60 anos, 60 histórias: As vozes do Contramão

60 anos, 60 histórias: As vozes do Contramão

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Por Italo Charles (especial para Contramão)

Escrever histórias, narrar acontecimentos e acompanhar as transformações do mundo, mantendo o compromisso com a verdade faz parte do dia a dia dos profissionais jornalistas. Ao longo das últimas décadas a comunicação passou por vários processos de adaptação devido a evolução tecnológica e a partir de então as mídias tiveram que se reinventar e adequar seus conteúdos para novos formatos.

Durante esse período, instituições de ensino superior e grandes universidades também moldaram os seus cursos de jornalismo para atenderem a nova era, a digital.  Em 2007, logo após o curso de jornalismo, do Centro Universitário Una, ser transferido do antigo campus do bairro Buritis para o atual campus Praça da Liberdade, o jornal laboratório Contramão foi criado. 

Contramão, de acordo com o dicionário significa ‘do lado contrário’, mas para a história do curso de jornalismo da Liberdade – como é chamado o campus atualmente -, significa contrapor-se aos veículos tradicionais de comunicação.

Ao longo dos quase 15 anos de vida, o Jornal Contramão acompanhou a evolução dos canais digitais e ganhou grande repercussão ao dar furos de notícias e competir com grandes veículos da capital mineira.

Nesse período vários estudantes, estagiários, professores e coordenadores contribuíram para o crescimento e fortalecimento do Jornal que cumpre sua função de transmitir a informação, e entregar conteúdos de qualidade para o público que acompanha.

 

Primeiros passos

Natália Oliveira

“Eu entrei no Contramão logo no início dele, pouco depois da mudança do campus do Buritis para a Praça da Liberdade. Nesse período éramos eu e mais um estagiário e o Reynaldo Maximiano como coordenador e o professor Aurélio Silva.

O tempo que estive lá, considero como uma grande experiência de vida. Foi lá que eu aprendi como era fazer jornalismo na prática. Nessa época o jornal era como se fosse local, produzíamos reportagens com os recortes voltados para cidade de BH. Escrevíamos um pouco sobre tudo, como cultura, cidades, economia, esporte e muito mais.  

Me lembro que eu gostava muito de escrever sobre personagem. Uma vez, produzi uma matéria com um pipoqueiro, contando a história dele. Pra mim o Contramão foi uma escola, eu aprendi um pouco sobre edição de vídeos, fiz podcast, lá eu realmente aprendi a fazer jornalismo”. 

Natália Oliveira, jornalista.

 

 

Escrita Afetuosa

Débora Gomes

“Em 2010 eu fui estagiária do jornal laboratório. Como foi meu primeiro estágio, foi também minha primeira experiência com o jornalismo. E é bem diferente daquilo que a gente imagina, né? Era desafiador produzir um jornal impresso inteiro e ter sempre assuntos legais para as coberturas hiperlocais. Penso que os desafios andam do lado dos aprendizados. E no Contramão eu tive a oportunidade de aprender (errando) um pouco de tudo: aprimorar a escrita, perguntas certas para entrevistas, diagramar o jornal impresso (eu adorava!). Foi um período muito feliz da minha vida. 

Cada dia era um aprendizado novo. Então, cada experiência me marcou de um jeito. Eu adorava sair pra fazer as coberturas hiperlocais. E gostava de conhecer novas pessoas/personagens pras matérias. Sempre gostei de ouvir histórias, sabe? Então essas duas possibilidades me encantavam. Mas acho que o mais legal foi quando o jornal me enviou para cobrir uma edição do Festival de Cinema de Tiradentes. Viajamos de ônibus, ficamos em uma pousada linda, com um café da manhã delicioso! rsrs. E fiz várias fotografias, conversei e estive bem pertinho de artistas, fizemos várias matérias especiais pro jornal on-line. Foi uma experiência muito bonita. 

O Contramão foi minha oportunidade de colocar em prática algumas coisas que eu via em sala de aula. Então, certamente isso foi importante para que eu conduzisse toda a graduação de uma forma mais completa, sabe? Nem só com teorias. Hoje trabalho com escrita. E muito da visão que tenho e da forma como conduzo as palavras, veio da liberdade que a gente tinha pra produzir no Contramão. A Escrita Afetuosa que me acompanha hoje, certamente veio um pouco das chances que tive de colocar minhas ideias e vê-las acolhidas pelo Reynaldo, que era o coordenador na minha época. Ele foi um grande incentivador da minha escrita. E aprendi ali o quanto a escrita é infinita. Já na vida pessoal, acho que os amigos que fiz lá vão ser sempre minha maior referência. Alguns seguem comigo até hoje”.

Débora Gomes, jornalista e escritora.

 

Manifestações e coberturas bombásticas

Elias Santos

 

“Eu cheguei na Una em 2013, e o que me chamou muita atenção foi uma série de reportagens sobre as manifestações e ocupação das ruas de Belo Horizonte, aquela coisa que até hoje a gente não consegue entender muito bem. Lembro que a Praça da Liberdade e as ruas foram invadidas pelos manifestantes. Então o que eu senti ali naquele momento foi um espírito de liberdade.

Quando tivemos a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, em vários momentos Contramão se contrapôs a  isso, questionando se realmente era importante. Eu lembro muito disso, eu achei muito bacana a movimentação e a audácia do jornal nesse período”.

Elias Santos, professor.

Minha Carreira Jornalística

Moisés Martins

“Entrei no Contramão no segundo período de faculdade, com pouca experiência na área. Desde o início comecei a dar o meu melhor, produzindo matérias, realizando a cobertura dos eventos para procurar ser destaque no que eu fazia.  Permaneci por dois anos no jornal e foram os melhores anos da minha vida.

Nesse período eu aprendi, construí amizades, fiz contatos e a partir dali tudo mudou na minha vida. Eu saí de lá praticamente formado e mesmo assim devido ao fim do meu contrato, se não fosse isso teria ficado até o final (risos). Mas depois dali, comecei outro estágio indicado pelos meus ex-chefes do Contramão. Hoje eu devo a minha carreira jornalística e tudo que aprendi naquele período aos meus líderes”.

Moisés Martins, jornalista.

 

História e muito aprendizado

Bianca Morais

“Desde quando entrei na Una sempre achei o Contramão um lugar incrível, via alguns colegas de sala estagiando lá e sempre tive vontade.  Foi em abril de 2019, que em minha terceira tentativa de processo seletivo, passei. O estágio no Contramão foi um sonho realizado, até então eu não tinha feito nenhum outro na minha área e lá eu tive a liberdade de produzir os conteúdos, apoio do meu técnico Felipe e da minha líder a Marcia, eu saia do laboratório, ia para as ruas atrás de reportagens. Eu escrevia as reportagens, eles me apontavam os erros e acertos, onde podia melhorar. Além é claro, das amizades que construí ao longo do estágio.

No final daquele ano entrou uma das pessoas que mais me apoiaram nessa trajetória do jornalismo, a Dani Reis, ela assumiu a liderança do laboratório e ali nascia muito além de um cargo de chefe e funcionária, mas uma amizade que me inspirava. Sempre disposta a me ajudar tanto nas matérias para o Contramão quanto em trabalhos da faculdade.

Me formei no ano meio de 2020 e sabia que ali acabaria um ciclo de aprendizagem, mas como o destino sempre nos prepara uma surpresa dois meses depois apareceu uma vaga para técnica de laboratório e logo me inscrevi, e passei. Agora o lugar onde havia estagiado e aprendido tanto, era meu primeiro local de emprego como jornalista.

Ali comecei a escrever meu futuro, e literalmente escrever, hoje alimento o nosso Jornal Contramão com notícias diárias, aqui crio meu portfólio com inúmeras matérias, tanto institucionais, quanto aquelas de assuntos diversos e relevantes que me permitem conhecer diariamente pessoas e histórias incríveis que elas têm a contar.

O Contramão é e sempre foi aquele jornal que caminha no sentido oposto, contrário àqueles veículos de comunicação que vemos diariamente na nossa cidade. Isso me lembro até hoje das primeiras aulas que tive com meu professor Reynaldo, lá no primeiro período de curso, onde ele nos apresentava o mestre Gay Talese, o chamado Novo Jornalismo, e como o Contramão trazia aquilo. A gente conta a história, mas não contamos por alto, nós entramos nela, exploramos ao máximo o que nossos personagens têm a nos mostrar. E o Jornal Contramão é tudo isso, nos permite criar, e sou eternamente grata por fazer parte dessa equipe”.

 Bianca Morais, jornalista e técnica do Contramão.

 

A Fábrica

Participei ativamente da criação da Fábrica que o objetivo era  a gente trabalhar de forma transdisciplinar de modo que a gente pudesse pensar economia criativa como um todo. E é muito interessante a gente pensar que o Jornalismo está inserido nesse meio. 

Eu fiz questão de preservar o nome, havia uma possibilidade de mudança, mas eu achei que não era conveniente essa mudança., porque o nome é muito importante entre Contramão ainda, pode ser que mais adiante neste momento crítico sobre a coordenação e eu achei que o nome da rua é importantíssimo porque ele significa um contraponto, algo diferente, algo que se coloca nesse sentido como um todo.

Para a Fábrica como todo, o Contramão é tão importante, porque ele é a válvula de atividades da Gastronomia, da Moda, da Arquitetura que se transforma em reportagem e por aí vai… O Contramão é um veículo onde a instituição pode falar, não se trata de um espaço  institucional, mas por meio dele e a partir dos critérios jornalísticos a instituição ganha voz. 

Ele é um complemento na formação dos estudantes, ele se torna muito importante nesse sentido porque dentro da própria universidade ele serve como um espaço de experimentação e prática para todos os estudantes de jornalismo. Por se tratar de um veículo de comunicação de uma universidade, o Contramão precisa experimentar, nele é possível criar modelos de narrativas diferentes por se tratar de um jornal diferente dos meios tradicionais”.

Elias Santos, professor e ex-coordenador da Fábrica.

 

Vida longa ao Contramão

Daniela Reis

“Há dois anos assumi a liderança do Núcleo de Conteúdo da Una, e uma das minhas funções é ser editora do Contramão. Aqui, temos a oportunidade de abordar temas variados com visão crítica e bem diferente da grande mídia, o que para a formação dos nossos alunos é espetacular. Nesse tempo em que estou à frente do Contramão, o vi crescer de forma extraordinária, passando a ter publicações diárias com pautas bem elaboradas e que  ultrapassam os limites da instituição. Como é gratificante presenciar o crescimento dos  estagiários no dia a dia, e principalmente, acompanhar as conquistas dos mesmos no mercado de trabalho, saindo da nossa pequena redação para veículos de comunicação renomados. 

Nossa equipe trabalha diariamente para produzir conteúdos relevantes e aprimorar a qualidade dos nossos textos. Vida longa ao Contramão!”.

Dani Reis, líder do Núcleo de Conteúdo e editora do Contramão.

 

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