87 anos de comercialização animal

87 anos de comercialização animal

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O Mercado Central de Belo Horizonte, considerado o terceiro melhor do mundo pela revista de bordo da TAM Linhas aéreas, comemorou neste 07 de Setembro, oitenta e sete anos. Ao longo deste tempo, a variedade do comércio, transpassando entre especiarias, artesanato e boêmia, deram fama ao local que é, também, cartão postal da cidade. Por entre seus vários corredores, alguns são destinados a venda de animais, e é sobre isto que esta matéria tratará.

Em Julho deste ano, foi aprovada pelo governador Fernando Pimentel a lei estadual 22.231/16 que prevê multa a quem maltrata os animais. De acordo com a lei, é considerado mal trato: privar de movimentos, deixar em local sem higiene, abandonar, aterrorizar ou molestar. Há ainda, o projeto de lei municipal 1711/15 (falta sanção do prefeito), que proíbe a entrada de animais em mercados e afins. Contudo, a comercialização de animais do Mercado Central continua.

A advogada e membra da ONG Cão Viver, Val Consolação, explica que existem outras leis de maus tratos infringidas pelo Mercado, como a lei 9.605/98 artigo 32, que trata dos maus tratos à animais domésticos, além da resolução do CFMV que proíbe animais em gaiolas, “Se o poder público resolvesse de fato fiscalizar o mercado, veria as atrocidades lá cometidas, que já são de conhecimento de toda sociedade. O Mercado Central comete crimes atrás de crimes e nunca é punido”, conclui Consolação.

A estudante, Marcelle Gouveia, conta que foi ao local apenas uma vez, ainda criança, com os pais. A experiência lhe bastou ao traumatizar-se com o corredor dos animais. “O cheiro é horrível, e os animais ficam jogados, sem serem cuidados. Depois disso eu nunca mais quis voltar lá, só de passar na porta eu lembro dos bichinhos”, conta. O empresário, Tick França, 30, observa, “As condições que os animais ficam lá são absurdas, eu os vi amontoados nas gaiolas, sem nenhuma condição de higiene. Muitas vezes são deixados sem água, e infestados de pulgas e carrapatos”.

Diante das denúncias, Val Consolação pontua: “Pessoas como eu, ligadas à causa animal há tantos anos sentem uma dor e uma tristeza imensa por existir aquele local, é uma vergonha sem tamanho! A proteção animal de Belo Horizonte tenta há anos acabar com esse comércio desumano sem sucesso. Forças escusas protegem aquele antro assassino”.

A  falta de higiene do local, somado as jaulas pequenas, além de afetar o comportamento, compromete a saúde dos animais, “Vemos animais letárgicos, sonolentos. Isso, a primeiro contato pode passar despercebido para alguns, mas quando se leva o animal em questão para casa, muitos proprietários acabam descobrindo doenças que não esperavam!”, explica a bióloga Nayara Lio, e acrescenta: “Quando alguns animais se apresentam impróprios para a venda, não é difícil imaginar que alguns vendedores devem se desfazer deles das piores maneiras possíveis”.

 

Outra questão inerente a comercialização de animais no Mercado Central, são as possíveis doenças que podem ser transmitidas para os humanos, visto que lá também são vendidos produtos alimentícios. “Manter estes animais perto de onde há comercialização de produtos alimentícios é péssimo! Muitos desses animais,silvestres principalmente, tem doenças que passam para humanos, além  dos carrapatos, que são veículo de várias doenças. É totalmente anti higiênico, não sei como a vigilância sanitária permite isto.” Comenta a estudante de biologia, Luíza Costa.

Texto: Bruna Dias

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