Je suis Charlie, uai!

Je suis Charlie, uai!

+ 5 perguntas que você estava com vergonha de perguntar:

 

Inaugurada na quarta-feira, 11, a exposição “Je suis Charlie, Uai”, apresenta trabalhos de 24 cartunistas mineiros (Aragão, Aroeira, Lor, Mário Vale, Melado, Nílson, Son Salvador, Thalma, Alves, Duke, Dum, Edra, Genin, Guto Respi, Janey, Jorge Inácio, Lute, Mello, Nelson Cruz, Quinho, Chantal, Nani e Rico. E como convidado especial, Ziraldo) que produziram charges especialmente para homenagear os colegas de profissão do jornal Charlie Hebdo – que foram assassinados no dia 07 de janeiro.

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“Essa exposição nasceu da intenção de alguns cartunistas de prestar solidariedade aos franceses. É um tributo à memória do Charlie e das outras vítimas do atentado. E também é uma luta dos cartunistas pela liberdade”. explicou José Carlos Aragão, idealizador da homenagem junto à AFBH.

No dia da abertura da exposição, foi lançado um manifesto a favor da liberdade. “Nós, mineiros, temos uma relação muito próxima com a Revolução Francesa. Foi a partir daí que surgiram os Inconfidentes. O sentimento de liberdade está até estampado na bandeira de Minas”, completa Aragão.

A exposição ficará disponível para visitação até o dia 07/03 na galeria Georges Vincent, Rua Tomé de Souza, 1418, Savassi. Entrada gratuita.

1- Charlie Hebdo, quem?

Charlie Hebdo é um jornal francês satírico e semanal que não tem medo de ofender. O jornal tira sarro de políticos e líderes religiosos, de todos os matizes, e faz parte de uma tradição de sátira política e religiosa na França secular. Mas o jornal também foi acusado de ser anti-islâmico, antissemita e racista, e que o conteúdo é puramente inflamatório e ofensivo.

2- E então?

No dia 07 de Janeiro passado, os irmãos Saïd e Chérif Kouachi invadiram o jornal Chalie Hebdo junto aos seus fuzis Kalashnikov e assassinaram 12 pessoas – que inclui membros da equipe e policiais. Os irmãos Kouachi são homens franceses, de origem Argélica, e são muçulmanos que se sentiram ofendidos com as caricaturas que o Charlie Hebdo publicava. As sátiras que faziam piadas sobre líderes islâmicos, ao profeta Maomé e ao Deus Alá foi, aparentemente, a motivação dos irmãos para atacar a redação do jornal.

3- Por que tanta sensibilidade por algumas charges?

Nas charges que a Charlie Hebdo publicava, o profeta ou o deus islâmico (assim como outros líderes religiosos) tinha toda a característica grandiosa, inacessível e misteriosa totalmente retirada. As figuras santas que só estão disponíveis no altar ou em livros sagrados eram convidadas a agir como humanos. Então, de repente, Alá, que os mulçumanos só viam como o criador dos céus e da terra e que não há nada semelhante a Ele no mundo, caricaturado com as nádegas de fora. Numa religião tão tradicional, onde ainda em alguns países islâmicos as mulheres não conquistaram o direito de dirigir carros, ter o profeta despido para o mundo, rebaixando-o a condição de homem é muito ofensivo para os mais crentes.

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O islamismo é uma religião tão antiga quanto o judaísmo e o cristianismo. Só que o Islã não teve uma reforma ou modernização da sua fé em séculos! Não houve um muçulmano revolucionário como houve cristãos: Matin Luther King, Joana D’arc, alguns Papas. Ou seja, a religião Islâmica ainda mantem o pensamento medieval que todas outras um dia tiveram.

4- “Je suis Charlie”? Que isso?

“Je suis Charlie” foi o slogan do movimento que aconteceu logo depois dos assassinatos na redação do jornal Charlie Hebdo em prol da liberdade de expressão. Traduzido para o português o slogan significa “Eu sou Charlie” foi escrito em cartazes e perfis do Facebook numa demonstração de simpatia pelas mortes provocadas pela intolerância de muçulmanos extremistas. Mas muitas pessoas aderiram à causa pois protestavam à liberdade de pensar e falar livremente, não necessariamente estando de acordo ou comprando as caricaturas do Charlie Hebdo.

5- “Je suis Charlie, Uai”? Uai?

24 chargistas mineiros fizeram cada um uma charge para homenagear os colegas do Charlie Hebdo assassinados. Os trabalhos se transformaram na exposição “Je suis Charlie, Uai”. Entretanto, a exposição não deixa de ser uma reedição da exposição de 1977 em que a maioria dos chargistas que ontem se reuniram para lançar a exposição “Je suis, Charlie, Uai” estavam manifestando naquele mesmo lugar, pelo mesmo motivo: liberdade de expressão. Em 77 eles viviam em uma ditadura e tinham suas charges proibidas de circularem. E agora, com o incidente trágico na França – que se mostrou uma nova tentativa de censurar pela intimidação- e com toda censura velada que vivemos no Brasil de hoje sob forma de sentenças judiciais e pressões, os chargistas daquela geração e os da nova se juntaram para lutar contra a causa da livre expressão do pensamento.

Texto e fotos: Camila Lopes Cordeiro

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