“O riso contra o poder” encerra o mês do “riso” na Casa...

“O riso contra o poder” encerra o mês do “riso” na Casa UNA de Cultura

A declaração já conhecida “quem ama o feio é porque o bonito não aparece” do Barão do Itararé, foi uma das frases citadas na noite de quarta-feira, 31, na Casa UNA de Cultura pelo professor da PUC-Minas, da Fundação Dom Cabral e programador Cultural da Casa UNA, Guaracy Araújo, que ministrou a palestra “o riso contra o poder”.

A ideia geral da palestra foi mostrar como muitas vezes escritores, filósofos, pensadores e humanistas, de um modo geral, usaram o riso como ferramenta para denunciar. “Em muitos momentos da história a gente tem exemplo de situações nas quais o uso do riso foi uma ferramenta para mostrar aquilo que não podia ser dito diretamente”, esclarece. “A ideia foi também lidar com a expectativa de, por meio do riso, mostrar o mundo de cabeça para baixo, pois o riso tem esse poder desestabilizador”, destaca.

O riso tem várias formas, mas a sua forma clássica é a ironia. Por meio dela que se encontra uma maneira de tornar as coisas visíveis e de brincar com as coisas, de usar da linguagem de forma que gere uma impressão de ambiguidade. “A partir da ironia é possível a gente ver como o riso é capaz de suscitar as pessoas numa percepção daquilo que, na realidade, elas não manifestam diretamente ou manifestam às vezes de uma forma sutil”, explica Araújo.

Durante a palestra, Araújo falou sobre personagens de várias fases da história que com poemas, textos e anedotas despertavam muitos risos, dentre eles estão: Diógenes o cão, Alexandre o grande, os bobos da corte, Gregório de Matos, Voltaire, com suas críticas à Igreja e aos poderes políticos. Na Modernidade, foram destaques Swift e Karl Kraus. Já na Antiguidade, o destaque foi Júlio César. Já no século XX, foram citados Oscar Wilde por meio de sua frase: “Quando era jovem achava que o dinheiro era tudo, hoje tenho certeza”; George Bernard Shaw, o jornalista e crítico H.L Mencken, o grande frasista Winston Churchill, Dorothy Parker, Millor Fernandes, com suas piadas sobre o Sarney e o Collor; e Wood Allen. No século XXI, foi destacado o humor involuntário de George W. Bush

“O riso é uma percepção, um momento, uma situação em que todo mundo sabe o que é, todo mundo se reconheci nisso e a partir daí faz com que seja possível usá-lo como um instrumento muito eficaz de crítica política”, destaca Guaracy. “A ironia é a forma mais famosa, mas a sátira, a alegoria e até mesmo a caricatura são maneiras através das quais se pode fazer rir. Rir é fazer as pessoas pensarem também”, conclui.

Guaracy Araújo durante a palestra
Guaracy Araújo durante a palestra

Boa embalagem

O tempo todo se percebe a relação entre o riso e o poder nos jornais. “O riso embala bem as coisas, aquilo que parece muito doloroso, muito difícil e até muito ofensivo, o riso de certa forma atenua isso, além do mais quando as pessoas são capazes de rir de alguma coisa, elas também são capazes de se identificar e se posicionar em relação àquilo”, afirma Araújo.

Ainda segundo Araújo o riso em todas as suas formas “o riso faz com que a gente, ao invés de perceber as coisas de uma forma rotineira, perceba de uma forma transformada. Em muitos momentos da história, essa ferramenta foi usada”, finaliza.

Por: Bárbara de Andrade

Fotos: Jéssica Moreira e Marina Costa

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