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Belo Horizonte, uma das capitais que vai sediar, na próxima semana, a Copa das Confederações e, no próximo ano, a Copa do Mundo de futebol, é o cenário de uma série de assassinatos de pessoas em situação de rua, de acordo com lideranças de movimentos sociais. Com as duas mortes na madrugada da última terça-feira, 11, o número de moradores de rua assassinados desde 2011 foi a 100, o que corresponde a 5% dessa população na capital. Os números são do Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores de Materiais Recicláveis (CNDDH) que emitiu uma nota de repúdio aos atos de violência.

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O Instituto Helena Greco de Direitos Humanos (IHG/BH) também se manifestou, ontem, 12, através de uma nota de repúdio à repressão contra a população em situação de rua. Lê-se na nota: “Belo Horizonte mantém sua terrível tradição de grupos de extermínio e de grupos de policiais a paisana que reprimem moradores de rua patrocinados por empresários.”.

A PBH, em nota divulgada hoje, lamenta o ocorrido: “A Prefeitura Municipal de Belo Horizonte vem a público externar sua completa indignação diante da violência praticada contra moradores em situação de rua nos últimos dias, na capital mineira, culminando, lamentavelmente, com a morte de duas pessoas na cidade.”.

Denúncias

Desde a semana passada, integrantes de movimentos sociais – como a Pastoral de Rua e o Consultório de Rua – denunciavam uma possível ação de remoção forçada da população com trajetória de rua, que poderia acontecer a partir da segunda-feira, 10, em função da Copa das Confederações. De acordo com esses grupos, pessoas que desenvolvem trabalhos assistenciais junto à essa população, relataram supostas ações de remoção. “Estamos vendo que isso acontece. Soubemos de uma remoção no dia 11. Tem alguma coisa acontecendo, moradores que a gente conhece não estão mais onde costumávamos vê-los”, afirma a cientista social e integrante do coletivo de teatro urbano Paisagens Poéticas, Rita Boechat.

Na quinta-feira, 6, foi convocada uma reunião na sede do Conselho Regional de Psicologia (CRP), ocasião em que se articulou uma mobilização via Facebook. Na rede social, foi criado o Grupo de monitoramento de ações higienistas, e através dele os apoiadores que se dispuseram a fazer rondas noturnas poderiam denunciar ações arbitrárias e/ou violentas contra pessoas em estado de rua. Além disso, convocaram a população a registrar e denunciar ações ilegais, como o recolhimento de pertences e a remoção forçada. (ver imagem)

A Secretaria Municipal Extraordinária da Copa do Mundo (SMECOPA) garante que não existe nenhum tipo de remoção por parte da prefeitura tendo por motivação os eventos esportivos na cidade e, por meio de assessoria de imprensa, informa: “O que a Prefeitura de BH faz é um trabalho social junto com as populações de rua. Existem leis, e a prefeitura as cumpre. Elas determinam que não podem acontecer remoções forçadas, todo mundo tem o direito de ir e vir”. A assessora Raquel Bernardes classificou a denúncia de “boato oportunista”.

Ações

O educador social da Pastoral de Rua, Jadir de Assis, informa que, durante as abordagens, são entregues aos moradores em situação de rua cartões com endereços e telefones para que eles possam se mobilizar e entrar em contato com apoiadores e lideranças de movimentos que se alinham na luta contra a suposta remoção forçada. Foi através desta estratégia que membros do Movimento Fora do Eixo souberam que um morador de rua havia sido levado, na madrugada de terça-feira, 11, por uma kombi branca, credenciada pela PBH. O grupo gravou um vídeo, nele uma testemunha afirma que policiais militares participaram da ação e chegaram a algemar o morador de rua. A denunciante afirma que houve a tentativa de levar mais três homens que conseguiram fugir.

Assista ao Vídeo feito por integrantes do coletivo Fora do Eixo.

A cientista social Rita Boechat afirma que pessoas ligadas aos movimentos sociais acreditam que os moradores de rua que sofrem esse tipo de remoção – como a denunciada no dia 11 – são conduzidos às clínicas de tratamento para dependentes químicos. Ainda segundo Boechat, o Movimento dos atingidos pela Copa também tem apoiado as rondas. O coletivo realizará uma manifestação na segunda-feira, 17, na Praça Sete, a partir das 13h. Entre as questões levantadas neste ato está a luta contra ações higienistas. Neste sábado, 10, o mesmo coletivo convoca a população para o Copelada, na Praça da Savassi, a partir das 10h. Além da realização de uma competição de futebol, haverá debate sobre a FIFA, futebol e supostas violações de direitos humanos.

Desfecho

O Ministério Público mediou um acordo entre a PBH e o CNDDH, há duas semanas, em que ficou estabelecido que nenhuma ação agressiva de retirada da população de rua poderá acontecer, conforme noticiou o Jornal O Tempo.

Na reunião do Comitê de Acompanhamento e Monitoramento da Política para a População de Rua da prefeitura, realizada hoje, 13, a coordenadora Soraya Romina afirmou que a PBH aceita o direito da população de rua ficar na rua, mas não o de se estabelecer. “Os objetos que possam obstruir o trânsito – colchões, por exemplo – deverão ser recolhidos”, informa.

A PBH, ainda em nota, defende que as ações violentas não são uma prática da gestão pública. Na nota lê-se: “as políticas públicas voltadas para o atendimento ao segmento desta populção em Belo Horizonte são considerados referencia em todo o país e são construídas em conjunto com as entidades representativas e movimentos sociais que atuam no campo da promoção, defesa e garantias de direitos da população em situação  de rua”.

Por João Vitor Fernandes e Alex Bessas

Fotos: Hemerson Morais

Um ranking publicado pela agência genebrina Press Emblem Campaign sobre os países onde há maior número de jornalistas assinados coloca o Brasil em terceiro lugar. O resultado desse estudo tem causado preocupação em entidades sociais e revela um problema a ser solucionado. De acordo com a assessoria de imprensa do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG), há uma orientação para que os profissionais não confrontem o ameaçador e para que recorram à empresa para qual trabalha, pois esta oferece assessoramento jurídico, mobiliza e cobra ações efetivas e eficazes das autoridades.

“Não há qualquer tipo de segurança ou mesmo garantia de segurança para quem exerce a profissão de jornalista”, é o que defende o jornalista Raphael Tsavkko Garcia, confirmando o desconforto da classe. Como prova, ele ainda relata uma situação em que foi ameaçado: “Em 2001, fotografei e gravei um protesto de neonazistas em plena Avenida Paulista. Eram neonazistas, fascistas, integralistas, enfim, toda a nata de extrema-direita reunida para defender o deputado Bolsonaro. Até hoje, dois anos depois, ainda recebo ameaças por parte de neonazistas e similares, mas, felizmente, nada mais grave me ocorreu”.

Segundo Garcia, a falta de segurança para com os jornalistas não fica apenas por conta do Estado. Além disso, ele faz uma dura crítica aos órgãos, naturalmente envolvidos com esses casos: “Infelizmente, não podemos contar com quem deveria nos representar, pois os sindicatos estão mais interessados em decidir quem pode ou deve sequer ter direito a ser chamado de jornalista baseados em um pedaço de papel e não em capacidade, habilidade e mesmo amor pelo que faz”, aponta.

A crítica de Garcia ainda continua, quando ele cita a diferença entre as mídias de grande poder aquisitivo e as mídias alternativas: “Enquanto na grande mídia jornalistas se vendem pelos melhores preços (em muitos casos pelo preço possível, ou passam fome), vendem sua ideologia, sua ética, sua integridade para reportar aquilo que querem os patrões, na mídia alternativa – vide a Caros Amigos – resta a precarização”, destaca Garcia.

Reafirmando a posição de incômodo, o redator do portal O Tempo, Frank Martins, expõe sua opinião sobre o assunto e assinala uma ação de proteção aos jornalistas: “Não vejo preocupação nenhuma das empresas de comunicação e do sindicato da categoria com a segurança do jornalista. No que acompanho, no máximo, dependendo da ocasião, são fornecidos coletes à prova de bala. Mas isso apenas durante uma cobertura. Jornalistas que fazem matérias especiais e investigativas vivem sendo constantemente ameaçados e/ou perseguidos”.

Como escapatória para casos de violência Martins ainda sugere iniciativas para o profissional: “Basta o repórter mexer com o esquema e divulgar para sofrer as retaliações. Com isso, a primeira instituição a ajudar o jornalista deve ser a empresa para qual ele trabalha. Acho também que as leis deveriam começar a serem cumpridas e os responsáveis por essas mortes serem punidos. Já seria um bom começo. Uma utopia seria a organização da classe por meio do sindicato”.

Vale do Aço

O caso de assassinato do radialista Rodrigo Neto e do fotógrafo Walgney Carvalho em março, no Vale do Aço, evidencia ainda mais a questão da segurança para profissionais da área de comunicação. Em nota, a Polícia Civil informou que mudanças estão sendo feitas na delegacia regional de Ipatinga, com o intuito de reestruturar e iniciar uma nova fase da Polícia Civil na região, uma vez que sete policiais, seis militares e um civil, já foram detidos com suspeita de envolvimento nos 14 casos investigados na região.

Sobre o ocorrido no mês de março no Vale do Aço, Frank Martins analisa como um alerta: “Cada caso é um caso, mas essas mortes de jornalistas no Vale do Aço mostram e reforçam a insegurança que vivem os profissionais de comunicação que denunciam as mazelas da sociedade. Caso isso não signifique nada para as autoridades e para a própria classe, não sei o que é preciso para alertar os profissionais”.

Por Ana Carolina Vitorino

Imagem: Internet

Para comemorar o Dia Internacional da Mulher, aproximadamente 30 organizações irão transformar o centro de Belo Horizonte em palco de manifestações  no evento “Mulheres na luta contra a violência”. No dia 8, cinco praças e o viaduto Santa Tereza serão ocupados pelos manifestantes, que depois se reunirão em frente ao Palácio da Justiça.

A partir das 13h, blocos se reunirão nas praças Raul Soares, Afonso Arinos, Rodoviária, Estação, Assembleia e no viaduto Santa Tereza. Os temas de cada praça são respectivamente: mulheres na luta contra a lesbofobia, violência doméstica, mercantilização, violência do estado, violência do campo e o bloco das pretas e nordestinas.

De acordo com uma das organizadoras do evento, Larissa Costa, a ideia das concentrações nas praças é uma estratégia para atrair as mulheres que circulam por ali. “A divisão dos temas nas praças foi para garantir que todos os temas fossem abarcados. Precisamos dizer para a sociedade que a violência não é só física e sexual, mas também moral, psicológica”, argumenta.

Em sua segunda edição, o evento tem a intenção de reunir mulheres de todas as regiões da cidade pela mesma causa. A organizadora destaca a importância dessa união. “O 8 de março para nós mulheres é um dia de luta, um dia que devemos nos organizar e ir pra ruas denunciar o sistema capitalista patriarcal e todas as suas formas de opressão contras as mulheres”, protesta.

Até o fechamento desta edição, não recebemos retorno da Polícia Civil e da Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS) sobre o número de ocorrências registradas de violência contra mulher.

Por Ana Carolina Vitorino e Juliana Costa

Imagem: Divulgação do evento

Muito se tem falado nos últimos dias sobre o ataque a dois homens que se abraçavam na Savassi, ligando essa agressão a skinheads. Grupo este que é caracterizado por integrantes de cabeças raspadas e tatuagens, e que também se tornou conhecido por atacar minorias. Porém há várias vertentes deste grupo, e algumas delas, inclusive, praticam o repúdio ao preconceito.

História

O movimento skinhead surgiu na Inglaterra na década de 60. Nasceu como um ato de protesto de uma parcela de jovens da classe operária inglesa, ao se verem diante da crise econômica e social que o país enfrentava após a introdução de novas tecnologias e, consequentemente, uma onda de desemprego. Devido à crise, uma minoria étnica trabalhava por salários muito baixos e nada compatíveis com os tetos sindicais que os britânicos recebiam. Portanto, os skinheads originalmente surgiram por conta desta crise, não tendo nenhuma influência política ou racial. Porém, ao final dos anos 70 a história muda. A partir de então, a raça e a política passaram a ser fatores de primeira importância ao grupo, gerando divisões entre os próprios skinheads.O grupo extremista, politicamente, pode ser tanto de extrema-direita quanto de extrema-esquerda. Os grupos geralmente são identificados pela sua moda, que costumam incluir botas, suspensórios, o culto ao futebol e a cerveja.

No Brasil

As influências das primeiras informações a respeito dos skinheads britânicos tiveram efeito a partir de 1977 através de discos, revistas especializadas, jornais, entre outros meios de comunicação. A influência dos skinheads estrangeiros foi fundamental para o desenvolvimento do movimento no Brasil. Um exemplo disso é que esses jovens brasileiros adquiriam, quase que por obrigação, o livro inglês Skinhead escrito por Nick Knight, este livro era considerado a cartilha dos “carecas” brasileiros.

Os primeiros skinheads brasileiros surgiram nos bairros da Zona Leste de São Paulo e nas cidades industriais que formam o ABC paulista – Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, por volta de 1982. Hoje estes grupos são encontrados por todo o país, inclusive em Belo Horizonte.

 

Esta é a primeira de uma série de reportagens especiais sobre este tema. Acompanhe a série durante essa semana.

 

Por Marcelo Fraga e Rafaela Acar
Imagem: divulgação do filme “A outra história Americana”

A diversidade é um dos pontos mais sensíveis na história da humanidade. A aceitação do outro sempre gerou muita polêmica. Por diversas vezes, alguns seres humanos sempre se acharam no direito de se sobrepor a uma minoria e o meio mais utilizado sempre foi a força física. Na madrugada de sexta para sábado, houve mais uma prova dessa intolerância. Dois amigos foram atacados na região da Savassi, por estarem se abraçando em despedida, após terem assistido ao show da banda Kid Abelha.
A reportagem do Contramão procurou a Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS) para falar sobre o monitoramento e incidência desses crimes.

A assessoria da comunicação da secretaria de estado informou em nota que não há no Código Penal a definição de “crime de ódio” nem registro em boletim policial do ódio como causa para crimes.Em relação aos procedimentos de quem é agredida, a pessoa deve procurar a Polícia Militar para registrar o boletim de ocorrência. Em caso de dúvida sobre a efetividade da denúncia, a pessoa pode procurar o serviço de Ouvidoria de Polícia no telefone 0800-283-9191 (Disque-Ouvidoria). Para outras informações consulte o site

A  polícia busca uma atuação sem definição de padrões estéticos, mas sim de conduta. “Nossa atuação é indistinta a qualquer discriminação. Nós não atuamos focados em skinheads ou em qualquer pessoa que tenha o tipo físico parecido com pessoas desses grupos. Nós atuamos com relação à desordem”, afirma o Tenente Coronel da Polícia Militar Alberto Luis.

Skinhead
O movimento Skinhead se iniciou por volta de 1969, e ao contrário do que muitos pensam não tem nenhuma origem racista. Iniciado na Inglaterra com jovens trabalhadores ingleses e jamaicanos que se reuniam para ouvir música negra norte americana e jamaicana (ska) era um movimento totalmente apolítico com uma característica cultural bem definida.

Existem dissidências no movimento, que ao longo dos anos veio tendo a formação de novos subgrupos, segundo algumas pessoas pertencentes ao movimento, o verdadeiro skinhead é uma pessoa como outra qualquer e não possui em sua essência preconceito contra qualquer tipo de pessoa.

 

Por: Hemerson Morais e Paloma Sena

Foto: Divulgação