Mesmo com a procura em alta, tatuagens ainda podem oferecer riscos a...

Mesmo com a procura em alta, tatuagens ainda podem oferecer riscos a saúde

As tatuagens que podem oferecem riscos a saúde, se não forem realizadas com as tintas regulamentadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). As pinturas são feitas, ‘em sua maioria com pigmentos de origem mineral e com agulhas específicas para tatuagens, e que devem ser sempre descartadas e nunca mais reutilizadas, mesmo que seja na própria pessoa.

Os produtos químicos na tinta da tatuagem são outra causa de preocupação, algumas pessoas podem apresentar reações alérgicas à tinta, como dermatite (irritação grave na pele), muitos pigmentos utilizados em tintas de tatuagem são de nível industrial e muitas vezes são adequados para tinta de impressão ou pintura de automóveis.

Para a dermatologista Mariane Assis, o principal risco de se fazer  tatuagens hoje em dia são as queloides e dermatites que podem ocorrer, caso a pessoa não cuide após a realização da tatuagem, “pode acontecer a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis, como por exemplo a hepatite B (HBV), de hepatite C (HCV) e do vírus da imunodeficiência humana (HIV)”, explica.

Em casos que a pessoa não observa o local em que está fazendo a tatuagem e a origem das agulhas o risco pode ser ainda maior “podemos dizer que em casos em que a agulha esteja infectada, a probabilidade de contágio é de 16% para hepatite B, de 12% para hepatite C e de 0,5% para HIV.”, complementa Assis.

Legislação

Não há ainda, no nosso país, uma legislação em nível federal sobre a aplicação de tatuagens. Existem, contudo, vários projetos de lei em tramitação. No estado do Paraná existe um projeto de lei do deputado Gilson de Souza ,que  estabelece uma mudança na Lei Estadual n.º 12.242, de 31 de julho de 1998, que atualmente permite a aplicação de tatuagens em menores de 18 anos, desde que os pais ou responsáveis o autorizem por escrito. A esse projeto foi anexado o Projeto de Lei n.º 379/12, do deputado Dr. Batista (MD), que visa proibir, além da tatuagem, piercings e outros adornos perfurantes (com exceção de brincos), em menores de 18 anos.

Em Belo Horizonte, uma lei municipal do ano de 2003, assinada por Fernando Pimentel, proíbe que pessoas menores de 18 anos, façam tatuagem, o texto, porém, não detalha se as pessoas podem fazer com a autorização dos pais ou responsáveis.

O arrependimento depois das tatuagens

Existem alguns dados acerca do arrependimento de se fazer uma tatuagem. Estudos referem que cerca de 10% dos tatuados decidem remover seus desenhos. A pesquisa de Armstrong et al, cita, por exemplo, que as tatuagens feitas impulsivamente na juventude causam arrependimento anos depois. Na mesma pesquisa, 75% dos que se arrependeram de ter feito a tatuagem tinham entre 12 e 19 anos, quando a fizeram; 38% sentiam-se “desviados”, no momento em que tomaram a decisão de se tatuar, e 32%, não.

O tatuador Fred Lima, que tem um estúdio localizado na Avenida Afonso Pena, na região central de Belo Horizonte, explica que é a favor da lei que proíbe pessoas menores de idade de realizarem tatuagens sem a autorização dos responsáveis.”essa lei é muito importante, por que muitas vezes as pessoas fazem as coisas por impulso, ou por que um amigo deu a ideia, geralmente quando a pessoa está na adolescência, ela ainda não tem uma mente formada sobre o assunto.” esclarece.

Segundo o estudo das autoras Varma e Lanigan, em 48% dos casos, o primeiro motivo para a remoção de uma tatuagem foi o desejo de melhorar a autoestima; 24% desejavam remover uma lesão socialmente estigmatizante e que, em sua opinião, gerava descrédito; 13% o fizeram por pressão familiar; 12%, por aspectos empregatícios e 3%, por outras razões.

Lima explica que já tiveram casos em que a pessoa se arrependeu de ter realizado a tatuagem: “a mulher queria tatuar uma erva, idêntico ao que uma pessoa tinha, eu expliquei como era realizado o procedimento, utilizei uma série de cores, depois de um tempo, a pessoa alegou que não havia ficado como ela queria e resolveu denegrir o meu trabalho e a minha arte.”, desabafa..

Em 2013, a Revista Super Interessante, da Editora Abril, realizou um senso com uma pesquisa inédita por meio das redes sociais, com mais de 80 mil entrevistados e 150 mil tatuagens mapeadas. Durante a realização desse senso, constatou-se que a maioria dos entrevistados são jovens, tem ensino superior e ganham bem.

Cuidados ao fazer a escolha do local

Ao decidir entre uma tatuagem ou piercing, é preciso alguns cuidados, sugeridos pelos profissionais do segmento. Existe um projeto de lei em tramitação em regime de urgência na Câmara dos Deputados (PL 2104/07) que prevê a formação dos profissionais em cursos de primeiros socorros, biossegurança e controle de infeção, que já são procurados por alguns profissionais. Atualmente, os estúdios precisam apenas do alvará da Vigilância Sanitária.

Para o vice-presidente da Associação Brasileira de Tatuadores e Perfuradores do Brasil (ATPB), é preciso estar sempre atento: “antes de fazer a escolha de um estúdio, o cliente deve verificar se ele tem alvará para funcionamento”, explica Ronaldo Sampaio.

Ele esclarece também que o próximo passo é verificar a qualificação do profissional para prestar o serviço e ainda ficar atento aos materiais utilizados: “hoje muitos profissionais utilizam produtos e tintas descartáveis e máquinas importadas, mas há também produtos nacionais. O maior problema são as falsificações, material sem garantia de procedência. A China, por exemplo, fabrica piercings com garantia e outros sem a procedência. A presença de metais pesados ou metais irregulares pode causar danos à saúde”, esclarece Sampaio.

Por Raphael Duarte

Foto: Site Fotos Tatuagem / Divulgação

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