palácio das artes

Antes mesmo de entrar no Palácio das Artes já se ouvia pessoas com tons de angustia na voz, pois queriam comprar ingressos de quem chegava ao local. Logo na portaria, um homem me parou para perguntar se eu tinha ingresso, depois que respondi que sim, ele me disse quase em desespero que sua prima, que estava com seu ingresso, havia sumido e não atendia ao celular.

Ao entrar no Palácio, percebi na feição de muitos uma grande ansiedade. Enfim, quando os seguranças disseram que o show iria começar, as pessoas foram entrando aos poucos no grande teatro, onde logo começaria o show de Chico Buarque de Holanda.

As luzes se apagaram e depois de algum suspense, o tão aguardado músico subiu ao palco. O ambiente se transformou, em poucos instantes. A platéia gritava, batia palmas e assobiava. Uma mulher que sentava na fileira atrás de mim estava em prantos. Logo percebi que ela não era a única. Ao meu lado, outra mulher estava aflita por não conseguir tirar fotos focadas do artista.

Pessoas que queriam ficar mais próximo de Chico se aglomeravam nos corredores, sentadas no chão cantavam e se emocionavam. Quando a plateia percebeu que a próxima música era “Geni e o Zepellin” foi ao delírio. O refrão não tinha quem não o cantasse.

Em um momento em que Chico Buarque foi à frente do palco, as pessoas se levantaram e ficaram próximas do artistas. Algumas se escoraram no palco. Uma menina subia na cadeira para ver e tirar fotos melhores. Outra me pediu licença para subir na cadeira em que eu estava sentada, já que também me levantei. Chico obedeceu aos gritos de bis da plateia duas vezes, deixando a todos muito felizes e empolgados. As pessoas não paravam de gritar e cantar juntas. Quando Chico saiu do palco pela terceira vez, não mais voltou e os gritos de “mais um” do público foi se espalhando aos poucos.

Na saída do teatro, olhos brilhantes e rostos de satisfação eram perceptíveis. Uma senhora parou meu irmão para pedir que ele enviasse a ela os vídeos que fez durante o show, pois queria guardar lembranças concretas de um show tão lindo.

Chico Buarque, durante a apresentação no Palácio das Arte, no dia 9 de novembro
Chico Buarque, durante apresentação no Palácio das Artes no dia 9 de novembro

Na fila

Para presenciar tal show não foi fácil, dormir na fila, pois não é nada agradável. Durante a espera para comprar o ingresso muitas pessoas dormiram na rua. Cada um se ajeitava como podia. Ao meu lado um casal levou um puff e se acomodou nele. Uma menina dormia profundamente em cobertas empilhadas.

Para o tempo passar mais rápido, as pessoas já entravam no clima do show, cantando e tocando músicas de Chico Buarque. Quando amanheceu o dia, olhos cansados eram evidentes no rosto de quem estava na fila, que crescia cada vez mais.

Por: Bárbara de Andrade

Fotos: Bárbara de Andrade

O “Sempre um Papo” comemorou 25 anos e para festejar a data o jornalista Zeca Camargo foi convidado para mediar o evento que reuniu os escritores Fernando Morais, Frei Betto, Leonardo Boff, Ruy Castro, Heloísa Seixas, Luís Fernando Veríssimo, Zuenir Ventura. Confira a entrevista realizada pelo Contramão!

Por Bárbara de Andrade
Foto: Felipe Bueno
Vídeo: Bárbara de Andrade e Vanessa C.O.G.

O jornalista e escritor, Fernando Morais, esteve em Belo Horizonte para a comemoração dos 25 anos do projeto “Sempre um Papo”, e para lançar o seu novo livro “Os últimos soldados da Guerra Fria” que relata o trabalho de cinco agentes de inteligência dos Estados Unidos infiltrados em organizações contrárias à ditadura de Fidel Castro. Nesta entrevista, Fernando Morais defende que a forma mais efetiva de ampliar o público leitor, é o Brasil investir mais em Educação. Confira!

Por Felipe Bueno

Foto: Bárbara de Andrade

Vídeo: Vanessa Gomes

Para comemorar os 25 anos do sempre um papo, o idealizador do projeto Afonso Borges reuniu na noite de segunda-feira os escritores Fernando Morais, Frei Betto, Leonardo Boff, Ruy Castro e Heloísa Seixas, que lançaram respectivamente as obras “Os últimos soldados da Guerra Fria”, “Minas do ouro”, “Cuidar da Terra, Salvar a Vida: Como Evitar o Fim do Mundo”, “Terramarear – Peripécias de dois Turista Cultural”. Também participaram do bate-papo Luís Fernando Veríssimo, Zuenir Ventura e o jornalista Zeca Camargo, que mediou o evento.

Centenas de pessoas, dentre estudantes e professores estavam presentes no Palácio das Artes para acompanhar o sempre um papo.

Pioneiro

O escritor Frei Betto foi o primeiro a participar do “Sempre um Papo” em setembro de 1986. “Tenho a honra de ter sido o primeiro escritor a participar do projeto e estou feliz de 25 anos depois participar desta cerimônia”. O escritor destaca que o diferencial do sempre um papo é propiciar a interação entre leitores e autores. “A noite de autógrafos é precedida de uma conversa em que o escritor fala da sua obra e em seguida responde a perguntas do público/leitor. O leitor tem oportunidade de colocar suas duvidas, inquietações e curiosidades em relação ao escritor e a obra que está sendo lançada”, explica Frei Betto.

Frei Betto
Frei Betto durante entrevista ao Jornal Contramão

Confira no vídeo a entrevista com Luís Fernando Verissimo:

Ao final do bate-papo, os autores distribuíram autógrafos e tiraram fotos com o público.

Grevistas marcam presença no Sempre um papo

O projeto “Sempre um papo” é um instrumento de reflexão do conhecimento a partir do diálogo entre a obra, os escritores e os leitores. Enquanto o jornalista e escritor, Fernando Morais, discursava a respeito de uma formação escolar melhor, com escolas mais inclusivas. “Para o Sempre um papo fazer bodas de ouro com o dobro de pessoas na platéia, o governo tem que investir na educação pública”, os professores da rede estadual de levantaram e começaram a bater palmas, seguidos de gritos de protesto: “A greve continua! Anastasia a culpa é sua!”. Os professores que estão em greve, há mais de três meses reivindicam o pagamento do piso nacional, acabando com a política de subsídio implantada pelo Governo do Estado. Ao final do evento, os professores distribuíram panfletos para o público.


Público do Sempre um papo se manifestando contra a greve dos professores estaduais
Público do Sempre um papo se manifestando contra a greve dos professores estaduais

Por: Bárbara de Andrade e Felipe Bueno

Fotos: Felipe Bueno Vídeo: Duda Gonzalez, Vanessa Gomes e Vinicius Calijorne

Está em cartaz na Fundação Clovis Salgado a exposição Marina Nazareth-Paisagem, com curadoria de Marconi Drummond.

Criadas entre 2002 e 2010, são 12 pinturas, 15 desenhos e uma animação em video. Este último, sem intenção de entretenimento, vem roubando a cena: “Quando recebemos escolas, evitamos mostrar outras obras antes, pois acaba dispersando. Nós vamos direto ao vídeo para tirar toda a curiosidade, para depois continuar a visita, quando estão mais calmos também”, diz a educadora e monitora da exposição Fernanda Cardoso, 27. Ela explica que o intuito do vídeo não era ser interativo, mas por possuir animação visual e sonora, as pessoas acabam interagindo com ele, dançando, se movimentando de acordo com o som e com os bancos giratórios do cenário. “É interessante que eles acabam fazendo performance, concluiu.

Cenário da animação em vídeo
Cenário da animação em vídeo

Artista desde os anos 1960, Marina sempre expos retratos e paisagens mortas. Há menos de uma decada, suas artes vem se modificando através das linhas do horizonte e de seu extremo interesse por paisagens mineiras, onde nasceu.

A exposição está em cartaz desde o dia 5 de julho e será encerrada em 28 de agosto, na sala Espaço Mari’Stella Tristão, com entrada franca. Está aberta ao público de terça a sábado, das 9h30 às 21h, e domingo, das 16h às 21h.

Por Jéssica Moreira

Fotos: Bárbara de Andrade

Está em cartaz a exposição 1911-2011 – Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú, com curadoria de Teixeira Coelho. A mostra apresenta um recorte da produção artística realizada no país entre os anos  de 1911 e 2011, e Belo Horizonte é a primeira cidade a receber a exposição. O acervo reúne 178 obras de 139 artistas e integra, de acordo com a gerente de artes visuais da Fundação Clóvis Salgado, Fabíola Moulin, a coleção do Itaú Cultural de São Paulo.


Gerente de artes visuas da Fundação Clóvis Salgado, Fabíola Moulin
Gerente de artes visuais da Fundação Clóvis Salgado, Fabíola Moulin.

Ainda, de acordo com Moulin, devido à diversidade das obras da Coleção Itaú, o curador, Teixeira Coelho, optou por organizar a exposição em módulos. “Eles [os módulos] podem ser compreendidos isoladamente e traçam com definição o caminho percorrido pela arte brasileira desde as primeiras décadas do século passado até hoje”, explica a gerente.

A obra A Marca Humana abre a exposição e traz a primeira modernidade brasileira ainda representacional. Nela, a figura humana ainda é central, como nas obras de Autorretrato, de José Pancetti e Seringueiros, de Cândido Portinari.

Ao final, o módulo Outros Modos, Outras Mídias reúne obras em diferentes suportes e propostas mais experimentais. A estudante, Bianca de Souza, 13, prestigiava a exposição destacou o aspecto histórico. “Estou gostando porque retrata as vivências de antigas”.

Segundo Fabíola Moulin, a mostra terá um novo destino daqui há um mês. “Até o final de 2011, todas as obras serão expostas no Paço Imperial, na cidade do Rio de Janeiro”.

Exposição 1911-2011 – Arte Brasileira e Depois.

Onde: Palácio das Artes (galerias Alberto da Veiga Guignard, Arlinda Corrêa Lima e Genesco Murta) e Centro de Arte Contemporânea e fotografia.

Até quando: 25 de Setembro.

Texto: Marina Costa

Foto: Bárbara de Andrade