#CRÔNICA: Desculpe o transtorno: precisamos falar sobre quarta-feira

#CRÔNICA: Desculpe o transtorno: precisamos falar sobre quarta-feira

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Foto: Pinterest

Desde pequena sempre me posicionei com clareza em relação ao afeto pelos dias da semana. Explico: terça-feira é um bom dia. Ora, não sejamos ingratos, o dia que tira a segunda-feira de nossas vidas merece, no mínimo, respeito.

Quinta-feira. Dá até vontade de repetir: quinta-feira! Não deixe a exclamação vos enganar, a palavra deve ser dita com toda calma, alívio e gratidão que só a aproximação de uma sexta pode nos proporcionar.

Sexta. A sextá é tão singular que difere-se das outras já na apresentação; linda, empoderada, livre de sobrenomes. Ela é sexta e pronto, não há feira que a acompanhe.

Sábado e Domingo. Não há espaço para polemizar o senso comum aqui. Quando o assunto é final de semana, penso como a massa com orgulho! Sábado, domingo… Nem o clichê me envergonha: não há palavras que expressem a alegria característica desses dias.

Diferente de quarta-feira. Quarta-feira não dá. Quarta-feira é aquele dia que não se posiciona em discussões para não perder a simpatia dos demais. Mas a mim, ela não engana, conheço bem esse tipinho. Ou seria “este”? Tá vendo? Quarta-feira me deixa confusa.

Eu não lembro em que momento específico da minha vida os dias começaram a ter identidade própria. Acredito que a escola e aquele esquema de termos determinadas matérias por dia, tenha influenciado. Aposto que matemática era nas quartas.

Brincadeiras a parte, não sou uma pessoa rancorosa. Certo dia, ontem para ser exata, levantei desapegada dos rótulos que as 24 horas carregam. O dia era meu, fazia sol.

Fui caminhar na praça, respirar o ar puro que só enche os pulmões de quem não oferta afeto aos dias. Dizem que a gente atrai o que transmite, não é? Foi naquela praça, naquele dia, que o meu brilho nos olhos atraiu os olhinhos de Dexter, um vira latinha que logo nomeei. A sintonia foi tanta que rapidamente nos tornamos inseparáveis.

Já tinha Dexter em meus braços quando, a caminho de casa, refletia sobre toda aquela bobagem de não gostar de alguns dias, “quem faz o dia sou eu”, concluía em meus pensamentos quando fui interrompida por uma criança que afoita vinha a meu encontro. Era quarta-feira, Dexter tinha dono.

Texto: Bruna Dias

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