Duvivier: pizza, humor e política

Duvivier: pizza, humor e política

O humorista, ator e escritor, Gregório Duvivier, 28, esteve na Bienal do Livro no sábado, 15, para um bate-papo com fãs. Em conjunto com a cantora Adriana Calcanhotto, 49, ele recitou poemas e falou de sua preferência por autores e livros. E entre um pedaço de pizza e um copo de refrigerante cedeu uma entrevista ao Contramão.

_”Vocês não importam de eu comer não né? Não comi nada o dia inteiro”.

Falou de suas influências literárias, sua fase como colunista e as polêmicas que esses textos trouxeram para sua carreira.

051116_010  (Gregório recita trechos do seu poema Ligue os pontos)

Literatura:

“É muito difícil falar livros da vida toda. Eu gosto muito de estrangeiros, do Philip Roth, um dos livros dele, O animal agonizante, é lindo. De literatura brasileira eu sou apaixonado com o João Ubaldo Ribeiro, o Viva o Povo brasileiro é magnífico. Rubens Figueiredo com Barco a Seco, Machado de Assis que é genial com Dom Casmurro,  do Campos de Carvalho tem a “Vaca de nariz sutil, gosto muito de todos esses.

Acho que tem muita coisa nova e boa de literatura hoje em dia. Antônio Prata e Fabricio Corsaletti eu sou apaixonado. Na poesia tem Alice Sant’Anna e Bruna Beber, e muitos outros bons.

Tem alguns livros que me fizeram gostar muito de ler, e acho que tem que começar por eles, não dá pra começar pelos clássicos. Gênio do Crime, lembra? Eu adorava, eu li ele com oito ou nove anos e fiquei apaixonado. Um tipo bom de livro pra cativar o leitor é Matilda do Roald Dah, adorava, li mil vezes, também é da literatura estrangeira. No Brasil tem ótimos livros juvenis, Adriana Falcão tem uns muito bons, “Luna Clara e Apolo 11” é um livro lindo.

Recentemente acabei de ler um livro da Chimamanda Ngozi, é uma autora nigeriana da Companhia das Letras, o livro fala sobre identidade nigeriana africana, o que é ser africano hoje em dia. É um romance maravilhoso.”

Identificação com a escrita

“Minha paixão pela escrita veio na faculdade mesmo, eu gostava de ler, mas escrever mesmo, só na faculdade. O professor que me motivou foi o Paulo Henriques Britto.”

A nova fase do colunista retrata bem um profissional que é multifacetado, do palco para a internet, de lá para o cinema e dele para as páginas do jornal.  E em todas as mídias trabalhadas por Duvivier ele sempre trouxe a temática do humor. Na entrevista foi questionado se agora nos textos há um limite no humor para que seu espaço no jornal não seja interpretado como brincadeira, e foi bem enfático ao responder.

“Eu gosto na verdade disso, de a pessoa ficar pensando se é uma brincadeira ou não. Eu acho que isso é bom, esse tipo de provocação. É bom porque todo mundo quando lê uma coisa tem que duvidar um pouco, as pessoas têm que parar de acreditar em tudo que lê. Então acho bom brincar com isso ‘será que esse cara está falando sério, ‘será que ele não está’, eu adoro esse lugar entre o humor e o jornalismo. Então como o jornal é um lugar de seriedade, quando você escreve, as pessoas acham que você está falando sério.”

Há diferença entre o público da internet e do jornal?

“Não! Eu não vejo muito assim, eu acho que é o mesmo público. O público que me lê na Folha é o mesmo que me acompanha. As pessoas volta e meia perguntam, ‘como vou escrever para um público adolescente?’. Aí fazem umas coisas bobas pra adolescentes, eles gostam de qualidade, como qualquer pessoa. Se você faz uma coisa boa o adolescente vai gostar, de verdade. Esse foco no adolescente eu acho ruim, por exemplo, quer focar na internet e fazer uma coisa bombar? Isso não existe, se for bom vai fazer sucesso na internet ou no cinema. Acho que o Porta dos Fundos, por exemplo, poderia acontecer no cinema ou na televisão. O que mais viraliza no mundo é a qualidade.”

Polêmica durante as eleições:

Durante o período eleitoral Gregório escreveu alguns textos que incomodou algumas pessoas adeptas a partidos políticos de direita. O motivo foi o humorista ter declarado apoio à candidatura da petista Dilma Rousseff, em alguns textos. Dá pra citar como exemplo a crônica “Chupa, Dado”, em que ele revida as críticas recebidas pelo ator Dado Dolabella, 34, e explica os motivos de ter declarado seu voto no PT.

A nova publicação também teve um grande número de visualizações e críticas, e o autor explicou à nossa equipe como interpretou e lidou com esse momento.

“Escrever pra jornal é outro tipo de relação com o leitor, porque as pessoas já leem jornal com pedras nas mãos. Já veem querendo te julgar e odiar. Na primeira crônica já tinha gente me xingando. Nas minhas crônicas gosto de expor a minha opinião, que é no geral mais de esquerda. E as pessoas tem ódio da esquerda no Brasil, a gente tem uma direita muita raivosa e medrosa no Brasil. Dizendo que tudo vai virar uma ditadura ou vai virar Cuba. Basta dar uma opinião um pouquinho mais forte que você vai ser xingado. Triste né?”

Gregório escritor:

“Estou escrevendo um livro, um romance. Na verdade nem tem nome ainda. É um projeto para o ano que vem.”

 

Texto e foto: Ítalo Lopes

Audio: Priscila Mendis

 

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