#CRÔNICA: Acordar

#CRÔNICA: Acordar

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Reprodução: Lotus Azul

Por Gabriella Germana

Acordar,

Acordar mal humorada,

Acordar mal humorada às 10 horas,

Acordar mal humorada às 10 horas de uma sexta-feira.

 

O dia estava com uma temperatura agradável e tinha café quentinho. Fui trabalhar e o ônibus estava vazio, no serviço quase nada a ser feito. Volto para casa e incrivelmente o trânsito estava fluindo tranquilamente, além de o ônibus também estar vazio. Quem tem o costume de usar o transporte público sabe a felicidade que dá quando isso acontece. Era para ser um bom dia, mas nada, absolutamente nada mudava meu humor.

 

Ressignificação: atribuir novo significado, dar sentido diferente a alguma coisa.

 

Acordar,

Acordar feliz,

Acordar feliz ás 5 horas da manhã,

Acordar feliz às 5 horas da manhã de uma segunda-feira.

 

Não é algo comum de se ver, existe uma certa repulsa com as segundas-feira. Mas mesmo sem um motivo específico eu estava feliz. O dia amanheceu muito frio e minha cama estava aquecida e confortável, mesmo assim não foi difícil levantar. Tomei um banho rápido, escolhi a roupa e fui colocar uns pães de queijo para assar, enquanto terminava de me arrumar.

 

Cansada e com uma olheira que dava “oi” para as pessoas quando eu passava na rua, fui pegar o primeiro ônibus e estava tão cheio que uma moça brincou “se desequilibrar nem cai, não tem espaço mesmo”.

Segundo ônibus, a Estação lotada e começam os comentários “os motoristas decidiram demorar hoje porque não receberam vale-alimentação’’. Uma hora de atraso, “dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço”, quando Newton afirmou essa teoria ele certamente não imaginava a situação do ônibus que entrei naquela segunda de manhã.

 

Mesmo assim, com alguns motivos que há um tempo atrás com certeza já teriam me tirado do sério, lá estava eu com um sorriso no rosto e feliz. Feliz comigo mesma, em paz e agradecida.

 

Felicidade: “estado de uma consciência plenamente satisfeita; satisfação, contentamento, bem-estar”.

 

 

 

 

Não sei explicar em qual momento da vida comecei a “atribuir novo sentido” às coisas, mas sei que uma hora a gente se reinventa, melhora o que não está bom e aperfeiçoa o que já era válido. E mesmo que os exemplos acima tenham sido tão simples, para mim fizeram toda diferença. Primeiro aprendi com essas situações simples e a partir daí lidar com problemas maiores.

“Só agradece a esse dia que foi dado, agradece à natureza e o cuidado, agradece, novo dia, nova chance de recomeçar” já dizia Marina em sua música. Levei pra vida, agradeci.

 

Acordar,

Acordar agradecida,

Acordar agradecida independente da hora, do dia, mês ou ano.

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