Praça da Liberdade

Fotografia: Lucas D'Ambrosio

Em comemoração à chegada do natal de 2016, o circuito cultural da Praça da Liberdade recebe uma série de ações para comemorar a data. Uma delas é o Circuito de Presépios e Lapinhas de Minas Gerais, que pretende ampliar a participação de todo o estado na promoção do patrimônio cultural mineiro. Entre os dias sete de dezembro e oito de janeiro, Belo Horizonte e outras cidades do estado irão participar da programação que, além dos presépios, conta também com apresentações gratuitas de corais, bandas e diversas atrações para o público.

Com iniciativa do Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG), 250 presépios podem ser visitados em 150 cidades por toda Minas Gerais, que possui uma tradição desde o século 18. O objetivo do circuito é promover a Folia de Reis, uma manifestação cultural celebrada na noite do dia cinco para o dia seis de janeiro, em que pessoas saem às ruas, tocando músicas populares e celebrando a chegada dos reis magos e o nascimento de Jesus, uma manifestação folclórica e religiosa.

Fabiano Lopes de Paula, 60, é arqueólogo e funcionário do IEPHA. Um dos curadores da mostra de presépios, ele ressalta a importância de criar um resgate de manifestações culturais pelo estado, como as festividades natalinas. “Resolvemos fazer essa homenagem aos artesãos mineiros festejando as celebrações natalinas que se perdem ao longo do tempo. Temos diversos artistas, tendências e modelos de presépios”, comenta.

Da Paraíba para Minas Gerais

Um dos artistas expositores é Oceano Cavalcante. Filho do nordeste brasileiro, o jovem de 56 anos nasceu “em uma pequena família de 14 irmãos”, como costuma dizer. É enfermeiro de profissão e artista plástico por vocação. No ano de 1979, ao lado de sua família, saiu da sua cidade natal em Areia, interior do estado da Paraíba, com destino às Minas Gerais. Morou em Esmeraldas e posteriormente, Belo Horizonte.

O enfermeiro e artista plástico, Oceano Cavalcante abraçou o estado de Minas Gerais com sua sensibilidade artística e traços da sua terra natal. Fotografia: Lucas D'Ambrosio
O enfermeiro e artista plástico, Oceano Cavalcante abraçou o estado de Minas Gerais com sua sensibilidade artística e traços da sua terra natal. Fotografia: Lucas D’Ambrosio

Sua principal referência artística é o legado deixado pelo mestre barroco Aleijadinho. Porém, o entalhe na madeira como era costume e presente nas obras do artista do Brasil Colonial, deu espaço para a reutilização de materiais encontrados na rua: a essência da obra realizada por Cavalcante. “Meu trabalho de arte possui uma visão ecológica e sustentável. Procuro retirar do meio ambiente o material do meu trabalho. Todos eles vêm da rua”, explica o artista.

Oceano Cavalcante e seu presépio. O reaproveitamento de materiais encontrados na rua criam a estética singular na obra do artista. Fotografia: Lucas D'Ambrosio.
Oceano Cavalcante e seu presépio. O reaproveitamento de materiais encontrados na rua criam a estética singular na obra do artista. Fotografia: Lucas D’Ambrosio.

No presépio que está exposto no salão de entrada do IEPHA, Oceano Cavalcante utilizou três matérias-primas: papelão, garrafa pet e jornal. Suas peças possuem uma estética e tonalidade que referenciam, além das obras barrocas, a terra e o povo nordestino. “Além do barroco, tento transmitir o nordeste com minhas peças. Ele está no meu sangue. Nem o sotaque a gente esquece. Posso estar por anos longe da minha terra, mas ele nunca sai da gente”, ressalta.

Além do IEPHA, outros pontos turísticos que fazem parte do circuito da Praça da Liberdade também recebem exposição de presépios como, a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, o Espaço do Conhecimento da UFMG, o Memorial Minas Gerais Vale, MM Gerdau, Museu Mineiro, Palácio Cristo Rei, entre outros.

Detalhe do presépio exposto na Casa Fiat de Cultura, no Circuito Cultural da Praça da Liberdade. fotografia: Lucas D'Ambrosio
Detalhe do presépio exposto na Casa Fiat de Cultura, no Circuito Cultural da Praça da Liberdade. fotografia: Lucas D’Ambrosio

 

Detalhe do presépio exposto no Memorial Minas Gerais Vale, no Circuito Cultural da Praça da Liberdade. Fotografia: Lucas D'Ambrosio.
Detalhe do presépio exposto no Memorial Minas Gerais Vale, no Circuito Cultural da Praça da Liberdade. Fotografia: Lucas D’Ambrosio.

Fotografias e Reportagem: Lucas D’Ambrosio

Devido às chuvas, a decoração natalina teve sua estréia adiada para a próxima segunda, 12.

Quem estava se preparando para visitar a decoração de natal da Praça da Liberdade em sua estreia nesta terça-feira, 06, terá de reagendar os planos. Conforme informou a assessoria de imprensa da CEMIG, as chuvas que marcaram a capital nos últimos dias acabou danificando parte do circuito da iluminação. Boatos que circulavam pelas redes sociais de que o adiamento estava ligado à manifestações, foram desmentidos.

A nova data divulgada pelo órgão é dia 12 de novembro, coincidindo com o aniversário de Belo Horizonte. Além da decoração, quem visitar a Praça e seu entorno no período de 12/12 à 06/01 poderá desfrutar da extensa programação gratuita de natal preparada pelo Iepha-MG/Circuito Liberdade.  

A grande atração deste ano, além da Casa do Papai Noel, será o circuito de presépios e Lapinhas de Minas Gerais, que integra as ações do Iepha de salva-guarda das Folias de Minas Gerais. Além disso, apresentações de corais e bandas, espetáculos e oficinas completam a festa.

Veja a programação completa AQUI e acompanhe a página do Jornal Contramão para mais informações.

Decoração da praça da Liberdade em 2014.

Finalzinho de novembro, o ano de 2016 já vai acabando e, como nos outros, ele voou. Agora nos pegamos pensando em uma pequena retrospectiva do que mudou no ano, do que cumprimos das metas -aquelas mesmas estipuladas nas festas da virada, e o que vamos fazer para o próximo ano. Mas as metas para 2017 podem esperar até decidirmos onde passar o réveillon e o que vamos fazer para o natal.

Ih! Já é natal! Pensamos tanto onde passar a festa de fim de ano, que esquecemos completamente do natal. Amigo oculto, festas dos trabalhos, cestas, chocolates, presentes e enfeites. Vixi! Os enfeites! Nem montamos a nossa decoração ainda e já começamos a ver as luzinhas dos pisca-piscas surgindo nas casas quando começa a escurecer. Até lojas e praças já estão sendo enfeitadas.

Falando nisso, a Praça da Liberdade já começou a instalação da tradicional decoração de natal, que ocorre todos os anos, desde 1987. Em 2015, a praça recebeu 400 mil microlâmpadas, 530 enfeites, globos, holofotes e mil lâmpadas strobos. A montagem das luzes para este ano começou na terça, 22, com organização da Casa Futuro Decorações. A inauguração está prevista para o dia 03 de dezembro, sábado, a partir das 19h30.

Visitantes podem conferir a decoração natalina até o dia 06 de janeiro de 2017, e até lá, todos os dias a partir das 19h30 já será possível contemplar as famosas luzes de natal. Outros lugares como a Av Barbacena e o Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região também recebem uma decoração especial de natal.

Caso você ainda não tenha começado a sua decoração, aproveite e veja como fazer uma guirlanda natalina que nós aqui da redação ensinamos: 

Cine belas Artes, na rua Gonçalves Dias, próximo à Praça da Liberdade. Um dos últimos remanescentes dos cinemas urbanos de Belo Horizonte.

O prédio, com arquitetura típica dos anos de 1950, teve sua primeira utilização pelos alunos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O que antes era a sede do Diretório Central dos Estudantes, símbolo da resistência estudantil durante a ditadura militar, no ano de 1992, se tornou o Centro de Cultura e Referência Cinematográfica da cidade de Belo Horizonte: o cinema urbano, Cine Belas Artes.

Localizado no coração do bairro de Lourdes, região centro-sul da capital, o discreto edifício ainda mantém viva a cultura da nostálgica combinação de filmes e carrinhos de pipoca. A um quarteirão da Praça da Liberdade, ele recebe seus convidados e oferece, além dos filmes, cafés e livros para aqueles que não dispensam um ponto de encontro para uma conversa casual. Com suas portas abertas à rua Gonçalves Dias, número 1581, o Belas Artes se tornou um símbolo concreto da resistência cinematográfica da cidade.

Cinema possui três salas para as exibições dos filmes. Ao longo da semana, a programação é integrada por oito diferentes títulos que se alternam durante a programação.

Histórias conterrâneas que se cruzam nos corredores do cinema

Em pé, ao lado da entrada principal e próximas à entrada da livraria que existe no salão principal do Belas Artes, duas senhoras mantinham uma longa conversa. Leda Paiva, 83, professora universitária se alegrava com a coincidência do casual encontro em que vivenciava. Suas mãos, firmes e certeiras, seguravam as da educadora popular, Rosa Perdigão, 72.

Os 11 anos de diferença não foram suficientes para separar a história de um inédito (re)encontro, dignos de roteiros de Mario Puzo ou Woody Allen. Leda, mora em Brasília/DF. Rosa, mora na capital mineira. Os 700 e muitos quilômetros que separam as duas cidades, também não impediram o acaso, em uma tarde de terça-feira, naquele lugar.

Rosa Perdição e Leda Paiva. Um encontro de histórias e coincidências no Cine Belas Artes. Fotografia: Lucas D'Ambrosio/Jornal Contramão
Rosa Perdição e Leda Paiva. Um encontro de histórias e coincidências no Cine Belas Artes. Fotografia: Lucas D’Ambrosio/Jornal Contramão

Com brilhos em seus grandes olhos azuis, cobertos pelas lentes de seus óculos, a neta de italianos explicou toda a coincidência com um largo sorriso em seu rosto, “a Rosa veio me perguntar sobre um dos filmes que está em cartaz. Paramos para conversar e descobrimos vários pontos em comum. Sou nascida na cidade de Itabira e ela também é de lá”, revelando que tudo começou com a troca de olhares e pela conversa desinteressada.

Futuro incerto envolve o Belas Artes

Histórias como essa é que tornam o cinema de rua, único para a cidade de Belo Horizonte. Tradicionais na cidade, em certo tempo existiam mais de 40 espalhados pelas ruas de BH. Ao longo dos anos, o costume, tradição e envolvimento da população com essa forma de entretenimento deixaram de ser prioridade para as horas vagas belorizontinas.

Fotografia: Lucas D’Ambrosio/Jornal Contramão

Hoje, o que restou, foram os discursos. Na prática, os investimentos não existem mais. De acordo com fontes que não quiseram se identificar, o cine Belas Artes é outro espaço que está fadado em se tornar uma lembrança para os belorizontinos.

Livraria e cafeteria completam o ambiente formado pelas três salas de cinema do Cine Belas Artes. Fotografia: Lucas D'Ambrosio/Jornal Contramão
Livraria e cafeteria completam o ambiente formado pelas três salas de cinema do Cine Belas Artes. Fotografia: Lucas D’Ambrosio/Jornal Contramão

Apesar do esforço e projetos que existem para revitalizar o espaço e aumentar o conforto para os usuários, a falta de interesse e a dificuldade de encontrar patrocínio é algo que dificulta ainda mais as pretensões para o espaço. O espaço, conta com três salas de cinema o que não se torna suficiente para a automanutenção do espaço que, por enquanto, ainda se sustenta por meio de um esforço que mantém as “telas acesas”.

Fotografias e Reportagem: Lucas D’Ambrosio

 

Depois de passar por São Paulo e Rio de Janeiro, a exposição ComCiência, da artista australiana Patricia Piccinini chegou a BH na última quarta-feira,12. Com apenas uma semana de exposição, a obra, que une traços do realismo e surrealismo, tem encantado os mineiros. No evento da mostra no Facebook,  uma internauta avaliou: “Fantástico!”, e outra publicou: “Adorei, indico a todos que tem sensibilidade”.

A enfermeira Bruna Pinheiro, 25, já tinha ouvido falar da exposição, e quando viu a divulgação na página do CCBB BH, anotou a data da estréia para não esquecer de ir e levar a filha, Ana Júlia, a Juju, de 8 anos. Bruna conta que logo no início da mostra a pequena soltou um comentário que fez toda a diferença sobre sua percepção da obra: “repara no olhar dela mãe, é igualzinho de gente”.  

A enfermeira observou que muitos adultos tinham uma certa repulsa às esculturas de Piccinini, devida estranheza das formas, porém, o comentário de Juju a fez ter outra reação: “as obras ganharam vida própria e só despertaram bons sentimentos em mim, sobre o amor, sobre sermos verdadeiramente livres quando nos libertamos de todo preconceito”.

Marcelo Dantas, curador da obra, ressalta exatamente a capacidade da obra de, a partir de figuras tão estranhas, provocar bons sentimentos: “Se em um primeiro momento nossa reação é de repulsa ou de estranhamento diante dessas esquisitas criaturas, em um segundo instante a artista consegue fazer aflorar um sentimento de empatia ao nos colocar diante do olhar profundo de cada um desses seres, promovendo, de maneira surpreendente, um encontro entre algo tão estranho e nossos melhores sentimentos”, observa.

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Bruna Pinheiro e Ana Júlia no CCBB.

Mãe e filha indicam a exposição, “ vão com o coração aberto, dêem duas voltas na exposição, porque na segunda fica mais legal!”, Garantem.

ComCiência

ComCiencia é a primeira exposição individual de Piccinini no Brasil, e faz um amplo apanhado da produção da artista, reunindo alguns de seus principais trabalhos: Big Mother (uma figura agigantada, que se assemelha a uma macaca e amamenta um bebê); The Conforter  (uma menina toda coberta de pelos acalenta um pequeno ser, de pele macia e pés fofos como um bebê humano, mas que tem uma boca agigantada e sem olhos) e The Observer (2010), um curioso menino que observa o mundo de um ponto de vista privilegiado e perigoso, o alto de uma pilha inclinada de cadeiras.

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Big Mother, instalado no CCBB BH. Foto: Bruna Pinheiro

O trabalho da artista é realizado com grande variedade de materiais e linguagens: esculturas feitas de silicone e fibra de vidro, fotografia e vídeo, desenhos e pinturas.

A mostra dialoga tanto com o surrealismo como com o hiper-realismo, e questiona nossa semelhança e vínculo com os seres criados por ela. Leia mais!

O prédio do CCBB está tomado pelas obras (esculturas, relevos e desenhos) da artista. Segundo o curador, Marcello Dantas, a proposta é transformar as salas do centro cultural  como sendo o local onde esses seres vivem, comem e dorme.

SERVIÇO

A mostra estará em Belo Horizonte de 12/10/2016 a 09/01/2017, no CCBB Belo Horizonte. A entrada é franca e as visitas podem ser feitas de quarta a segunda, das 09h às 21h.

Por: Bruna Dias

 

O resultado das eleições municipais de 2016 surpreendeu a população belorizontina. No domingo, 02, os eleitores da capital mineira foram às urnas para elegerem o novo prefeito da cidade, bem como, os vereadores que irão compor a Câmara Municipal.

Com a apuração total das urnas, dos onze candidatos ao posto máximo do Poder Executivo de BH, dois deles irão disputar o segundo turno das eleições, Alexandre Kalil (PHS) e João Leite (PSDB).

Na Câmara Municipal de Vereadores, uma mudança significativa irá ocorrer a partir do ano de 2017. Até então, apenas uma mulher ocupava uma das 41 cadeiras na casa legislativa de BH, Elaine Matozinhos (PTB). Agora, serão 4 mulheres representando a população: Áurea Carolina (PSOL), Cida Falabella (PSOL), Nely do Valdivino (PMN) e Marilda Portela (PRB).

Além disso, houve uma renovação de 56% dos vereadores que irão conduzir os rumos legislativos da cidade. Dos 41 que ocupavam a casa, 38 deles tentaram a reeleição. Deste número, somente 18 conseguiram o feito.  

Crise política reflete nas urnas

Após um período de instabilidade política no país, o recente pleito eleitoral apresentou números que representam a desconfiança dos eleitores com os atuais políticos que já cumprem mandatos eletivos como também, àqueles que irão disputar suas cadeiras nas casas legislativas e executivas municipais.

Em Belo Horizonte, a soma das abstenções, votos nulos e brancos ultrapassaram os números totais recebidos pelos dois principais candidatos à prefeitura (710.797), contabilizando 741.915. Desses, 417.537 foram de abstenções, 215.633 votos nulos e 108.745 em brancos.

Nas ruas da cidade, as pessoas demonstram o descontentamento com o quadro que se apresentou nas eleições da cidade. Camile de Oliveira, 21, é estudante e comentou sobre o assunto, “Realmente esse ano as eleições me surpreenderam. Eu vi que o número de votos nulos e brancos superaram os votos tanto de João Leite quanto de Kalil o que é uma vergonha, mas também mostra que a população está sendo mais criteriosa.“.

Otávio Viggiano, 65, professor e jornalista acredita que a cidade poderá ganhar com a eleição do novo prefeito. “Conheço o Kalil e o João Leite há mais tempo, porque meu irmão trabalhava no Atlético. Conheci (os candidatos) fora da política e pelo o que eles faziam dentro do Atlético e, com a boa vontade que tinham para manter um bom time, vão poder usar isso para a política. Vai ser uma maravilha.”, relembrando os tempos em que os candidatos estavam envolvidos com um time de futebol.

O segundo turno das eleições municipais de Belo Horizonte será realizado no dia 30 de outubro. Até lá, os candidatos João Leite e Alexandre Kalil irão tentar costurar novas alianças e estratégias para conseguir atrair os votos, principalmente, daqueles eleitores que não votaram no primeiro turno.

“Não tenho grandes expectativas para o segundo turno mas espero que vença o que realmente vai fazer mais pela nossa cidade, que vai trabalhar de verdade, pensando que está ali fazendo um trabalho pela população e não por ele próprio.”, afirmou a professora e eleitora Jussara Borges.

Fotografia: Lucas D’Ambrosio

Reportagem: Gabriella Germana e Lucas D’Ambrosio