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A convite do Jornal Contramão, no dia 8 deste mês, quinta-feira, o diretor da escola da escola de dança Dançartes, Rodrigo Jauar, trouxe três de suas alunas, Emilly Victória,10, Ana Clara Reis, 10 e Gabrieli Castelani,8, para conhecerem nossa redação e vivenciarem um dia de repórter. Na oportunidade, as crianças produziram uma mini-edição exclusiva do Jornal Impresso, e, sob a orientação dos estagiários Bruna Dias e Gabriel Peixoto, as repórteres-mirins, seguiram para às ruas do entorno da redação, com a tarefa de produzirem uma matéria sobre o dia das crianças, que ocorre nesta segunda, 12.

Fotos: Yuran Khan

Em meio ao clima de descontração, as mocinhas assumiram a frente das câmeras e fizeram os entrevistados relembrarem os tempos de criança. O vídeo estará disponível na PÁGINA do Contramão nesta segunda, 12.

Além da reportagem em vídeo, preparamos uma lista com sugestões de eventos para os pequenos comemorarem o dia deles, veja:

 

Programação especial Dia Das Crianças 12/10/2015

Dia das crianças Éspasso Escola de Circo
“A Éspasso Escola convida todos vocês para se divertirem com o Grupo Trampulim. Através da improvisação, este espetáculo leva música, criação, diversão e outros olhares.Tudo isso marcado pela lógica torta do palhaço, lembrando a todos que na vida tudo é improviso!”.

12/10/15
15 horas
Local: Praça JK – Avenida Bandeirantes, s/nº – Sion

 

Dia das crianças no Museu Giramundo
As atividades iniciarão às 10h com oficina de desenho + criação de um boneco de sombra que a criança poderá levar para a casa! Em seguida, haverá apresentação teatral com cenas de espetáculos históricos do grupo Giramundo como: Pinocchio, Bela Adormecida e Cobra Norato. Às 15h30 teremos outra oficina + apresentação teatral para toda a família. Neste dia o Museu permanecerá aberto de 10h às 16h para visita guiada por monitores.”
12/10/12
Valor: R$20,00
Local: Rua Varginha, 245, Floresta

 

Dia das crianças no Museu do Brinquedo
“O museu dos Brinquedos comemorará o dia das crianças com uma programação recheada de atividades com o tema Sítio do Pica Pau Amarelo.
10h às 17h: cineminha com episódios do Sítio do Picapau Amarelo de várias épocas e Biblioteca da Dona Benta com várias edições da coleção e uma edição especial, publicada na década de 70 e ilustrada por André Le’ Blanc famoso ilustrador de história em quadrinhos.”.
12/10/15
A partir de 10h

Local: Av. Afonso Pena, 2564 – Funcionários

 

Rua de Lazer
12/10/2015
Local: Rua Nicolina Pacheco, bairro Palmares
10h às 14h.

12/10/2015
Local: Rua La Paz, bairro São Pedro Morro do Papagaio
09h às13h.

 

Fantástico Mundo da Criança
O Parque das Mangabeiras preparou uma programação diversificada para o Dia das Crianças, com atividades de 09h às 16 e entrada gratuita.
12/10/2015
Local:
Avenida Jose do Patrocinio Pontes, 580 – Magabeiras, Belo Horizonte – MG
Entrada Gratuita

Por: Bruna Dias e Gabriel Peixoto

Foto: Débora Oliveira

Música, seja instrumental ou letrada, precisa de composição. Para isso existe o compositor, responsável pela idealização e criação musical, que hoje, 7, tem seu dia marcado no calendário brasileiro. Ele pode ser um profissional contratado para a função ou alguém que, num momento de criatividade, transcreveu para o papel ideias ou ideais.

A banda belo-horizotina Ledjembergs, entrevistada pelo Contramão em maio deste ano, é formada pelos amigos Adriano Queiroga, Lucas Ucá e Rafael Costa Val. Em um trecho da entrevista que não foi ao ar, eles respondem sobre a relação entre as composições de duas músicas do repertório do grupo, Invernos Amanhã e Aviso aos Navegantes. Ambas as músicas falam de mar e, em trechos, se assemelham. Sai pra navegar, depois avisa o mar.“. Areia e sol, areia e mar, se não está aqui pra navegar, eu não entendo…“. O mar está sempre presente. O mar das ideias, por exemplo. A gente, como uma banda, de certa forma, vai formando um organismo que navega por esse mar de ideais, de possibilidades e acaba que, juntos, formamos um instrumento de navegação.“, afirma Lucas Ucá. O músico também reitera o quê misterioso do mar e o quanto ele é aberto a referências musicais. Ele é tão sábio que as “carapuças vão servindo, ele está sempre presente na vida das pessoas, afinal, as ondas são sonoras e a vida vem da água, né?“, finaliza.

Foto: Carlos Henrique Reinesch Photography
Foto: Carlos Henrique Reinesch Photography

Para Adriano Queiroga, o mar sempre esteve ligado ao imaginário humano. Está ligado numa questão das forças, das correntes marítimas, numa questão da natureza, em que analisamos o quanto o ser-humano é pequeno e está à deriva.“. O navegar está relacionado a nossa viagem dentro da nave e do barco Ledjembergs., completa. Nós gostamos muito de poesia, de escrever, então metáforas como essas são muito bem-vindas, porque a gente não quer “só” fazer a mensagem musical: é combinar as duas coisas (música e letra) e potencializar em palavra e em som. Se elas se casarem o poder é maior e exponencial.” , compara.

Reveja a entrevista:

Sem querer ser catártico, eu não acredito em dom” – entrevista com Fábio Martins

Fábio Martins, 24, nasceu em Três Corações/MG e mora em Belo Horizonte desde 2008. Faz parte de um duo de cordas com Rainer Miranda (guitarra barroca e viola caipira) chamado Al’Gazarr e toca violão e guitarrón argentino. Sem querer ser catártico, mas eu não acredito em dom. A ideia de uma dádiva não condiz muito com a experiência de aprendizado.“, afirma Martins.

Foto: Débora Oliveira
Foto: Débora Oliveira

1 – Como começou seu dom para composições? Ele é antigo? Você compões com frequência ou existem momentos em que a criatividade aflora e, neles, você consegue?

Não me coloco como prodígio, mas minha experiência com a música, como ouvinte, é longa. Cresci em uma família musical, em que todos, apesar de amadores, tocavam alguma coisa. Nas reuniões de fim de ano era comum juntarmos dois ou três violões, alguns instrumentos de percussão e passarmos horas tocando e cantando. Eu, no entanto, sempre fui desautorizado a tocar,  ainda que eu fosse profundamente interessado em aprender alguma coisa sobre violão (meu instrumento predileto, desde essa época).

Somente aos 9 anos de idade eu tive a minha primeira experiência com violão de maneira autônoma. Foi até uma história engraçada, por que tudo foi feito de maneira extremamente intuitiva: descobri um violão velho e de uma corda só, escondido num armário na casa de meu avô. Estiquei a corda o quanto pude, até achar que a afinação deveria ser aquela; liguei a TV e procurei uma música qualquer em algum canal. Me deparei com um clipe do Black Sabbath pra música Iron Man. O clipe acabou, a tarde passou e só depois de muito tempo eu consegui, com alguma dificuldade, concluir o riff de 5 notas.

Acho que o estopim pro início da minha experiência como tocador foi esse. Como compositor, acho que não demorou  muito até que as coisas começassem a acontecer. Tive meu primeiro instrumento (com seus 30 anos de uso anterior) somente aos 15 anos e antes disso eu valorizava qualquer oportunidade de contato com um instrumento de cordas. Sempre compunha alguma frase, graças à falta de tempo pra aprendizado de qualquer melodia. Em suma, a falta de oportunidade para aprender uma música, unida à falta de um instrumento me pôs como única solução viável a composição. A experiência da música como tocador era sempre restrita e associada a outras pessoas, não havendo alternativa pra mim senão a iniciativa autoral.“.

2 – Para você, qual a ocasião propícia para compor? Existe algum lugar ou situação que acaba fazendo com que suas letras saiam com mais facilidade?

Dos 15 aos 24 eu me dediquei muito mais a compor música instrumental do que a interpretar. Aprender um tema gestado por outras mãos sem que eu pudesse alterar minimamente uma harmonia sempre foi uma experiência incômoda. Não pela demora, pela exigência de mergulhar profundamente na composição e entendê-la em sua completude; isso, apesar do meu semi-analfabetismo musical (sou profundamente ignorante em notação), nunca foi um problema. Tenho predileção pela falta de amarras quando o assunto é interpretar: admiro imensamente quem possa tocar, por exemplo, uma composição de Bach sem sair um cisco da métrica, mas essa não é a minha maneira de tocar. Por ser visceral, minha relação com os instrumentos sempre desencadeia uma experiência tortuosa.

Quando falei, logo no início, que não acredito em dom, dizia-o por que não vejo força no argumento de que a composição seja uma experiência absolutamente solitária. Desacredito completamente dos autores puros, dos gênios, dos homens e mulheres de inúmeras dádivas. Antes disso,  penso que estamos sempre sob a penumbra de um ente mais forte que nos influencia. Essa influência se aflora nos momentos em que compomos.

Tirado de cena o autor-puro, acho que dá pra gente começar a falar do meu tempo de composição: não acho que um arranjo de notas, com um determinado ritmo e embalado por uma dada harmonia venham feito um bloco de concreto de dentro de mim e caiam nesse mundo já prontos. Penso em outra direção: às vezes a experiência de gestar uma música é tão angustiante que exigir não mais que 4 horas pra acontecer; em outras circunstâncias, eu já cheguei a ficar 3 meses procurando uma solução pra uma composição empacada; outras são tocadas uma ou duas vezes e depois se perdem. O que quero dizer é que não há condição propícia pra composição por que, pelo menos comigo, ela acontece a todo momento, quer eu esteja acompanhado de um violão ou não.

Pode haver quem se sinta mais à vontade pra compor sentado em uma cadeira confortável, com água fresca, sendo massageado, etc. Eu lido com o violão e o guitarrón no nível da necessidade e segundo uma estética tremendamente mundana: independentemente do sentimento, do clima, da hora do dia e das minhas tarefas eu preciso encostar diariamente nos meus instrumentos. Eles são veículos da minha capacidade de expressão e eu, pra eles, sou a matriz energética e quem quer os ver ressoar.

Meu grande problema é decidir como uma música deve acabar: qual dos 10 desfechos pensados funciona melhor, quantas repetições de um determinado trecho, quais serão as emoções mais ressaltadas durante a execução…todos estes problemas não me animam muito. Me anima, verdadeiramente, tocar e pra mim tocar sempre  é uma maneira de compor.

Soundcloud Fábio: https://soundcloud.com/fabio_omartins
Soundcloud Al’Gazarr: https://soundcloud.com/al-gazarr
Site Fábio: https://fabiomartins.art.br
Site Al’Gazarr: https://algazarr.com.br
Agenda de shows:
22/10: Botucatu/SP
27/12: Irapuru/SP (aguardando confirmação).

Por Gabriel Peixoto

Foto: Ana Paula Tinoco

Começou ontem dia 30, o XXV Congresso Mundial UNIAPAC e o 10° Seminário Internacional de Sustentabilidade, realizados pela parceria entre Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e União Internacional de Dirigentes Cristãos de Empresa (UNIAPAC), o evento está sendo sediado no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Este ano a discussão gira em torno do tema “Empresas, Governo e Sociedade Civil trabalhando juntos para o bem comum”.

A programação que continuará até o dia 02 de outubro conta com palestrantes de grande importância no cenário internacional político e econômico, como Christina Carvalho Pinto, presidente e sócia do Grupo Full Jazz de Comunicação, eleita duas vezes a mulher mais influente do Brasil no setor de Marketing e Publicidade, além de ter sido a primeira mulher na América Latina a presidir um grande grupo multinacional, Ricardo Guimarães, fundador da Thymus Branding, o Jornalista e Repórter Caco Barcellos, a ex-candidata à presidência, ex-ministra de Meio Ambiente e professora associada da Fundação Dom Cabral Marina Silva e Yves de Talhouet, representante residente do PNUD no Brasil.

O evento surge como uma oportunidade de discussão, tendo em vista esse novo cenário econômico turbulento e em constante mudança, sobre a importância da inclusão de temas como diversidade, sustentabilidade, inovação e responsabilidades éticas e sociais no meio empresarial, pensando no bem-estar de todos e na necessidade da parceria entre Governos, Empresários e outras organizações civis para uma ação mais relevante, percebendo dentro deste cenário a grande incidência de impactos ambientais e o aumento das desigualdades sociais.

A grande dificuldade é fazer com que essas questões sociais e ambientais evoluam junto a um desenvolvimento econômico de produção em constante ascensão. Como continuar produzindo sem impactar o meio ambiente e sem ferir os direitos humanos, agindo de forma inclusiva e ética. Sobre esse desafio discutido Marina Silva comentou durante sua palestra: “O desafio desse momento é que nós queremos ser socialmente justos, queremos ser economicamente prósperos, queremos ser politicamente democráticos, queremos ser ambientalmente sustentáveis, queremos ser culturalmente diversos, com esse ideais identificatórios nós temos que traduzir nas nossas leis, dentro da cultura e das noções dos produtos materiais da nossa empresa, dentro da remuneração e das licitações que fazemos, aquilo que dá ideia do lucro admirável.  Para Silva, não se pode sacrificar os recursos de milhares de anos produzidos por nós mesmos, nem os recursos produzidos pela natureza em bilhões de anos em função do lucro de apenas algumas décadas. “Não é o dinheiro pelo dinheiro, não é o poder pelo poder, isso tudo são ferramentas, que com certeza precisam ser traduzidas naquilo que é o nosso ideal identificatório, de um mundo que seja solidário, de um mundo que seja justo” ressalta.

Sobre a valorização da diversidade no meio empresarial Linda Murasawa, Superintendente Executiva de Sustentabilidade do Banco Santander destaca que as diferenças são fundamentais. “Precisamos ter diferentes visões, essas diferentes visões vêm de diferentes culturas, diferentes formas de se viver, diferentes religiões e uma série de questões que compõem os seres humanos como um todo, então a diversidade é a maior riqueza que nós temos”.

Para Murasawa, as empresas que valorizam a diversidade, empresas que trazem a diversidade no seu dia-a-dia e na sua estratégia, que trazem uma visão inovadora e uma visão que atende os anseios da sociedade. “Isso com certeza só traz benefício, além de tudo você está trazendo o que é essencial para o ser humano, porque vocês já imaginaram um mundo totalmente igual? Teríamos robôs, não teríamos humanos, e a diferença está aí, nos nossos sentimentos, nos nossos pensamentos que contribuem para cada vez mais, mudarmos e levarmos esse mundo e o empresariado precisa entender e praticar tudo isso no seu dia-a-dia” finaliza.

Texto por Gael Benítez

Turista atravessa de uma margem a outro o Rio São Francisco a pé nas cidades de Pirapora e Buritizeiro.

O Núcleo de Convergência de Mídias (NuC), em comemoração ao Dia da Fotografia, 19 de agosto, apresenta a mostra Fragmentos de um encontro com o Velho Chico, de Jaqueline Dias. A exposição retrata os ribeirinho e pescadores das cidades de Januária e Pirapora, norte do estado de Minas Gerais, em meio a seca do rio São Francisco que começou em 2014, a pior em cem anos. A imersão nessa realidade possibilitou a autora o encontro com a população local, sua relação com rio e com a terra, a sobrevivência.

A mostra fotográfica está em cartaz no Hall de entrada do Campus Liberdade, a partir desta quarta-feira, 19, e vai até  26 de Agosto. A exposição pode ser visitada das 10h às 22h. Jaqueline Dias nasceu em Ouro preto (MG), é fotógrafa formada em Arte Contemporânea e graduada em Cinema, pelo ICA/UNA. O trabalho foi orientado pela professora Nelma Costa.  

Foto: Site Oficial de Cauby Peixoto https://www.caubypeixoto.com.br/caubypeixoto.htm

“Cantei, cantei, jamais cantei tão lindo assim. Só sei que todo cabaré me aplaudiu de pé quando cheguei ao fim”.

Cauby Peixoto foi o primeiro cantor a gravar rock em português, em 1957. Com 84 anos performáticos de idade, é mestre em brilhos, perucas e apresentações marcantes. Show-men desde o início do século passado, o cantor já participou de filmes musicais e interpretou canções de Chico Buarque, como Bastidores, uma das mais pedidas recentemente em seus shows.

Documentário

Começaria tudo outra vez, um dos maiores sucessos do repertório de Cauby Peixoto é o título do documentário de Nelson Hoineff que retrata a vida do artista. O longa é composto por trechos de shows, entrevistas com os poucos amigos do cantor e, claro, falas inéditas do artista que roubou corações no meio do século passado. O filme esteve, recentemente, em cartaz no Cine centoequatro, em Belo Horizonte, e tem lugar garantido em outras salas de cinema de todo o Brasil.

O diretor Hoineff, idealizador e diretor do projeto, em entrevista ao CONTRAMÃO, contou sobre todo o processo de produção de Cauby – Começaria Tudo Outra Vez e sobre sua experiência ao lidar com o cantor.

CONTRAMÃO – Como foi quanto tempo durou o processo de idealização do documentário? Como o nome Cauby – Começaria tudo outra vez foi definido e por quê?

Nelson Hoineff – O processo todo, da idealização ao final da produção, levou quase quatro anos. Esse tempo todo deve-se a duas razões. Em primeiro lugar, a negociação foi longa; Cauby e sua empresária não tinham certeza sobre nós. Até que os convidei para a festa de lançamento do Alo, Alo, Terezinha!, filme que fizemos sobre o Chacrinha. Foi ali que eles ficaram mais seguros e ganhamos a autorização. Em segundo lugar, eu queria acompanhar o Cauby por um longo tempo, não queria me limitar a gravar dois ou três shows no mesmo lugar. Fizemos isso de 2010 a 2014. Foi o tempo exato para alcançar os resultados que eu pretendia.

CONTRAMÃO – Ao longo das gravações, Cauby Peixoto foi se “abrindo” mais? Você conseguiu extrair do cantor tudo o que queria ou houve algum tipo de bloqueio por parte dele?

Nelson Hoineff – Essa é uma pergunta essencial. O começo foi muito difícil. Por um lado, Cauby ainda não tinha plena confiança em mim. Por outro fui percebendo que eles é muito reservado mesmo, de uma forma que que eu nunca tinha visto. O curioso é que eu me considero um autor capaz de extrair tudo das pessoas, como fiz ao longo de mais de 400 episódios da série “Documento Especial”. Mas o Cauby não se abria. Fiquei desesperado e fui fazer queixa à irmã dele, Andiara. Para completar meu desespero ela me respondeu da seguinte forma: “Ah, Nelson, o Cauby é assim mesmo. Não sai de casa, não tem amigos…” Eu lhe disse: ”Não é possível, todo mundo tem pelo menos um amigo”. E a Andiara: “Bem, talvez o Agnaldo Timóteo”. Aquilo foi música para meus ouvidos. O Timóteo é meu amigo e uma grande figura. Fui conversar com ele sobre o Cauby e ouvi o seguinte: “Nelson, o Cauby é meu amigo há 54 anos e eu não sei absolutamente nada sobre ele”. Gostei daquilo, porque estabeleceu-se um embate entre o Cauby e eu. Ele determinado a não falar nada, e eu determinado a extrair tudo. Francamente, acho que ganhei essa disputa. Aos poucos, o Cauby foi ganhando confiança em mim e acabamos transitando num clima delicioso e extraindo0 dele coisas que ele jamais havia dito.

CONTRAMÃO – Para você, qual a importância de um documento audiovisual sobre a trajetória de um dos maiores cantores do país e um dos únicos ainda vivos da época de ouro do rádio?

Nelson Hoineff – Acho que essa é uma importante questão. A memória do brasileiro é muito curta, em grande parte justamente pela ausência de documentários mais ricos, que mostrem coisas substanciais sobre seus personagens. Cauby é um personagem riquíssimo, inesgotável. Em certo momento, tínhamos mais de 200 horas de material, de arquivo ou original. Reduzir tudo isso a pouco menos de duas horas mantendo a substância era um desafio muito grande. Finalmente chegamos ao recorte que eu queria. Algumas das pessoas que trabalhavam comigo tinham 20 anos, jamais tinham ouvido falar de Cauby e ao longo do filme ficaram entusiasmadas. Compreendi então que o filme estava atingido a todos, que tínhamos conseguido fazer algo que efetivamente comprimisse a essência desse artista único na música brasileira.

CONTRAMÃO – Cauby é um cantor performático. Uma de suas músicas, composta por Chico Buarque, retrata esse seu lado, Bastidores. Para você, essa música é um retrato da vida de Cauby?

Nelson Hoineff – É um retrato extraordinário. Cauby entendeu isso e canta Bastidores como nenhuma outra p0essoa poderia fazer. Essa é mais uma de suas características admiráveis. Cauby entende o que canta, sabe exatamente do que está falando. Reconheço isso em poucos artistas. Bethânia, Caetano, João, por exemplo. Cauby faz parte desse grupo. Por isso, quando canta algo como  “Bastidores”, que fala sobre sí mesmo, é capaz de levar as plateias à loucura.

CONTRAMÃO – Cauby contou sobre suas experiências homossexuais no documentário? Como aconteceu e como ele contou?

Nelson Hoineff – Isso faz parte do longo embate para extrair algo dele. Todo dia eu dizia: “Cauby, fale sobre seus amores”. Ele respondia: “Meus amores são minhas fãs”. E eu: “Cauby, não é isso”. E começava tudo de novo. Até que chegou um dia em que eu percebi que o terreno estava sendo preparado. A gente estava gravando algo sobre seu guarda-roupa, mostrando os ternos que ele usava. Isso no seu quarto, colocando os ternos sobre a cama. Cauby e eu já estávamos cada vez mais próximos, o gelo estava quase sendo quebrado. Num momento, nós dois estávamos sentados na cama, conversando como velhos amigos. Sua empresária, Nancy, havia nos dado uma folga: estava fora do quarto. Senti que era o momento. Começamos a falar sobre sua sexualidade, Cauby dez vezes mais receptivo do que eu imaginava. Nancy tentou entrar no quarto e eu bati a porta. Cauby então fez um discursos psicanalítico sobre sua sexualidade, da infância até os dias de hoje. Falou o que nunca tinha falado para ninguém ao longo de mais de 60 anos de carreira. Foi um momento chave para o filme.  

CONTRAMÃO – Em resumo, como você definiria Cauby – Começaria Tudo Outra Vez?

Nelson HoineffAcredito que Cauby – começaria tudo outra vez seja um recorte fiel à carreira desse grande artista e sobretudo uma obra capaz de emocionar o público. Por isso, no momento em que dou essa entrevista, ele está há 11 semanas em cartaz, algo quase impensável para um documentário brasileiro. Fundamentalmente, o filme fala sobre a eternidade da obra de Cauby, seu eterno recomeço, sua capacidade de atingir jovens e velhos. Acho que conseguimos traduzir para o cinema a essência desse grande cantor.

História

Cauby Peixoto nasceu em Niterói em 1934. Veio de família de artistas e iniciou sua carreira na década de 1950. De nome completo Cauby Peixoto de Barros, sem o Barros no artístico, foi ídolo de muitas garotas na era de ouro do rádio e, ainda hoje, arranca suspiros do público em apresentações em São Paulo, onde canta as aclamadas Conceição e Bastidores, canções que o consagraram.

Por Gabriel da Silva

Lojas realizam liquidações, na esperança de atrair clientes.

A Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) publicou uma pesquisa que aponta uma retração no número de vendas para o Dia dos Pais, se comparado com semelhante período do ano passado. A pesquisa foi realizada entre os dias 10 a 22 de julho, com 372 consumidores da capital mineira. “A redução do poder de compra das famílias diante da inflação e juros é um dos principais motivos para os consumidores que não vão presentear nesta data”, explica o vice-presidente da CDL BH, Marco Antônio Dutra.

A intenção de compra da maioria dos consumidores belo-horizontinos (52,33%) para este Dia dos Pais está menor, na comparação com a mesma data em 2014. Para 27,33%dos entrevistados o consumo será igual ao do ano passado, outros 18,31% pretendem consumir mais. Não souberam responder 2,03% dos entrevistados.

Presentes

Para a estudante universitária Ana Lívia Gomes, 20, que foi às ruas de Belo Horizonte em busca de um presente, a alternativa será a “lembrancinha”. “Não vou comprar presente, estou em busca de promoções, mas os preços estão muito altos, vim aqui para buscar uma promoção.”, explica.

O economista Silvério Dias esclarece que para entender a inflação é preciso pensar na sociedade. “Muitas vezes, se há um excesso de dinheiro, e com isso, há uma tendência dos preços aumentarem, desde que eu não tenha produção suficiente para suprir essa demanda do mercado. Esse é um conceito básico chamado oferta e demanda. Então, quanto maior a demanda por produtos, maior é a necessidade do ofertante de aumentar os preços por que se tem muita gente procurando, ai entra a questão da escassez, não tem quem pague mais”, explica.

Índices

Segundo dados divulgados, hoje, pelo IBGE, em julho, a alta de preços medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,62%, contra 0,79 % de junho e 0,01% do mesmo período do ano passado. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) apresentou variação de 0,58% em julho e ficou 0,19 p.p. abaixo do resultado de junho (0,77%).

Com isso, o acumulado no ano foi para 7,42%, acima da taxa de 3,92% relativa mesmo período de 2014. Em julho de 2014 o INPC fora de 0,13%.Os produtos alimentícios apresentaram variação de 0,56% em julho, enquanto em junho a taxa foi de 0,69%. O grupamento dos não alimentícios teve variação 0,59% em julho, abaixo da taxa de junho (0,81%).

O que estamos vivenciando no país hoje?

Para o economista Silvério Dias, estamos com um problema de credibilidade política no país, ou seja, quem tem dinheiro não investe devido a uma série de fatores que estamos vivenciando no Brasil, não só os que tem dinheiro aqui, mas no exterior também. “As pessoas estão guardando seu dinheiro em instituições financeiras e em outros lugares fora do país, com isso a nossa produção fica estagnada. Nesse período há um interrompimento do processo produtivo e deixamos de gerar renda, ou seja, nesse momento paramos de contratar pessoas e promover as pessoas”, esclarece.

Foto: Raphael Duarte
Lojas realizam liquidações, na esperança de atrair clientes. Foto: Raphael Duarte

De acordo com o economista, o Brasil enfrente, hoje, um processo de recessão, as empresas não contratam funcionários e começam a demitir, devido a queda de produção. “Há dois fatores permeiam a economia, hoje, o primeiro fato é cenário da demissão e a avaliação das necessidades básicas para consumo. “As pessoas que foram demitidas precisam canalizar o seu dinheiro que restou para a sobrevivência, para a alimentação, que são as necessidades básicas. Nesse caso, o comércio não está muito otimista, por que as pessoas estão receosas de gastar com presentes caros, por que seria considerado um gasto de segundo plano”, explica Dias.

O segundo fator é o momento de crise econômica que gera uma sensação de insegurança. “Não se pode gastar dinheiro com qualquer coisa que não seja de primeira necessidade, pois as pessoas temem se encontrar na situação de desempregado posteriormente”.

Lojas realizam liquidações, na esperança de atrair clientes. Foto: Raphael Duarte
Lojas realizam liquidações, na esperança de atrair clientes. Foto: Raphael Duarte

Esses fatores causam retração no poder de compra das pessoas e isso recai sobre o movimento da economia. O governo tem tentado minimizar a alta de preços, aumentando a taxa básica de juros, essa ação dificulta o crédito para compras a prazo. “Essas ações são para que as pessoas parem de comprar e que, com isso, os empresários baixem os preços e a inflação volte a ficar controlada”, esclarece o economista. “As políticas macro econômicas que o governo está adotando não vêm surtindo o efeito esperado, ou seja a população já está sofrendo as consequências, com medo de perder a sua renda/emprego, e aqueles que já perderam a sua renda e, é claro, isso influência o processo de consumo”, finaliza.

Por: Raphael Duarte