Crítica | Star Wars: Os Últimos Jedi

Crítica | Star Wars: Os Últimos Jedi

Por Tiago Jamarino – Start – Parceiros Contramão HUB

Oitavo filme da saga toma rumos completamente diferentes do normal, com uma trama mais complexa, divertida e bem mais vistosa!

 

Star Wars teve sua tão esperada continuação após longos trinta e dois anos, O Despertar da Força (2015), foi a tão esperada volta a galáxia tão… tão distante, lógico sem mencionar a trilogia prequel feita por George Lucas. O Despertar da Força, foi o responsável por reviver a franquia, o resultado do filme foi, a terceira maior bilheteria de todos os tempos e uma grande aclamação pela crítica. Mas o filme não foi isento de críticas fervorosas pelos fãs, a grande maioria era unanime  ao questionar os caminhos trilhados pelo Episódio VII, que era simplesmente uma releitura do Episódio IV — Uma Nova Esperança, a nova trilogia estava tratando seu começo a base de um reboot disfarçado de continuação, copiando em base, os mesmos plots e deixando caminhos questionáveis. J. J. Abrams que estava no leme de O Despertar da Força, passou o bastão para Rian Johnson, diretor e roteirista, que renega totalmente seu antecessor e segue em um caminho completamente oposto visto em toda a Saga. O grande medo do público, em geral, era que este filme em potencial fosse ser uma releitura de O Império Contra-Ataca, mas para a felicidade geral da nação, não, este filme segue seu próprio ponto de vista, apesar de ser um filme do meio que tenha que deixar pontas soltas para o próximo.

 

A trama começa exatamente segundos depois de O Despertar da Força, com Rey (Daisy Ridley), indo encontrar com Luke Skywalker (Mark Hamill) em uma ilha isolada, a garota implora desesperadamente pela ajuda do velho mestre Jedi para ajudar a Resistência na guerra contra a Primeira Ordem. A Primeira Ordem comandada pelo general Hux (Domhnall Gleeson), descobre a localização da última base rebelde, coordenada pela General Organa (Carrie Fisher). O início do filme já é o cartão de visita de Rian Johnson, temos uma verdadeira guerra nas estrelas, uma batalha especial nunca vista antes em toda a saga, com um bom tempo de execução e poderio militar. Para repelir a horda de bombardeiros inimigos, a Resistência conta com o comandante Poe Dameron (Oscar Isaac), que tenta um contra-ataque sem sucesso, forçados a fugirem desesperadamente sendo seguidos de perto pelo esquadrão inimigo. A Resistência manda Finn (John Boyega)e a encarregada da manutenção Rose (Kelly Marie Tran) em busca de um enigmático contrabandista, que poderia ajudá-los a destruir o sistema de rastreamento da Primeira Ordem.

 

Ao falar do filme deixarei alguns pequenos spoilers, é impossível fazer uma crítica mais detalhada sem revelar nada da trama, mas fique tranquilo, não estragarei as partes essenciais. Star Wars foi inspirado na obra do escritor americano Joseph Campbell, com sua obra que contava a jornada do herói, um mito sobre a batalha do bem contra o mal. Essa simples premissa permeia no cerne de toda a saga, esquecida nas trilogias prequels, mas retomada no Episódio VII, Johnson tinha uma base solida nas mãos e alguns personagens já estabelecidos. O diretor e roteirista, tinha um abacaxi nas mãos a descascar, ter em mãos personagens já consagrados, apresentar algo novo e, ao mesmo tempo respeitar o legado da franquia. Johnson tem jogadas cirúrgicas para tratar do seu material, como o filme do meio, em algum momento lembrará ao Império Contra-Ataca, por ser um filme, dramático, de derrotas, fugas, vinganças e restruturação para vitória. Mesmo tendo a alma do Episódio V, Os Últimos Jedi toma um rumo mais inesperado possível, tomando soluções que fogem completamente a (forma) Star Wars de ser, alguns personagens tomam rumos diferentes e o amadurecimento do mesmo torna este filme mais autoral possível.

 

A direção e o roteiro ficam a cargos de Rian Johnson, que vem de ótimos trabalhos, como A Ponte de Um Crime (2005), Looper: Assassinos do Futuro (2012) e alguns episódios de Breaking Bad. A direção é mais autoral do que o esperado, é até um espanto ver o resultado e saber que não ouve tanto as rédeas do estúdio, Johnson consegue se sair bem tanto em aspectos técnicos e visuais, também alcançando o ápice em aspectos narrativos. A fotografia é simplesmente sensacional, mesmo sendo a marca da franquia, a fotografia vista neste filme é a mais bonita da saga. O CGI faz um trabalho magistral dando vida a mundos e belas criaturas, e a grande satisfação que muitas coisas são feitas por efeitos práticos. As paletas de cores reagem ao humor e a decisão de rumo de cada personagem, o cinza da resistência e do núcleo Jedi, ao vermelho e o escuro nefasto da Primeira Ordem. Em termos de estéticas visuais, cada batalha até as vistas nos trailers, são um deleite visual e de cores vibrantes. Johnson soube trabalhar realmente seu clima de guerra, sempre nos mostrando a sensação angustiante das escolhas.

 

O filme divide bem suas linhas de ações, tanto as batalhas espaciais quanto as tomadas áreas, os planos fechados são similares a wallpapers, se congelar uma única imagem, você consegue milhões de papeis de paredes. Os Figurinos são bem trabalhados, cores negras e fardas semelhantes a juventude nazista encontrada na Primeira Ordem, aos costumeiros farrapos acinzentados da Resistência. As variedades de raças alienígenas ainda continua um marco, criaturas misturadas com efeitos práticos e CGI. No planeta cassino vemos todo esse potencial da saga inclusa. A trilha sonora composta magistralmente por John Willians, que desta vez veio com tudo, o pouco entusiasmo mostrado em O Despertar da Força, é rapidamente suprido, com novos temas e alguns antigos que causam a nostalgia.

 

O roteiro como dito anteriormente é assinado por Rian Johnson, não é à-toa que o diretor foi contratado para dirigir alguns episódios de Breaking Bad, que por sinal, são os melhores da série. A narrativa simples de Star Wars ganhou folego novo, mantendo elementos consagrados da série, mas com um toque bem pessoal. O texto apresentado em Os Últimos Jedi apresenta ambos os lados da força, Luz e Trevas tendo tempo de tela para mostrarem todo seu potencial, cada um tendo tempo necessário para mostrar um ponto de vista, que é habilmente usado para mostrar até um lado arrogante vindo do conhecimento Jedi. O que o roteiro de Johnson oferece é mais dúvidas, angustias pessoais, a esperança em tempos de guerras. O grande problema do filme que até Star Wars sofre de barrigadas para prolongar uma trama, principalmente quando está no núcleo do planeta cassino é onde o roteiro começa a enrolar sem necessidades, poderia simplesmente ser enxugados trinta minutos de filme. O maior ponto na narrativa criada por Johnson é que nenhuma referência se baseia para enfeitar seu texto, ou só para agradar a fãs saudosistas, tudo mostrado tem um porquê e move a trama. O grande impacto de Os Últimos Jedi é simplesmente estabelecer a conexão entre seus três personagens centrais, Rey, Luke e Kylo, que ambos são a alma do filme.

 

O elenco é bem diversificado, sendo bem a cara da nova Disney, dando espaço a novos talentos. Mark Hamilltão contestado na trilogia original, mas agora entregando um melhor Luke, bem pirado, beirando a esquizofrenia e com conflitos internos. A Daisy Ridley está ainda melhor que o filme antecessor, seu personagem ainda é a alma do filme, adicionando em sua interpretação olhares e expressões pesadas. Adam Driver ainda entrega um personagem atormentado por suas decisões, várias críticas anteriores ao seu personagem são devidas as inúmeras comparações com Vader, injustas, pois, o seu personagem é a atual caricatura da adolescência atual. O John Boyega está mais alivio cômico do que de costume, tem momentos que está até bobalhão demais. Oscar Isaac esquecido no anterior, tendo agora um certo favorecimento no roteiro, seu personagem tem o peso da guerra e tem escolhas a fazer. Existe uma parte do elenco que está completando tabela, Andy Serkis, Gwendoline Christie (Capitã Phasma ainda continua sendo nada), Laura Dern e Benicio Del Toro totalmente jogado e esquecido. Carrie Fisher claramente teria o próximo filme só para ela, com seu falecimento no ano passado, o filme poderia ser penalizado, mas até que sua participação é bem leve e pontual.

 

Star Wars: Os Últimos Jedi é um grande ponto fora da curva para filmes pipocas, contendo um roteiro bastante maduro para o gênero, com novas definições de bem e mal. Apesar de sofrer com uma barrigada em seu ato do meio, o filme acerta mais do que erra. O bom caminho conduzido pela nova narrativa vai tirar qualquer fã de Star Wars de sua zona de conforto, oferecendo mais caminhos a serem trilhados e uma nova gama de possibilidades a serem exploradas. O elenco antigo ainda continua a arrancar suspiros e até seu tom quando fica leve dosa bem o filme. Com uma cinematografia impecável e a mais linda de toda a saga, Os Últimos Jedi tem todos os benefícios de um filme escrito e dirigido por alguém que teve muito mais liberdade criativa e com maestria em suas escolhas para o rumo da saga.

 

4-Ótimo

 

 

FICHA TÉCNICA

 

  • DIREÇÃO

    • Rian Johnson

    EQUIPE TÉCNICA

    Roteiro: Rian Johnson

    Produção: Kathleen Kennedy, Ram Bergman

    Fotografia: Steve Yedlin

    Trilha Sonora: John Williams

    Estúdio: Lucasfilm Ltd, Walt Disney Studios Motion Pictures USA

    Montador: Bob Ducsay

    Distribuidora: Walt Disney Pictures

    ELENCO

    Adam Driver, Adrian Edmondson, Aki Omoshaybi, Akshay Kumar, Andy Nyman, Andy Serkis, Andy Wareham, Anthony Daniels, Antonio Lujak, Benicio Del Toro, Bern Collaco, Billie Lourd, Carrie Fisher, Chris Adams, Christopher Jaciow, Crystal Clarke, Daisy Ridley, Dan Euston, Dante Briggins, Domhnall Gleeson, Florian Robin, Gareth Edwards, Gary Barlow, Gwendoline Christie, Hermione Corfield, James Cox, Jimmy Vee, John Boyega, Jonathan Harden, Joseph Gordon-Levitt, Justin Theroux, Karanja Yorke, Kelly Marie Tran, Kevin Layne, Laura Dern, Liang Yang, Lupita Nyong’o, Mark Hamill, Mark Lewis Jones, Mike Quinn, Noah Segan, Oscar Isaac, Peter Mayhew, Tim Rose, Togo Igawa, Veronica Ngo, Warwick Davis, William Willoughby

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