60 anos. 60 Histórias: forte liderança a frente da Cidade Universitária

60 anos. 60 Histórias: forte liderança a frente da Cidade Universitária

Por Bianca Morais

Ana Carolina Sarmento trabalhou durante muito tempo na Diretoria de Planejamento e Expansão da Una, se mudou para Joinville, onde assumiu a liderança da Diretoria de Marketing e Comunicação da UniSociesc, instituição que também integra o Grupo Ânima. Por lá, desenvolveu grande aprendizado, e retornou a Belo Horizonte recentemente para assumir a diretoria da Cidade Universitária.

Com vasta experiência de mercado, Sarmento, promete trazer vários novos projetos para a instituição, incluindo grandes propostas relacionadas a inovação. Em entrevista para o Jornal Contramão, a diretora compartilha experiências de vida e visões de mercado. Confira.

Como surgiu o convite para ser diretora da Cidade Universitária?

O Cicarini, reitor da Una, com quem já trabalhei há um tempo atrás, quando ele era diretor do Campus Liberdade e eu Diretora de Planejamento e Expansão, me ligou e me fez esse convite, dizendo que a Cidade Universitária precisava de um gás diferente, de um olhar mais voltado para o mercado, com mais força de ocupação da cidade de Belo Horizonte. 

Como eu estava em Joinville, juntaram-se duas grandes possibilidades para mim, uma de aceitar e assumir esse desafio, que é algo que me motiva muito, principalmente porque eu entrei na Ânima pela Una, e a Cidade Universitária é o coração da Una e também conciliando a parte familiar, pois já era um desejo ficar mais perto da família. 

Como você avalia sua trajetória no mercado de trabalho e crescimento profissional até hoje?

Uma das coisas mais importantes para mim é trabalhar com algo que realmente faça meus olhos brilharem, encontrei isso na educação, já são 17 anos dos meus 21 anos como profissional da Ânima e realmente fazendo diferença, tanto para as pessoas as quais trabalho, quanto para os alunos que passam pela instituição e também para mim, que vivencio tudo isso.

Tenho muito orgulho e gratidão pelo aprendizado, pelas trocas, pela possibilidade de entregar projetos tão diferentes e que me fizeram crescer. Orgulho principalmente das relações e profissionais que encontrei durante essa trajetória. 

Com tantos anos de mercado, o que você pretende trazer de novo para a Cidade Universitária?

Essa minha ida para Santa Catarina me trouxe um olhar diferente sobre inovação e tecnologia, o estado tem uma densidade tecnológica de inovação muito grande, um ecossistema muito sólido, isso em todas as cidades que atuamos, tanto em Joinville, quanto Florianópolis e em Jaraguá. A gente percebe um ecossistema mais pronto e fazendo aí uma ligação entre os três atores, o público, a academia e a iniciativa privada. 

O que eu pretendo trazer é essa conexão com o mundo do futuro do trabalho, colocando os alunos dentro como protagonistas dessa iniciativa, para que eles possam fazer essa ponte com o que vai ser esse futuro do trabalho. 

Estamos desenvolvendo um grande projeto que internamente temos chamado de Alma Una, que será esse centro de conexões, inovações, conhecimentos e de transformação, no qual os alunos estarão a frente, por meio de uma cocriação e da própria participação do dia a dia dessa comunidade acadêmica, alunos, professores e o entorno.

Um grande objetivo também é abraçar esse entorno, entender as necessidade e colocar essa nossa comunidade acadêmica a disposição na resolução e entrega de projetos que façam realmente a diferença na comunidade na qual estamos inseridos, sempre olhando para os pilares da Una que são: diversidade, inclusão, empregabilidade, acessos e comodidade. 

Quais são suas expectativas para o futuro da Cidade Universitária?

Minha expectativa é que a gente realmente faça uma entrega diferenciada para a nossa comunidade acadêmica e para o nosso entorno, e que sejamos referência em educação no ensino superior em Belo Horizonte.

Falamos também em projetos de transformação, de extensão voltados para o mundo do trabalho e que consigamos colocar a CDU em lugar de destaque na cidade, crescendo nosso número de alunos, fazendo com que as pessoas que pretendem fazer um curso superior deseje cada vez mais estar nesse lugar diferente.

E da Una como um todo?

Tenho a expectativa de tudo aquilo que estamos pensando e construindo na Cidade Universitária possa reverberar para toda Una, e que a Una, seja vista como a escola de referência nos estados de Minas Gerais e Goiás, que possamos ser cada vez mais lembrados como o lugar que prepara os nossos estudantes para o mundo do trabalho, seja qual for este mundo, por meio de competências e habilidades que são desenvolvidas no nosso dia a dia por meio de um modelo acadêmico inovador.

Como você avalia a educação superior como base da transformação do país? 

A educação é a base de transformação de qualquer sociedade, ela está ali no centro dessa transformação, é por meio do acesso ao conhecimento, ao desenvolvimento dessas habilidades que as pessoas conseguem gerar conhecimentos, se empoderar, ganhar confiança, autoestima para poder entregar para o mundo o trabalho que elas aprenderam.

Eu diria que sem educação não temos crescimento, não abrimos nem expandimos. Não evoluímos, a evolução é a base de toda essa transformação, ela começa com uma transformação individual, que vai impactando a família, o mundo do trabalho, e essas transformações somadas conseguem elevar uma sociedade em um patamar de desenvolvimento muito maior, geração ciência, de mais empregos, empreendedorismo, tudo isso como um motor de economia de um país, gerando melhores rendas e melhores condições de vida.

Na sua opinião, como a educação, principalmente nas universidades, vem se transformando através dos projetos de inovação e tecnologia?

Hoje a inovação e tecnologia fazem parte da nossa vida, não tem como dissociar mais, vivendo esse ecossistema de inovação, respirando tudo isso, o que vem de dentro da universidade e do mundo do trabalho, é algo que se conecta, uma interação desses dois atores que entregam de volta para a sociedade algo que vai melhorar nossas condições de vida.

Dentro do próprio ensino superior vemos uma evolução também, por meio do uso de tecnologias dentro das metodologias de aprendizagem, em sala de aula. Não temos como negar que o acesso à informação hoje é muito diferente do que era antigamente, por causa dessa tecnologia que proporcionou tudo isso. Então também precisamos evoluir as metodologias de ensino, as formas de aprender, as novas ferramentas, o debate com os professores, eles que se reinventam e estão mais preparados para essa nova realidade.

Como você avalia o futuro da educação superior pós-pandemia? 

A pandemia acelerou um processo de hibridez das relações, hoje percebemos que não precisamos nos deslocar fisicamente para estar em alguns lugares, em algumas reuniões e da mesma forma a sala de aula. Óbvio que muitas das coisas dependem do presencial, mas muitas vão acabar sendo colocadas em prática com a ajuda da tecnologia, uma tecnologia mais avançada, por meio de simuladores, de realidade virtual, realidade aumentada, e muito vai ser a distância.

Eu enxergo três vertentes dentro da sala de aula, a presencialidade, a sala de aula online e o uso de ferramentas de aprendizagem por meio dessas novas tecnologias, não vejo como voltarmos para o patamar que tínhamos antes da pandemia.

Na sua opinião, quais as características do profissional do futuro? 

A gente tem visto que os profissionais do futuro cada vez mais serão exigidos nas suas competências socioemocionais, então destacamos muito forte a questão da liderança, da criatividade, da comunicação e relacionamento interpessoal, também a flexibilidade, adaptabilidade, que são competências na inteligência emocional a serem desenvolvidas dentro de um contexto educacional que irá colocar esses estudantes diante de situações que exijam isso deles.

Como a Una tem se preparado para formar esses profissionais?

Temos um currículo baseado em competências, ele desenvolve e trás os conteúdos técnicos de uma forma que possibilita o desenvolvimento dessas competências socioemocionais, que vão para além do conteúdo técnico. Ele é integrado, como a vida é integrada, não estamos divididos em caixinhas de disciplinas separadas, a gente trata de problemas de forma interdisciplinar.

Uma outra capacidade é a de resolução de problemas e o nosso currículo nos possibilita tudo isso, também temos componentes curriculares que nos impulsionam nesse sentido, como as próprias práticas dos projetos e cursos de extensão, os trabalhos interdisciplinares voltados e baseados para a resolução de problemas, são técnicas que contribuem para o desenvolvimento e para que nossos alunos saiam mais preparados para esse mundo do trabalho.

Além de profissional você também exerce outro grande cargo, o de mãe. Como você concilia sua carreira com a maternidade?

Ana Carolina Sarmento e família

Outro dia eu recebi uma charge que mostra uma corrida com as mulheres e os homens, as mulheres com aquelas atividades todas da casa, da maternidade. Eu sempre tive a sensação que eu entrei em uma reunião devendo, menos preparada para aquela reunião do que um outro colega.

Digo que é complexo conciliar tudo isso, mas é possível, extremamente possível, e gratificante, porque eu sempre quis ser mãe, eu sempre me enxerguei nesse papel e eu sou muito feliz, não me imagino não tendo meus filhos, é uma responsabilidade enorme e que precisamos nos dedicar, aprendo todos os dias.

Meu grande recado para as mulheres é que elas não desistam das suas carreiras, dos seus sonhos, de serem protagonistas da sua própria vida e que é possível conciliar todos esses papéis, com uma grande rede de apoio, contando com os pais dos filhos como sendo parte, dividindo igualmente essa responsabilidade, apesar das crianças ainda terem essa questão da mãe como uma referência, a gente acaba tendo com eles um papel diferente, mas que tenho buscado sempre tentar fazer com que eles vejam que nós dois temos o mesmo peso. 

Durante a pandemia vimos muitas mulheres abrindo mão de seus empregos para ficar em casa e cuidar dos filhos. Em algum momento isso passou pela sua cabeça?

Não, em nenhum momento isso passou pela minha cabeça. Os meus filhos são um pouco maiores, por isso eles têm um pouco mais de autonomia. Foi um desafio, mas eu sempre tive na minha cabeça de que a gente iria passar por isso junto, como eu disse, ter o pai das crianças comigo, dividindo essa responsabilidade da aula online, quando um não pode o outro pode estar ali ao lado deles, pensar em alternativas para eles nesse momento de isolamento que fosse para além das telas, busquei uma professora que pudesse dar aula umas duas vezes na semana, principalmente para o meu menor, que teve muita dificuldade de adaptação sobre o ensino remoto. É pensar em alternativas junto com meu marido, e ter persistência, resiliência, porque tinha dias em que tudo dava errado, todo mundo ficava nervoso, mas em nenhum momento o pensamento de desistir assim.

Qual o principal desafio enfrentado por você no dia-a-dia?

Acho que o principal desafio é ocupar um cargo de liderança importante e conciliar alguns compromissos com os outros papéis, o de mãe, esposa, dona de casa e de filha. Acho que conciliar isso e manter o equilíbrio, sempre pensando no bem estar de todo mundo é bem difícil.

Outro desafio é separar o profissional do pessoal, é impossível, não existe isso, nós somos uma pessoa só, mas saber colocar limite, no momento em que você está se dedicando ao trabalho e na hora em que você está se dedicando aos seus filhos, saber até aonde você vai com uma coisa e com outra. Acho que isso é muito importante, até a hora de parar, de dar atenção para um filho, de olhar ali pela educação deles, um outro grande desafio é fazer esse dia a dia deles ser produtivo e construtivo, de grandes desenvolvimentos, gerando memórias afetivas, de estar presente, isso tudo para mim é muito importante para que eles cresçam e se tornem adultos emocionalmente saudáveis.

Precisamos também nos manter saudáveis, ter um tempo para a gente, o tempo do lazer, do esporte, da prática do esporte, para cuidar da saúde, do corpo, e da própria mente, porque esses esportes nos desconectam do ritmo frenético e nos conectam conosco.

Tudo isso falta tempo, o desafio é conciliar tudo e sem ter culpa se as vezes não deu certo, se em um dia, não produzi o tanto que tinha que produzir, ou não fiquei com meus filhos o tanto que gostaria. Não sentir culpa e levar de uma forma leve, porque afinal a vida é uma só, e temos que ser felizes para conseguir evoluir, acho que estamos aqui para isso, evoluir através das relações que a gente tem com as pessoas.

Estando onde chegou, qual conselho você daria às mulheres que enfrentam diariamente as dificuldades do mercado de trabalho?

Não desistam, lutem pelos seus sonhos, busquem ao máximo o seu desenvolvimento e crescimento, lembre-se que vocês são incríveis, que cada uma de nós tem um talento que precisa ser colocado a favor do mundo. Descubram e valorizem seus talentos, sejam felizes, tenham um propósito e se realizem.

 

Edição: Daniela Reis 

 

 

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