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Por Tiago Jamarino – Start – Parceiros Contramão HUB

 

Guillermo del Toro apresenta filme em cima de tema clássico, mas com uma trama original e com pitadas de sci-fi

 

A Forma da Água é o mais novo trabalho do cineasta mexicano Guilhermo del Toro, podendo se afirmar como uma bela história de amor, com bastante pitadas de ficção cientifica. Se analisarmos bem, este filme soaria bem com uma boa redenção para o cineasta. Aos fãs de Del Toro, assim como eu, tivemos uma amarga decepção com A Colina Escarlate (2015). Sempre esperamos mais de Del Toro, o diretor provou mais que nunca ser capas de nos impressionar com seu espetáculo visual e técnico. Quem não se espantou com a qualidade visual do fantástico mundo de Hellboy, com o surrealismo do mundo encantado que permeava o Fauno. Se a (duas) coisas no diretor que sempre andavam de mãos dadas, era, seu designer de produção e sua boa noção em se contar uma história, seja ela simples ou complexa. Nesse rumo que seu mais novo filme segue, um tema clássico como o amor, mas contada de uma forma bem simples e com elementos fantásticos.

Década de 60. Em meio aos grandes conflitos políticos e transformações sociais dos Estados Unidos da Guerra Fria, a muda Elisa (Sally Hawkins), zeladora em um laboratório experimental secreto do governo, se afeiçoa a uma criatura fantástica mantida presa e maltratada no local. Para executar um arriscado e apaixonado resgate ela recorre ao melhor amigo Giles (Richard Jenkins) e à colega de turno Zelda (Octavia Spencer).

Como de costume em obras de Del Toro este filme também se inicia com um voice-over, já causando no espectador o desconforto em saber se tal história é verídica ou um conto de fadas. Assim como no Labirintodo Fauno temos essa narrativa em off esmiuçando o conto, logo já vemos o potencial técnico do diretor, que faz sua câmera transitar em pequenos planos sequencias com pitadas de cortes bem escondidos. A apresentação da personagem principal já gera outro desconforto, Eliza é uma clássica princesa da Disney, a profissional da limpeza, desfavorecida socialmente, com uma vida pacata aguardando o elemento fantástico mudar sua vida. A genialidade do roteiro em usar esses elementos, é fantástico, até chegar ao final do filme muitos irão supor se Eliza é meramente uma personagem inventada por quem está contando a história.

A direção fica a cargo de Guilhermo del Toro, dos mais notórios filmes do cineasta temos, O Labirinto do Fauno (2006), Hellboy (2004), Blade 2 (2002) e Círculo de Fogo (2013). Como já mencionado acima, Del Toroé um diretor que mistura fantasia, ficção cientifica com temas clássicos, presenteando seus espectadores como belas criaturas e mundos magnificados. A cinematografia usa bem tons de verdes e cores bem escuras para dar um senso de perigo, angustia e tristeza, elementos claros de uma ficção científica com monstros. O designer de produção é a marca registrada de Del Toro, toda ambientação dos anos 60 está bem detalhado aqui. Apesar de em muitos momentos o filme ser bem escuro a uma iluminação pontual em cenas que precisam ser destacadas, algumas cenas que são espetaculares. As cenas que são feitas debaixo d’água mostram todo o potencial de uma fotografia que parece ser pintada a mão, fotografia ao qual somada com o excelente trabalho da trilha sonora, fazem com que o filme se pareça uma graphic novel digna de aplausos. Até o designer da criatura é meramente incrível, com uma roupa e uma maquiagem que demonstra uma sensação de realidade. 

O roteiro assinado por Del Toro e Vanessa Taylor tem uma difícil missão, fazer uma história de amor dar liga. Assim como a clássica história infantil, A Bela e a Fera, temos um potencial romance entre uma mulher e uma criatura. Mas não apenas isso, a várias pequenas histórias de pano de fundo acontecendo, o dia-a-dia de funcionários que trabalham na instalação do governo, o pano de fundo histórico da Guerra Fria e o tempo necessário para desenvolver alguns personagens, principalmente a interação com a criatura. O grande problema da narrativa é que o filme é bem previsível, em momento algum, o filme irá surpreender, toda sua condução vai ser entendido pelo espectador. A Forma da Água é um trabalho mais maduro do diretor, pegando o conceito básico de uma clássica história de amor nos introduzindo no fantástico, deixando uma trama mais séria e que em alguns momentos se torna assustadora, mediante a conduta de alguns dos seus personagens.

O elenco é muito bem escalado, tendo uma protagonista digna de todas as suas indicações a prêmios de cinema. Sally Hawkins faz o papel de uma mulher muda, a atriz dá um show à parte, sua personagem precisa se comunicar sem falar e isso é bem transmitido pela sua expressividade. Eliza é uma personagem doce, se preocupa com as pessoas, decidida quando quer e seu olhar transmite tudo em cena. A interação de Eliza com a criatura vivida por Doug Jones, que está habituado em fazer estes papeis, ambos precisam se comunicar sem falar, algo que soa realmente difícil, mas ambos se expressam com linguagens de sinais e muita linguagem corporal. O Michael Shannon com sua fisicalidade intimidadora é bem o personagem a ser odiado pelo espectador, desde o início do filme o roteiro já define bem isso, mas graças ao belo trabalho do ator seu personagem não ficou clichê. A Octavia Spencer está bem, mesmo tendo pouco o que fazer, em alguns momentos do filme ela é a voz de Eliza. O Michael Stuhlbarg bem como sempre nós oferecendo mais histórias de pano de fundo.

A Forma da Água, não alcança o patamar de obra-prima, contendo vários momentos em que o roteiro começa a usar artífices bem convenientes para fazer sua trama andar. Faltou a dupla de roteiristas um esmero a mais para dar desfechos mais sérios e fazer sua trama ser perfeita. Mas tirando todas essas ressalvas, A Forma da Água é uma linda história de amor, com elementos cinematográficos fantásticos, uma trilha sonora linda e mais uma criação de universo fantasioso maravilhoso.

 

4-Ótimo

 

 

 

FICHA TÉCNICA

 

A Forma da Água (The Shape of Water) — EUA, 2017
Direção:
 Guillermo del Toro
Roteiro: Guillermo del Toro, Vanessa Taylor
Elenco: Sally Hawkins, Michael Shannon, Richard Jenkins,  Octavia Spencer, Michael Stuhlbarg,  Doug Jones, David Hewlett, Nick Searcy
Duração: 119 min.

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Por Débora Gomes – . as cores dela . – Parceira Contramão HUB

não se entristeça assim… há tempo pra tudo!
pros laços desfeitos, pros amores perdidos, pras novas cores…
o que passou, em breve ocupará seu lugar devido entre as lembranças.

e, por isso, cuide do teu coração… 
pra que ele faça sempre as tuas melhores escolhas e guie os passos do teu melhor caminho.
essas lágrimas que caem hoje, são como orvalho nos campos de macieiras pelas manhãs: logo vem o sol e tonifica tudo. 

então, se já não cabe mais em teu peito sustentar tanto amor vão, vá enquanto o tempo ainda não corroeu tua forma de esperançar.
colhe flores, planta roseiras ou girassóis, compra alfazema pra perfumar a casa, anseia pelo tempo das boas avenças e jamais, em momento algum, caia na tentação de desistir.
não viemos até aqui pra partir em desamor…
por isso, apruma esse peito, levanta esses olhos e escreve, se preciso for, uma história nova!

tem giz de cera na primeira gaveta…
desenha com eles os sonhos mais puros do teu coração e vai… ser feliz outra vez…
 

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Por Bianca Rolff – Gauche – Parceira Contramão HUB

Ele chegou em casa, depois de um dia extremamente cansativo. Passou pelos longos cômodos até chegar ao quarto, cansado e repleto de um orgulho que há muito não sentia.

Trabalhar com música o fazia se sentir vivo. Poucas coisas no mundo eram capazes de mexer com os sentimentos das pessoas como letra & melodia, e ele, agora já crescido e adulto, percebia que havia nascido para aquilo.

O dia tinha sido bom. Gravara duas músicas em estúdio, fechara dois trabalhos para os próximos meses e ainda tivera tempo de passar em um pequeno bar no caminho de casa e prosear com alguns velhos amigos. Agora, contudo, ele só queria deitar e fechar os olhos.

Tirara a camisa, largando-a pelo chão do quarto e se jogara sobre a cama ainda bagunçada. Sentiu o corpo relaxar, os músculos se descontraírem e o cansaço se abater sobre ele.

Estava quase adormecendo quando uma pequena onda de vibrações percorreu a sua coxa. Colocando a mão no bolso da calça, retirou o celular e viu que havia uma série de mensagens. Sem muita paciência, percorreu os olhos por elas, absorvendo vagamente o conteúdo. Havia muitas mensagens de admiradores do seu trabalho, pessoas querendo parcerias e mais algumas elogiando algum de seus vídeos veiculados na internet. Outras tantas eram de outro teor. Ele vinha aprendendo que a ascensão como um dos músicos mais promissores da atualidade trazia consigo um assédio muito grande, e muitas das vezes de jovens extremamente bonitas, dentro daquilo que ele considerava ser o seu “padrão”. Ele geralmente respondia, dava certa atenção, afinal, não havia justificativas para que não fosse gentil e educado. Suas redes sociais cada vez mais vinham se abarrotando de elogios, mensagens de duplo sentido, convites inesperados, às vezes fotos muito reveladoras. Ele lidava com aquilo da melhor forma possível, cuidando para que soubesse discernir entre sinceridade e mero interesse pelo que se poderia conseguir com a sua fama. Entretanto, a sua empolgação com esse tipo de mensagem era passageira.

Ele fechou os olhos. A única imagem que via era dela. Ela. E ele tinha ferrado com tudo.

Nunca se imaginou apaixonado, perdido em pensamentos e planos para o futuro, mas em menos de dois meses, era exatamente assim que ele estava. O peito pulando com a ansiedade a cada vez que pensava em encontrar com ela, em lhe fazer uma surpresa ao final do dia, em imaginar que ela estaria na plateia no próximo show. Ele se apaixonara à primeira vista de seu sorriso, e jamais se imaginou tão leve e completo. Ela era pura energia, contagiante em sua alegria, seus cabelos que reluziam ao menor sinal da lua e o coração mais repleto de amor que ele já tivera a chance de conhecer.

Mas ele estragou tudo. Com o tempo, ele se afastou. Mergulhou tão profundamente no trabalho que não mais a via. Se ela mandava mensagens, respondia de maneira seca, sem aquela profusão de palavras que tanto a encantaram. Ele se lembrava de quando a presenteara com uma música improvisada ao final da noite, depois de pegá-la na faculdade e a levar para o mirante mais bonito da cidade. Ele dedilhara no violão uma canção de pouco mais de um minuto, e quando olhou para ela, viu o choro mais lindo de toda a sua vida. Foi naquele momento que ela se abrira para ele, fazendo-o perceber que por mais radiante que ela fosse, ela não estava acostumada com o amor.

E ele, aos poucos, fugira. Hoje percebia tudo com clareza. Aquela luz pela qual ele se apaixonara perdidamente nela foi aos poucos se tornando opaca, tremeluzente. Com o seu próprio afastamento e consequente fechamento, conseguia traçar cada um dos sintomas refletidos nela. As palavras de amor ditas pela sua doce voz se tornaram pequenas e receosas, quase como se ela lhe pedisse desculpas cada vez que as pronunciava. Os encontros duravam cada vez menos e ela, que nunca reclamava de nada, apenas saía, e ele agora entendia que o avermelhar de suas faces não eram blush. Os shows em que ela fazia questão de prestigiar, sentada sempre aos fundos do ambiente, deixando que as fãs nem soubessem de sua existência, aos poucos foram se tornando esporádicos… até que ela não mais estava lá. Ela não estava mais lá, pois não suportara amar sozinha.

Ele lhe ofertara o mundo e a deixara viver nele sem a sua companhia. A verdade é que ele fugira para as suas próprias músicas sem perceber a tempo que a melodia mais importante não vinha de seus dedos, mas do pulsar do peito.

Abriu os olhos, sentindo o rosto quente e molhado. O mesmo avermelhar da face que ele agora sabia que ela provavelmente sentia todas as noites em que ele se fizera partir. Partir… Esse verbo que obrigatoriamente possuía dois gumes. Ele, fugindo daquilo que mais ansiava, partira, e ela se partiu em pedaços.

O telefone vibrou novamente e ele abriu a caixa de mensagens só para ver mais elogios, tentações e possibilidades. Apertou o botão de desligar, colocou o aparelho em cima da cômoda e pegou o violão.

Fonte: Pinterest

Na noite em que a levara ao mirante, ele tinha dito a ela que guardasse aqueles minutinhos de improviso na memória, porque ele não se lembraria da música após algumas cervejas e cigarros. Tinha dito aquilo apenas para descontraí-la, deixá-la mais à vontade e vê-la sorrir aquele sorriso que revirava tudo do avesso. Quando chegara em casa naquela noite, contudo, terminara de compor a canção, mas nunca lhe dissera nada. Talvez a sua autossabotagem já despontasse ali.

Dedilhou-a toda no violão, sem se importar com a hora e o possível incômodo dos vizinhos. Uma das músicas que gravara em estúdio mais cedo era justamente essa. Em alguns dias a estrearia ao vivo, de forma inédita antes de divulgá-la na internet. Dissera aos seus produtores que era para causar mais impacto, mas no fundo de seu tão apertado peito sabia que fazia aquilo na esperança de olhar para um único par de olhos no fundo do salão e ter a chance de recomeçar.

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Por Jean Lescano – Poligrafias – Parceiros Contramão HUB

Vem cá, me traz aquela paz que só você me traz. Vem me levar pra outro lugar, pro melhor lugar, perto das estrelas e de frente pro mar. Vem, com essa mania de ter o dom de clarear, me fazendo sentir paz quando você chega.

Mas não permanece não, vem e me dá aquele tesão momentâneo, alimenta meu ID, porque o meu ego sinceramente não dá mais. Eu quero o prazer momentâneo, eu quero pra hoje, eu quero sentir o agora e me perder pensando no amanhã. Eu não pediria pra você se afastar, tu não conseguiria. Mesmo sabendo que você prefere calmante à um amor pra causar a paz, uma lata de cerveja à um chá, que ama pipoca enquanto eu a repudio.

Olha, eu sei como é o lance dos dias de hoje. Sei também que o lance de ser possessivo destrói as relações, não é de hoje. Sei que devo me conformar às regras pré combinadas de um caso. Já memorizei toda a ladainha contemporânea do desapego e compreendi, inclusive, que afeição é só uma ilusão sádica e temporária. Mas eu sinto. Eu simplesmente sinto. Eu sinto que você deveria ficar permanentemente impermanente.

Eu não quero que permaneça como uma incentivadora, eu quero que esteja aqui quando eu quebrar a cara seguindo o que eu acho certo. Não te quero pra apresentar pra minha família em um domingo de almoço, te quero pra embarcar em alguma aventura por aí e depois acordar no outro dia e agradecer pela simplicidade de sua companhia. Não pense que eu te quero pra casar, eu quero é rodar esse mundão, perder o chão, rodopiar, pular, gritar e no final sentir todos os desejos realizados.

Eu aprendi a te querer assim, impermanente. A verdade é que eu nunca gostei dessa coisa retilínea de começo, meio e fim. Acho careta. escroto e um tanto quanto utópico. Antiquado. Previsível demais para quem se equilibra na utopia de permitir que as sensações,prazeres e aventuras aleatórias orientem o viver e o pensar . Talvez seja por isso que mesmo hoje, depois de tantas outras, eu ainda não assimile o fato de eu não saber lidar com você mas, no fundo, entender sua impermanência, você não me abandona, você só não permanece.

Eu quero rir com você e conversar sobre porra nenhuma, com um pensamento qualquer e pensar sobre a origem da vida, se uma camisa azul é melhor que verde, porque Jack Daniels é pior que Catuaba.

A sua impermanência se resume em não permanecer, não querer ficar, mas estar. Na minha mente, na minha cama, nas minhas costas em carne viva. E sua impermanência é perdidamente apaixonante.

A verdade é que eu não lhe quero para mim, eu amo minha liberdade, não me leve a mal. Só quero que você saiba que tenho muito de você sorrindo, vivendo e às vezes também doendo em mim.

Por Tiago Jamarino – Start – Parceiros Contramão HUB

Apesar de haver uma clara divisão entre os fãs de Star Wars: Os Últimos Jedi é o filme Sci-Fi mais bem-avaliado de 2017 de acordo com o agregador de revisão Rotten Tomatoes.

 

Rotten Tomatoes classifica todos os filmes de 2017 com base em seu respectivo índice ajustado, que usa uma fórmula que está ciente da disparidade do número de revisões para cada filme.

 

Com uma pontuação ajustada de 106,601%, Star Wars: Os Últimos Jedi superou Planeta dos Macacos: A GuerraBlade Runner 2049, Okja e Marjorie Prime.

 

Embora os críticos tenham adorado Os Últimos Jedi, muitos membros da audiência ficaram menos satisfeitos quando deixaram o cinema, citando problemas com o ritmo do filme, escolhas narrativas e execução – que eram ironicamente todas as coisas que os críticos adoravam.

 

Com todas as coisas ditas e feitas, Star Wars: Os Últimos Jedi está atualmente a caminho de ganhar 1,3 bilhão na bilheteria, tornando-se o filme mais bem sucedido em termos financeiros de 2017.

 

Escrito e dirigido por Rian Johnson, o elenco de Star Wars: Os Últimos Jedi inclui Mark Hamill como Luke Skywalker, Carrie Fisher como General Leia Organa, Daisy Ridley como Rey, John Boyega como Finn, Adam Driver como Kylo Ren, Oscar Isaac como Poe Dameron, Lupita Nyong’o como Maz Kanata, Kelly Marie Tran como Rose Tico, Laura Dern como vice-almirante Amilyn Holdo, Gwendoline Christie como capitã Phasma, Andy Serkis como líder supremo Snoke, Domhnall Gleeson como general Armitage Hux, Benicio Del Toro como “DJ”, Joonas Suotamo como Chewbacca, Anthony Daniels como C-3PO e Jimmy Veecomo R2-D2.

 

Star Wars: Os Últimos Jedi  já está em exibições nos cinemas.

 

Fonte: Rotten Tomattoes

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Por Débora Gomes – . as cores dela . – Parceira Contramão HUB

o que aconteceu foi o amor, Salvador. e toda vez que ele acontece, eu saio em cacos de alguma forma. eu não queria me preocupar. porque é fevereiro, tem o carnaval e eu me acabei por essas ruas tentando esquecer as respostas. a gente se fantasia pra vestir um personagem que a gente não é, mas queria ser. se fantasia porque assim esquece as tristezas em meio a tanto brilho e tanto sorriso. se fantasia porque vez enquando é bom morar dentro da alegria e das cores pra ver se o tempo passa sem tanto rancor.

eu me pintei, eu me colori, eu dancei, eu sorri… como você jamais viu. mas acontece que o tempo é tão veloz, meu querido. e logo chega a quarta-feira de cinzas e eu começarei aquela luta sem fim pra viver até chegar o próximo outono. a gente não tem culpa, eu sei. por isso acho melhor que todo esse meu eterno festejo tenha logo um fim. determinado, seguro, partindo… porque você merece morar nas coisas felizes dessa vida, Salvador. e as minhas felicidades estão distantes demais das suas pra que elas resistam sem tanto confete e serpentina.

Vinícius (de Moraes) já tinha avisado que tudo se acabaria na quarta-feira. e que felicidade é como “pluma, que o vento vai levando pelo ar”. então, tome pra você todo aquele brilho que eu inventei pra colorir nosso verão. que a gente se encontra em outros carnavais, com outros sorrisos e, desejo, que com outros corações.

 
com um afago em sua alma.
Alice.