento do trabalho de ambos para o cinema brasileiro. Rosemberg, foi aplaudido de pé e, como já era de se esperar, não fez nenhuma declaração, visto que sempre se manteve longe dos holofotes da mídia, mas dedicou o prêmio aos amigos mais próximos.

Após a cerimônia de abertura, a pré-estreia do documentário “Tudo por amor ao cinema”, de Aluísio Michiles, que narra à trajetória da vida de Cosme Alves Netto através de depoimentos de amigos e cenas de filmes, que ajudam a narrar um momento de sua vida – intercalação de filmes que ajudam a ilustrar e narrar cada momento relembrado em cena. Michiles contou que “Desde jovem, me perguntava para onde iam os filmes aos quais assistia no cinema, eu queria saber o que acontecia com eles”, por isso resolveu dirigir um longa-metragem que contasse a vida de um dos homens que mais representam essa memória cinematográfica no país.

Mais informações: www.cineop.com.br 

Por Lívia Tostes
Fotos: Leo Lara/Universo Produções

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Nesta quarta-feira, 28, o Sesc Palladium receberá a Mostra Funk.Doc, com a exibição do longa Funk Rio, que terá sessão comentada com o professor de  etnomusicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Carlos Palombini. Com entrada gratuita, o evento estará presente até o próximo sábado, 31.

Durante os quatro dias da mostra no Sesc Palladium, serão exibidos documentários e longas-metragens que mostram diferentes pontos em relação ao funk no Brasil.

O Rio de Janeiro é considerado o principal espaço do funk no Brasil, mas os estudantes Felipe Xavier, Hudson Freitas, Jéssica Newman e Leonora Laporte, hoje, jornalistas formados, realizaram um documentário para o Trabalho de Conclusão de Curso, falando sobre a realidade do estilo musical em Minas Gerais.

De acordo com Felipe Xavier, a ideia de realizar o documentário “Na Batida”, que fala a respeito do funk em Belo Horizonte, partiu do pressuposto de todos os integrantes do grupo gostarem do estilo musical e da falta de espaço sobre o assunto no meio acadêmico. “A gente queria mostrar a realidade. Como era fazer o funk. Como os DJ’s e MC’s entendiam a história do ritmo. Mostrar como as pessoas consumiam o funk na periferia, seu local de origem”, explica Xavier.

Na Batida:

Programação completa da Mostra Funk.DOC

28 de maio (quarta-feira)

20h – Funk Rio * Sessão seguida de palestra e bate-papo com o pesquisador Carlos Palombini (proibidao.org e UFMG)

29 de maio (quinta-feira)

17h – Favela on Blast

19h – A Batalha do Passinho – O Filme

21h – Funk Ostentação + Esculacho * Sessão seguida de bate-papo com o diretor Marcelo Reis

30 de maio (sexta-feira)

17h – Funk Ostentação: O Sonho + 90 Dias com Catra

19h – Favela on Blast

21h – A Batalha do Passinho – O Filme

31 de maio (sábado)

17h – Funk Ostentação + Esculacho

19h – Funk Rio

21h – Favela on Blast

Por: Luna Pontone

Foto: Retirada da Fanpage no Facebook