Literatura

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O escritor e empreendedor Tales Gubes traz a Belo Horizonte seu curso para quem quer aprender um pouco mais sobre as técnicas da escrita e tem a vontade de ser escritor. O Ninho de Escritores estará presente neste sábado, 25, no QG Órbita no bairro Belvedere, na Rua Correias, 121.

Na semana do Dia Mundial do Livro, o curso é uma boa oportunidade para quem tem a vontade de conhecer um pouco mais da arte da escrita e saber por onde começar uma ficção. Gubes, idealizador do projeto, afirma que o curso expresso tem um foco maior nas técnicas de criação de histórias por escrito. “Para quem participa do Ninho nas versões presencial, online ou individual (chamada de Voo Solo), existe a oportunidade de aprofundar não apenas o estudo da técnica, mas também do que significa escrever e como tornar a escrita parte da vida cotidiana”, explica.

Depois da capital mineira, o objetivo é levar o Ninho de Escritores Expresso para Recife e, posteriormente, planejar uma segunda edição em São Paulo. Porém, Gubes afirma que seu desejo é de levar o projeto para todos os lugares em que há pessoas disponíveis a aprender e crescer com o aprendizado.

Até o presente momento, restam sete vagas abertas. Para se inscrever, basta acessar: https://www.cinese.me/encontros/ninho-de-escritores-expresso-belo-horizonte

Por: Luna Pontone

Foto: Divulgação

“É uma escola que não para, está sendo criando alguma coisa, e escrever ao contrário do que se pensa, não é ficar parado, é impulsionar.”                                             Lélio Fabiano, reitor do Ica

O Instituto de Comunicações de Artes (ICA), do Centro Universitário Una lança, hoje, 12, às 19h, na Casa Una Centro de Cultura, a segunda edição do livro Olhares Contemporâneos. A obra é uma coletânea de artigos escritos por professores do Campus Liberdade e de outras instituições em suas respectivas áreas. O livro demonstra conceitos vigentes no âmbito do jornalismo, publicidade, moda e cinema.

A publicação é de organizada pelo professor de Moda e Cinema, Aldo Clécius, e da professora de graduação e pós-graduação em áreas da Comunicação, Daniela Viegas. Clécius expõem que a ideia surgiu dos cursos disponibilizados pela instituição, mas o contexto da obra é maior: “A publicação nasceu dos cursos do ICA, mas tem a ver com uma reflexão intelectual dos professores, da forma como eles interpretam a realidade”, esclarece. Para Viegas o livro expõe a diversidade de pensamentos e está alinhada à proposta interdisciplinar do ICA e da UNA. “Para construir esse livro a gente usou o que o instituto tem de mais representativo, que é a sua própria diversidade de produção, e diversidade é uma palavra que trilhou todo o processo de criação desse livro”, explica.

Incentivo

Para o diretor do ICA, Olhares Contemporâneos 2 reflete a inquietação que impulsiona o pensamento no instituto e no Centro Universitário. “Uma escola não pode ficar só no frenesi de fazer, ou então só de escutar ou falar. É bom ver professores e alunos praticando e fazendo jornais, cinema ou inventando moda. Na hora que paramos para pensar e colocar no papel mostramos que aquela escola é fervescente que nós estamos desconfortáveis no imobilismo, que nós precisamos ser incomodados com desafios”, defende.

Para a doutora em História e professora do ICA, Cândida Lemos, o livro escrito em linguagem acadêmica serve como um instrumento a mais para a formação dos alunos. “A publicação do livro é um incentivo ao aluno, para que ele mergulhe na busca pelo conhecimento científico e acadêmico. Há um efeito multiplicador para a realização de pesquisas no ICA. Creio que muitos artigos serão utilizados em salas de aula, e poderão servir de base para outras pesquisas feitas pelos alunos”, acentua a professora autora de um dos capítulos.

Não só os alunos e futuros ingressantes nos cursos ganham com o trabalho, os professores também são os beneficiados ao transmitir suas reflexões e  pesquisas em Olhares. Segundo a organizadora Daniela Viegas uma forma de reconhecimento do trabalho do professor é poder levar o conhecimento para adiante. “Creio que o trabalho não termina ali no livro, aquilo vai ganhar outra leitura, outro olhar e, a partir desse novo olhar, professor também se enriquece nessa troca. Esse intercâmbio de informações e de conteúdo é muito rico para o professor que participou do livro”.

Linguagem

Com a experiência da primeira edição algumas questões foram melhoradas para esta nova publicação. O organizador Aldo Clécius explica que a segunda edição é especial porque ele porque abrange mais autores, mais temas e traz olhares diferenciados que se somam às experiências do ICA/UNA. “Do ponto de vista visual, nesta edição, tivemos um cuidado artístico maior de expressar uma linguagem realmente contemporânea na capa, com cores, fonte e na diagramação, para o livro se tornar mais agradável para a leitura”, explica.

A linguagem acadêmica pode ser mais laboriosa de se ler, o organizador explica que o livro foi planejado de uma forma que a leitura se tornasse mais prática e mais proveitosa para quem adquirir o livro. “O texto acadêmico normalmente é mais rebuscado (por usar termos técnicos ou próprios de determinadas áreas, e até por seguir normas da ABNT). Para que essa leitura ficasse mais fluida, a ordem dos artigos foi disposta de forma a completar um ciclo de entendimento para cada assunto”, esclarece.

Prévia

Lemos descreve no seu texto, “Poder, censura e nacional-desenvolvimento remam nas águas da Pampulha”, uma época que Belo Horizonte tinha 230 mil habitantes, e os políticos usavam o esporte como um dos eixos para se eleger. Do texto: “Esta ligação entre esportes e políticos deve sempre ser relativizada. Não pode ser algo mecânico e direto. Getúlio Vargas fez do esporte um de seus eixos de política do estado, mas isso nem sempre lhe rendeu  dividendo políticos. Por exemplo, ele veio para Minas para as regatas de 1944 em uma tentativa quase desesperada de reerguer sua bases , mineiras. Porém no ano seguinte ele foi deposto”.

Assim também é a temática da moda abordada por Clécius no texto “Direção criativa: A Nova Fronteira da Moda”. O artigo fala sobre as mudanças ocorridas no contexto de produção da moda. O professor explica que “as mudanças trouxeram novas profissões, novos cenários e realidades. Mercados globais, fim de estações (já que uma marca que vende no mundo inteiro sempre terá consumidores no inverno e no verão, por exemplo) e a ampliação do acesso à informação – as marcas deixam de ser apenas status quo para se transformar em porta-vozes de estilos de vida, de modo a expressar sua visão de mundo. Por isso a moda está indo além da roupa”, finaliza Clécius.

Ouça: O diretor do ICA fala do perfil dos profissionais do instituto

Ouça: O professor Aldo Clécius comenta Olhares contemporâneos 2

Texto e foto por: Ítalo Lopes                                                                                                                       Imagem: Divulgação

O humorista, ator e escritor, Gregório Duvivier, 28, esteve na Bienal do Livro no sábado, 15, para um bate-papo com fãs. Em conjunto com a cantora Adriana Calcanhotto, 49, ele recitou poemas e falou de sua preferência por autores e livros. E entre um pedaço de pizza e um copo de refrigerante cedeu uma entrevista ao Contramão.

_”Vocês não importam de eu comer não né? Não comi nada o dia inteiro”.

Falou de suas influências literárias, sua fase como colunista e as polêmicas que esses textos trouxeram para sua carreira.

051116_010  (Gregório recita trechos do seu poema Ligue os pontos)

Literatura:

“É muito difícil falar livros da vida toda. Eu gosto muito de estrangeiros, do Philip Roth, um dos livros dele, O animal agonizante, é lindo. De literatura brasileira eu sou apaixonado com o João Ubaldo Ribeiro, o Viva o Povo brasileiro é magnífico. Rubens Figueiredo com Barco a Seco, Machado de Assis que é genial com Dom Casmurro,  do Campos de Carvalho tem a “Vaca de nariz sutil, gosto muito de todos esses.

Acho que tem muita coisa nova e boa de literatura hoje em dia. Antônio Prata e Fabricio Corsaletti eu sou apaixonado. Na poesia tem Alice Sant’Anna e Bruna Beber, e muitos outros bons.

Tem alguns livros que me fizeram gostar muito de ler, e acho que tem que começar por eles, não dá pra começar pelos clássicos. Gênio do Crime, lembra? Eu adorava, eu li ele com oito ou nove anos e fiquei apaixonado. Um tipo bom de livro pra cativar o leitor é Matilda do Roald Dah, adorava, li mil vezes, também é da literatura estrangeira. No Brasil tem ótimos livros juvenis, Adriana Falcão tem uns muito bons, “Luna Clara e Apolo 11” é um livro lindo.

Recentemente acabei de ler um livro da Chimamanda Ngozi, é uma autora nigeriana da Companhia das Letras, o livro fala sobre identidade nigeriana africana, o que é ser africano hoje em dia. É um romance maravilhoso.”

Identificação com a escrita

“Minha paixão pela escrita veio na faculdade mesmo, eu gostava de ler, mas escrever mesmo, só na faculdade. O professor que me motivou foi o Paulo Henriques Britto.”

A nova fase do colunista retrata bem um profissional que é multifacetado, do palco para a internet, de lá para o cinema e dele para as páginas do jornal.  E em todas as mídias trabalhadas por Duvivier ele sempre trouxe a temática do humor. Na entrevista foi questionado se agora nos textos há um limite no humor para que seu espaço no jornal não seja interpretado como brincadeira, e foi bem enfático ao responder.

“Eu gosto na verdade disso, de a pessoa ficar pensando se é uma brincadeira ou não. Eu acho que isso é bom, esse tipo de provocação. É bom porque todo mundo quando lê uma coisa tem que duvidar um pouco, as pessoas têm que parar de acreditar em tudo que lê. Então acho bom brincar com isso ‘será que esse cara está falando sério, ‘será que ele não está’, eu adoro esse lugar entre o humor e o jornalismo. Então como o jornal é um lugar de seriedade, quando você escreve, as pessoas acham que você está falando sério.”

Há diferença entre o público da internet e do jornal?

“Não! Eu não vejo muito assim, eu acho que é o mesmo público. O público que me lê na Folha é o mesmo que me acompanha. As pessoas volta e meia perguntam, ‘como vou escrever para um público adolescente?’. Aí fazem umas coisas bobas pra adolescentes, eles gostam de qualidade, como qualquer pessoa. Se você faz uma coisa boa o adolescente vai gostar, de verdade. Esse foco no adolescente eu acho ruim, por exemplo, quer focar na internet e fazer uma coisa bombar? Isso não existe, se for bom vai fazer sucesso na internet ou no cinema. Acho que o Porta dos Fundos, por exemplo, poderia acontecer no cinema ou na televisão. O que mais viraliza no mundo é a qualidade.”

Polêmica durante as eleições:

Durante o período eleitoral Gregório escreveu alguns textos que incomodou algumas pessoas adeptas a partidos políticos de direita. O motivo foi o humorista ter declarado apoio à candidatura da petista Dilma Rousseff, em alguns textos. Dá pra citar como exemplo a crônica “Chupa, Dado”, em que ele revida as críticas recebidas pelo ator Dado Dolabella, 34, e explica os motivos de ter declarado seu voto no PT.

A nova publicação também teve um grande número de visualizações e críticas, e o autor explicou à nossa equipe como interpretou e lidou com esse momento.

“Escrever pra jornal é outro tipo de relação com o leitor, porque as pessoas já leem jornal com pedras nas mãos. Já veem querendo te julgar e odiar. Na primeira crônica já tinha gente me xingando. Nas minhas crônicas gosto de expor a minha opinião, que é no geral mais de esquerda. E as pessoas tem ódio da esquerda no Brasil, a gente tem uma direita muita raivosa e medrosa no Brasil. Dizendo que tudo vai virar uma ditadura ou vai virar Cuba. Basta dar uma opinião um pouquinho mais forte que você vai ser xingado. Triste né?”

Gregório escritor:

“Estou escrevendo um livro, um romance. Na verdade nem tem nome ainda. É um projeto para o ano que vem.”

 

Texto e foto: Ítalo Lopes

Audio: Priscila Mendis

 

No sábado, 15, o agrônomo publicitário e ilustrador Alexandre Beck veio à Bienal do Livro e conversou com o Jornal Contramão sobre o seu trabalho com Armandinho. A tirinha de sucesso traz uma criança como personagem principal e, mesmo com os limites da idade, contesta o mundo como poucos fazem. Beck falou sobre como surgiu a tirinha, qual o seu futuro e o que é esperado dessa nova geração de leitores. Após a entrevista, o desenhista participou de um bate-papo com os presentes e realizou uma sessão de autógrafos com os fãs.

Como surgiu?

“O Armandinho nasceu de um momento de urgência. Eu tinha outros personagens de uma tirinha no jornal. E me ligaram da redação e falaram, ‘a gente precisa de três tiras pra ilustrar uma matéria que vai sair amanhã’, e não dava tempo pra desenhar. Eu tinha acabado de retornar para o Jornal e não me senti a vontade em dizer não. Então peguei um bonequinho que já tinha pronto de outro trabalho e coloquei no espaço das tiras, rabisquei as pernas e falei, aqui é o pai e aqui é a mãe, mandei pro jornal e funcionou. O jornal gostou e eu também.”

A construção do personagem:

“Eu não fujo muito da linha de raciocínio do Armandinho, tenho filhos e observo muito eles. Desde 2000 faço trabalhos aproveitando os conhecimentos da agronomia, sou formado na área. Comecei a fazer trabalhos de quadrinhos educativos, voltados ao meio ambiente, e usava personagens infantis. Nas tiras que tinha no jornal meus personagens eram adultos, mas eu fazia muitas críticas. Então desde 2000 venho me exercitando pra fazer esses trabalhos tentando ver o mundo do ponto de vista da criança, pra passar informação que era voltada pra crianças. Quando surgiu o Armandinho juntei essa experiência que tinha dos quadrinhos educativos com a experiência e visão crítica das tirinhas que eu tinha no jornal e coloquei em um personagem só. Acabou sendo assim, continuo aprendendo com as crianças até hoje, reaprendendo a ver o mundo como elas.”

O objetivo:

“Meu objetivo é discutir comigo mesmo, a principio. Na página do Facebook consigo discutir com muita gente, aprendo muito com isso, mas meu objetivo foi sempre discutir comigo mesmo, eu mesmo pensar e eu mesmo refletir.”

Ao ser questionado o autor também brincou sobre a possibilidade de inverter a visão nas tirinhas e sobre mostrar por completo os pais, já que nos quadrinhos é mostrado apenas as pernas desses personagens. “É uma boa ideia. Nunca tinha pensado nisso. Quando fiz as três primeiras tiras foi por acaso, foi na pressa, precisava dos pais ali. Depois eu considerei colocar. As pessoas pedem muito pra que eu deixe elas verem se o Armandinho é parecido com o pai ou com mãe. Cheguei a considerar desenhar eles, mas o fato de não desenhar os pais me dá muita liberdade de trabalhar preconceitos. O ponto de vista dos pais as vezes coloco naquela tirinha do pai ou a mãe falando com o Armandinho. É realmente algo a ser considerável, mas acredito que não passe a mostrar os adultos. Eu acredito que as crianças merecem ser mais vistas que os adultos”.

O protagonista é usado para retratar vários questionamentos da sociedade. Um deles é o preconceito. Primeiramente para gerar uma indagação do leitor ele colocou de uma forma que “ninguém sabe a cor de pele dos pais do Armandinho, do tipo de cabelo, se eles são gordos ou magros” explicou Beck.Também é usado um outro personagem recorrente no desenho para discutir essa questão. “O sapo é vítima de preconceito na sociedade. Dizem que o Sapo faz xixi e deixa a gente cego e o sapo é um bicho inofensivo, é muita crueldade. Alguns sapos tem um veneno na pele, mas é só não colocar na boca. Se não morder o sapo está tudo bem (risos)” disse.

O que o incêndio da Boate Kiss tem a ver com o personagem?

Quando saí de Santa Catarina e fui morar no Rio Grande do Sul, uma coisa que marcou muito a minha vida foi aquele incêndio que teve em uma boate em Santa Maria. A gente já morava lá, minha esposa era professora da federal e perdeu alunos com isso, e a gente sentiu toda essa angústia da cidade, a gente estava envolvido com aquilo. E isso me deu um certo sentido de urgência. Eu estava ali com o material que é uma espécie de comunicação, e podia usar isso pra questionar e rediscutir algumas coisas. Então a partir daquele momento o meu sentido de urgência aumentou. Acho que a gente tem que discutir algumas coisas e o Armandinho acabou me ajudando nisso. E essa tirinha foi um desabafo meu e depois a minha esposa disse que também era o que ela estava sentindo. Foi a primeira tirinha que foi largamente compartilhada e essa era a angustia que muita gente estava sentindo. E ela nunca foi publicada em um jornal, só na internet e assim se espalhou. Essa foi talvez a tirinha mais doída de ser feita, e ela serviu pra abrir um pouco o coração”.

           Armandinho


E essa nova geração…

“Quando começou a tecnologia e toda essa corrida tecnológica o objetivo era termos mais tempo pra coisas mais importantes, inclusive cuidar dos filhos. Mas aí todo mundo está em uma competição, numa correria e cada vez tem menos tempo. E os pais acabam dando uma tecnologia para os filhos como se ela fosse ocupar o espaço que ele tinha que ter com os filhos, e eu acho isso uma grande perda. E isso vai ter consequências. Ler um livro com o filho à noite, fazer o filho criar esse gosto, a gente tem universos incríveis nos livros. Eu acho que precisamos resgatar isso. Ou a gente resgata nisso ou vamos entrar por um caminho que daqui um tempo vai ter consequências muito ruins.”

Novidades?

“Em relação ao meu trabalho não. A grande novidade pra mim é que eu nunca estive em uma feira desse tipo. É a primeira vez que eu vim falar de um personagem aqui em Belo Horizonte. Pra mim é tudo novidade, acho que o mais espantado e ansioso aqui sou eu.”

Texto e foto: Ítalo Lopes

As histórias em quadrinhos (HQ’s) fizeram parte da infância de muitos jovens, principalmente nos anos de 1970 a 1990. Não é difícil encontrar quem já tenha lido as aventuras do “Homem-Aranha”, do “Homem de Ferro”, ou ainda do “Batman”. Entretanto, os quadrinhos não se resumem somente ao universo DC Comics e Marvel Comics. Existem também os quadrinistas independentes, as editoras novas, como a brasileira Blue Comics, e também, as editoras que distribuem verdadeiros livros em forma de quadrinhos, como foi o caso da Devir Livraria, que lançou em julho o terceiro livro da sequência “Yeshuah”, do paulista Laudo Ferreira Jr, que é quadrinista há mais de 30 anos e ilustrador há cerca de 20.

Com um nome meio diferente, em hebraico, “Yeshuah” significa “salvação”. A HQ narra a trajetória de Yeshu, ou traduzindo para o português Jesus. A história que Laudo conta em seus quadrinhos não é, exatamente, a mesma que a bíblia católica ou evangélica narra. No catolicismo a imagem de Cristo é vista como uma divindade. Laudo ressalta, em sua obra, o lado humano de Jesus. Os acontecimentos seguem a mesma cronologia da bíblia, mas a imagem de Cristo é mais como ser humano, uma pessoa com medos e crenças.

O desenvolvimento do HQ teve seu inicio por volta de 1998, sendo sua última parte, “Yeshuah: Onde tudo está”, lançada em julho desse ano. “Minha espiritualidade foi se desenvolvendo ao longo do trabalho. Amadurecendo junto com a obra”, explica o quadrinista. Segundo o autor da obra, a ideia de se criar uma história em quadrinhos demonstrando um lado mais humano de Jesus veio a partir da leitura de evangelhos apócrifos (aqueles considerados não oficiais). “O livro de São Tomé, mostra outra percepção de Jesus”, destacou Laudo.

Da história

A história dos quadrinhos do paulista segue o mesmo rumo da história bíblica, indo do nascimento de Cristo a morte, passando pela travessia do deserto e a traição por Judas. Entretanto, nas HQ’s de Laudo, não se mostram a crucificação em si de Jesus, nem a ressureição. Embora, após a morte, ele reapareça para Maria de Madalena.

Na história de “Yeshuah” o caso é narrado por Maria de Madalena, já idosa, para um jovem que estaria escrevendo-a. No desenvolver dos quadrinhos, o leitor pode notar que o uso dos nomes em hebraico dá a história um ar mais próprio, distanciando-a mais daquela contada nas igrejas.

Outros aspectos, na HQ, reafirmam mais essa distância entre as duas histórias. Como o momento antes da prisão de Cristo, em que ele se retira e revela seus medos e receios com a morte para Adonai (Deus). Ou também o ataque de fúria que o próprio Yeshu sofre ao chegar em Jerusalém. Esses pontos, que trazem ao próprio Jesus a imagem de humano, são os principais pontos da história de Laudo Ferreira Jr.“Às vezes se teatralizam tanto que descaracterizam o fundamento”, disse o quadrinhista.

Da crítica

Apesar de ser uma história sensível, que vai de encontro com os dogmas da igreja, os quadrinhos foram bem recebidos pela crítica especializada em HQ’s. “O trabalho foi muito elogiado”, ressalta Laudo. Após a divulgação do trabalho, o ilustrador foi convidado para participar de feiras de quadrinhos, inclusive de mangás, mas explica que são cosias diferentes. “O leitor de mangás não é, necessariamente, leitor de histórias em quadrinhos”, explica Laudo.

Por outro lado, o trabalho recebeu “pancadas” de alguns religiosos. “Uma mulher me achou na internet e me mandou um e-mail me xingando, dizendo que eu ofendi a imagem de Maria”, contou Laudo.

Lançamento em BH

Na noite dessa quinta-feira, 9, Laudo Ferreira Jr. o autor de “Yeshuah” estará autografando os exemplares da HQ na livraria Saraiva, do shopping Diamond Mall (Avenida Olegário Maciel, 1600 – Lourdes, Belo Horizonte) às 19 horas. Nos últimos meses do ano, Laudo estará na Brasil Comic Con que acontecerá em novembro, e na Comic Con Experience, em dezembro.

Texto: Umberto Nunes.

Foto: Arquivo pessoal.

Na próxima terça-feira, 30, irá ocorrer mais uma edição do evento “A palavra”, no Sesc Palladium às 19h30. O projeto propõe encontros literários e aborda outras outras áreas de conhecimento, de modo que mostre a palavra em suas dimensões (etimológica, ortográfica, social, semântica, visual, sonora).

A escritora, professora e crítica literária Noemi Jaffe pretende abordar o tema (Feiúra) proposto por nesta edição na literatura. Segundo ela, um dos diferenciais do evento é o fato de possuir um tema específico e ser abordado por três profissionais de áreas diferentes, além do fato do tema não estar relacionado apenas à literatura ou aos seus livros. “Não conhecia o projeto e achei muito interessante assim que fiquei conhecendo a proposta, justamente por causa desse critério temático e a possibilidade de ele ser debatido por várias áreas.”, relata Jaffe.

De acordo com Noemi todos os eventos, feiras, festivais e prêmios ajudam o público a se interessar por autores, livros e palavras. Mas, segundo ela, não são eles que irão mudar o quadro de baixa literatura no país, uma vez que a tecnologia domina o mercado, e sim algo mais estruturado e a longo prazo.

Além de Jaffe, Celina Lage e Ronan Couto são os outros convidados do evento. Cada um terá 40 minutos para a exposição de seus pensamentos sobre o assunto e ao final da discussão os convidados decidem qual será o tema abordado no próximo encontro.

A entrada é gratuita e está sujeita a lotação.

Texto: Bárbara Carvalhaes
Foto: Arquivo pessoal