60 anos. 60 histórias: Projeto Jovens Jornalistas

60 anos. 60 histórias: Projeto Jovens Jornalistas

Por Keven Souza

A constante inovação tecnológica dos últimos anos transformou o nosso modo de ter acesso às notícias, reportagens, artigos e meios de entretenimento. Os acontecimentos do mundo inteiro estão a um clique de distância na palma da mão. Esse fenômeno faz com que muitas pessoas que antes eram consumidores de notícias apareçam, também, como produtores e disseminadores de conteúdos. Isso é ainda mais evidente, aos adolescentes que são na atualidade um público favorável aos avanços da tecnologia das comunicações. 

É pensando nisso, que a Associação Profissionalizante do Menor (Assprom) desenvolveu o Projeto Jovens Jornalistas, estimulando o protagonismo dos jovens da entidade ao propor a iniciação dos participantes na elaboração de pautas jornalísticas para o jornal da associação e inúmeras produções de conteúdos para as redes sociais. 

A Assprom, ao lado do Centro Universitário Una, entende a importância de oferecer experiência e qualificação profissional para os adolescentes e jovens da atualidade. Desde 2020, com a finalidade de prepará-los para serem profissionais do futuro, o projeto tem atuado em parceria com a faculdade, que com o suporte da Fábrica, auxilia os jovens no desenvolvimento de habilidades e técnicas imprescindíveis para formar profissionais especializados, capazes de operar em diferentes âmbitos ocupacionais no mercado de trabalho.  

A Associação e o projeto 

A Assprom, desde 1975, profissionaliza e oferece aos adolescentes e jovens de famílias em situação de vulnerabilidade social, por meio de programas socioassistenciais, a oportunidade do primeiro emprego. Os projetos institucionais têm como objetivo a inclusão social e o exercício da cidadania plena e, dentre eles, o Jovens Jornalistas foi criado em 2017, com o intuito de dar voz e espaço aos adolescentes escrevendo assuntos de seus interesses.

O projeto, desenvolvido pela Divisão de Orientação e Formação Profissional (Difop/Assprom), foi idealizado pelas educadoras sociais Flávia Fontenele e Alenir Maria Silva, com o apoio da equipe de Comunicação da entidade e, atualmente, a responsável interina pelo projeto é a educadora Flávia Fontenele, que atua com o suporte técnico da equipe de Comunicação/Assprom. 

Desde sua estreia em 2017, a trajetória do Jovens Jornalistas é única e admirável. Em 2019, foi um dos vencedores da primeira edição do concurso “Prêmio Educador Social Fectipa/MG”, que teve como objetivo valorizar as ações educadoras em combate ao trabalho infantil, e, neste prêmio, especificamente, o projeto foi reconhecido de forma solene ao ficar em 3º lugar no concurso.

Prêmio Educador Social Fectipa/MG

Na visão da responsável pelo projeto, Flávia Fontenele, a proposta é excepcional para que os aprendizes obtenham conhecimentos de várias ferramentas de comunicação essenciais para o mercado de trabalho. Para ela, em cada oficina realizada se percebe o interesse e engajamento dos jovens no projeto. “Quando a turma finaliza o projeto solicitamos um feedback dos aprendizes e recebemos muitos retornos positivos e, além disso, alguns acabam se interessando em seguir a área da Comunicação. É muito importante ensinar provocando o protagonismo juvenil”, explica. 

A proposta do projeto acontecer junto a uma universidade é com o intuito de beneficiar exclusivamente o aprendizado dos jovens. O apoio da UNA no projeto resulta em um contato ativo dos aprendizes com a área acadêmica. “A aproximação com o ambiente universitário desperta o interesse do jovem em continuar seus estudos e até mesmo alguns acabam se identificando com a área de Comunicação”, ressalta Flávia, sobre a idealização da parceria com a Una. 

Parceria junto à Una

Oficina de gravação de vídeos com Daniela Reis, líder do Núcleo de Conteúdo da Una

A colaboração entre a Assprom e o Centro Universitário Una é uma relação de longa data. Anualmente, na Associação são realizadas palestras na “Feira das Profissões”, ministradas por profissionais da universidade e, desde 2020, através do contato entre ambas, surgiu a oportunidade de unir forças ao Projeto Jovens Jornalistas. Uma parceria marcante que contribui para o desenvolvimento pessoal dos aprendizes e fomenta o crescimento profissional, além de oportunizar uma experiência ávida de vivenciarem o ambiente corporativo ao conhecerem melhor a rotina da área de Comunicação.

Através da parceria, o projeto acontece semestralmente. É selecionada uma turma do Programa de Aprendizagem da Assprom com a participação de jovens que demonstram responsabilidade e se identificam com a proposta do projeto. 

A Fábrica, que é o coletivo dos laboratórios de Economia Criativa da Una, tem um papel imprescindível para a continuidade da parceria com a Assprom. O coletivo, que tem atuado no programa de forma virtual, desde outubro de 2020, por conta da pandemia do coronavírus, soma a segunda turma consecutiva ministrando oficinas e treinamentos para os aprendizes. As oficinas são fornecidas pelo laboratório do Núcleo de Conteúdo de Jornalismo (Nuc), bem como o de Publicidade (Luna) e o Dígito Zero (audiovisual). 

As principais oficinas desempenhadas dão oportunidades aos jovens de participarem ativamente de ações que fomentam a produção de texto, a elaboração de vídeos para as redes sociais, o desenvolvimento de postura do repórter, o combate a fake news, o ensinamento de como criar conteúdo para o Instagram, dentre outras atividades. 

Daniela Reis, Jornalista e líder do Núcleo de Conteúdo da Una, afirma que as oficinas aprimoram as habilidades dos jovens. As tarefas propostas aos encontros virtuais permitem aos participantes aperfeiçoarem a responsabilidade profissional em relação ao tempo de execução, além de desenvolver o trabalho em equipe e a escrita de redação. “São várias as habilidades, principalmente as voltadas para a comunicação. As tarefas desenvolvidas por eles, permitem que aprimorem a abordagem com pessoas de diferentes posições e níveis de conhecimento, uma vez que fazem o papel de repórteres e realizam entrevistas de diferentes temas”, explica a líder.

Segundo ela, o incentivo da academia às técnicas e ações voltadas à sociedade tem um papel excepcional, à vista da interconexão do mundo poder ensinar os jovens aprendizes a serem comunicadores de forma responsável e com qualidade, e colocá-los à frente no mercado de trabalho. “Uma parceria com o futuro, de uma importância imensa, tanto para os meninos, que se qualificam e podem desenvolver suas habilidades, quanto para as duas instituições, que juntas estão sendo capazes de gerar oportunidades e crescimento”, desabafa. 

E, afirma que é gratificante fazer parte do projeto e tem orgulho do empenho dos jovens nas ações.

Aos participantes, é uma oportunidade ímpar de enriquecer a trajetória. Ao se envolverem com o projeto, tendem a se destacar no mercado de trabalho. Para Larissa Alves da Rocha, que tem dezessete anos e foi aprendiza do projeto no primeiro semestre de 2021, sua participação foi inesquecível e trouxe melhorias em sua escrita, o contato com as técnicas de fotografia e redes sociais foi de extrema relevância para aparar as dificuldades. 

Larissa Alves da Rocha

Segundo ela, participou de inúmeras oficinas que tinham o propósito de abordar variados temas como a fotografia e o vídeo, a produção de matérias, a técnicas de entrevistas e o marketing de redes sociais. Na execução das tarefas, os participantes eram divididos de acordo com as demandas e tinham a abertura de se expressar em qual haviam mais identificação. “Particularmente me vi mais na parte de redação, produzindo matéria”, diz ela. 

O Jovens Jornalistas, por si só, é um projeto extraordinário que em suma é significativo, e que, em parceria com a Una, pretende ir além do preparo dos jovens para o mercado de trabalho, mas atrelar experiências sublimes na vida particular. A incitação à auto estima, a segurança e a soft skills de relacionamento interpessoal são fatores incentivados que resultam positivamente na vida dos jovens. Além de que é uma injeção de ânimo no futuro dos aprendizes ao se pensar no contato ofertado entre eles e a faculdade. 

Um exemplo é da outra adolescente que também chama Larissa. Ela está pela segunda vez no projeto e se dedica com afinco à todas as propostas, pensando no futuro. “É muito importante, pois nos proporciona ver um novo lado do mundo jornalístico, aprofundar, e com isso quem sabe poderá até abrir novas portas de vagas de trabalho nas áreas de comunicação como o jornalismo, publicidade e propaganda, cinema, rádio e tv. As atividades nos prepara para o futuro, a Assprom pegou no ponto certo, essa parceria nos proporciona desafios que podemos encarar com muita satisfação, porque isso tudo que estamos passando, no final vai ser um grande ganho quando entramos no mercado de trabalho”, explica Larissa Silva A. Barbosa, de 17 anos.

Larissa Silva A. Barbosa

Em 2019, o projeto chegou a levar uma turma para conhecer os laboratórios de comunicação da Una. A ocasião na época inclinou-se a construir uma responsabilidade social e, até hoje, com a implantação das oficinas, propõe-se a dar estímulo aos adolescentes de cada vez mais frequentarem espaços educacionais e incentivá-los a entrar em uma universidade. 

Vinícius Alves Martins, que iniciou recentemente a graduação em Letras na Una e participou do projeto no segundo semestre de 2020, afirma que sua jornada foi benéfica em relação à  decisão de qual curso ingressar e que, através dos ensinamentos durante as oficinas, a opção de cursar Letras se tornou mais clara e viável. “Atividades como desempenhar o papel de redator e editor, me abriram um leque de possibilidades e expandiu o meu pensamento sobre o curso”, explica.

Vinícius Alves Martins

Segundo ele, o seu primeiro contato com uma universidade foi através do colégio, a sua jornada foi pautada por diversos passeios que fomentaram a sua relação com o ensino superior e, com isso, acredita que é importante os jovens se conectarem com a universidade desde o ensino médio. “Foi através do Jovens Jornalistas que pude conhecer mais sobre a Una e entender melhor sobre o curso de Jornalismo. Definiria minha participação como bastante comprometida e determinada. Me trouxe o sentimento de empatia, de como é estar na pele de um jornalista. Eu já sabia disso através dos jornais e outros meios de comunicação, mas vivenciei só através do projeto”, comenta Vinícius. 

Com a palavra, o presidente da Assprom

Carlos Augusto de Araujo Cateb, presidente da Assprom

“A Assprom acredita que a educação transforma o mundo. Oferecer este espaço para os jovens é incentivá-los ao protagonismo juvenil e reconhecer que a participação atuante deles pode gerar mudanças decisivas na realidade social, incentivando que os jovens sejam os atores principais de suas histórias e que se posicionem perante a comunidade”. E acrescenta: “Não podemos esperar que os jovens lutem e procurem agir como transformadores da sociedade se não lhes for permitida uma abertura efetiva, teórica e prática. Falamos tanto em liberdade de expressão e acesso à informação, sendo este um caminho para os jovens se comunicarem e mostrarem seus talentos. Por meio das oficinas, eles aperfeiçoam suas reflexões sobre o mundo, o modo de se expressar, de ler e escrever, fato que pode contribuir futuramente para a permanência no mercado de trabalho”, enfatiza o presidente, Carlos Augusto de Araujo Cateb, sobre a importância do projeto. 

 

Edição: Daniela Reis 

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