Altas escalas

Altas escalas

No terceiro e último dia do Conecta, certezas foram reiteradas e a sensação de dever cumprido já se propaga com convicção.

 

Por Lucas Raquejo

Nesta quinta-feira (28), o Conecta deu início a mais um monte de atividades, divididos entre o período diurno e noturno. E, mais uma vez, vamos mostrar um evento que ocorreu às 9h30, horário de Brasília. Simultaneamente, ocorreram uma oficina inicial de Photoshop e uma palestra sobre os desafios de se construir o próprio escritório de arquitetura.

A palestra foi realizada por Danielle Taurinho, de 25 anos, formada em Arquitetura e Urbanismo na FUMEC (Fundação Mineira de Educação e Cultura) desde 2019. Para ela, a oportunidade de oferecer um conteúdo sobre as dificuldades do processo de estruturação da carreira de arquiteto é estender a mão que ela não teve antes: “Espero mostrar para quem está aqui como é viver a realidade do arquiteto”, diz.

De modo geral, a apresentação de Taurinho mostrou como se forma um arquiteto desde o “embrião”. Ela fez uma linha do tempo desde sua escolha pelo curso, perrengues e aventuras. E até uma recomendação: “Não estagiem em dois lugares simultaneamente. É uma correria descomunal”, afirma. 

No decorrer da parte onde ela mostrou o decorrer do fluxo de processo das atividades, foi dando várias dicas. Até que, pouco tempo depois, começou a detalhar todo o planejamento de um projeto realizado, desde a planta. Neste projeto, detalhou de forma bem dinâmica cada fator importante em que trabalhou e todos os possíveis declínios e imprevistos que podem ocorrer.

 

Forte presença feminina

Sobre o ambiente durante o evento, notei que todas as pessoas presentes eram mulheres, sem exceção. Aliás, nas três atividades apresentadas no último dia do Conecta, a presença de mulheres foi, de longe, muito superior à presença masculina. Isso, somado ao ambiente da minha turma onde me formei em Jornalismo em São Paulo, me levou a uma questão: elas dominam o mercado da comunicação e humanas de fato?

A resposta é: na escolha para a educação, sim; na prática de exercício, não. Um estudo do IBGE de 2019 e divulgado pelo portal Valor Econômico, do Grupo Globo, mostra que as mulheres possuem mais facilidade de ingressar nos estudos de nível superior, passando de 43,2% para 46,8%, mantendo uma média geral maior – 19,4% contra 15,1% dos homens.

E sim, o estudo prova que mulheres migram mais para a comunicação, humanas, estética e educação; enquanto homens são maioria nas áreas de contabilidade, TI e outras de exatas. Mas, na prática do exercício, as mulheres não ocupam muitos cargos de alto escalão, chegando em uma média de 10% apenas.

E, por falar em mulheres, entrevistei duas designers de interiores que participaram da apresentação de Danielle: Raquel Soares, de 41 anos e Adriana Melo, de 49 anos. Elas relataram sobre se há competitividade entre os profissionais do ramo e os de arquitetura. “Tem espaço para todo mundo. Alguns ficam com medo, mas outros sempre sobressaem. Então, não existe competição de espaço, pois podem até trabalhar juntos”, comenta. 

Adriana ressalta a ideia de que este ramo precisa de ousadia e coragem, independente do espaço que é projetado: “A caminhada não é fácil. O estagiário é contratado para fazer de tudo e, por vezes, não tem o apoio dos arquitetos, dificultando a vida do formando”, pontua.

Ao encerrar sua apresentação, Danielle se sentiu muito satisfeita e de objetivo cumprido: “Gostei da interação. Isso se reflete no interesse, pois as pessoas ainda estão se descobrindo dentro das escolhas que optam por fazer”. E, sobre os estágios simultâneos, ela reforçou a importância de ter jogo de cintura: “Quem quer ter seu próprio escritório, tem que aproveitar as oportunidades. Quando trabalhei sob essa condição, trabalhava virando a chavinha, como um robozinho”, conclui.

E o Conecta segue abalando as estruturas da Una. Como hoje é o último dia, à noite ainda tem muito mais atividades para encerrarem esta confraternização com chave de ouro. 

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