Nova abordagem para o tratamento da dependência química

Nova abordagem para o tratamento da dependência química

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Os tratamentos para dependência química sofreram diversas alterações ao decorrer dos anos, a principal delas pode ser considerada a política de Redução de Danos, que caracteriza-se como uma abordagem ao fenômeno das drogas visando minimizar danos sociais e à saúde, associados ao uso de substâncias psicoativas. A abordagem de Redução de Danos hoje, atua na perspectiva transdisciplinar de saúde, cultura, educação, assistência social, trabalho e renda, visando a garantia do cuidado e dos direitos.

Impulsionado pela política de Redução de Danos, nasceram os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial). São mais de dois mil Centros espalhados pelo país. Em Belo Horizonte, os CAPS são também denominados CERSAMs (Centros de Referência em Saúde Mental).

Para o tratamento exclusivo de usuários de álcool e drogas, existem os CAPSad: Esse tipo de CAPS possui leitos de repouso com a finalidade exclusiva de tratamento de desintoxicação. Os CAPSad devem oferecer atendimento diário a pacientes que fazem um uso prejudicial de álcool e outras drogas, permitindo o planejamento terapêutico dentro de uma perspectiva individualizada de evolução contínua. Diferentemente de políticas anteriores, que visavam a internação dos dependentes em hospitais psiquiátricos sem qualquer avaliação especializada.

É importante salientar, que para ser atendido num CAPS pode-se procurar diretamente esse serviço, ou ser encaminhado pelo Programa de Saúde da Família ou por qualquer serviço de saúde. A pessoa pode ir sozinha ou acompanhada, devendo procurar preferencialmente, o CAPS que atende a região onde mora. O serviço é gratuito.

Em entrevista com a psicóloga Luciene Vasconcellos, gerente do CERSAMad Pampulha/BH, podemos entender melhor o caminho que o dependente percorre no Centro para sua recuperação.

* O paciente chega na ala do CERSAMad e é avaliado na enfermagem. São avaliados os dados vitais e se há alteração de pressão, se há náusea, tremor, colhendo a história clínica dele na enfermagem.

* Depois ele vai para o acolhimento e passa pelo técnico de referência, serviço que funciona com plantonistas de 7h às 13h e de 13h às 19h. Existem profissionais para avaliação de cada caso.

* O paciente pode ser atendido todos os dias, somente alguns dias do mês, ou até mesmo permanecer por um determinado período como residente diurno e noturno, dependendo de cada caso.

* Ele terá direito a alimentação, banho, leito e a medicação.

* Durante o processo o paciente terá acesso a várias atividades terapêuticas, como grupo de mulheres e homens para acolhimento, oficinas de sexualidade, rodas de conversa sobre diversos temas, oficinas de culinária, entre outros.

* Para o lazer, o paciente participa de festas internas, passeios, banhos de piscina, etc.

* Em questão de projeto social, orienta-se a eles buscar cursos ofertados por ONGs, como curso de jardinagem, pizzaiolo, padeiro, etc.

* O tempo de recuperação depende de cada usuário.

A psicóloga salienta, que sempre vê a droga do ponto de vista de “Como é a minha relação com ela. A droga pode ser várias coisas. Compulsão por diversas coisas. Tem muito de como eu uso a droga e para qual finalidade. A droga e seu significante sou eu que dou. O que eu vejo nisso, e qual a sensação que eu sinto nisso. O tratamento se dá pelo consenso. ” Sendo assim, por meio de um consenso entre paciente e especialistas, a Redução de Danos busca o tratamento e a reintegração do dependente químico à sociedade, de forma mais individualizada e eficaz.

Matéria produzida pela aluna do quarto período de jornalismo, Franciele Almeida Jardim, na disciplina de TIDIR/JOR2B

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