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Curta

Por: Ked Maria

O curta-metragem “Metamorfose” será exibido na Mostrinha dentro da programação da 21ª Mostra de Cinema de Tiradentes. A animação conta a história de uma menina que em busca da aceitação e felicidade, modifica-se espelhando nas pessoas ao seu redor. O Jornal Contramão conversou com a diretora belo-horizontina, Jane Carmen, de 23 anos.

Jornal Contramão: Qual foi seu primeiro contato com cinema?

Jane: Não me lembro do meu primeiro contato com o cinema, mas me lembro do meu primeiro contato com o ofício da animação. Foi no ensino médio/técnico, durante uma aula de fotografia em que deveríamos fazer um trabalho de animação stop motion. A partir desse momento, me apaixonei e parei, pela primeira vez, para pensar que aquilo poderia ser uma carreira. Existia alguém que fazia os desenhos animados. E se eu gostava tanto de desenhar e assistir a desenhos, por que não fazer dessa a minha profissão?

JC: Qual é o estilo de filme preferido? Porque?

Jane: Não tenho um estilo de filme preferido, mas prefiro os narrativos. Acho que qualquer estilo é válido desde que o filme siga bem a sua proposta, tenha uma história envolvente e imagens cativantes.

JC: Como foi o processo de produção do filme/curta?

Jane: Foi um pouco complicado. Como é um filme de graduação, que deveríamos fazer para obter o diploma em Cinema de Animação e Artes Digitais, tivemos a ajuda dos professores em alguns momentos. Mas foi o meu primeiro filme como diretora, o segundo filme de que participei e também o primeiro ou segundo filme de boa parte da equipe. Então é claro que erramos muito. Ainda tem a complicação de que a animação é um processo muito trabalhoso, que demanda muita dedicação e tempo, e tínhamos que conciliar a produção com outras disciplinas, estágios, monografia, etc.

JC: Qual é a dificuldade que o audiovisual enfrenta no Brasil?

Jane: Eu não posso falar tanto como pessoa que está inserida no mercado, porque acabei de me formar. Mas o que tenho visto é que são várias as dificuldades, principalmente se considerarmos as produções independentes. Há problemas que vão desde a captação de recursos até a distribuição.

JC: Qual é o espaço que a animação ocupa no cinema brasileiro?

Jane: Um espaço restrito e que normalmente é voltado para o público infantil. No Brasil, animação ainda é vista pelo espectador como “coisa de criança”. É raro um filme de animação conseguir espaço em mostras de cinema que não sejam absolutamente voltadas para a técnica. A animação brasileira tem crescido muito nos últimos anos, mas ainda assim os curtas ficam restritos a festivais específicos e quem se aventura a fazer um longa sofre bastante com a falta de recursos, porque a animação é uma técnica muito cara. Se for um longa voltado ao público adulto, a situação piora ainda mais pois dificilmente ele irá para os cinemas convencionais. Estamos em uma situação em que as animações feitas para o cinema só ganham visibilidade ao serem indicadas ou saírem vencedoras de prêmios internacionais.

JC: “Metamorfose” já participou de outras mostras/festivais? Quais?

Jane: Já sim, participamos do Festival Animacine, no agreste, do Prime The Animation 5! na Espanha e do Cine Faro, na Itália.

JC: Quais são suas expectativas para a Mostra de Tiradentes?

Jane: Espero que seja um festival que proporcione discussões sobre o fazer cinema hoje no Brasil e mostre, mais uma vez, por meio de sua curadoria, a qualidade das produções nacionais.

 

A Casa UNA de Cultura (Rua dos Aimorés, 1451, Lourdes) receberá a exposição “Mamulengo – Nas Linhas da Mão”. A mostra reúne materiais dos dez meses de produção do documentário de nome homônimo realizado durante a turnê “Trilogia do Mundo Moderno”, do Grupo Giramundo. O projeto foi parte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Natália Alvarenga para o curso de Jornalismo Multimídia do Centro Universitário UNA.

De acordo com Alvarenga, a ideia de fazer um TCC em forma de documentário já era antiga, mas só no 5º período, graças a uma amiga de sala, teve contato com o Grupo Giramundo. “Chegando lá me encantei totalmente, pois era a primeira vez que estava tendo contato com este tipo de arte na vida”, diz Natália.

De acordo com Natália, logo no incio o projeto foi contemplado pelo 1º Chamado Universitário do Canal Futura, um edital que seleciona propostas de produção apresentada por estudantes. “Eles nos acompanharam durante todo o processo”, conta Alvarenga. O grupo teve a curadoria de Luís Nachbin, um importante documentarista da TV Globo. Natália também ressalta a oportunidade que teve de fazer um workshop no Projac. “Esta parceria foi fundamental pro projeto”, comenta.

FICBIC

Durante o Festival Internacional de Cinema da Bienal de Curitiba (FICBIC), “Mamulengo – Nas Linhas da Mão” ficou em 3º lugar na categoria Documentário da Mostra Universitária Competitiva. Natália Alvarenga, que foi a diretora do projeto, ressalta a importância e gratificação de receber a premiação. “Pessoalmente por ser um reconhecimento, este é meu primeiro trabalho como diretora, mas, principalmente, para a minha equipe. Brinco que eles foram os meus braços e coração durante esse tempo, e, vê-los felizes, satisfeitos pelo trabalho que me ajudaram a fazer não tem preço.”

Apesar da premiação em Curitiba, ela explica que a principal dificuldade em fazer filmes em Belo Horizonte está na distribuição de verbas e é difícil fazer cinema independente. “No caso do nosso curta, em específico, mesmo sendo contemplado no Chamado Universitário do Canal Futura e recebendo uma ajuda de custo, não conseguiria pagar toda a equipe que participou de forma justa”, explica.

Exposição

A exposição “Mamulengo – Nas Linhas da Mão” na Casa UNA de Cultura vai de 17 a 30 de janeiro. A abertura será sexta-feira, 16, às 19hs. Natália explica que durante os dez meses de produção, muito material acabou não entrando no curta, além de fotografias de Still e mais. “Nossa intenção com a exposição é mostrar um pouco desses bastidores e permitir que o espectador perceba os detalhes que poderão ser vistos tanto pelas fotografias quanto pelos bonecos do Giramundo que estarão expostos”, explica Natália Alvarenga, que também é curadora da exposição. A visitação na Casa UNA de Cultura é gratuita, de segunda a sexta-feira, de 14h às 22h, e aos sábados, das 9h às 13h.

 

Texto: Umberto Nunes

Foto: Divulgação