O Caminho da Roça

O Caminho da Roça

Caminhar pela cidade é o que milhares de pessoas fazem a todo o momento. É a rotina parcelada em 365 dias. Será que as pessoas têm consciência da importância de cada rua em que transitam e o quanto aquelas vias representam para sua vida?

A Rua da Bahia é a rua dos frequentadores do Maletta, dos famosos poetas, dos atletas do Minas Tênis Clube, dos casamentos na disputada basílica de Lourdes, dos pipoqueiros, dos escritores da Academia Mineira de Letras, dos estudantes, dos apreciadores dos bons happys hours, dos taxistas, dos moradores, e de todos os caminhantes que, por um momento ou outro, já passaram por ali.

Sem desmerecer a tradição do passado e de tantas histórias – é justo também mostrar a realidade do presente: o que a Rua da Bahia representa no cotidiano atual de alguns caminhantes? É nessa transição do passado para o presente que a rua ganha novos personagens que registram, de um modo invisível, uma parte de sua história nesse espaço urbano das cidades.

Hoje quem caminha com intimidade por ela é o atleta de vôlei Lucas Loyola, 19 anos, mineiro da cidade de Gouveia, interior do Estado, que desde os 15 anos sobe e desce Bahia todos os dias. Com passos tranquilos e um olhar sereno, Loyola transmite maturidade de quem sabe aonde quer chegar. O atleta acorda cedo, toma café da manhã em casa e se prepara para o treino no Minas Tênis Clube. A rotina começa com uma caminhada subindo Bahia em direção ao Clube, que dura cerca de 15 minutos. Sai de casa às 10h30. Entra pra treinar às 11h e sai às 14h. Almoça. Desce Bahia pra voltar pra casa. Toma um banho e sobe Bahia de novo pra ir pra Agência, localizada próximo ao Minas Tênis – onde há um ano iniciou uma carreira paralela como modelo.

O atleta considera a rua bem completa porque apresenta várias opções para seu dia-a-dia: “Prefiro caminhar pela Rua da Bahia porque é movimentada – tem lanchonetes, restaurantes e academias funcionando o tempo todo. É uma rua que oferece opções culturais que outras ruas não têm; vejo pessoas de todas as classes sociais”.

Com um sorriso no rosto, Lucas conta que a Rua da Bahia foi a referência: “desde o primeiro dia que cheguei em BH, lembro que estava no centro e saí perguntando onde ficava o Minas – era o dia do meu teste pra jogador de vôlei, e todos respondiam: suba a Rua da Bahia até você ver o Clube”. O atleta hoje mora na Rua Espírito Santo, no centro, paralela à Rua da Bahia. “Mas já morei em Contagem e no bairro Caiçara e meu caminho era o mesmo: descia do ônibus no início da Bahia e subia até o Minas”. Para ele, a Rua da Bahia se tornou “o caminho da roça”.

Por: Juliana Costa e Samara Brasil

Foto: Juliana Costa

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