Torcidas organizadas: qual o seu papel?

Torcidas organizadas: qual o seu papel?

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O termo “torcida organizada” pode ser definido como um conjunto de pessoas que acompanham seus times frequentemente nos estádios  para motivar os jogadores e incentivar o restante da torcida. Durante algum tempo, no início do século passado, esse foi realmente o papel exercido por esse grupo de torcedores, mas nos últimos anos muito tem se relacionado o nome das organizadas com crimes violentos e atos de vandalismo. Porém, como não é bom generalizar, fica a pergunta: ainda há torcidas organizadas que focam no seu principal objetivo?

O eletricista cruzeirense participante da organizada Máfia Azul, Felipe Viana, 22, diz que as principais regras para participar de um grupo como esse é “não promover brigas, tumultos em nome da torcida e lutar pelo ideal de apoiar sempre seu time”. Questionado sobre as últimas punições aplicadas à organizada cruzeirense, Viana diz que “a Máfia azul está punida por seis meses de entrar em qualquer estádio com uniformes, baterias, faixas, bandeiras, nada da torcida, mas isso não impede de os integrantes irem com outra roupa”.

Mesmo tendo com preferência o rival, o estudante atleticano Pedro Souza, 24, frequentador assíduo dos jogos, concorda com o pensamento de Viana. Sendo membro da organizada Fúria Alvinegra, ele destaca que “a real função das organizadas seria se reunirem para ir aos jogos, fazer a festa e apoiar o time” e completa, “como já se tornaram grupos organizados fora do estádio, deveriam também usar isso para promover mais ações de âmbitos sociais, o que acontece pouco para quem consegue mover tanta gente”.

A recente divisão de torcidas nos últimos clássicos tem causado indignação por parte dos torcedores, já que agora, a maior parte dos ingressos, ou seja, 90% ficará com o time mandante da partida, e apenas uma pequena quantidade de ingressos se destinará ao time visitante (10%).

Hoje no primeiro jogo da final da Copa do Brasil, apenas a torcida do Atlético assistirá ao jogo no Independência, palco da partida, já que a diretoria celeste abriu mão da parte destinada aos seus torcedores.

“Na historia do Futebol Mineiro sempre teve, por que hoje que a segurança é mais equipada e mais preparada não pode ter? Sonhamos com esse dia, só precisa de um pouco mais de força de vontade das autoridades”, argumentou Souza.

A opinião do cruzeirense é bem semelhante ao de outros torcedores, “acho que poderia voltar sim. Por que antigamente tinha e agora não pode mais? A polícia não consegue manter a segurança? Acho que se modernizou tudo deveria mudar isso também, porque espetáculo mesmo é as duas torcidas no mesmo campo”, concluiu  Viana.

Ingressos

Outro fator que tem incomodado a maioria dos seguidores dos times é o preço salgado dos ingressos. O estudante Ravel Pimenta, 16, que foi no jogo do Atlético contra o Palmeiras pelas oitavas de final da Copa da Brasil contou que pagou cerca de trinta reais para entrar no estadio. Ontem na fila para adquirir o ingresso do clássico, o jovem acreditava que ”muita gente não iria, pela elitização”. De acordo com o estudante, essa “elitização” tem dificultado alguns torcedores a se manterem presentes nos campos, “principalmente porque as torcida organizadas geralmente são formadas de pessoas de classes mais baixas. Com a modernização do futebol dificultou bastante”, finalizou.

A esperança é que o futebol agrade dentro de campo, já que os dois clubes vivem uma boa fase, e são unanimidade em elogios no cenário nacional nas duas últimas temporadas. Contudo o antigo modelo do futebol vai fazer falta ao torcedor e o “Padrão FIFA” ainda incomoda. “Nós esperávamos festa lindas, Mineirão e Independência lotados. Isso até sair o valor das entradas. No primeiro jogo no Horto, por exemplo, o ingresso do setor onde fica as torcidas organizadas está R$800,00. Parece que os ingressos também estão bem salgados para o jogo da volta no Mineirão. Quem perde são os clubes, pois sabem da força das arquibancadas. Espero mesmo dois jogos de luta, e briga pela bola, dentro de campo. A rivalidade é lá, aqui fora não tem rivais, apenas adversários”, concluiu Pedro.

Texto: Ítalo Lopes

Capa: Centim Vicentim e Felipe Viana

Galeria: Arquivo pessoal dos entrevistados

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