A história de pessoas por meio das cartas

A história de pessoas por meio das cartas

Imagem: Reprodução/Google

Por Bruna Valentim

Cartas para Julieta, Querido John, Razão e Sensibilidade, Orgulho e Preconceito; essas são apenas algumas obras da ficção clássica e contemporânea onde as cartas são consideradas um personagem importante, com poder de ditar os rumos das situações na trama principal. As cartas contam segredos, dores, declaram paixões, arrependimentos e novidades.

 

Desde o início dos tempos a comunicação por meio da escrita foi essencial para as relações humanas. As cartas foram, por anos, o único meio de comunicação entre pessoas queridas que estão distantes, elas podem ser carregadas de palavras de amor, frustração, carinho e raiva. Cartas já tiveram o poder de começar alguns relacionamentos e finalizar outros. Por vezes enviar cartas é o único meio encontrado por pessoas com dificuldades de verbalizar seus sentimentos e anseios. Cartas podem ser tanto um ato de amor quanto um ato político.

 

No dia 25 de janeiro, é comemorado o dia do carteiro, o principal meio entre o mensageiro e o receptor. O profissional que trabalha horas por dia faça chuva ou faça sol para que as correspondências cheguem até seu destinatário final. Seja o cartão postal de um amigo que está distante, uma conta a pagar, um encomenda há tempo ansiada, uma carta de alguém especial.

 

Com o surgimento da tecnologia, o envio de cartas manuscritas foi diminuindo, sendo substituída por fax, emails e as populares mensagens instantâneas. O uso da tecnologia foi um grande auxílio para acelerar diálogos e transmitir notícias em tempo real.  Mas ainda há pessoas apegadas a prática intrínseca de pegar uma caneta, um papel e colocar seus sentimentos ali, um ato cada vez mais raro e por consequência valorizado.

 

Larissa Ohana, 23 anos, escreve crônicas o tempo todo e disponibiliza na internet para seus textos. Com páginas em plataformas online a estudante de moda se sente confortável ao compartilhar com mundo suas emoções. Larissa não se recorda de escrever cartas diretamente direcionadas a alguém, mas gosta da pessoalidade da ideia “Acho muito legais, mas é algo que não é do nosso tempo. O que atrapalha é a dificuldade das notícias alcançarem seus destinos, que é o que acontece com as redes sociais. Talvez se houvesse uma forma de fazer isso de forma online, seria interessante. Hoje provavelmente eu escreveria para pessoas queridas, gente que eu amo, contaria sobre minha vida e perguntaria sobre a vida delas”.

 

A funcionária pública Maria Silva de 55 anos, por outro lado lembra com nostalgia de sua juventude e sobre a importância das cartas em suas relações “Já escrevi muitas cartas de amor, muitas. Me comunicava assim com um noivo do passado, que não era aceito pela família na época. Trocamos confidências e juras de amor por muito tempo. Também foi por carta que finalizamos nosso relacionamento. Descobri uma traição e estava tão chateada que não conseguiria encara-lo pessoalmente, então escrevi uma carta.” Relembra “Hoje em dia as coisas estão​ mais rápidas, mas tinha algo especial em tirar uma parte do seu dia, escolher um papel de carta, um envelope, ir até o correio ou esperar ansiosamente o carteiro. Eram coisas simples que traziam felicidade” finaliza

 

Por sua vez o publicitário Henrique Ferreira de 25 anos, conta que escreve cartas independentemente delas serem entregues, escrever sempre me ajudou ou não “Tive um momento difícil na minha vida, tava com um forte bloqueio criativo e depois disso dei uma pausa, mas eu escrevo sempre sempre sempre. Hoje em dia tudo é muito virtual, cartas você escreve e guarda. As coisas virtuais vão e voltam. Eu envio muitas cartas então não sinto falta de enviar, mas sinto de receber. Hoje com as redes sociais tudo tá muito impessoal. Então eu recebo textos pelo twitter, facebook, emails… Mas cartas a punho eu posso contar nos dedos quantas já recebi. Se eu fosse escrever uma carta hoje, escreveria para o meu eu do passado, contando um pouco como estão as coisas aqui agora. Escreveria para o Henrique adolescente, acho que seria legal, receber umas atualizações, umas palavras de conforto de mim agora”.

 

No Facebook existe um grupo com essa finalidade, as pessoas contam seus problemas, dramas pessoais, histórias, e deixam sua caixa postal, para quem ler e se identificar de alguma maneira ou quiser ajudar, possa enviar uma carta.

 

Além do Dia do Carteiro, também é comemorado os 355 anos dos Correios. Simone das Graças, que trabalha na firma desde de 2002,  ressalta que a empresa mudou muito ao longo dos anos, o que se deu devido ao avanço da tecnologia “Hoje quem procura o serviço de envio de cartas é majoritariamente  familiares de pessoas em situação carcerária, com isso o foco social mudou um pouco e hoje em dia serviços de sedex são os mais procurados, então a empresa dá mais importância ao transporte de mercadorias. Fazemos vários serviços bancários também pois temos convênio com o Banco do Brasil,temos telefonia e outros serviços do gênero”

 

Em caso de dúvidas quanto ao funcionamento das agências dos correios Simone explica “O recebimento de cartas pelo destinatário não mudou e é entregue no endereço colocado na caixa de correios quando registrada em casos de encomenda a mesma é entregue com a assinatura do receptor”.

 

 

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