Veteranos da Feira Hippie reclamam da invasão de produtos de origem chinesa

Veteranos da Feira Hippie reclamam da invasão de produtos de origem chinesa

Foto: Raphael Duarte
Foto: Raphael Duarte

PBH alega não ter conhecimento sobre vendedores que atuam com o comércio irregular

Expositores mais antigos da Feira Hippie reclamam da infiltração de mercadorias de origem chinesa nos últimos 10 anos. Os artistas plásticos Afrânio Reis, 72, e Eugênio Sangiorgi Filho, 83, expositores desde o início da feira se  sentem incomodados com a invasão de produtos de baixo custo chineses. “Hoje em dia, a feira parece mais um mercado livre, então, nós feirantes artesãos somos penalizados pela prefeitura nesse sentido”, declara Reis. “Quando a feira era localizada na Praça da Liberdade, era artesanato mesmo. Aqui, na Afonso Pena, várias pessoas industrializam as coisas, já compram pronto para fazer revenda aqui”, afirma Filho.

Foto: Raphael Duarte
Seu Eugênio, como gosta de ser chamado, é atualmente o feirante mais antigo em atividade na Feira Hippie. Foto: Raphael Duarte

De acordo com a PBH, cerca de 2.200 expositores estão cadastrados e credenciados para o comércio de artesanato. O Regulamento das Feiras Permanentes de BH não pode haver revenda de mercadorias na feira, exceto bebidas (refrigerantes, sucos, águas e cervejas). Na feira somente podem ser expostos trabalhos de artistas, artesãos e produtores de variedades – as pequenas manufaturas.

Segundo a prefeitura em 2015, foram feitas 110 sindicâncias para apurar denúncias, mas ninguém foi autuado por comércio irregular de mercadorias na feira. Outra ação da fiscalização da PBH é combater o comércio irregular nas ruas da cidade por camelôs, na área do entorno da Feira Hippie. A multa para o infrator é de R$ 1.619,98, além da apreensão da mercadoria.

História

A Feira de Artes, Artesanato e Variedades de Belo Horizonte foi criada na década de 1960. A feira, que surgiu na Praça da Liberdade, um dos principais pontos turísticos da cidade foi transferida para a Avenida Afonso Pena, local onde se encontra até os dias de hoje. Com o passar dos anos, Seu Eugênio fidelizou vários clientes e fez grandes amizades. “Tenho clientes que são muito bons, alguns mais antigos, outros, porém, são mais jovens”, ressalta o expositor. “Eu queria uma moldura como essa há 20 anos, mas não tinha dinheiro para comprá-la. Agora que tive condições, vim à feira comprar a moldura na barraca do Seu Eugênio, que eu encomendei e estou levando feliz”, relata a cliente Sancha Lívia, 57.

Para Reis, as mudanças da Praça da Liberdade para a Avenida Afonso Pena foram significativas. “Aqui na Afonso Pena, a feira é bem popular mesmo. Muitas das vezes, tenho que restringir o preço dos meus produtos, porque eu não posso colocar um valor muito elevado nos meus quadros, senão eu não vendo”, revela Reis.

De acordo com dados de uma pesquisa realizada pela UFMG no ano de 2008, estima-se que, a cada domingo, passam pelo local cerca de 80.000 pessoas. Existe um projeto de lei na câmara dos vereadores de Belo Horizonte, de autoria do vereador Bruno Miranda, para que a feira da Avenida Afonso Pena seja tombada pelo patrimônio histórico e cultural da cidade, dessa maneira ela não poderia se fragmentar e muito menos acabar.

Feira Hippie - Foto: Raphael Duarte
Foto: Raphael Duarte

Vendas

Segundo relatório divulgado no dia 15 de julho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o comércio varejista no mês de maio de 2015 apresentou um desempenho negativo, comparado com o mesmo período do ano de 2014. O segmento de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo registrou uma taxa de -2,1% relativa ao volume de vendas em maio de 2015. O desempenho negativo foi influenciado pelo baixo poder de compra dos brasileiros nos últimos meses, comparado com o mesmo período do ano anterior, mesmo com a alta dos preços em produtos de alimentação e domicílio, se encontram abaixo da média geral.

Tecidos, vestuários e calçados foram responsáveis pela terceira maior participação negativa na elaboração do índice geral do varejo, com variação de -7,7% em relação a igual do mês anterior. Essa atividade reflete positivamente sobre as vendas para datas comemorativas, como por exemplo, o dia das mães, que mesmo sendo contemplados com o preço dos vestuários se posicionando abaixo da média geral de inflação (variações que podem chegar de 3,4% e 8,5% no acumulado dos últimos 12 meses, segundo o IPCA). Resultados que apresentam a retração no mercado: -5,0% ano, e -2, 8%, nos últimos 12 meses.

Para a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), a expectativa para o comércio no Dia dos Pais não está boa, para a instituição o comércio deve apresentar uma queda de 1,02% nesse ano na comparação com o mesmo período em 2014. A expectativa para a data, é a pior dos últimos 12 anos, deve injetar na economia da capital mineira cerca de R$ 1,8 bilhão. Os produtos mais procurados pelo consumidor serão os itens de moda, como vestuário e calçados, além de perfumes, bebidas e livros. Apesar da desaceleração na economia é importante que o lojista se prepare para receber o consumidor.

Por Raphael Duarte

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