“Estou nas ruas, à procura de leitores”
“Livrinhos” nas mãos e mochila nas costas. Era assim que carioca Peter Lima parava os pedestres na esquina da Rua da Bahia com Bernardo Guimarães. O rapaz se aproximava das pessoas para vender sua crônica “Coisas de Boteco”. O escritor trabalha de forma independente vendendo sua literatura pelas ruas da cidade por apenas dois reais. Confira a entrevista com o Peter Lima.

Jornal Contramão: Qual o tema de suas crônicas?
Peter Lima: Primeiro é a vida, não tenho tema específico. Escrevo aquilo que vivo e isso varia a cada momento. Hoje, estou escrevendo crônicas, mas há um tempo escrevia poesias que emitem outras sensações e outros olhares. Depende muito da época que estou passando. É um olhar do homem e sua contingência.
JC: Porque vender nas ruas?
PL: Primeiro porque é uma forma alternativa de divulgar a literatura. O preço é acessível, vendo por 2 reais. E, também, por ser uma iniciativa independente. Vou onde está o leitor. Diferente das livrarias que o camarada tem de ir lá para adquirir o livro, eu acabo surpreendendo as pessoas pelas ruas.
JC: E as pessoas aceitam bem?
PL: Sim, os livros são bem aceitos. É interessante que isso serve para desmistificar o fato das pessoas não gostarem de poesia e literatura. Acredito que as pessoas não leem porque esse tipo de leitura não chegam até elas.
JC: Você é de BH?
PL: Não, sou do Rio, moro em Ouro Preto e sempre venho aqui. Tem 2 anos que moro em Minas.
JC: Você vende apenas aqui na Região da Praça da Liberdade ou também vai para outras regiões da cidade?
PL: Eu ando pelas ruas. Gosto muito da Praça da Liberdade porque ela ainda tem a cultura de praça, não é só um local de passagem. As pessoas param, estão dispostas a ouvir alguém, mas não me prendo somente nela. Nem me prendo a centro cultural algum. Estou nas ruas, à procura de leitores.
JC: Qual a sua formação?
PL: Sou formado em Comunicação pela Federal Fluminense (UFF/RJ) e faço Pedagogia na Ufop. Mas a minha vocação literária veio mais por gostar mesmo de ler e escrever ainda antes de ingressar na Universidade.
JC: É possível encontrar seus textos fora das ruas?
PL: Ainda não tenho nenhuma página na internet, mas estou pensando em montar um blog com uns amigos. Enquanto isso, meus textos são exclusividade das ruas.