curiosidade

Contrariando a declaração dada pelo prefeito Márcio Lacerda, ontem, 30,  em que afirmou em nota, não haver posicionamento definitivo sobre o aumento das tarifas, hoje, sexta-feira, a BHTrans anunciou o reajuste de R$ 0,30 centavos.

A Justiça mineira negou, no último dia 24, a liminar feita pela Defensoria Pública com o objetivo de impedir o reajuste das tarifas dos transportes públicos pelos próximos seis meses. Em despacho, o Juíz da 4ª vara de Feitos da Fazenda Pública Municipal, alegou não haver indícios de aumento da passagem e argumentou que a Prefeitura de Belo Horizonte declarou, em sua defesa, não pretender autorizar o reajuste antes do prazo contratual – 26 de Dezembro de 2015.

Totalizando o segundo reajuste em menos de um ano, a tarifa acumula aumento de 19,3%. Atualmente, a inflação medida pelo IBGE em Belo Horizonte é de 6,4%. As alterações, acima da inflação e do reajuste salarial do período, entrarão em vigor a partir do dia 04 de agosto de 2015.

As linhas que tinham a tarifa de R$ 3,10 passarão a custar R$ 3,40. Os circulares passam de R$ 2,20 para R$ 2,45. Algumas linhas suplementares que custavam R$ 2,50 custarão R$ 2,75. Os taxis lotação que circulam nas Avenidas Afonso Pena e Contorno também terão aumento de passagem, de R$ 3,40 para R$ 3,75.

Os cartões BHBus Usuário, adquiridos até 3 de agosto manterão o valor anterior ao reajuste até o dia 18 de setembro. Os cartões Vale-Transporte adquiridos também até o dia 3 de agosto, terão o valor antigo mantido até o fim de sua validade.

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) justificou o reajuste alegando constantes prejuízos e necessidade de revisão contratual.  O Setra chegou a sugerir que o aumento fosse de 11,8%, isto é, passagens de R$ 3,10 teriam um aumento de R$ 0,35 centavos.

Tarifa Zero e Defensoria Pública destacam que o aumento das passagens é ilegal

Se para as empresas de transporte a justificativa para o aumento das passagens é o caixa no vermelho, para o Tarifa Zero, é apenas uma forma das empresas faturarem mais.

 

Foto: Divulgação / Tarifa Zero BH
Foto: Divulgação / Tarifa Zero BH

Tanto o Tarifa Zero, quanto a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais, enxergam o aumento da passagem na capital mineira como um ato ilícito, uma vez que está acima da inflação (6,4%), e não corresponde ao atual salário mínimo. O ato também se torna ilegal porque não houve audiência pública para discutir o possível aumento da tarifa até 30 dias antes do novo preço entrar em vigência.

“O contrato da BHTrans e Prefeitura de Belo Horizonte com as empresas determina o reajuste será definido no dia 26 de dezembro e passará a valer no dia 29”, disse a defensora pública do Estado de Minas Gerais, Júnia Roman Carvalho. Para a defensora pública, houve falta de transparência por parte da PBH. A Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais alega que entrará com uma ação civil pública a qualquer momento para tentar anular o aumento da passagem que entrará em vigor na terça-feira, 04 de agosto.

Para tentar reverter a situação, o Tarifa Zero convida a todos para a 2ª Reunião Ampliada Contra o Aumento da Tarifa que acontecerá no domingo (02) na Praça Afonso Arinos em frente ao Inimá de Paula, às 16h30.

 

“Atualmente são transportados cerca de 1,5 milhão de usuários/dia pelo sistema municipal de ônibus convencional. Desses, 45% viajam com o benefício do Vale Transporte recebido de seus empregadores, conforme legislação vigente”.
Segundo dados da PBH

 

A Prefeitura de Belo Horizonte lançou uma nota em sua página oficial no Facebook, confirmando o aumento no valor das tarifas e afirmando que a revisão nos valores das passagens se tornaram necessárias, devido à variação do fluxo de caixa projetado até 2028, isso impactou a Taxa Interna de Retorno – TIR – prevista nos contratos (8,95%), indicando a necessidade de reequilíbrio contratual, com revisão da tarifa predominante de R$3,10 para R$3,40, uma alteração de 9,68%.

Para a Prefeitura, a nova política tarifária implantada a partir de junho de 2014  passou a beneficiar, com a tarifa regional reduzida ou com a possibilidade de utilização de uma segunda linha sem o pagamento de nova passagem, cerca de 100 mil a mais do que o projetado e que  com isso houve um expressivo aumento do número de viagens integradas (com pagamento de uma única tarifa), que correspondia a 12,5% do volume diário de viagens em março de 2014 e agora é da ordem de 19,5% (maio de 2015), com redução de até 64,5% no custo de viagens para o usuário.

Por: Bruna Dias, Julia Guimarães e Raphael Duarte

 

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Na quarta-feira (29), a CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais, localizada na Av. Afonso Pena, inaugurou a exposição fotográfica “Gestos, relatos, escritas e autoficções”. Ao todo, 106 fotografias fotografias integram a mostra, além de sete livros e seis vídeos produzidos por 18 artistas de sete diferentes partes do país com uma grande diversidade de faixa etária.

A exposição Gestos, relatos, escritas e autoficções, possui fotografias contemporâneas e outras mais tradicionais, um de seus principais atrativos é o cuidado que os fotógrafos tiveram ao realizá-las, como se fossem um processo íntimo de produção escrita, com as mesmas estruturas de construção para que pudessem contar uma história através das lentes. “Não importa se o trabalho é mais tradicional ou contemporâneo, todos mostram a fotografia como um processo”, destaca o curador da mostra Mariano Klautau.

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Inicialmente, a exposição foi criada para o Festival de Fotografia de Tiradentes de 2015, e chegou a Belo Horizonte para marcar a transição do antigo Centro de Arte Contemporânea e Fotografia, inaugurada em 2010, para a CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais, que, diferente do antigo espaço, agora passa a abranger debates e reflexões sobre a fotografia, além da ideia de transforma-lo em referencial no estado.

A exposição fica aberta ao público até o dia 12 de setembro de 2015, de terça a sábado, das 9h30 às 21h.

Endereço: CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – Av. Afonso Pena, 737 Centro – Belo Horizonte/MG

Entrada gratuita.

Para mais informações: (31) 3236-7400

Por Julia Guimarães

Foto: Raphael Duarte
Foto: Raphael Duarte

PBH alega não ter conhecimento sobre vendedores que atuam com o comércio irregular

Expositores mais antigos da Feira Hippie reclamam da infiltração de mercadorias de origem chinesa nos últimos 10 anos. Os artistas plásticos Afrânio Reis, 72, e Eugênio Sangiorgi Filho, 83, expositores desde o início da feira se  sentem incomodados com a invasão de produtos de baixo custo chineses. “Hoje em dia, a feira parece mais um mercado livre, então, nós feirantes artesãos somos penalizados pela prefeitura nesse sentido”, declara Reis. “Quando a feira era localizada na Praça da Liberdade, era artesanato mesmo. Aqui, na Afonso Pena, várias pessoas industrializam as coisas, já compram pronto para fazer revenda aqui”, afirma Filho.

Foto: Raphael Duarte
Seu Eugênio, como gosta de ser chamado, é atualmente o feirante mais antigo em atividade na Feira Hippie. Foto: Raphael Duarte

De acordo com a PBH, cerca de 2.200 expositores estão cadastrados e credenciados para o comércio de artesanato. O Regulamento das Feiras Permanentes de BH não pode haver revenda de mercadorias na feira, exceto bebidas (refrigerantes, sucos, águas e cervejas). Na feira somente podem ser expostos trabalhos de artistas, artesãos e produtores de variedades – as pequenas manufaturas.

Segundo a prefeitura em 2015, foram feitas 110 sindicâncias para apurar denúncias, mas ninguém foi autuado por comércio irregular de mercadorias na feira. Outra ação da fiscalização da PBH é combater o comércio irregular nas ruas da cidade por camelôs, na área do entorno da Feira Hippie. A multa para o infrator é de R$ 1.619,98, além da apreensão da mercadoria.

História

A Feira de Artes, Artesanato e Variedades de Belo Horizonte foi criada na década de 1960. A feira, que surgiu na Praça da Liberdade, um dos principais pontos turísticos da cidade foi transferida para a Avenida Afonso Pena, local onde se encontra até os dias de hoje. Com o passar dos anos, Seu Eugênio fidelizou vários clientes e fez grandes amizades. “Tenho clientes que são muito bons, alguns mais antigos, outros, porém, são mais jovens”, ressalta o expositor. “Eu queria uma moldura como essa há 20 anos, mas não tinha dinheiro para comprá-la. Agora que tive condições, vim à feira comprar a moldura na barraca do Seu Eugênio, que eu encomendei e estou levando feliz”, relata a cliente Sancha Lívia, 57.

Para Reis, as mudanças da Praça da Liberdade para a Avenida Afonso Pena foram significativas. “Aqui na Afonso Pena, a feira é bem popular mesmo. Muitas das vezes, tenho que restringir o preço dos meus produtos, porque eu não posso colocar um valor muito elevado nos meus quadros, senão eu não vendo”, revela Reis.

De acordo com dados de uma pesquisa realizada pela UFMG no ano de 2008, estima-se que, a cada domingo, passam pelo local cerca de 80.000 pessoas. Existe um projeto de lei na câmara dos vereadores de Belo Horizonte, de autoria do vereador Bruno Miranda, para que a feira da Avenida Afonso Pena seja tombada pelo patrimônio histórico e cultural da cidade, dessa maneira ela não poderia se fragmentar e muito menos acabar.

Feira Hippie - Foto: Raphael Duarte
Foto: Raphael Duarte

Vendas

Segundo relatório divulgado no dia 15 de julho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o comércio varejista no mês de maio de 2015 apresentou um desempenho negativo, comparado com o mesmo período do ano de 2014. O segmento de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo registrou uma taxa de -2,1% relativa ao volume de vendas em maio de 2015. O desempenho negativo foi influenciado pelo baixo poder de compra dos brasileiros nos últimos meses, comparado com o mesmo período do ano anterior, mesmo com a alta dos preços em produtos de alimentação e domicílio, se encontram abaixo da média geral.

Tecidos, vestuários e calçados foram responsáveis pela terceira maior participação negativa na elaboração do índice geral do varejo, com variação de -7,7% em relação a igual do mês anterior. Essa atividade reflete positivamente sobre as vendas para datas comemorativas, como por exemplo, o dia das mães, que mesmo sendo contemplados com o preço dos vestuários se posicionando abaixo da média geral de inflação (variações que podem chegar de 3,4% e 8,5% no acumulado dos últimos 12 meses, segundo o IPCA). Resultados que apresentam a retração no mercado: -5,0% ano, e -2, 8%, nos últimos 12 meses.

Para a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), a expectativa para o comércio no Dia dos Pais não está boa, para a instituição o comércio deve apresentar uma queda de 1,02% nesse ano na comparação com o mesmo período em 2014. A expectativa para a data, é a pior dos últimos 12 anos, deve injetar na economia da capital mineira cerca de R$ 1,8 bilhão. Os produtos mais procurados pelo consumidor serão os itens de moda, como vestuário e calçados, além de perfumes, bebidas e livros. Apesar da desaceleração na economia é importante que o lojista se prepare para receber o consumidor.

Por Raphael Duarte

Já sabe o que vai fazer na suas férias? O Jornal Contramão preparou uma programação especial para você e sua família.

O Museu das Minas e do Metal terá diversas oficinas:

Foto: Gláucia Rodrigues / Divulgação
Foto: Gláucia Rodrigues / Divulgação

Datas: 18 de julho a 2 de agosto de 2015

Inscrições: gratuitas, pelo e-mail [email protected] ou na recepção do MM Gerdau

Temas: Ginástica do Afeto, Caleidoscópio, Fotografia, Pigmentos Minerais, Mundo Mineral, Cristais, Origami e Pequenos Futuristas

Horário: Período da tarde

OFICINA GINÁSTICA DO AFETO – Crianças de 3 a 6 anos, acompanhadas dos pais

18 de julho, sábado, das 15h às 17h

Proposta: A Ginástica do Afeto é uma atividade de recreação e socialização entre pais e filhos, que apresenta uma linguagem alegre e lúdica por meio de brincadeiras, dança, exercícios de expressão corporal e atividades de artes integradas. A oficina será ministrada por Marisa Monadjemi, professora de dança clássica e fundadora e diretora artística da Meia Ponta Companhia de Dança.

OFICINA DE CALEIDOSCÓPIO – 7 a 12 anos

21 de julho, terça-feira, das 14h às 17h

Proposta: Explorar o mundo das cores, das formas e os recursos óticos em diversas atrações do MM Gerdau, como Miragens, o Inventário Mineral, Chão de Estrelas, Manganês e o vitral do Prédio Rosa. A oficina contempla a visita às atrações, confecção de um caleidoscópio e de desenhos baseados nas formas criadas pelo objeto produzido.

OFICINA DE FOTOGRAFIA – 8 a 16 anos

22 de julho, quarta-feira, das 14h às 17h

Proposta: Apresentar as técnicas da fotografia com celular ou tablet e estimular o olhar fotográfico para paisagens e ambientes. Os espaços do Museu serão usados como cenário da oficina, a fim de estabelecer conexões entre memória e patrimônio. Após a confecção das fotos, algumas delas serão compartilhadas nas redes sociais.

OFICINA DE PIGMENTOS MINERAIS – Crianças e adultos

25 de julho, sábado, das 14h às 17h

Proposta: Proporcionar ao público infantojuvenil a experiência de utilizar os pigmentos minerais. A partir da manipulação de rochas e minerais, os participantes prepararão tintas. Com elas, criarão desenhos em diferentes suportes, tendo como inspiração os temas e as atrações do MM Gerdau.

OFICINA MUNDO MINERAL – 4 a 7 anos

28 de julho, terça-feira, das 14h às 17h

Proposta: Aproximar as crianças do universo dos minerais. Para isso, os participantes se transformarão em geólogos-mirins e investigarão as riquezas da Terra por meio das atrações do Museu e do contato com os minerais, aprendendo sobre suas utilizações e propriedades. Em um segundo momento, as crianças produzirão esculturas com argila.

OFICINA DE CRISTAIS – 7 a 12 anos

29 de julho, quarta-feira, das 14h às 17h

Proposta: Apresentar às crianças o mundo da mineralogia. Os participantes terão a oportunidade de conhecer vários minerais, bem como sua composição química, propriedades físicas e aplicações. Eles ainda produzirão modelos atômicos correspondentes a estruturas químicas de diversos minerais e um mineraloide de calcantita.

OFICINA DE ORIGAMI – 8 a 12 anos

31 de julho, sexta-feira, das 14h às 17h

Proposta: Aproximar o público infantil e adulto de uma arte milenar japonesa, o Origami (Oru = dobrar; Kami = papel). Assim, a partir de dobraduras sem o uso de ferramentas, eles farão a representação de animais, plantas e objetos. A partir dessa prática, a concentração dos participantes será estimulada. Eles ainda farão uma visita ao Museu para contemplar as formas geométricas das amostras minerais, das pinturas parietais e da arquitetura do Prédio Rosa.

OFICINA PEQUENOS FUTURISTAS – 7 a 12 anos

2 de agosto, sábado, com duas turmas: das 14h às 16h e das 16h às 18h

Proposta: As crianças serão estimuladas a criar histórias futuristas e invenções mirabolantes para o futuro. Elas contam essas histórias por meio de desenhos, que serão filmados e se transformarão em vídeo no fim das atividades. A oficina integra o projeto transmídia “O que queremos para o mundo?”, da TV Co-criativa.

Endereço: Praça da Liberdade S/N, Prédio Rosa – Funcionários

Telefone: (31) 3516-7200

Funcionamento: Terça a domingo, das 12h às 18h (quinta, das 12h às 22h)

Entrada franca

www.mmgerdau.org.br

SESC PALLADIUM

O Sesc Palladium realiza nessa semana atividades culturais para você e sua família. Você vai ficar de fora dessa?

O Programa Educativo do centro cultural preparou, de 21 a 31 de julho, uma série de atrações especiais no projeto De Férias!. O Grupo Triii, de São Paulo, lançará o livro + CD Brasil for Children, que contém canções brasileiras tradicionais. A apresentação contará com a participação especial dos mineiros Chico dos Bonecos e do cantor e compositor Rubinho do Vale.

Outros destaques são as companhias Palhaça Guadalupe, de São Paulo, e a Cia. Teatral Milongas, do Rio de Janeiro. Todos os artistas ministrarão oficinas voltadas para a família, com interação entre pais e filhos. As inscrições podem ser feitas através do e-mail [email protected]. As atividades são gratuitas.

Projeto De Férias!

Data: 21 a 31 de julho

Entrada: gratuita

 
Por Raphael Duarte

Rua Goitacazes - Luana Paula e Jessica Natália
Foto por Jéssica Natália

Histórias acontecem em todos os cantos, sempre haverá um fato, um acontecimento, que marcará alguém ou algum lugar.

Passando de geração em geração, a sapataria Ascendino carrega o nome que passou desde o avô até o neto, mantendo as tradições familiares. O comércio que está aos cuidados de Ascendino Filho e seu irmão tinham como dono anteriormente de seu pai e seu avô, onde a vida da família cresceu e permaneceu apertando solas, trocando fitas e colocando cores nos sapatos, foi como conseguiu criar seus três filhos.

A sapataria que, não por acaso tem o nome do dono, tem um belo histórico e clientes fiéis. Sr. Ascendino diz que ali não é o melhor ponto comercial de Belo Horizonte, já que seu concorrente principal é o grandioso Shopping Cidade, porém, por estarem ali há mais de vinte anos, os clientes se tornaram fixos. “É cada coisa que nem da pra acreditar (risos). Já salvei até casamento com minhas colas mágicas de colar sapato”, conta que uma moça chegou aos prantos com um par de sapatos brancos, tamanho 35, explicando que o sapato era da sorte, uma vez que todas as mulheres da família o utilizaram em seus casamentos.  Justo na sua vez, a sola havia se soltado, e estava apertado no seu pé tamanho 36. Senhor Ascendino como de costume, arrumou o sapato. Só não podia fazer milagres e garantir o bom uso perante a situação. A moça calçava 36 e o sapato era 35, o uso lhe dariam dolorosos calos.

Segundo o sapateiro, é raro um acontecimento extraordinário na rua, uma vez que o quarteirão de seu comércio é quase deserto. Confessa que é exatamente dessa paz que ele mais gosta. “Às vezes me sento na porta e posso ver o movimento da Avenida Amazonas e fico pensando em como as pessoas não tem mais tempo para viver as pequenas coisas da vida. Cidade grande é um corre-corre infinito.”

O grande movimento do centro de Belo Horizonte, fator que leva ao alto índice de estresse, é o que mostra que a cidade está viva e crescendo e, mesmo que seja assustador tanta correria, ela é necessária. “Fico parado pra ver se alguma coisa acontece” diz Ascendino, foleando um jornal amassado que já havia lido mais de cinco vezes no mesmo dia.

“O que não me deixa desistir daqui são as historias, as lembranças do meu pai que estão em cada canto. Meu avô montou o estabelecimento para que a família tocasse pra frente e tivesse o próprio negócio, aí a gente acaba se apegando. Mesmo não dando pra ficar rico, consigo sobreviver”, explica ele sobre como tudo começou.

Os filhos não mostram interesse na sapataria, e o proprietário diz não ficar magoado com isso, uma vez que entende que eles estudaram para ter um destino diferente do seu. “Ainda não sei o que vai ser desse lugar quando eu não aguentar mais trabalhar”, diz o senhor olhando todos os sapatos acumulados nas prateleiras.

No coração da Rua Goitacazes existem lindas histórias de vida. Onde parece não acontecer nada, é onde vidas inteiras já aconteceram.

Reportagem produzida para o Trabalho Interdisciplinar Dirigido V que tem como temática o cotidiano das ruas de Belo Horizonte. Belo Horizonte, junho de 2015.

Matéria por Luana Paula Rocha

Foto: Sandy Ang

Em meio a milhares de pessoas que circulam diariamente no centro de Belo Horizonte, os comércios e comerciantes da região podem passar despercebidos, mas no momento em que você resolve dar uma pequena pausa para entrar em uma dessas lojas, é possível notar que o perfil de quem trabalha e gerencia esses estabelecimentos mudou.

Não são mais os brasileiros que estão atrás dos balcões. Agora eles ficam apenas caminhando dentro da loja para oferecer ajuda caso você esteja interessado em algum produto e te encaminham para o caixa. Atrás deles é possível ver um ou mais chineses conversando em mandarim, e na maioria dos casos, com cara de poucos amigos. A expressão muda quando o cliente chega com a mercadoria e pergunta o preço, “doze, doze”, responde o chinês com um pouco de dificuldade. Enquanto você retira o dinheiro da carteira, outro pergunta se precisa de sacola. Na realidade ele não pergunta com palavras, mas com gestos de positivo ou negativo feito com as mãos. Mas quando questionados se poderiam falar com o Contramão, a resposta era unanime, “no, no”.

Foto: Sandy Ang
Foto: Sandy Ang

Organizada e muito bem iluminada, a loja de acessórios para celular está aberta há apenas dois meses na Rua São Paulo, mas já conta com um bom número de funcionários, “trabalho nessa loja há um mês”, diz uma jovem atendente que não quis revelar seu nome. “A comunicação não é das melhores, mas dá pra gente se virar”, finaliza a lojista.

Em outro estabelecimento, ao lado da loja de acessórios para celular, havia de tudo que se possa imaginar. Desde gorros até perucas de cabelo sintético. “Ela está ali há cerca de um ano”, conta um vendedor simpático que também não quis ser identificado. “Trabalho aqui há um ano, mesmo tempo em que a loja abriu. No início a comunicação era difícil, mas como eles estão aqui há um tempo, dá pra se comunicar melhor porque aprenderam algumas palavras e arriscam o português.”, completa.

 O comércio do centro, principalmente nas ruas Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo, vêm sofrendo com a concorrência implacável dos chineses. Para a gerente Suely Alves, 32, que trabalha há nove anos em uma loja de apetrechos, os chineses começaram a se instalar na Rua São Paulo no ano de 2014 e tem sido complicado competir com eles, uma vez que eles oferecem preços bem menores. “Estamos tendo que diminuir o preço do lucro para competirmos, mas ainda assim é difícil. Alguns clientes entram na loja, olham o preço e dizem que vão comprar no chinês porque é mais barato”. Desabafa Alves. Especializados na venda de eletrônicos e acessórios, os asiáticos exportam seus produtos diretamente da China, por um preço menor e em maiores quantidades.

A diferença de preço é tanta, que é possível encontrar determinadas mercadorias por até dez reais a menos, como no caso de um “gorro peruano” que custa 15 reais na loja dos chineses 28 na loja brasileira.

Veja abaixo alguns dados sobre a “invasão chinesa” em BH:

Infográfico: Marina Rezende
Infográfico: Marina Rezende

Por Julia Guimarães e Marina Rezende