Por Pedro Soares

O título acima é um trecho da música “Autoestima” do cantor Baco Exu do Blues, um homem negro, gordo e periférico. Pela descrição anterior já podemos dizer que Baco não está nem perto do padrão de beleza brasileiro. 

Qual padrão de beleza é esse que estou me referindo? Façamos um exercício juntos, abra uma guia no seu navegador e vá ao Google, no espaço de pesquisa digite a seguinte busca “homem bonito no Brasil”. Vá na aba de imagens, dê uma olhada nas respostas trazidas pela ferramenta de pesquisa e me diga: num país onde 56,1% da população é negra (IBGE/2022), os resultados apresentados pela plataforma são reais? Ou estão ancorados em um padrão de beleza racista que não pertence ao nosso país, onde TODOS os resultados dessa busca apresentam homens brancos, com o padrão físico malhado e de barba. 

Desde 1500, quando a coroa portuguesa chegou ao Brasil, temos um histórico de roubo da parte deles para com o nosso país. Roubo esse em vários aspectos diferentes, roubo de recursos materiais e naturais, roubo cultural, roubo de identidade e principalmente, de nossa autoestima. 

De acordo com o Blog Nocaute, durante os 300 anos da colonização portuguesa em nosso país, extraíram de nosso território cerca de 610 bilhões de reais em pedras preciosas, mas mais grave do que esse valor, foi o roubo de nossa autoestima. 

Em 2018, quase 520 anos após o início da colonização vemos o Baco, artista com alcance nacional, cantando nossas dores, buscando encontrar nossa autoestima, tentando esconder as dores com o uso de drogas, gastando valores exorbitantes em jóias para esconder nossas dores. 

“Usamos drogas pra esconder nossa dor. diamantes nas correntes pra ofuscar nossa dor, cravejamos o sorriso, não vão ver nossa dor. Pago dez mil nesse tênis, tô pisando na dor”. É preciso entender que homens negros ainda são exclusos do padrão de beleza do nosso país imposto por um país europeu. Ainda estamos buscando nossa autoestima, mas pelo menos, por agora, temos artistas relevantes o suficiente para cantarem nossas dores e nos ajudarem na compreensão de nós mesmos e em nossas belezas naturais.

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