3° posição do Brasil em ranking de violência contra jornalistas preocupa profissionais...

3° posição do Brasil em ranking de violência contra jornalistas preocupa profissionais da categoria

Um ranking publicado pela agência genebrina Press Emblem Campaign sobre os países onde há maior número de jornalistas assinados coloca o Brasil em terceiro lugar. O resultado desse estudo tem causado preocupação em entidades sociais e revela um problema a ser solucionado. De acordo com a assessoria de imprensa do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG), há uma orientação para que os profissionais não confrontem o ameaçador e para que recorram à empresa para qual trabalha, pois esta oferece assessoramento jurídico, mobiliza e cobra ações efetivas e eficazes das autoridades.

“Não há qualquer tipo de segurança ou mesmo garantia de segurança para quem exerce a profissão de jornalista”, é o que defende o jornalista Raphael Tsavkko Garcia, confirmando o desconforto da classe. Como prova, ele ainda relata uma situação em que foi ameaçado: “Em 2001, fotografei e gravei um protesto de neonazistas em plena Avenida Paulista. Eram neonazistas, fascistas, integralistas, enfim, toda a nata de extrema-direita reunida para defender o deputado Bolsonaro. Até hoje, dois anos depois, ainda recebo ameaças por parte de neonazistas e similares, mas, felizmente, nada mais grave me ocorreu”.

Segundo Garcia, a falta de segurança para com os jornalistas não fica apenas por conta do Estado. Além disso, ele faz uma dura crítica aos órgãos, naturalmente envolvidos com esses casos: “Infelizmente, não podemos contar com quem deveria nos representar, pois os sindicatos estão mais interessados em decidir quem pode ou deve sequer ter direito a ser chamado de jornalista baseados em um pedaço de papel e não em capacidade, habilidade e mesmo amor pelo que faz”, aponta.

A crítica de Garcia ainda continua, quando ele cita a diferença entre as mídias de grande poder aquisitivo e as mídias alternativas: “Enquanto na grande mídia jornalistas se vendem pelos melhores preços (em muitos casos pelo preço possível, ou passam fome), vendem sua ideologia, sua ética, sua integridade para reportar aquilo que querem os patrões, na mídia alternativa – vide a Caros Amigos – resta a precarização”, destaca Garcia.

Reafirmando a posição de incômodo, o redator do portal O Tempo, Frank Martins, expõe sua opinião sobre o assunto e assinala uma ação de proteção aos jornalistas: “Não vejo preocupação nenhuma das empresas de comunicação e do sindicato da categoria com a segurança do jornalista. No que acompanho, no máximo, dependendo da ocasião, são fornecidos coletes à prova de bala. Mas isso apenas durante uma cobertura. Jornalistas que fazem matérias especiais e investigativas vivem sendo constantemente ameaçados e/ou perseguidos”.

Como escapatória para casos de violência Martins ainda sugere iniciativas para o profissional: “Basta o repórter mexer com o esquema e divulgar para sofrer as retaliações. Com isso, a primeira instituição a ajudar o jornalista deve ser a empresa para qual ele trabalha. Acho também que as leis deveriam começar a serem cumpridas e os responsáveis por essas mortes serem punidos. Já seria um bom começo. Uma utopia seria a organização da classe por meio do sindicato”.

Vale do Aço

O caso de assassinato do radialista Rodrigo Neto e do fotógrafo Walgney Carvalho em março, no Vale do Aço, evidencia ainda mais a questão da segurança para profissionais da área de comunicação. Em nota, a Polícia Civil informou que mudanças estão sendo feitas na delegacia regional de Ipatinga, com o intuito de reestruturar e iniciar uma nova fase da Polícia Civil na região, uma vez que sete policiais, seis militares e um civil, já foram detidos com suspeita de envolvimento nos 14 casos investigados na região.

Sobre o ocorrido no mês de março no Vale do Aço, Frank Martins analisa como um alerta: “Cada caso é um caso, mas essas mortes de jornalistas no Vale do Aço mostram e reforçam a insegurança que vivem os profissionais de comunicação que denunciam as mazelas da sociedade. Caso isso não signifique nada para as autoridades e para a própria classe, não sei o que é preciso para alertar os profissionais”.

Por Ana Carolina Vitorino

Imagem: Internet

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