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0 2017

Por: Kedria Garcia
Atualizado 20/12/17 ás 12:49

“Não posso mais viver assim ao seu ladinho
Por isso colo meu ouvido no radinho de pilha
Pra te sintonizar sozinha, numa ilha.”
Titãs

Companheiro para as horas vagas, para limpar a casa, para a viagem, para cozinhar, para vibrar com o futebol, para mandar um beijo, para ouvir músicas e notícias, para entreter, consolar e principalmente acompanhar. O rádio entrou nas casas dos brasileiros nos anos de 1930 com a música popular, os programas de auditório, as radionovelas e continua afirmando sua presença até os dias atuais com humor e informação. Um gigante com quase 90 anos de história registrou de perto muitos conflitos da humanidade assim como o nascimento de novas tecnologias. Observou a televisão tomar o cantinho da sala e comandar os horários nobres, mas a frase “O novo supera o velho” já não assusta, pois, a reinvenção se tornou uma norma e o imaginário ainda é movido pelas ondas do rádio.

Elias Santos, de 47 anos, professor e radialista, afirma que o rádio tem suas características próprias descartando a ideia de substituição. “Quando a televisão surgiu, espalhou-se o boato que o rádio iria acabar. Eu acredito sempre naquilo em que trabalho dentro de sala de aula, o conceito em que o rádio, a TV, a internet são dispositivos. Um dispositivo não substitui o outro, mas um dispositivo modifica o outro.”, e completa dizendo que o rádio está em um processo de transformação devido ao contato com outras plataformas, como as redes sociais.

De acordo com uma pesquisa  realizada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em 2015, o rádio era o segundo meio de comunicação mais utilizado pela população brasileira, perdendo apenas para a televisão. A pesquisa ainda ressalta que 63% dos ouvintes buscam por informação, diversão e entretenimento, sendo que 30% dos usuários ouvem diariamente, entre as 6h às 9h da manhã. As emissoras FMs são estimadas pelo público e as AMs fazem sucesso nas zonas rurais. Fernanda Oliveira Mendes, de 20 anos, não desgrudar do rádio. ” Ele é uma das minhas paixões, preciso sempre andar com um fone de ouvido em mãos para poder ouvir, no trabalho, no ônibus, em casa. Atualmente prefiro programas mais informativos como o Jornal da Manhã na Jovem Pan de São Paulo e Jornal Inconfidência na Rádio Inconfidência.”, relata a estagiária de Jornalismo.

 

“O rádio, por mais que seja um meio antigo, tende a se renovar de acordo com a sociedade.É verdade que o número de usuários diminuiu, mas ainda é uma área que vem se transformado. ”, comenta a estudante Fernanda Oliveira.

 

O radialista Elias, destaca que as ondas sonoras ainda é um meio eficiente e ágil. “O rádio atinge muitas pessoas, pelo fato que se consegue acompanhá-lo sem precisar interromper as tarefas diárias, então ele continua um meio muito eficaz. Isso não tem jeito, principalmente com um público de mais de 40 anos.”. A Pesquisa Brasileira de Mídia de 2015, revela que o uso do rádio é feito conjuntamente com outras atividades, como as domésticas e das refeições e ele apresenta 52% de confiança entre o público, tendo a A Voz do Brasil como o programa mais conhecido. Além de agir como um aglutinador social, ele serve como alimento para conversas corriqueiras.

Paulo Cesar Fernandes da Silva, de 57 anos, sintoniza diariamente seu amigo. “Escuto rádio desde menino, ou seja, ali pelos anos sessenta. Minha relação com o rádio é fraternal, ele é um excelente companheiro.”, afirma o microempresário.  Elias Santos ressalta que as mudanças na sociedade afetaram nas produções radialistas. “No início dos anos 90 tocava mais músicas, com o famoso jabá da indústria cultural, hoje não. Hoje temos um rádio que fala mais, seja piada, seja informação, seja jornalismo, o que se parece muito com o rádio dos anos de 1940 a 1950.”. 

Para ele, o cenário do rádio em Belo Horizonte é muito conservador “Temos uma rádio que é baseado em um modelo dos anos de ouro. Com aquele tipo de voz empostada, aqueles programas apresentados basicamente por homens, transmissões esportivas, jornalismo. No segmento adulto se tem um modelo em que toca sempre as mesmas músicas, não arrisca, não lança ninguém, trabalha em cima no que já é consolidado na indústria cultural”, desabafa o radialista que completa, “O rádio em BH é um rádio pouco ousado, mas apesar disso existem iniciativas interessantes como rádio UFMG Educativa, o momento que a rádio Inconfidência está passando, a rádio Autêntica a antiga Favela FM.”.

Pesquisa realizada em 2017, pela a Kantar IBOPE Media, mostrou que o brasileiro gasta cerca de 4h40min diariamente com a caixinha ligada. Sendo a Grande Belo Horizonte líder desse ranking, em que 95% dos belorizontinos afirmam ouvir rádio todos os dias. “Meu programa favorito se chama Casa Aberta, onde o lema é Cidadania, Cultura e Educação. Além dos programas O Samba Bate Outra Vez e a Turma do Bate Bola”, conclui Fernandes.

Podcast

“O mercado atual do rádio é o mesmo mercado da televisão e dos meios de
comunicação de massa, e ele está em crise. O rádio ele precisa se reconstruir e há
uma dificuldade muito grande para isso, uma vez que, as pessoas antigas não
saem do rádio e continuam trabalhando em cima de paradigmas antigos,
então é preciso que as pessoas novas ocupem esse espaço para que
possamos dinamiza-lo.”, declara o professor e radialista, Elias Santos.

A maior parte da audiência do rádio é composta por jovens entre 15 e 19 anos, revelam as pesquisas que incentivam a criação de outras plataformas como o podcast. O site Mundo Podcast traz a seguinte definição para esse termo: “É como um programa de rádio, porém sua diferença e vantagem primordial é o conteúdo sob demanda. Você pode ouvir o que quiser, na hora que bem entender. Basta acessar e clicar no play ou baixar o episódio.”. Os temas são variados além de ser considerada um meio mais democrático, pois qualquer usuário da internet consegue as instruções para produzir e divulgar seu conteúdo. A praticidade é o fator indispensável, o que chama a atenção e modifica a forma como se ouve e absorve as informações.

 

“-A Rádio Atividade leva até vocês
Mais um programa da séria série
“Dedique uma canção a quem você ama”
Eu tenho aqui em minhas mãos uma carta
Uma carta d’uma ouvinte que nos escreve
E assina com o singelo pseudônimo de
“Mariposa Apaixonada de Guadalupe”
Ela nos conta que no dia que seria
O dia do dia mais feliz de sua vida
Arlindo Orlando, seu noivo
Um caminhoneiro conhecido da pequena
E pacata cidade de Miracema do Norte
Fugiu, desapareceu, escafedeu-se
Oh! Arlindo Orlando, volte
Onde quer que você se encontre
Volte para o seio de sua amada
Ela espera ver aquele caminhão voltando
De faróis baixos e pára-choque duro
Agora uma canção canta pra mim
Eu não quero ver você triste assim.”
Blitz

O Debate “Portais Mineiros: Desafios do Jornalismo Multimídia”, realizado pelo Instituto de Comunicação e Artes (ICA), na noite de quinta, 11, reuniu cinco jornalistas que trabalham em portais de notícias mineiros: Álvaro Castro repórter do Portal Hoje em Dia, Andréia Candido Fraga editora do band.com e de mídias out of home no grupo Band Minas, Denise Motta editora do portal Tudo, Flávia Martins y Miguel editora do portal R7 Minas e João de Castro do portal O Tempo Online. Eles discutiram sobre como é a rotina de produção nos portais de notícias de Belo Horizonte.

Cada convidado se apresentou e explicou o dia a dia dos portais, como tudo é feito até chegar ao leitor. Além de citar os desafios que os jornalistas recém-formados encontrarão ao entrar nesse mercado de trabalho. “O grande problema dos jovens jornalistas que saem da faculdade é a produção de texto”, considera o editor do portal O Tempo Online, João de Castro.

Outra questão abordada foi a emergência da informação precisa e imediata na web, sugerida pela coordenadora do curso de Jornalismo Multimídia da UNA Piedra Magnani. O repórter do portal Hoje em Dia, Álvaro Castro explicou que o desafio é oferecer aos leitores a informação correta. “Ser rápido é importante sim, mas ser correto é mais importante ainda”, esclareceu.

Os alunos participaram fazendo diversas perguntas, entre elas, quais seriam os malefícios e benefícios do uso das redes sociais pelos jornais. Todos os participantes concordaram que o uso das redes sociais colabora com a disseminação da notícia, porém a frequência com que as postagens são feitas pode cansar o leitor e o distanciar do portal. A editora do portal Tudo, Denise Motta, exemplificou a importância do uso das redes sociais pelos portais, contando uma experiência pessoal em que sua pauta foi um caso de desaparecimento de um animal divulgado através do Facebook.

Questionados sobre a possibilidade de as pautas estarem “reféns” dos cliques ou de temas que a equipe sabe que poder render maior número de visualizações, a editora do portal R7 Minas, Flávia Miguel, reforçou que nunca deixou de publicar uma matéria só porque ela teria um número baixo de visualizações e o editor do jornal O Tempo Online, João de Castro esclareceu que o portal percebeu que os internautas têm interesses em notícias que possuem um texto menor e que estão trabalhando para produzir nesse tipo de modelo.

Por Ana Carolina Vitorino e Juliana Costa

Foto: João Vitor Fernandes