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CCBB

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Por Moisés Martins

Foto: Moisés Martins

Mesmo após sua morte, Basquiat, um dos poucos artistas plásticos negros a ganhar projeção, continua quebrando tabus no mundo da arte

JEAN-MICHEL BASQUIAT | Lombo [Loin], 1982 |
As obras da coleção Mugrabi compõem a maior exposição de Basquiat já realizada na América Latina, em cartaz no Centro Cultural do Brasil Belo Horizonte (CCBBBH). Sucesso de público e crítica em São Paulo e Brasília, a mostra segue em cartaz na capital mineira até o dia 27 de setembro, e depois é a vez do Rio de Janeiro receber o trabalho do artista norte americano. A mostra dispõe de mais de oitenta obras, entre pinturas, desenhos e gravuras, espalhadas por todo o 3° andar do centro cultural.

O mineiro radicado em Nova Iorque, Jhonn Simões Braga, de passagem pela capital mineira, aproveitou a oportunidade para ver o trabalho do artista neo-expressionista. “A gente vê muita coisa dele lá, mas quase nunca em uma exposição só. Foi fantástico. Um presente do Brasil para mim”, declara. Por reunir um significativo recorte do trabalho de Basquiat e por destacar as obras de um artista negro, a exposição afirma o seu ineditismo.

Ao entrar na primeira galeria da exposição “Jean-Michel Basquiat – Obras da coleção Mugrabi ”, o confronto com o espaço, um prédio neoclássico, com o acervo da mostra, embebido de referências modernas e muitas vezes influenciado pela cultura pop, é inevitável. Durante a visita, muitas indagações vêm à mente.

O retrato de um artista negro logo na entrada não deveria causar impacto. Mas a imagem de Basquiat no museu tem uma força e carrega consigo muitas questões. Talvez, a principal delas seja a representatividade de artistas negros nos museus.

Para além das discussões sociais, a vida e obra de Basquiat, por si só, é capaz de surpreender aqueles que não conhecem a sua biografia. O que é possível notar nas reações dos visitantes ao longo da exposição, como revela a educadora Paulette Azambuja, graduanda em pedagogia com ênfase em arte. “As pessoas chegam aqui com mil estereótipos, os chamam de drogado, dizem que ele tinha AIDS, que ele viveu na pobreza, e muito por isso, por ele ser um artista negro, o que transforma o foco da visita”, conta.

Ao ir fundo na vida de Basquiat, é perceptível que essas afrontas vêm carregadas de puro preconceito. O artista veio de uma família de classe econômica média, sua mãe sempre acreditou no seu talento, e por isso, sempre o estimulou a desenhar, pintar e a interagir com tudo que se relacionasse às artes.

JEAN-MICHEL BASQUIAT | Flash in Nápoles [Flash em Naples], 1983 |
Basquiat foi um dos raros artistas negros de sucesso, no contexto das artes plásticas, em um universo predominantemente branco. Em sua carreira, trouxe à tona a negritude e os traumas experimentados pelos negros nos EUA.

Um fato marcante que coloca isso em evidência, é quando em sua primeira exposição ele vende todos os seus quadros, fatura duzentos mil dólares, e, logo após, ao tentar pegar um táxi na rua não consegue.

Por outro lado, há pessoas que vão à exposição por se reconhecer na vida dele. O público negro está se sentindo representado por essa exposição, e estão se inserindo no mundo das artes, o que não acontece muito em exposições de artistas brancos, por exemplo.

“A importância de se ter artistas negros, aqui dentro do museu, é para que as pessoas negras possam vir e se sentirem representadas. Muitos visitantes negros nunca tinham conhecido o CCBB e a exposição de Basquiat foi capaz de propor esse momento a eles, precisamos abrir janelas e pensar no acesso democrático de fato, para que todos tenham acesso às artes”, pontua Mateus Mesquita, coordenador do Programa CCBB Educativo.

Feira da Agricultura Familiar Urbana

Por Hellen Santos 

O Circuito da Praça da Liberdade recebeu no prédio da antiga secretaria de Viação e Obras Públicas (também conhecido como prédio verde), na Praça da Liberdade, a Feira da Agricultura Familiar Urbana – Do Campo pra Cá. A feira que já existe há dois anos na Cidade Administrativa, está em sua 2ª edição no circuito e vem com a intenção de se fixar no espaço. A feira tem como objetivo apoiar e disseminar a agricultura familiar e os pequenos produtores na capital mineira.

Com sua saída da Cidade Administrativa e iniciação de ocupação do circuito, inicialmente a feirinha irá ocorrer no prédio do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico -Iepha com 18 barracas, trazendo o campo efetivamente para a região Centro-Sul com produtos orgânicos, naturais, sem agrotóxicos, os organizadores da feira visam trazer para a população produtos saudáveis com valores mais acessível do que o consumidor encontra nas redes de supermercados. “Em grandes supermercados o consumidor vai pagar caríssimo por produtos orgânicos e aqui, na feira, o cliente terá acesso direto ao produtor.”, explica o assessor da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Marco Cordoni, que destaca: “Eles colheram por exemplo, verduras e frutas hoje pela manhã, então esse é a oportunidade que a população terá de se alimentar com produtos frescos, além de estar mais perto do produtor – conversar direto com as pessoas que vem fazer sua feira, é benefício para os dois lados”.

A pretensão principal é sistematizar a feira no circuito em um dia da semana, explica o assessor. De acordo com ele, a primeira edição foi numa quarta-feira, a segunda edição ocorreu nesta segunda, “A gente está ouvindo a população e aos produtores para vermos qual é o dia ideal para fazemos uma vez por semana. Pretendemos ocupar todo espaço aqui, já está acordado com o diretor do Circuito Cultural do Banco do Brasil de ocupar o espaço, continuaremos a ocupar e talvez ir para o outro lado da Praça, usar o espaço da biblioteca e outros espaços do Circuito da Liberdade, completa Cordoni.

Marco Cordoni-Assessor da Secretaria de Desenvolvimento Agrário

Vinicius de Lima Cruz, produtor de Mel, reforça a importância do mel e da feirinha na Praça da Liberdade: “É quase um substituto do açúcar porque ele tem um doce natural e ele é muito bom para a saúde, juntamente com a própolis que a gente também produz. Ele faz com que a sua imunidade melhore bastante”, enfatiza Cruz que destaca “Acho que o evento saindo da Cidade Administrativa, alcança um público maior, além de dar visibilidade para o nosso produto ele ainda faz com que a agricultura familiar cresça. É um evento importante que precisa realmente ser divulgado para mais áreas da cidade, fazer com que o campo fica mais próximos da cidade”.

Vinicius de Lima Cruz-Produtor de Mel

Rosângela Rodrigues de Freitas, produtora de Quitandas de Congonhas ressalta a importância da feira como resgate cultural quando alguém está provando e após a degustação avaliar seu trabalho. Freitas ainda pontua, “A quitanda artesanal é aquela que você pega para fazer e coloca muito amor. É um resgaste cultural passado pelas avós, que  sempre iam para a cozinha fazer essas quitandas com um cafezinho, chegava uma visita e você já oferecia, isso é muito gratificante”, conta Freitas.

Rosângela Rodrigues de Freitas

Lasar Segall - Vilna, Lituânia 1891 - São Paulo, Brasil, 1957 (Foto por Henrique Faria)

Por: Henrique Faria

A exposição “Entre nós”, que aborda, em linhas gerais, o retrato da figura humana, passando por várias culturas diferentes e assim também por diversos tipos de artes, está fazendo sucesso dentro do Circuito Cultural de Belo Horizonte. Nos finais de semana a fila de espera está ultrapassando as portas de entrada do Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB. A mostra que já supera os visitantes da mesma exposição feita no estado do Rio de Janeiro (realizada pelo mesmo Centro Cultural), sendo assim, analisa-se que a cidade continua interessada em diversos modos da cultura, fugindo do padrão de bares e do clube da esquina.

A Educadora Agnes Antunes (23), do CCBB, explica esta diversificação entre artes e artefatos. No início da exposição, pode-se encontrar os Ibejis, que são artefatos criados na religião do Candomblé, a definição das estátuas está ligado ao nascimento de gêmeos que, normalmente são pares ou trios, significando os filhos desta mãe, porém só são feitas quando um dos dois morrem.

Nas próximas salas, é visto diferentes tipos de pinturas e fotografias, que retratam, em sua maioria, europeus – Duques e membros da burguesia. Também é encontrado obras que referem a negros e índios, assim como materiais utilizados para criação das obras.

O Engenheiro Civil, Antônio Costa Filho, de 60 anos, veio do Mato Grosso, onde reside, para ver a exposição e afirma que nesta mostra de arte, teve a oportunidade de ver obras que só imaginava ver pela nos livros de história e pela Televisão, abaixo ele aprecia uma das obras expostas.

(Foto por Henrique Faria)

Os coordenadores da exposição, parecem não ter se preocupado com o peso dos artistas e colocou as obras em ordem de sua preferência, pois não é visto as pinturas de Van Gogh e Édouard Manet com salas separadas ou em evidência, mas sim, sendo bem distribuídas entre as outras obras menos conhecidas.

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Informações da Exposição:

Disponível entre os dias 26/04 E 26/06.
Horário de Funcionamento: de 09h às 21h
Endereço: Praça da Liberdade, 450 – Funcionários, Belo Horizonte
Entrada Franca.

Visita guiada.

De 27 de janeiro a 28 março, a capital mineira, poderá apreciar a exposição Iberê Camargo: Um trágico nos trópicos, em comemoração ao centenário de seu nascimento. O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) recebe 121 obras do pintor, que faz um retrospectiva de sua vida artística dando ênfase a sua fase mais madura.

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Visita guiada.

Iberê Camargo  foi um dos maiores artistas brasileiros do seculo XX, nasceu no interior do Rio Grande do Sul e logo na infância, aos 4 anos, já demonstrava o seu grande interesse pela arte, enxergando-a como uma catarse, em que conseguiu amenizar suas dores. “Não, meu coração não é maior que o mundo é muito menor. Nele cabem as minhas dores. Por isso gosto tanto de me contar.” – Iberê Camargo.

Entrevista com Luísa Poeiras e Rafaela Toloro, ambas 18 anos.
Entrevista com Luísa Poeiras e Rafaela Toloro, ambas 18 anos.

A exposição conta com visitas de um público bem amplo, desde jovens a idosos. Luísa Poeiras e Rafaela Toloro, relatam a sua visita a exposição demonstrando entusiasmo e grande interesse, “Sempre visitamos exposições juntas e por indicação de amigos, achamos interessante fazer a visita no CCBB. As cores são muito bonitas, os traços e a técnica são fantásticas.” destaca as jovens.

As visitas podem ser acompanhadas por um guia, que irá explicar sobre o artista e o contexto de cada obra, ou cada visitante contemplar de sua maneira. As atrações no espaço são totalmente gratuitas e livre para todos os públicos.

Por: Mariana Paez Matheos Monteiro Chaves e Sarah de Almeida Mansur.

A exposição “Cabeça”, do artista carioca Milton Machado, considerada como uma das dez melhores de 2014, pelo jornal O Globo, permanece em Belo Horizonte até o dia 30 de março, no CCBB. O acervo que celebra os 45 anos de carreira do multiartista, reúne mais de 100 obras, desde 1969 até os dias atuais. Fazem parte da exposição: desenhos, pinturas, fotografias, vídeos e esculturas.

O trabalho é apresentado pela organização por elementos em séries, que faz com que os espaços da galeria tenham características de instalações e o público, a sensação de estarem em um labirinto, já que as obras são poligonais.

As obras de Milton Machado questionam nosso entendimento sobre arte e o que esperamos dela hoje. Além de guardar a particularidade de transitar não só entre diferentes linguagens, mas também nas distintas concepções que moldaram a arte das últimas décadas.


O artista

Milton Machado de Assis é pintor, desenhista, escultor, crítico, fotógrafo e professor. Cursou arquitetura e urbanismo entre 1965 e 1970 na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro – FAU/UFRJ. Obteve conquistas como uma medalha de prata no Concurso Internacional de Escolas de Arquitetura em 1969, e o título de mestre em planejamento urbano e regional pela UFRJ em 1985. Em 2000, concluiu o doutorado em artes visuais no Goldsmiths College University of London, e em 2002 passou a lecionar história e teoria da arte na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro – EBA/UFRJ.

Texto e fotos: Victor Barboza

 

O Centro Cultural Banco do Brasil recebe a exposição “Ciclos” – Criar com o que temos, inspirada no trabalho do artista francês Marcel Duchamp, que completa em 2014, cem anos dos seus primeiros ready- made. Um estilo de trabalho que revela a arte através de criações feitas com objetos utilizados no cotidiano dos artistas. As obras estão espalhadas por todo o centro cultural, e ainda ocupa a parte externa do local, permitindo a interação do público com as criações.

O projeto traz peças de doze artistas de diferentes nacionalidades, entre elas “Desarme” do mexicano Pedro Reyes e “#720” da norte-americana Petah Coyne. Os objetos utilizados pelos artistas se comunicam com a memória dos visitantes, e além de ganhar novas formas propõe a eles novos significados. O objeto se transforma em outro a partir das sensações causadas pela estrutura e o espaço ocupado por eles.

Um dos exemplos é a composição “Espelho do Lixo”, do israelense Daniel Rozin, em que o artista deu a forma de um espelho ao lixo de Nova York, quando os visitantes se movimentam diante dela a obra reflete sua forma, trazendo a ideia de que o nosso lixo é também um reflexo de nós mesmos.

Outra obra de destaque é a Cabeça de Chiclete, trabalho do canadense Douglas Coupland que convida o público não só visitar a exposição como interagir com ela. Na parte externa do Centro Cultural foi alocado uma estrutura da própria cabeça de Coupland, que propõe às pessoas que passam no local a pregarem chicletes na obra. O objetivo do artista é desafiar a ideia de vandalismo, fazendo um contraponto com a dificuldade para se remover a goma de mascar das superfícies. O canadense traz ainda questionamentos com  “Slogan para o Século 21” – mural com frases que desafiam os pensamentos sobre diversos temas.

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Cabeça de Chiclete

“Ciclos” está aberta para visitação até 19 de janeiro de 2015, de quarta à segunda-feira, de 9 às 21h, com a entrada franca.

Por: Victor Barboza, Felipe Chagas e Ítalo Lopes
Fotos: Felipe Chagas