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A luta por um lugar ao sol traz mais um dia de protestos na LMG 808

A única via de acesso aos Bairros de Nova Contagem, Icaivera, Tupã e Darci Ribeiro está impedida pela segunda vez nesta semana. Ontem, por volta das 7h, uma manifestação, na entrada do Bairro Tupã, contra a desapropriação de moradores em propriedade pertencente à Represa Vargem das Flores. O terreno, de aproximadamente mil metros quadrados, é uma reserva ambiental e não pode ser usado para construção.

 

Hoje, a polícia e oficiais de justiça estiver no local para garantir a desapropriação com negociação. O vice-prefeito de Contagem João Guedes, esteve no local para convencer os moradores a fazer cadastro em um programa municipal de moradia e para orienta-los a sair pacificamente. A prefeitura disponibilizou um local para guardar os pertences das famílias.

Alguns moradores de bairros próximos e usuários do transporte público, não concordaram com o manifesto e se revoltaram pelas redes sociais, como o comentário a seguir via Facebook:

Rodrigo Rodrigues

“Cambada de vagabundos que ficam fechando a BR. impedindo o pessoal de poder chegar em seu trabalho,escola,medico e etc…!Vão protestar lá na casa do caralho,ou melhor….lá na porta da prefeitura! Porque ai na rua, vocês não vão conseguirem nada….porque ai não é o caminho de nenhum politico.”

Karla Camila Alves

“Conheço metade do pessoal que invadiu as terras, e todos que conheço tem moradia fixa, acho um desrespeito com os trabalhadores de bem que querem ir trabalhar para garantir o sustento de sua família, querem protestar? Tudo bem, mas sem tirar o direito dos outros, pois a legislação, a Constituição deixa bem claro que todos têm o direito de ir e vir. Pode ser o caso de alguns manifestantes não terem onde morar, mas chamar. a atenção pra mídia, policiais, pessoas do bairro, esse não é o caminho.

Querem protestar, vão à Prefeitura, nomeiem um representante da causa e conversem civilizadamente, sem prejudicar ninguém, uma amiga disse: ”Conversar? Acha mesmo que alguém vai dar ideia ou até mesmo atenção a um morador pobre, favelado que nem casa tem? Eu acho que não’‘. Pois é, mas eles não podem pensar assim, não podem se desvalorizar, precisam entrar em um consenso com um representante da Cidade.

Nós temos casa, temos onde dormir, claro que temos, mas por quê? Porque lutamos por isso, nada veio de graça, se fosse fácil assim eu invadiria um terreno, armava uma barraca, e falava: Vou morar aqui, isso aqui é meu!

Hoje em dia existem tantos meios, tanto auxílio, a escola do ensino fundamental ao médio é de graça, a saúde, por pior que esteja, é de graça, demora, mas você é atendido, o que não concordo, é a pessoa querer ter algo em cima dos outros, com as coisas dos outros.

Se não tiver luta não existe batalha vencida?

Nós lutamos, e como! Até hoje, o Brasil é um país com desigualdades, mas não é pensando assim que as coisas vão pra frente. Concordo com as pessoas que se comovem com tudo que tá acontecendo, com a precariedade das pessoas, tenho pena sim, sou humana, mas eles lutam pra ter algo, e quem luta por mim ? Quem luta pelo trabalhador que acorda 04h00min da manhã pra ir trabalhar e não consegue? Até mesmo outros trabalhadores que trabalham no turno da tarde, e se eles perdem o emprego, com filhos pequenos pra criar, uma família inteira pra sustentar, como vai ser? A tá, eles vão lá invadir uma terra porque é fácil, porque depois sem emprego ele não vai ter dinheiro pra pagar o aluguel e com certeza vai ser despejado”.

 

Reintegração

As 320 famílias foram avisadas sobre a reintegração de posse ao proprietário que entrou na justiça com o pedido. Há Nove meses, as famílias se encontram no local, onde construíram casas de alvenaria e até de lona, as autoridades alegam que as moradias ilegais, trazem risco a preservação da represa próxima ao local.

Com pros e contras o protesto seguiu até após as  14h, os manifestantes reivindicam a permanência no local, houve rumores de que alguns tem sim, onde morar e até possuem carro, mas nada confirmado oficialmente.

 

Algumas pessoas como Serginho Silva, 23 tiveram dificuldades para chegar ao trabalho. “Me senti como atleta! Andei do Darcy Ribeiro até o Praia e lá consegui uma carona.”, relata.

 

Motoristas e cobradores tiveram sua rotina interrompida prejudicando seu cumprimento de horário e a passageiros que ficaram horas sem saber o que aconteceria. Alguns aproveitaram para tirar fotos e postar nas redes sociais.

 

Os moradores que ocupavam o terreno tiveram que retirar seus pertences e coloca-los em caminhões disponibilizados pela prefeitura para o transporte. Por volta das 14h20 às demolições começaram, não houve confronto entre policiais e manifestantes.

Essa manifestação trouxe a tona outros problemas da região: A falta de alternativa de acesso aos bairros e os transtornos no transporte publico. Neste momento, o trânsito apresenta retenções.

Texto: Aline viana

Foto: https://www.facebook.com/joelma.pereira

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