Por Rodrigo Teles

“A forma segue a função”, disse uma vez Frank Lloyd Wright. Mas hoje, o que vale mais é o impacto visual do que a real função. 

Nessa geração, que vive da futilidade e do consumismo, quem nunca comprou algo para tentar preencher um vazio? 

O valor gasto aumenta conforme o poder de compra, e quando se fala de arquitetura de interiores de luxo, a impulsividade aumenta ainda mais. Móveis com formas modernas, mas sem função, e muitas vezes sem ergonomia, custam normalmente R$15.000,00 e são considerados de alto padrão.

De acordo com a medida provisória 1172/23, o salário mínimo (R$1.320,00) gera anualmente a quantia de R$15.840,00. Apesar desse valor ser baixo é a renda de muitas famílias espalhadas pelo Brasil. 

Hoje,  as pessoas compram sofás modernos e estilosos que, apesar de serem bonitos, são desconfortáveis e custam o mesmo ou até o dobro dessa renda anual. E a aplicação desse tipo de mobiliário, apenas em nome do luxo, exacerba a futilidade e, claro, a desigualdade.

O problema não é um sofá custar R$15.000, mas sim o fato deste móvel não ser ao menos confortável para se sentar e se levantar. Essa incompatibilidade entre forma, função e valor, ilumina de forma explícita o questionamento: quanto vale o luxo? 

Em 2023, aparentemente, o luxo vale saúde física e financeira. E em meio a tantas problemáticas que surgem por meio desse assunto, me questiono: qual o impacto das pessoas comprarem mobiliários apenas por beleza sem ao menos pensar em usabilidade e conforto? Me pego pensando ainda em qual o efeito a longo prazo, de uma sociedade priorizar o luxo e o status ao invés de funcionalidade? 

*Edição feita por Júlia Garcia e KEV.

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