Qual o limite da rivalidade?

Qual o limite da rivalidade?

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“O europeu é viril, mas leal; ao passo que o brasileiro é bruto e desleal”. A frase que Nelson Rodrigues usou para compor o sua crônica “Tristíssimo Brasil”, do livro “A Pátria de Chuteira (2013)”, mesmo antiga, retrata o atual cenário do futebol e das torcidas no mundo. Uma Europa que registra cada vez menos casos policiais em relação ao futebol e um Brasil que enfrenta dificuldades em lidar com suas torcidas.

Com a proximidade de dois clássicos entre os maiores times de Minas Gerais, volta à tona os questionamentos: Será que é possível ter paz entre as torcidas? Poderá voltar às duas torcidas dividindo um estádio?

O casal Igor Dumont, empresário, e Izabela Rodrigues, estudante, 26 e 23, dizem que o fato de ele ser cruzeirense e ela atleticana nunca atrapalhou o relacionamento. “Não sou do tipo de atleticana que odeia o Cruzeiro. O Igor é mais fanático, às vezes me irrito com alguma piada, mas logo passa (risos). Não é nada que atrapalhe nosso relacionamento”, declara Izabela. Igor concorda com o pensamento da namorada e ressalta que o limite para as brincadeiras envolvendo o futebol está no respeito, “não são adversários, são parentes, amigos e pessoas”.

O casal ainda provou que é possível juntar as duas torcidas quando ela assistiu ao jogo entre os dois times na torcida do Cruzeiro.  “Eu nunca tinha ido ao Mineirão depois da reforma. O Igor é sócio torcedor e vai a todos os jogos, ele me chamou para ir ao clássico e fui na torcida do Cruzeiro, vestida com a camisa da Argentina (risos). Foi ótima a experiência, não me incomodei em assistir o jogo com os cruzeirenses. O difícil foi segurar o grito de comemoração, pois o Galo ganhou de 3×2”, declarou Izabela.

O também torcedor do Cruzeiro, Bianchi Costa, 36, operador industrial de logística, casado com a atleticana Liliam de Oliveira, 36, costuma assistir aos jogos junto com a esposa. Para Costa, apesar de serem torcedores de times opostos, a relação entre o casal é ótima, mas desabafa “dia de clássico é tenso, haja coração, é tanta coisa, fecha o olho quando o adversário ataca, fica mexendo os pés, vai na cozinha, no banheiro, olha a rua, enfim, cada um tem um jeito de torcer e aliviar a tensão”. Para a esposa Liliam, assistir os jogos juntos é tranquilo e para não brigar eles tem a receita: “nós não brincamos, só comentamos”.

O primeiro jogo que decide a Copa do Brasil vai ao ar nesta quarta-feira, 12, às 22 horas, e terá a participação apenas da torcida do Atlético, deixando alguns torcedores indignados, tanto pela forma de divisão das torcidas quanto pelo preço dos ingressos, “acho que tinha que ser meio a meio e o preço está altíssimo, pior que Champions League” afirmou o empresário Bruno Gomes, 32.

Texto e foto: Ítalo Lopes

Capa: Umberto Nunes

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