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Artes plásticas

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Obra do artista cubano Gustavo Pérez Monzón.

Uma explanação livre a partir da exposição “Construções Sensíveis” e de depoimentos colhidos nela; percurso em texto e vídeo:

Texto por Petros Farias*
Vídeo por Guilherme Jardim*
(Alunos do curso de Cinema e Audiovisual do Centro Universitário Una)

*(Texto editado pelo jornalista Felipe Bueno).

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Por Moisés Martins

Foto: Moisés Martins

Mesmo após sua morte, Basquiat, um dos poucos artistas plásticos negros a ganhar projeção, continua quebrando tabus no mundo da arte

JEAN-MICHEL BASQUIAT | Lombo [Loin], 1982 |
As obras da coleção Mugrabi compõem a maior exposição de Basquiat já realizada na América Latina, em cartaz no Centro Cultural do Brasil Belo Horizonte (CCBBBH). Sucesso de público e crítica em São Paulo e Brasília, a mostra segue em cartaz na capital mineira até o dia 27 de setembro, e depois é a vez do Rio de Janeiro receber o trabalho do artista norte americano. A mostra dispõe de mais de oitenta obras, entre pinturas, desenhos e gravuras, espalhadas por todo o 3° andar do centro cultural.

O mineiro radicado em Nova Iorque, Jhonn Simões Braga, de passagem pela capital mineira, aproveitou a oportunidade para ver o trabalho do artista neo-expressionista. “A gente vê muita coisa dele lá, mas quase nunca em uma exposição só. Foi fantástico. Um presente do Brasil para mim”, declara. Por reunir um significativo recorte do trabalho de Basquiat e por destacar as obras de um artista negro, a exposição afirma o seu ineditismo.

Ao entrar na primeira galeria da exposição “Jean-Michel Basquiat – Obras da coleção Mugrabi ”, o confronto com o espaço, um prédio neoclássico, com o acervo da mostra, embebido de referências modernas e muitas vezes influenciado pela cultura pop, é inevitável. Durante a visita, muitas indagações vêm à mente.

O retrato de um artista negro logo na entrada não deveria causar impacto. Mas a imagem de Basquiat no museu tem uma força e carrega consigo muitas questões. Talvez, a principal delas seja a representatividade de artistas negros nos museus.

Para além das discussões sociais, a vida e obra de Basquiat, por si só, é capaz de surpreender aqueles que não conhecem a sua biografia. O que é possível notar nas reações dos visitantes ao longo da exposição, como revela a educadora Paulette Azambuja, graduanda em pedagogia com ênfase em arte. “As pessoas chegam aqui com mil estereótipos, os chamam de drogado, dizem que ele tinha AIDS, que ele viveu na pobreza, e muito por isso, por ele ser um artista negro, o que transforma o foco da visita”, conta.

Ao ir fundo na vida de Basquiat, é perceptível que essas afrontas vêm carregadas de puro preconceito. O artista veio de uma família de classe econômica média, sua mãe sempre acreditou no seu talento, e por isso, sempre o estimulou a desenhar, pintar e a interagir com tudo que se relacionasse às artes.

JEAN-MICHEL BASQUIAT | Flash in Nápoles [Flash em Naples], 1983 |
Basquiat foi um dos raros artistas negros de sucesso, no contexto das artes plásticas, em um universo predominantemente branco. Em sua carreira, trouxe à tona a negritude e os traumas experimentados pelos negros nos EUA.

Um fato marcante que coloca isso em evidência, é quando em sua primeira exposição ele vende todos os seus quadros, fatura duzentos mil dólares, e, logo após, ao tentar pegar um táxi na rua não consegue.

Por outro lado, há pessoas que vão à exposição por se reconhecer na vida dele. O público negro está se sentindo representado por essa exposição, e estão se inserindo no mundo das artes, o que não acontece muito em exposições de artistas brancos, por exemplo.

“A importância de se ter artistas negros, aqui dentro do museu, é para que as pessoas negras possam vir e se sentirem representadas. Muitos visitantes negros nunca tinham conhecido o CCBB e a exposição de Basquiat foi capaz de propor esse momento a eles, precisamos abrir janelas e pensar no acesso democrático de fato, para que todos tenham acesso às artes”, pontua Mateus Mesquita, coordenador do Programa CCBB Educativo.

Por: Moisés Martins e Marcelo Duarte 
Foto: Dimi Silva

Em 8 de maio comemora-se o Dia Nacional das Artes Plásticas. Convidamos o artista Edmilson Antônio da Silva, conhecido como Dimi Silva, para um bate-papo.  Aos 35 anos, ele vive de seu trabalho como autônomo em Belo Horizonte. Brinca com as cores, possibilitando a quem vê  viajar por mundos divertidos. A inspiração é ampla, vai da beleza da mulher negra aos autorretratos de Frida Kahlo (1907-1954), uma das principais pintoras do século XX. “É muito importante ter um dia do artista plástico, mas deveria ter mais eventos e feiras para que possamos mostrar nosso trabalho”,  afirma o artista plástico Dimi Silva.

Como e quando você iniciou nas artes plásticas?

A ideia de ser artista plástico foi algo que surgiu em minha vida. O gosto pela arte vem desde criança. Desde cedo aprendi a desenhar. O tempo passou e, a cada dia, queria aprender mais. Comecei a ter contato com novas técnicas e estilos de desenhos, que me fizeram chegar onde estou. Mas não quero parar por aqui. A cada dia que passa eu aprendo mais, para que meu trabalho fique cada vez melhor.

Como você se vê dentro do mundo das artes?

Eu me considero grande artista plástico. A grande maioria das pessoas não dá valor às artes. Então, fica difícil para o artista ser reconhecido pelo seu trabalho.

Dentro da arte, como você usa a tecnologia a seu favor?

A tecnologia tem nos ajuda bastante.  Uso as redes sociais para divulgar meu trabalho. Por meio das postagens, alcanço público amplo, o que aumenta o  reconhecimento do meu trabalho.

Como você apresenta suas obras?

Faço pinturas expostas em  muros da cidade, onde o público tem contato direto com a arte e com o meu processo de produção. Também participo de algumas feiras de artes.

Com qual outra área das artes plástica você teve contato?

Basicamente foi só pintura mesmo. Pintura de telas, murais, desenhos papel e arte digital.

O que você espera do seu futuro nas artes plásticas?

Busco evoluir cada vez mais, sempre buscando novos conhecimentos e com isso reconhecimento pelo meu trabalho.

Você tem contato com outros artistas?

Tenho muitos amigos no meio artístico, com trabalhos maravilhosos e de diferentes estilos. Para mim é um contato muito importante desde a  parte do aprendizado artístico até questão do respeito com a arte do colega.

Você vê muitos jovens inseridos nas artes plásticas?

No meu cotidiano vejo alguns, mas faltam oficinas, eventos e projetos voltados à juventude para poder despertar o interesse dos jovens pelas artes plásticas.

Aqui podemos ver um pouco de suas obras e sua descrição sobre elas;


Mural realizado na pista de skate do Barreiro/Belo Horizonte. “Assim como a maioria dos meus trabalhos não tem muita a explicação exata, gosto de compor obras voltadas para psicodelismo surreal com bastante movimento e cores vibrantes e objetos de mundos distintos tudo em um mesmo lugar”


“Trabalho realizado para uma cliente. Tinta acrílica sobre papel, retratando um ícone e referência. A pintura é releitura de uma das obras de Frida Kahlo, com cores, objetos e movimentos sempre presente no meu trabalho”.

Fotografia: Lucas D'Ambrosio

Em comemoração à chegada do natal de 2016, o circuito cultural da Praça da Liberdade recebe uma série de ações para comemorar a data. Uma delas é o Circuito de Presépios e Lapinhas de Minas Gerais, que pretende ampliar a participação de todo o estado na promoção do patrimônio cultural mineiro. Entre os dias sete de dezembro e oito de janeiro, Belo Horizonte e outras cidades do estado irão participar da programação que, além dos presépios, conta também com apresentações gratuitas de corais, bandas e diversas atrações para o público.

Com iniciativa do Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG), 250 presépios podem ser visitados em 150 cidades por toda Minas Gerais, que possui uma tradição desde o século 18. O objetivo do circuito é promover a Folia de Reis, uma manifestação cultural celebrada na noite do dia cinco para o dia seis de janeiro, em que pessoas saem às ruas, tocando músicas populares e celebrando a chegada dos reis magos e o nascimento de Jesus, uma manifestação folclórica e religiosa.

Fabiano Lopes de Paula, 60, é arqueólogo e funcionário do IEPHA. Um dos curadores da mostra de presépios, ele ressalta a importância de criar um resgate de manifestações culturais pelo estado, como as festividades natalinas. “Resolvemos fazer essa homenagem aos artesãos mineiros festejando as celebrações natalinas que se perdem ao longo do tempo. Temos diversos artistas, tendências e modelos de presépios”, comenta.

Da Paraíba para Minas Gerais

Um dos artistas expositores é Oceano Cavalcante. Filho do nordeste brasileiro, o jovem de 56 anos nasceu “em uma pequena família de 14 irmãos”, como costuma dizer. É enfermeiro de profissão e artista plástico por vocação. No ano de 1979, ao lado de sua família, saiu da sua cidade natal em Areia, interior do estado da Paraíba, com destino às Minas Gerais. Morou em Esmeraldas e posteriormente, Belo Horizonte.

O enfermeiro e artista plástico, Oceano Cavalcante abraçou o estado de Minas Gerais com sua sensibilidade artística e traços da sua terra natal. Fotografia: Lucas D'Ambrosio
O enfermeiro e artista plástico, Oceano Cavalcante abraçou o estado de Minas Gerais com sua sensibilidade artística e traços da sua terra natal. Fotografia: Lucas D’Ambrosio

Sua principal referência artística é o legado deixado pelo mestre barroco Aleijadinho. Porém, o entalhe na madeira como era costume e presente nas obras do artista do Brasil Colonial, deu espaço para a reutilização de materiais encontrados na rua: a essência da obra realizada por Cavalcante. “Meu trabalho de arte possui uma visão ecológica e sustentável. Procuro retirar do meio ambiente o material do meu trabalho. Todos eles vêm da rua”, explica o artista.

Oceano Cavalcante e seu presépio. O reaproveitamento de materiais encontrados na rua criam a estética singular na obra do artista. Fotografia: Lucas D'Ambrosio.
Oceano Cavalcante e seu presépio. O reaproveitamento de materiais encontrados na rua criam a estética singular na obra do artista. Fotografia: Lucas D’Ambrosio.

No presépio que está exposto no salão de entrada do IEPHA, Oceano Cavalcante utilizou três matérias-primas: papelão, garrafa pet e jornal. Suas peças possuem uma estética e tonalidade que referenciam, além das obras barrocas, a terra e o povo nordestino. “Além do barroco, tento transmitir o nordeste com minhas peças. Ele está no meu sangue. Nem o sotaque a gente esquece. Posso estar por anos longe da minha terra, mas ele nunca sai da gente”, ressalta.

Além do IEPHA, outros pontos turísticos que fazem parte do circuito da Praça da Liberdade também recebem exposição de presépios como, a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, o Espaço do Conhecimento da UFMG, o Memorial Minas Gerais Vale, MM Gerdau, Museu Mineiro, Palácio Cristo Rei, entre outros.

Detalhe do presépio exposto na Casa Fiat de Cultura, no Circuito Cultural da Praça da Liberdade. fotografia: Lucas D'Ambrosio
Detalhe do presépio exposto na Casa Fiat de Cultura, no Circuito Cultural da Praça da Liberdade. fotografia: Lucas D’Ambrosio

 

Detalhe do presépio exposto no Memorial Minas Gerais Vale, no Circuito Cultural da Praça da Liberdade. Fotografia: Lucas D'Ambrosio.
Detalhe do presépio exposto no Memorial Minas Gerais Vale, no Circuito Cultural da Praça da Liberdade. Fotografia: Lucas D’Ambrosio.

Fotografias e Reportagem: Lucas D’Ambrosio

Homem caminha pela Praça da Liberdade e observa a montagem de "Triângulos", do artista Victor Monteiro.

No fluxo diário de Belo Horizonte, pouco se nota dos seus detalhes e dos locais pertencentes a ela. Através de um meio inusitado, o artista plástico Victor Monteiro, 31, é um dos representantes de movimentos da arte que visam a releitura dos espaços urbanos que são utilizados pela população, normalmente, de forma imperceptível. Ele criou um meio para desconstruir essa “utilização automática” dos espaços, por meio de sua arte. A Praça da Liberdade, normalmente utilizada como um caminho pelos moradores da região Centro-Sul de BH, seja para irem até o local de seus trabalhos ou para suas casas, outrora, como um espaço de lazer, se tornou a nova galeria aberta de Monteiro.

Com a utilização de filme plástico e fita tipo durex o artista, que é do Espírito Santo, está criando esculturas interativas entre as palmeiras imperiais que cercam o corredor central da Praça da Liberdade. Ao lado de amigos que o auxiliam na montagem, ele utiliza andaimes de aço para elevar a montagem de três triângulos, representando a bandeira do estado de Minas Gerais. A iniciativa é vinculada ao seminário Patrimônio e Arte Contemporânea, do IEPHA e do Inhotim, e tem por objetivo a preservação do patrimônio e noções contemporâneas de urbanismo, arte e ocupação.

Convidado para realizar uma ação na praça, Victor Monteiro explica sobre o Prolongamentos, nome dado à sua intervenção. “Normalmente realizo ele em construções arquitetônicas e tento fazer extensões de paredes, colunas e elementos da construção arquitetônica. É uma proposta que executo desde 2007. Agora, tentei trazer a proposta para o ambiente natural aqui da praça, utilizando as palmeiras como colunas de sustentação. Fiz uma proposta que chamei de Triângulos, trazendo uma relação formal com a bandeira de Minas”., comenta. Para ele, seu objetivo com esse tipo de intervenção e ocupação é fazer com que as pessoas possam interagir no espaço público por meio de uma maneira distinta daquele trivial. “As montagens das estruturas serão realizadas até o dia 18 e a desmontagem será na sexta feira, 19. Utilizamos o filme de plástico para cobrir e proteger as palmeiras e o durex colamos sobre o filme”.

Monteiro relata que algumas pessoas ainda estranham o trabalho que está sendo realizado, principalmente, pessoas mais velhas. Na tentativa de conversar com o público que frequenta a praça, dois jovens falaram sobre suas impressões da arte de Monteiro. João Victor Duarte e Isabel Lima Pontes, estudantes, acreditam que este tipo de projeto é importante para a cidade. “Sinceramente, não entendi inicialmente a proposta. Depois de chegar mais próximo percebi que é uma arte que pode fazer com que as pessoas percebam ainda mais a praça que está à volta delas.”, opina João Victor. Comentando sobre as dimensões do trabalho, Isabel Pontes comenta, “o mais interessante é que força a pessoa a desviar do seu caminho cotidiano. Não tem jeito da pessoa não ver essa estrutura”, finaliza. Triângulos, o trabalho de Victor Monteiro ficará exposto de hoje, 17 até sexta feira, 19, no canteiro central da Praça.  

Reportagem e fotografia: Lucas D’Ambrosio

Obras de arte dos renomados artistas, Di Cavalcanti, Inimá de Paula, Cândido Portinari, Burle Marx, Amilcar de Castro entre outros estão reunidas em uma exposição no Palácio dos Leilões. A visitação do público será aberta amanhã, dia 15, e permanecerá até o dia 19. O critério utilizado para a montagem da exibição das obras está pautado na seleção de peças dos artistas que estão em evidencia. Diferente do que acontece em uma exposição temática, que tem como objetivo expor uma temática específica ou mesmo o trabalho de uma pessoa.

Assim foram reunidos os mais diversos estilos e nomes da arte, dentre figuras do cenário artístico atual e até mesmo gênios que estão vivos simplesmente em seu legado nas artes. O mercado para leilão de arte está cada vez mais aquecido, visto como uma forma de investimento, a procura de pessoas nesse ramo dos negócios aumentou.

“Para se destacar nesse mercado é preciso fazer uma boa captação de obras”, comenta o organizador da exposição, Daniel Rebouço. Ele atribui o sucesso do ramo de leilões de obras de artes à inclinação cultural das pessoas. “À abertura das pessoas que optam por diversificar os investimentos visando comprar obras que no futuro estarão mais valorizadas. Há, também, uma procura de jovens por esse nicho”.

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Uma boa oportunidade para se conhecer verdadeiras obras-primas a exposição espera atrair um público diversificado, para além daqueles que irão com a intenção de fazer negócios. Localizada no Bairro de Lourdes, na Rua Gonçalves Dias número 1866, a mostra da galeria está aberta das 10 às 21 horas, dessa quarta, dia 15 à domingo, 19.

Por: Felipe Torres Bueno

Fotos: Felipe Torres Bueno