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Por Rodrigo Teles

 

O fim de semana em Belo Horizonte está repleto de eventos para todos os gostos. Confira hoje a agenda que o Contramão separou para você curtir o final de semana.

 

E aí, galera! Tudo bem? Eu sou Rodrigo Teles e hoje trago pra vocês o que acontece nesse final de semana aqui em Beagá.

 

Um final de semana recheado

 

Sexta

A banda U2 Latin American Tribute, reconhecida como uma das principais bandas cover do U2 na América Latina, está com apresentação marcada em Belo Horizonte no dia 15 de março, como parte da turnê An Atomic Tour.

O espetáculo, que ocorre a partir das 21h no Cine Theatro Brasil Vallourec, será liderado pelo cantor Marcelo Antunes, conhecido como um dos maiores intérpretes do vocalista Bono no mundo. Para mais informações, acesse o site Eventim.

 

Sábado

Exposição reúne visuais marcantes de Clara Nunes com entrada gratuita em BH. Cerca de 50 figurinos e adereços originais ajudam a remontar a trajetória artística de Clara Nunes (1942-1983) na exposição ‘Eu Sou a tal Mineira’, que ocupa o Museu da Moda – Mumo (Rua da Bahia, 1149 – Centro) até dezembro de 2025. A partir da reunião de visuais eternizados pela cantora e assinados por estilistas como Arlindo Rodrigues, Geraldo Sobreira e Reinaldo Cabral, a mostra acompanha os passos de Clara desde as primeiras apresentações, ainda em BH, até sua consolidação como uma das grandes vozes na música brasileira e a chegada da fama internacional, entre os anos 1970 e 1980. O acervo que ocupa dois andares do museu é completo por itens de arquivo pessoal cedidos pela família, como fotografias, documentos e matérias de jornal, que ajudam a situar cada peça em relação à carreira da artista. A entrada é gratuita, sem retirada prévia de ingressos.

 

Domingo

 

Neste domingo, os concertos  Candlelight  trarão a magia da experiência musical ao vivo para os locais mais sublimes de Belo Horizonte. Garanta seus ingressos e redescubra o melhor de Coldplay e Imagine Dragons no Teatro SESIMINAS iluminado por um mar de velas! Acesse o site FeverUp.

 

Fechando o domingo, vamos de 4 Amigos? 

Você já imaginou como seria a possibilidade de unir trabalho, viagens pelo Mundo e ainda fazer sucesso ao lado dos seus melhores amigos? Sim, isso é possível! Dihh Lopes, Thiago Ventura, Afonso Padilha e Márcio Donato, conhecidos como os “4 Amigos”, vivem este sonho, não apenas compartilhando uma amizade sólida, mas também a paixão por proporcionar muita diversão e boas risadas ao público.

 

A “Fila de Piadas” é um verdadeiro marco e divisor de águas na comédia nacional. Foi a partir dessa seção especial que os artistas conquistaram um novo status e se consagraram na carreira. Para celebrar estes 10 anos de muitas histórias juntos, eles lançaram um especial inédito, na página oficial do grupo no YouTube, que conta com praticamente 4 milhões de inscritos. Ingressos através do Sympla ou na bilheteria do Arena Hall.

E essa foi a programação da agenda dessa semana. Para acessar o link dos ingressos, basta entrar no site contramão.una.br. Mas e aí, onde eu te encontro?

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Por Gustavo Meira

Se você tem boas ideias e quer executar um bom projeto, não é uma tarefa simples, mas pode ser feita sem muitas complicações caso você tome alguns cuidados. Para isso é só seguir essas dicas que vão te ajudar no processo de planejamento, criação, gravação e edição.

Foto: Freepik.
Pense no conteúdo

Para criar um podcast, é necessário falar sobre temas que você não só domina, mas também que goste. Tudo começa com uma boa curadoria, organizar e cuidar de todos os detalhes que irão compor o seu projeto.

O ponto de partida é sempre escolher a linha editorial do programa. Isso será essencial para que você consiga centralizar informações sobre assuntos que irá abordar em cada episódio.

Além disso, é importante estar ciente de quanto tempo você está disposto a investir e o quanto você conseguirá se dedicar ao projeto, porque isso impactará nos passos seguintes. De todo caso, organize todos os compromissos da sua agenda, encontre um lugar onde gravará os episódios, que pode ser um quarto, escritório, ou qualquer outro que seja silencioso e não permita interrupções. Vale de tudo para encontrar um canto onde eu projeto será executado com qualidade e organização.

Escolha o formato do conteúdo

Com o conteúdo em mente, outra coisa que você deve se preocupar é o formato. Hoje em dia, existem vários disponíveis, como rodas de conversa, entrevistas, notícias ou até mesmo formatos focados em storytelling, que tem um formato parecido com um documentário.

Independentemente do formato que você escolher, atenha-se a ele, porque é ele que vai guiar todos os processos seguintes. Tente sair um pouco da mesmice, já que existem muitos temas que não foram abordados ainda — misture temas com formatos atípicos, de forma a criar uma experiência nova e única para os seus ouvintes.

Faça pesquisas e escolha convidados

Depois que você se organizou e incorporou o projeto de montar um podcast em sua rotina, chega a hora de pesquisar sobre os assuntos que serão a peça-chave dos episódios que você pretende gravar. 

É importante que você domine o tema e conheça o público-alvo do segmento que irá seguir, como Economia, Humor, Entretenimento, Política e entre outros. A pesquisa dentro do estilo que seu podcast irá seguir fará com que você faça comparações e crie uma abordagem diferenciada para fugir de clichês ou cópias.

Defina a periodicidade e número de episódios

Com o tema, formato e convidados definidos, é importante definir a periodicidade e até mesmo o número de episódios que o seu programa vai ter. Além de manter a produção mais profissional, os ouvintes conseguem entender a consistência.

Se os recursos são limitados, se não há tempo hábil para criar, montar, editar e publicar em uma semana, talvez seja interessante aumentar o prazo para 15 dias ou lançar cada programa em um mês. Mas, o mais importante mesmo é seguir a risca esse cronograma, pois os ouvintes fiéis podem deixar de ouvir o programa se ele for demasiado inconstante.

Ter um cronograma que entenda as etapas do processo e respeite o ouvinte é muito importante. Se o seu podcast envolve convidados, a organização deve ser mais intensa ainda, porque sempre pode haver um que vai furar ou não vai poder gravar no dia estipulado, e seu cronograma pode desandar. Por isso, tenha sempre um “plano B” para caso não consiga seguir o cronograma original.

Escolha equipamentos e programas para a gravação

O investimento em dinheiro pode ser necessário. O primeiro deles é ter um bom microfone, que possa ser conectado em seu computador ou celular. Microfones de boa qualidade são capazes de eliminar ruídos ambiente e capturar sua voz com mais clareza. Pesquisando, é possível encontrar opções boas de baixo custo e outras mais caras e versáteis. Tudo dependerá do seu orçamento.

Depois, existem alguns softwares que são indispensáveis para otimizar a captura do áudio, edição e gravação com convidados. Uma das melhores opções para gravar com convidados a distância é o Discord.

Depois de gravar e otimizar o áudio do seu podcast, chega a hora da edição. Você pode usar um editor de áudio pago, como o Soundforge Pro (Windows e MacOS), ou soluções gratuitas como o Apple GarageBand (iOS e MacOS) ou o Audacity (Windows, MacOS e Linux). Para quem não tem experiência com edição de som, certamente o primeiro contato com esses programas não será fácil, mas a experiência vem com a prática.

Publique e divulgue seu podcast

Por fim, com um tema, formato, cronograma, softwares e editores escolhidos, a gravação deu certo, você já tem o seu arquivo de áudio pronto; o que fazer? Chegou a hora de publicá-lo e distribuí-lo pelos agregadores de podcasts.

Hoje diversos agregadores distribuem os seus episódios via feed RSS, que são responsáveis por disponibilizá-los em plataformas de streaming, como Spotify, Deezer, Apple Music, Google Podcasts e muitas outras. Uma das melhores opções para criar um feed RSS é usar o Anchor. 

Tão importante quanto publicar, é divulgar o seu trabalho. Mande os links dos episódios para amigos, crie fan pages ou faça parceria com blogs para que eles divulguem seu conteúdo e aumentar as chances de ser encontrado de forma orgânica e aumentar ainda mais o seu número de ouvintes.

fonte: canaltech

Foto: Freepik.

Por Júlia Garcia

Sexta

Para começar nossa programação, nesta sexta-feira acontecerá uma noite inesquecível de jazz. Ao som de Rafael Canielo Jazz Trio e do cantor Gabriel Muzzi, você poderá prestigiar o show Especial Frank Sinatra, onde os artistas farão uma homenagem única ao músico. Se prepare para uma experiência musical emocionante, repleta de charme, elegância e paixão! O show acontece no Mina Jazz Bar, a partir de 20h. Os ingressos estão disponíveis no Sympla, no site ou aplicativo.

Sábado

E neste sábado a cantora Ludmilla retorna a BH com o Numanice, seu álbum de pagode. Lançado em 2020, o projeto da cantora ganhou uma versão ao vivo em um EP lançado em 2021 e em 2022 levou o Grammy Latino de ‘Melhor álbum de Samba/Pagode’. A artista se apresenta no sábado e cantará diversos hits como “Maldivas”, “Ela Não”, “Meu Desapego” e “Não é Por Maldade”. Além da cantora carioca, o show receberá a DJ Kingdom e Baile Room. O Numanice 2023 é dividido em três setores: open bar, front stage e arquibancada. O show acontece na Arena Independência a partir das 15h. Os ingressos podem ser garantidos através do Sympla./ Mas corre pois já está acabando.
Ainda neste sábado, os concertos Candlelight traz a cantora Liniker e sua banda para um Original Sessions. A cantora e compositora, sobe ao palco em um show especial, apresentando seu primeiro disco-solo, Indigo Borboleta Anil, que levou o prêmio de “Melhor álbum de MPB”, no Grammy Latino de 2022. O show será na Sala Minas Gerais, a partir das 21h. Para garantir seu ingresso, basta acessar o site Fever./ Mas corre, pois já estão esgotando.

Domingo

Domingou com uma comédia stand up apresentada por Murilo Couto. O comediante é personalidade da stand up comedy nacional desde quando “tudo era mato”. Seu estilo de humor é original, verborrágico, irreverente e por vezes insano. O humorista chega na capital mineira com a comédia Idéia Soltas, para elevar o nível do humor (ou talvez o derrubar). O evento será no Cine Theatro Brasil Vallourec, a partir das 19h./ Os ingressos estão disponíveis no Eventim.
E para encerrar a agenda dessa semana, os fãs de uma das maiores bandas de rock já podem comemorar. Neste domingo o espetáculo U2 ONE LOVE & ORQUESTRA chega a Belo Horizonte. O espetáculo leva para o público a verdadeira experiência de estar num show do U2, com performance de palco, instrumentos musicais, aparência, figurinos e sonoridade nunca vistos antes em uma banda tributo. A orquestra é regida pelo renomado maestro Renato Misiuk. O show acontecerá no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, às 20h. Os ingressos estão disponíveis no Eventim.

Por Júlia Garcia

Celebrado em 27 de setembro, o Dia Mundial do Turismo existe desde 1980. Estabelecido pela Organização Mundial do Turismo (OMT), em comemoração ao aniversário de uma década do Estatuto da Organização Mundial do Turismo, tem como principal objetivo ressaltar a importância econômica, social e cultural dessa atividade.

Para comemorar o dia, separei alguns pontos turísticos e locais, que os belorizontinos mais gostam em Belo Horizonte. Vamos lá? Lembrando que essa ordem não indica favoritismo!

 

1- Lagoa da Pampulha

Lagoa da Pampulha. Foto/Divulgação: Pampulha BHZ.

Um dos cartões postais da capital mineira, sua obra foi finalizada em 1943. É bastante popular e é possível notar diversas pessoas passeando no entorno, tanto para o lazer, quanto para saúde.

2 – Praça da Liberdade

Praça da Liberdade vista de cima. Foto/Divulgação: Designi.

Foi construída a partir de 1895 para abrigar os prédios do Palácio do Governo e Secretarias do Estado, em estilo eclético com influência neoclássica. Atualmente é um dos pontos mais movimentados da cidade.

3. Edifício Arcângelo Maletta

Edifício Arcângelo Maletta. Foto/Divulgação: Amira Hissa/PBH.
Edifício Arcângelo Maletta. Foto/Divulgação: Amira Hissa/PBH.

 

Foi fundado em 1961 e é conhecido como centro de boemia e discussão política. Com 19 andares na área comercial e 31 no espaço residencial, o Maletta tem 319 apartamentos, 642 salas, 72 lojas e 74 sobrelojas. Hoje, principalmente à noite, é possível notar um grande movimento no local. São muitos bares e restaurantes cheios, um dos locais mais escolhidos pelos belorizontinos.

4 – Feira Hippie

Feira Hippie. Foto/Divulgação: Bernardo Estillac/Hoje em Dia.
Feira Hippie. Foto/Divulgação: Bernardo Estillac/Hoje em Dia.

A Feira Hippie surgiu em 1969, na Praça da Liberdade, por um grupo de artistas mineiros e críticos da arte. Em 1973 foi reconhecida e oficializada pela Prefeitura de BH. Em 1991, a feira e outras espalhadas pela capital foram reunidas e transferidas para a Av. Afonso Pena. 

5. Mercado Central

Mercado Central. Foto/Divulgação: Mercado Central.
Mercado Central. Foto/Divulgação: Mercado Central.

Nascido em 1929, no centro de Belo Horizonte. Naquela época ele era descoberto e mais de 90% das bancas vendiam apenas hortifrútis. Um dos pontos mais visitados pelos mineiros e turistas, hoje em dia existem dezenas de comércios dentro do local.

6. Rua Sapucaí

Rua Sapucaí. Foto/Divulgação: Moisés Teodoro/BHAZ.
Rua Sapucaí. Foto/Divulgação: Moisés Teodoro/BHAZ.

A Rua Sapucaí foi considerada o primeiro Mirante de Arte Urbana do mundo, onde o público pode acompanhar ao vivo a realização das obras. Hoje em dia a Sapucaí é uma das ruas mais badaladas – se não for a mais – de Belo Horizonte.

7. Mercado Novo

Mercado Novo por dentro. Foto/Divulgação: Flávio Tavares/O Tempo.
Mercado Novo por dentro. Foto/Divulgação: Flávio Tavares/O Tempo.

Foi inaugurado em 1963 como promessa inédita de comércio na capital mineira. Em 2018 ocorreu um pontapé, onde começou a revitalização do espaço. Hoje em dia o Mercado possui bares, restaurantes, lojas, comércios e está sempre movimentado. Virou um queridinho dos belorizontinos.

8. Praça do Papa

Praça do Papa. Foto: Divulgação.
Praça do Papa. Foto: Divulgação.

Inaugurada em 1980, o lugar foi escolhido para a celebração da primeira visita de um Papa a Belo Horizonte. A praça se localiza próximo ao Parque e Mirante das Mangabeiras. Um dos pontos turísticos da cidade, a Praça do Papa é visitada com frequência.

Por Keven Souza

Sim.

Não repita suas roupas é algo blasé demais!

A gente sabe que as peças no geral se incorporam às nossas identidades, gostos, políticas e posicionamentos. Ela por si só é uma marca — ou certa validação, da nossa existência nesse mundo.

É tudo aquilo de mais lindo que te torna único e conversa para além do seu jeito de se relacionar com as pessoas.

Seu ‘eu’ atravessa suas roupas

Não me entendo mal: eu sei que comprar roupas e acessórios novos é ótimo. Quem não gosta, não é mesmo?!

Por outro lado, seu estilo funciona por meio daquilo que você já possui.

Seus sapatos, suas blusas, seus brincos… tudo isso é, literalmente, você!

Seu estilo pessoal (re)existe e traz um recorte todas as vezes quando você vai até um balcão — ou site — de uma loja para comprar algo novo.

Lembre-se disso antes de se comparar em excesso, buscar validação extrema ou achar que precisa comprar novas peças e mudar todo seu guarda-roupa por um mito de que repetir roupa é feio.

Muito pelo contrário, não há nada mais estiloso do que usar, usar e usar aquilo que você representa, comprando menos e experimentando mais.

Ah, e fica esperto: abrir mais seu guarda-roupa te mostrará que ele está abarrotado de você, e isso é lindo.

Luiz Felipe César, 13 de junho de 2023

Uma quadra conformada pela Rio Grande do Sul, Tupis, Olegário Maciel e Goitacazes. Um clássico quarteirão do hipercentro da capital mineira, com, em  média, cento e dez metros de testada, extrudado em quatro pavimentos. Um grande volume prismático revestido, em suas quatro fachadas, por cobogós tom  de terra. Assim se conforma o Mercado Novo, uma edificação cuja história reverbera diferentes capítulos da vivência belorizontina. Vamos tentar periodizar  essa história em quatro momentos. 

Origem e inauguração

Primeiro, o eco. Sabe-se que o chamado Mercado Novo, que foi inaugurado em 1963, tem esse nome justamente por ter sido projetado para complementar funcionalmente o Mercado Central, implantado em 1929 — e que, assim, poderia  ser considerado o mercado mais antigo (MERCADO CENTRAL, 2023).

Na década de 1960, este, que era chamado de Mercado Municipal, existia a céu aberto, donde veio a necessidade de se pensar um novo espaço comercial para o município, com ares de “modernidade”, como é de praxe ser pensado pela sociedade mineira.  

Coloco entre aspas a palavra modernidade, porque, pelas Minas Gerais, ela costuma se confundir entre o tecnicismo de se referir à arquitetura de cunho modernista produzida pela famosa geração de arquitetos brasileiros da primeira  metade do século XX, como Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, e o uso popular que  diz respeito aos objetos, produtos e edificações que melhor atendem às tendências e tecnologias mais contemporâneas.  

Arquitetura e construção

Diante deste contexto é que os arquitetos Fernando Graça e Sandoval Azevedo Filho foram contratados para desenvolverem o projeto do que seria “o maior e mais interessante mercado da América Latina” (GALLEGOS, 2023), em um terreno onde  antes se localizava um abrigo de bondes (PBH ATIVOS, 2018). Belo Horizonte, hora ou outra, tende a estes arroubos de monumentalidade. O que tem muito a ver,  também, com uma constante busca dessa sua modernidade, sempre um pouco  perdida em tempos passados. 

Foi assim, por exemplo, com a primeira tentativa de se construir a Catedral Cristo Rei (a mesma ideia que se edifica hoje) nos anos 1940, na atual região da Praça Milton Campos, que seria, conforme notícias da época, “maior que a Catedral de  São Pedro no Vaticano”. É assim, mais recentemente, com o projeto do Centro Administrativo do Estado, com “o maior vão livre do mundo”.

O Mercado Novo surge, então, como um eco de possíveis monumentalidades imaginárias que se referenciam no passado que não se alcançou e em um possível futuro do porvir, como se sua edificação pudesse superar, em aporte físico e funcional, os espaços comerciais outrora criados na primeira metade do século na capital mineira. 

Em seguida, a aura. Pois esta síndrome para o monumental demonstrou suas fraquezas ao longo das décadas seguintes, e o Mercado Novo não se tornou tudo aquilo que lhe confiaram, especialmente por um processo de marginalização da edificação e esvaziamento significativo da região central, ocorrido nas últimas  décadas do século XX.  

É importante destacar, contudo, que ao longo das décadas de 1970 a 2000, o edifício não ficou abandonado, mas acabou gerando ao redor de si uma aura. Essa é outra questão muito comum da urbanística belorizontina. Existem alguns edifícios da cidade que, a depender da época e do público com o qual o relacionamos, ganham uma determinação sutil, que acaba por se espalhar no boca a boca. 

Ao redor e dentro do Mercado

Por comparação, o Edifício Mariana, também no hipercentro, possui uma aura de festa com trajes passeio completo e esporte fino, pois ali se concentrou, ao longo do tempo, uma série de comércios ligados a alugueis e compra de vestimentas e acessórios para casamentos, festas de quinze anos, entre outras destas celebrações com grande significado social.

Por sua vez, o Mercado Novo concebeu ao redor de si essa aura de serviços gráficos, por ter concentrado no seu primeiro pavimento, nessa fase de esvaziamento, uma série de gráficas, copiadoras, clicherias, papelarias, em seu primeiro pavimento. 

O térreo, em contato direto com a rua, continuou sobrevivendo nos moldes  tradicionais de um mercado como feira de alimentos, temperos e serviços de  culinária da tradicional gastronomia mineira — além de alguns outros comércios  de maior porte, como mercados e farmácias. E sobreviveu até a terceira fase, a qual denomino ressonância. 

Alcunha das Borboletas

Foi a partir de 2010 que o Mercado Novo ganhou mais uma alcunha: a de Mercado das Borboletas. Este nome surgiu do espaço de eventos que se criou em seu segundo pavimento, a partir da iniciativa do artista Tarcísio Ribeiro, dono da maior parte das lojas dos pavimentos vazios do local (ROCHA, 2013).

Este projeto, que acabou por gerar um espaço que abrigou diversas festas da cidade ao longo da  década passada, ressoava a transformação que a cena cultural de Belo Horizonte vinha passando com os eventos de rua, a exemplo da Praia da Estação — evento  de ocupação e reinvindicação política dos espaços públicos da cidade que ocorria  (e ainda hoje ocorre) na praça de mesmo nome —, que acabou auxiliando na retomada do carnaval belorizontino, ou mesmo os duelos de MC debaixo do  viaduto Santa Tereza, os quais se tornaram uma referência nacional. 

Neste período, conviveram ali, então, o mercado tradicional no térreo (ecos de um  passado republicano e positivista da capital), o comércio dominado por serviços  gráficos no primeiro pavimento (aura do período modernista, tecnocrata e de  abandono do centro) e o espaço de eventos (ressonância de uma retomada dos  espaços do hipercentro pelos eventos culturais, artísticos, populares e de luta). 

Vemos como o prédio vai se transformando a partir das relações que a cidade tem  com suas áreas centrais e seus edifícios. 

Em meados de 2018

Por fim, a explosão. Após a retomada do espaço com o Mercado das Borboletas,  no ano de 2018, houve revitalização do espaço e a Cervejaria Viela abriu ali dois empreendimentos: a Distribuidora Goitacazes e a Cozinha Tupis. Estes fazem  surgir um novo movimento: o Velho Mercado Novo, um grupo de lideranças que  passou a organizar o espaço diante do repentino interesse pelo local (FILOMENO,  2021). 

Diante deste frenesi geral, o Velho Mercado Novo tornou-se o que é atualmente:  uma referência em gastronomia, coquetelaria, arte, artesanato e cultura  belorizontina de vanguarda, contando com uma série de estabelecimentos que  apresentam da culinária tradicional (Fogão Vermelho) até a contemporânea  (Rotisseria Central); da drinkeria (Margô) ao vinho (Gira); da moda mineira 

(Ronaldo Fraga ou Led) ao vestuário urbano (Nephew), entre tantos outros  serviços e comércios, que citar alguns torna-se um sacrilégio, na difícil escolha de  selecioná-los, em detrimento de outros, para se falar deste grande complexo,  atualmente já ocupando até mesmo o quarto andar da edificação.  

Nos dias de hoje

A realidade é que o Mercado tornou-se um espaço de longas filas de espera para entrada, nos dias mais movimentados, mas que valem a pena diante da profusão de sabores, cheiros e texturas que se pode experimentar ali. Ao mesmo tempo, há quem diga sobre a necessidade de se atentar para a gentrificação do espaço, visto que o valor para se alimentar, ou mesmo comprar um pequeno souvenir no local,  tem se tornado cada vez mais salgado, o que foge à ideia tradicional a que remetem tais mercados.  

Parece que aqui a fórmula para a sobrevivência do espaço é entender as diversas camadas de tempo que se sobrepõem na história da edificação, atualmente muito bem fragmentada em seus quatro pavimentos — agora com o último representando esta nova fase explosiva em que se encontra o espaço.

Pode-se,  tranquilamente, comprar alguns temperos e queijos no térreo do Mercado Novo,  subir para o primeiro pavimento para apreciar o trabalho dos produtos gráficos,  com suas máquinas que remetem a outros tempos com menos telas e documentos virtuais, e depois seguir para o terceiro pavimento em busca de um bom almoço  que misture a tradição mineira com influências e sabores internacionais.  

Assim, possivelmente, será plausível pensar um Mercado — e uma cidade — que  possam, de fato, entender-se como plurais, democráticos, diversos, a partir deste  edifício que consegue abrigar diferentes camadas sociais, usos e uma série de  encontros, sempre entremeadas pela luz e a paisagem filtradas pela pele de tijolos  vazados.

Referências 

FILOMENO, Daniela. Mercado Novo, o mercadão de BH, leva agito  gastronômico para o centro da cidade. CNN Brasil, 19 nov. 2021. Disponível em:  https://www.cnnbrasil.com.br/viagemegastronomia/cnn-viagem gastronomia/conheca-o-mercado-novo-em-belo-horizonte/. Acesso em: 13 jun.  2023. 

GALLEGOS, Isabella. Rearquitetura Mercado Novo. Disponível em:  <http://portfolio.bimbon.com.br/arquitetura/rearquitetura_mercado_novo#:~:text =O%20Mercado%20Novo%20foi%20constru%C3%ADdo,Gra%C3%A7a%20e%20 Sandoval%20Azevedo%20Filho.>. Acesso em: 12 jun. 2023. 

MERCADO CENTRAL. O mercado. Disponível em:  

http://mercadocentral.com.br/sobre/. Acesso em: 12 jun. 2023. 

PBH ATIVOS. PMI de Mercados Municipais. Anexo VIII – Mercado Novo. 2018.  Disponível em: https://www.pbhativos.com.br/arquivos/03-CONCESSOES-E PPPS/03.7%20- 

%20PMI%20E%20MIP/PMI%20MERCADOS%20MUNICIPAIS/ANEXO%20VIII_Merc ado%20Novo.pdf. Acesso em: 12 jun. 2023. 

ROCHA, Gustavo. Mercado das Borboletas celebra três anos de atividades  culturais. O Tempo, 20 dez. 2013. Disponível em: 

<https://www.otempo.com.br/entretenimento/magazine/mercado-das borboletas-celebra-tres-anos-de-atividades-culturais-1.763453>. Acesso em: 13  jun. 2023.