O Jogo de Interpretação ganha espaço em Belo Horizonte

O Jogo de Interpretação ganha espaço em Belo Horizonte

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Imagem retirada da fanpage do Graal- MG no Facebook

Por Kedria Garcia Evangelista

 

A Praça José Mendes Júnior, localizada em frente à Casa Fiat de Cultura, tornou-se palco de muitas brincadeiras para jovens-adultos. Live Action Role-Playing – LARP ou Jogo de Interpretação, é uma das formas que o público encontrou para jogar RPG (Role Playing Game) e vem ganhando espaço no mundo nerd. As atividades são realizadas normalmente aos domingos, em que jovens armados com espadas de espumas e algumas vezes caracterizados com vestimentas da Idade Média, se encontram para treinar e desenvolver habilidades, simulando batalhas.

O entretenimento é baseado na imaginação, o faz-de-conta domina a praça e os olhares já esquecidos da infância, voltam com a energia necessária para a brincadeira.

 

LARP

É uma sigla para Live Action Role Play. O Role Play é um termo em inglês que representa criar um papel, um personagem, e interpretá-lo dentro de um contexto, uma história. “É similar ao RPG (Role Playing Game), mas este é jogado normalmente em uma mesa, com dados, papel e caneta. O Live Action se joga ao vivo e em tempo real. Por esse aspecto, o LARP se aproxima da prática teatral”, explica Daniel Prado Cozensa, um dos organizadores do Graal – MG, grupo que é um dos responsáveis por promover e difundir o LARP em Belo Horizonte.

A prática vem ganhando vários admiradores por trazer a magia da criatividade. “Cada jogador entra em um personagem e começa a agir, falar e até pensar como ele. Assim como os livros, jogos e peças teatrais, existem vários tipos e gêneros de LARP, como aventura, comédia, terror, ação, drama, e variando entre temas, como um medieval fantástico, contemporâneo, futurista, até um mundo pós-apocalíptico. ”, completa Cozensa.

 

Início | Onde surgiu

Cristiano Guerra, um dos fundadores do Graal – MG, lembra como foi o início: “No Anime Festival de 2004, eu e mais cinco amigos conhecemos e ficamos maravilhados com o Graal – RJ, que estava se apresentando no dia. A galera do Rio de Janeiro tentou ficar por aqui, mas não deu muito certo, houve muito conflito de lideranças, então eles foram embora e deixaram duas espadas aqui com a gente e falaram ‘Boa Sorte’. Logo nos tornamos um grupo e assim foi a primeira era do Graal – MG, com oito organizadores. ” Ainda, de acordo com Guerra, a partir deste momento o grupo foi crescendo com amigos e amigos de amigos. Outra atividade que o grupo oferece é o Swordplay, que é uma prática esportiva de simulação de combate usando armas acolchoadas, e tratando-as como se realmente fosse de metal ou madeira. Os trajes são levados a sério, o que facilita ao jogador entrar no personagem.

Segundo a organização, qualquer pessoa pode participar das atividades propostas, para os menores de 15 anos é necessário ter um acompanhamento de um responsável. “O LARP de forma geral, ao redor do mundo, é uma comunidade bem acolhedora, tendo uma grande porcentagem de membros LGBT, e da comunidade Geek e Cosplayers, artistas marciais que também compõem grande parte da comunidade”, De forma geral, para participar de um LARP basta entrar em contato com quem estiver organizando e aparecer no dia. No Brasil os jogos de LARP são gratuitos, recebendo doações de membros, então não existe uma barreira financeira, fora o transporte “Mesmo assim pode ser que alguém more perto de você lhe dê uma carona.”, afirma André Vaz de Melo Raymundo Bacha, participante e um dos ex- organizadores.

 

A Praça

A Praça José Mendes Júnior, já apelidada de Praça do Graal, acolhe esse público há treze anos, foi escolhida por ser de fácil acesso, não ter uma circulação grande de pessoas e possuir capacidade de receber um número considerável de jogadores. “Ainda temos problemas, por exemplo, em épocas chuvosas, em que acabamos tendo que interromper as atividades. Mas é um local familiar, tanto para os membros antigos quanto as pessoas que frequentam a região da Savassi, Praça da Liberdade e do Parque Municipal. ” Explica Cosenza.

“No geral, escolhemos locais mais vazios para realizar nossas atividades. A maior parte das interações com o público enquanto estamos jogando não são um problema. As pessoas se divertem assistindo e várias são bem-educadas, mas alguns jogadores se sentem desconfortáveis atuando na frente de desconhecidos e alguns espectadores acabam atrapalhando a imersão e fluidez da cena. ” Alega Daniel, afirmando que os olhares já não o intimidam e com muito orgulho carrega pela a cidade seus aparatos como espadas, lanças, escudos, arcos, roupas de personagens e máscaras.

Imagem retirada da fanpage do Graal- MG no Facebook

 

Bacha, considera o LARP como uma peça de um quebra cabeça que ele sempre sentiu faltava na sociedade. “Algo tão necessário quanto a educação científica que recebemos na escola, sinto que é uma ajuda sobre o aprendizado emocional”, destaca. De acordo com o jovem, se feito corretamente o LARP é um excelente ambiente para testar nossas maiores ambições, como mudar o mundo ou a nós mesmos. “Eu recomendo àqueles que desejam participar, que façam um personagem, que exagere todos os seus defeitos e qualidades, uma persona. Ao colocar essa abstração dos seus medos e ambições a teste, frente às outras pessoas, você pode aprender muito sobre a sua própria personalidade e até onde você consegue concluir seus objetivos sendo limitado por seus defeitos, e se tornar uma pessoa melhor. Sem ter o risco de ser julgado por suas ações. No LARP temos o conceito: ‘o que acontece dentro do jogo fica dentro do jogo, o resto é aprendizado’. Então se você quiser fazer algo que sempre quis fazer e ver as repercussões disso em um ambiente controlado, esse é o lugar. ” Finaliza Bacha.

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