Na última terça-feira (25), a capital mineira recepcionou no Cine-Theatro Brasil Vallourec a primeira apresentação do projeto Première Minas, com apoio da Casa do Jornalista e do CEC – Centro de Estudo Cinematográfico -, que se dedica ao lançamento de filmes autorais. O intuito é ser um evento mensal, com objetivo de exibir filmes de curta, longa-metragem e séries. Na abertura do evento, o filme escolhido foi “Bar Relicário – Filme-tributo a Hélio Zolini” do cineasta Fábio Carvalho.
O Centro também está usando o espetáculo para chamar as pessoas para participarem do Amigos do CEC, que são compostas por membros associados e todos que se envolvem, contribuindo para a manutenção da entidade e assim, mantendo a cultura e aprendizado para os próximos que irão à Casa.
Elenco principal de “TTLMT” recebendo o principal prêmio da noite, o melhor filme do ano (Patrick T. Fallon/AFP)
Aconteceu no último domingo (12) em Los Angeles a 95ª edição do Oscar, principal premiação do cinema.
Por Gustavo Meira
“Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” foi o grande vencedor da noite, levando sete das 11 estatuetas que concorria. São eles: Melhor Filme, Direção, Atriz, Ator Coadjuvante, Atriz Coadjuvante, Roteiro Original e Montagem.
Além de fazer história no Oscar, o filme se tornou o mais premiado da história do cinema, conquistando 165 prêmios nesta temporada. Antes da premiação, o longa já tinha acumulado 158. O recorde pertencia ao longa “Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei”, que detém 101 prêmios.
Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo acompanha Evelyn Wang, uma mulher de meia-idade que emigrou da China, deixando os seus pais para trás para seguir o sonho americano com o marido, Waymond. Os dois abriram uma lavandaria, por cima da qual vivem com a filha, Joy, a primeira geração da família a crescer nos EUA. Em um dia atribulado, ela é arrastada para uma aventura multiversal, onde precisa salvar o mundo ao explorar outros universos conectados com a vida que ela poderia ter vivido.
foto: redes sociais
Os diretores, Daniel Kwan e Daniel Scheinert, levaram o prêmio de “Melhor Direção’’. Em seu discurso, Scheinert agradece aos pais e menciona aceitação com uma declaração a favor do movimento LGBTQIA+.
Daniel Kwan e Daniel Scheinert levando o prêmio do Oscar. foto: redes sociais
Michelle Yeoh levou a estatueta de ‘’Melhor Atriz’’, aos 60 anos e fez história por ser a primeira asiática vencendo na categoria. Com um discurso de esperança e de possibilidade de concretização de sonhos, Yeoh lembrou que as pessoas não podem ditar limites de idade para as realizações de terceiros. “As mães são super heroínas e, sem elas, ninguém estaria aqui”.
Foto: Oscar divulgação
Outros destaques:
O longa “Nada de Novo no Front” ganhou em quatro categorias: Melhor Filme Internacional, Direção de Arte, Fotografia e Trilha Sonora Original.Brendan Fraser marcou seu retorno à Hollywood com “A Baleia” e ganhou como ‘’Melhor Ator’’. O filme também venceu na categoria de Cabelo e Maquiagem.
interpretação do ator no filme ‘’Baleia’’. foto: redes sociais
Guillermo del Toro venceu na categoria ‘’Melhor Animação’’ por “Pinóquio”, em que usou a técnica stop-motion para dar vida à uma nova versão do boneco de madeira.
Filmes como “Os Banshees de Inisherin”, “Os Fabelmans”, “Elvis” e “Tár”, que concorriam em várias categorias, não levaram nenhuma estatueta e saíram de mãos vazias da premiação.
Rihanna no Oscar
Acompanhada de uma orquestra, Rihanna fez uma performance emocionante ao cantar ‘’Lift Me Up’’, indicada na categoria como ‘’Canção Original’’, trilha sonora de ‘’Pantera Negra: Wakanda Para Sempre’’, homenageando o ator Chadwick Boseman, que interpretou o protagonista da história e faleceu em 2020. O Filme venceu na categoria ” Melhor Figurino”.
foto: redes sociais
Lady Gaga no Oscar
Lady Gaga apresentou a canção ‘’Hold My Hand’’ no palco, que estava indicada na categoria ‘’Canção Original’’ do filme Top Gun: Maverick. O que chamou a atenção foi a cantora cantando sem maquiagem, de camisa preta, jeans rasgado e um all star, totalmente diferente da forma em que chegou na premiação, com um Versace e corpete transparente. A cantora foi bastante elogiada pela humanização e sensibilidade da performance.
Apresentação de Lady Gaga no Oscar. Foto: getty images
Vencedores Oscar 2023
Melhor Filme
Nada de Novo no Front
Avatar: O Caminho da Água
Os Banshees de Inisherin
Elvis
Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (VENCEDOR)
Os Fabelmans
Tár
Top Gun: Maverick
Triângulo da Tristeza
Women Talking
Melhor Edição
Todd Field (Tár)
Dan Kwan e Daniel Scheinert (Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo) (VENCEDORES)
Martin McDonagh (Os Banshees de Inisherin)
Ruben Ostlund (Triângulo da Tristeza)
Steven Spielberg (Os Fabelmans)
Melhor Atriz
Cate Blanchett, Tár
Ana de Armas, Blonde
Andrea Riseborough, To Leslie
Michelle Williams, Os Fabelmans
Michelle Yeoh, Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (VENCEDORA)
Melhor Ator
Austin Butler, Elvis Colin Farrell, Os Banshees de Inisherin Brendan Fraser, The Whale (VENCEDOR) Paul Mescal, Aftersun Bill Nighy, Living
Melhor Ator Coadjuvante
Brendan Gleeson, Os Banshees de Inisherin
Brian Tyree Henry, Passagem
Judd Hirsch, Os Fabelmans
Barry Keoghan, Os Banshees de Inisherin
Ke Huy Quan, Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (VENCEDOR)
Melhor Atriz Coadjuvante
Angela Bassett, Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Hong Chau, The Whale
Kerry Condon, Os Banshees de Inisherin
Jamie Lee Curtis, Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (VENCEDOR)
Stephanie Hsu, Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo
Melhor Filme Internacional
Alemanha, Nada de Novo no Front (VENCEDOR) Argentina, Argentina, 1985 Bélgica, Close Polônia, EO Irlanda, The Quiet Girl
Melhor Roteiro Adaptado
Nada de Novo no Front
Glass Onion: Um Mistério Knives Out
Living
Top Gun: Maverick
Women Talking (VENCEDOR)
Melhor Roteiro Original
Os Banshees de Inisherin
Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (VENCEDOR)
Os Fabelmans
Tár
Triângulo da Tristeza
Melhor Figurino
Babylon
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre (VENCEDOR)
Elvis
Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo
Sra. Harris Vai a Paris
Melhor Trilha Sonora
Nada de Novo no Front (VENCEDOR)
Babylon
Os Banshees de Inisherin
Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo
Os Fabelmans
Melhor Animação
Pinóquio de Guillermo del Toro (VENCEDOR)
Marcel the Shell With Shoes On
Gato de Botas 2: O Último Pedido
A Fera do Mar
Red: Crescer é uma Fera
Melhor Curta-metragem Em Live Action
An Irish Goodbye (VENCEDOR)
Ivalu
Le Pupille
Night Ride
The Red Suitcase
Melhor Animação Em Curta Metragem
The Boy, the Mole, the Fox and the Horse (VENCEDOR) The Flying Sailor
Ice Merchants
My Year of Dicks
An Ostrich Told Me the World is Fake and I Think I Believe It
Melhor Documentário
All That Breathes
All the Beauty and the Bloodshed
Fire of Love
A House Made of Splinters
Navalny (VENCEDOR)
Melhor Documentário de Curta-metragem
The Elephant Whisperers (VENCEDOR)
Haulout
How Do You Measure a Year?
The Martha Mitchell Effect
Stranger at the Gate
Melhor Som
Nada de Novo no Front
Avatar: O Caminho da Água
The Batman
Elvis
Top Gun: Maverick (VENCEDOR)
Melhor Canção Original
Lift Me Up (Pantera Negra: Wakanda Para Sempre)
This Is a Life (Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo)
A 95ª edição acontece no dia 12 de março em Los Angeles
Por Gustavo Meira
O Oscar (The Academy Awards ou The Oscars) é a mais famosa premiação de cinema que existe no mundo. Essa é a premiação de cinema mais antiga em vigor, criada em 1927, e sua função é premiar as melhores produções cinematográficas. Atualmente, é o evento mais importante do cinema mundial. Milhões de pessoas em todo o mundo assistem a premiação pela televisão e internet. Somente os membros da Academia, podem votar nas categorias do Oscar, e existem critérios para cada categoria.
Brasil no Oscar
O Brasil já teve indicados em algumas categorias, mas nunca trouxe nenhuma estatueta.
O ‘’Pagador de Promessas’’ (1963), ‘’O Quatrilho’’ (1996), ‘’O que é isso, Companheiro?’’ (1998) e ‘‘Central do Brasil’’ (1999) foram produções brasileiras indicadas na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
‘’Cidade de Deus” (2004) e ‘’O Beijo da Mulher-Aranha’’ (1986) foram as produções brasileiras com mais indicações em uma edição de Oscar: quatro indicações cada.
Dadinho, um dos protagonistas do filme – foto: redes sociais
Fernanda Montenegro disputou o Oscar de 1999, na categoria de Melhor Atriz, por sua atuação em Central do Brasil.
Uma das cenas mais lembradas do Central do Brasil – foto: redes sociais
‘’Democracia em Vertigem’’ foi indicado ao prêmio de Melhor Documentário, na edição de 2020.
Marte Um: filme mineiro que foi indicado
O drama retrata a história de uma família negra da periferia de Contagem, em Minas Gerais, que busca seguir seus sonhos em um país que acaba de eleger como presidente um homem de extrema-direita.
O filme estava inscrito e habilitado a concorrer na categoria Melhor Filme Internacional. Pela primeira vez, a eleição foi realizada em duas etapas. Na primeira etapa, seis filmes foram selecionados. Na segunda, em setembro, Marte Um saiu vencedor. A Academia anunciou dia 21 de fevereiro a lista com 15 pré-indicados na categoria, o longa mineiro ficou de fora.
O filme foi dirigido por Gabriel Martins e produzido pela Filmes de Plástico. foto: Filmes de Plástico
Indicados ao Oscar 2023
Melhor filme:
Avatar: O caminho da água
Elvis
Entre Mulheres
Nada de Novo no Front
Os Fabelmans
Os Banshees de Inisherin
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Tár
Top Gun: Maverick
Triângulo da Tristeza
Melhor atriz
Ana de Armas, por Blonde
Andrea Riseborough, por To Leslie
Cate Blanchett, por Tár
Michelle Williams, por Os Fablemans
Michelle Yeoh, por Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Melhor ator
Austin Butler, por Elvis
Bill Nighy, por Living
Brendan Fraser, por A Baleia
Colin Farrell, por Os Banshees de Inisherin
Paul Mescal, por Aftersun
Melhor filme internacional
A Menina Silenciosa – Irlanda
Argentina, 1985 – Argentina
Close – Bélgica/França/Holanda
Eo – Polônia
Nada de Novo no Front – Alemanha
Melhor documentário
All That Breathes
All the Beauty and the Bloodshed
A House Made of Splinters
Navalny
Vulcões: A Tragédia de Katia e Maurice Krafft
Rihanna no Oscar 2023
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou que a cantora Rihanna se apresentará no Oscar 2023, levando a música do Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, “Lift Me Up”, uma das indicadas ao prêmio de Melhor Canção Original.
Rihanna na sua última apresentação, no intervalo do Super Bowl 2023
Produção cinematográfica chega aos grandes telões a partir desta quinta-feira
Por Keven Souza
No dia 03 de novembro, as salas de cinemas de todo o Brasil abrem as portas para receber a estreia do filme “Kevin”. Amantes do audiovisual nacional que residem em Belo Horizonte poderão assistir a pré-estreia do longa-metragem no Una Cine Belas Artes, que é um dos últimos cinemas de rua da cidade, através da compra de ingressos pelo site ou pela bilheteria do cinema.
O documentário “Kevin” diz respeito à amizade, ao qual narra o reencontro da diretora com sua amiga ugandense, Kevin Adweko, abordando questões como sororidade, relações interraciais e a posição da mulher. Ele é produzido pela Bukaya Filmes, em coprodução com Anavilhana e Vaca Amarela Filmes, e com distribuição nacional da Embaúba Filmes.
O filme é uma obra de arte dirigida e estrelada pela roteirista e diretora, Joana Oliveira, que trabalha na área audiovisual desde 1999 e possui curtas que já foram exibidos em vários festivais internacionais, como o Festival Internacional de Cine de Huesca (Espanha), e no Brasil em festivais como a Mostra de Cinema de Tiradentes.
Imagens de divulgação – Filme: Kevin
Hoje, o Contramão traz um bate-papo com Joana, que relembra como foi a construção do documentário, bem como sua carreira no cinema, e diz como está a expectativa para o lançamento nesta quinta-feira. Confira!
Joana, como começou sua carreira no cinema? Você sempre soube que seria cineasta?
Eu sempre gostei muito de assistir a filmes. Desde pequena adorava ir ao cinema ou à locadora de vídeo escolher os filmes para assistir no fim de semana. Era um barato levar as fitas VHS para casa! Mas, nunca tinha imaginado estudar cinema porque não havia cursos de graduação em Belo Horizonte. Fiz vestibular no final de 1995 e não havia Enem, ou seja, um vestibular unificado para todo o Brasil. Não pensava em sair da cidade. Porém, quando comecei a fazer Comunicação Social, vi que eu poderia ingressar no mundo do cinema e comecei a trabalhar em produções, que eram muito poucas, em Belo Horizonte. Trabalhei em um curta e um longa-metragem e decidi que era o que queria fazer da vida.
Em 2002, fui estudar Direção de Cinema no curso regular da Escuela Internacional de Cine y TV de San Antonio de Los Baños, Cuba, onde consegui uma bolsa da própria escola para uma parte do custo e outra do governo brasileiro para a outra parte.
Divulgação: Filme Kevin
Qual foi o momento em que passou a entender que havia um mercado audiovisual esperando seus filmes?
Logo que fiz meu primeiro vídeo experimental na faculdade de Comunicação, entendi que havia muitas pessoas que assistiam a curtas-metragens. O vídeo foi selecionado para alguns festivais, inclusive o VideoBrasil que é um grande festival de arte digital e para a Mostra de Cinema de Tiradentes. Então, percebi que as pessoas tinham interesse na arte que eu estava começando a produzir. Foi um grande impulso para eu seguir em frente e ir estudar cinema.
Você imaginava ter produções cinematográficas notadas pelos grandes festivais nacionais e internacionais de cinema?
Na verdade, o que queria era inventar histórias e produzi-las! Claro que eu queria que o maior número de pessoas assistisse, mas não imaginava que meu trabalho viajaria para tantos lugares!
Divulgação: Kevin – Filme
Falando agora do documentário, de onde ele nasce?
O documentário nasce da minha vontade de rever a Kevin e ter um projeto em conjunto com ela. Sobretudo, a vontade era de celebrar a amizade! A minha amizade com ela, claro, mas também de colocar no centro de um filme a amizade entre mulheres que é um tema tão pouco retratado no cinema. Além disso, ele existe para celebrar a sororidade! “Kevin” é um filme feminista, antirracista e que promove o encontro.
Explique como foi gravar metade do filme em Uganda e outra parte em Belo Horizonte. Houve dificuldades de locomoção, língua ou cultura?
O esforço de produção que houve é realmente incrível porque não tínhamos tanto dinheiro para viajar com equipe, para ficar tanto tempo na Uganda, etc. A Luana Melgaço, produtora do filme, é muito experiente e conseguiu muitos bons acordos de produção. E o filme existe também porque a Kevin se envolveu na produção, uma vez que ela nos recebeu maravilhosamente. Foi ela quem procurou um lugar para que toda a equipe ficasse, foi ela que nos apresentou tudo. Uma coisa é você receber sua amiga. Outra coisa é você receber uma equipe de filmagem que vem com ela – risos. Ela facilitou tudo. Mas realmente foi um desafio filmar em outro país!
Entretanto, o filme é sobre minha amizade com a Kevin, então, por mais que estivéssemos na Uganda, não era um filme sobre a Uganda. Eu não conseguiria fazer um filme sobre um país que tinha acabado de chegar e não conhecia profundamente. Então, me concentrei na Kevin, que lidou com a equipe super bem. Ela é um talento natural e eu estava ali para e por ela. Filmamos de acordo com a agenda que ela estabeleceu e deu certo.
Você e Kevin Adweko são as protagonistas do documentário. Como se deu essa amizade? Você sabia que seriam amigas?
A Kevin diz que a gente se aproximou porque queríamos muito rir e nos divertir. A Alemanha, que foi onde nos conhecemos, é um país muito sério. Especificamente o lugar da Alemanha onde estávamos. Nos aproximamos de forma muito espontânea e divertida, conversando depois das aulas de alemão.
O que é legal é que não tinha a menor ideia se conseguiríamos ou não manter a amizade. Muitas relações se perdem no tempo. A internet em 1999 era ainda algo de acesso restrito. Nós nos escrevíamos cartas longas e e-mails extensos. Mas, houve muitos momentos que ficamos bastante tempo sem conversar. Em 2005, eu fiz um intercâmbio entre a minha escola de cinema em Cuba e a Alemanha. Esse momento de reencontro com a Kevin ao vivo depois de 6 anos foi muito emocionante. Acho que aí eu percebi que a amizade iria perdurar.
É a primeira vez que o filme “Kevin” estreia em salas de cinemas, qual sua expectativa para o lançamento?
Kevin, na verdade, estreou na Mostra de Cinema de Tiradentes do ano passado. Também ganhou uma menção honrosa do júri do festival FEMINA deste ano. Mas, todas essas exibições foram feitas online. Agora, é a estreia do filme presencial no Brasil nos cinemas comerciais. Eu nunca tive um filme que entrou em cartaz nas salas de cinema e isso é muito emocionante! Na terça-feira, dia 01 de novembro, em Belo Horizonte, haverá uma pré-estreia em que Kevin estará presente. É muita emoção envolvida!
Para o público que irá assistir “Kevin” nesta quinta-feira, o que você diria?
Kevin é um filme sobre o encontro. E, depois de tanto tempo em que estivemos separados das pessoas por causa da Covid-19, celebrar o encontro e a amizade é de extrema importância!
Assista o trailer de “Kevin”
Sinopse – É a primeira vez que Joana, brasileira, visita Kevin, na Uganda (África). Elas se conheceram há 20 anos, quando estudaram juntas na Alemanha, e faz muito tempo que não se veem. A partir desse encontro, o filme tece a fina trama que é uma conversa entre duas amigas: as histórias do passado, os desejos, os caminhos trilhados, os diferentes modos de encarar os desdobramentos da vida. Disso ressurge um elo de amor e parceria que resiste à distância e ao tempo.
Em Belo Horizonte, Gabriel Martins vive momento único ao esgotar ingressos da sessão em apenas um dia de distribuição.
Por Ana Clara Souza, Eduarda Boaventura e Pedro Soares
Sessão ‘Marte Um’ no Palácio das Artes. Foto: Vanessa Santos
Na noite da última quinta-feira (29), a sessão de “Marte Um”, longa-metragem de Gabriel Martins, teve ingressos esgotados em apenas um dia de distribuição, sendo um marco histórico na indústria cinematográfica mineira. O evento contou com quase 1500 pessoas, dentre elas o elenco do filme, amantes da 7ª arte e alunos do Centro Universitário Una, universidade onde o diretor do longa estudou.
Após ser aplaudido de pé, o diretor do filme Gabriel Martins, frisou em seu discurso que é muito importante continuar com incentivos públicos para que o cinema brasileiro continue vivo e que as pessoas sigam prestigiando os filmes feitos em solo nacional. Além disso, encerrou dizendo: “Acho que essa sessão aqui não é histórica só para o Marte Um e sim para o cinema mineiro”.
Gabriel Martins e elenco de ‘Marte Um’ no palco do Palácio das Artes. Foto: Vanessa Santos.
Tatiana Carvalho, docente do Centro Universitário Una e também atriz do filme, contemplou pela quarta vez a exibição da obra. Agora, na companhia de seus alunos e com muita emoção, relatou ao jornal sua emoção ao fim da sessão. “Nós somos muito colonizados no imaginário, com imagens sobretudo com o cinema e televisão de fora daqui e esse filme, ele joga para gente um espelho, um lugar para gente olhar e se identificar em um primeiro momento, mas também entender as nuances do lugar que a gente mora, da vida que a gente leva. Então, eu acho que isso se reflete em sala de aula? De alguma maneira? Espero que sim! No sentido de fazer com que as pessoas consigam ter esse olhar generoso, amoroso para o lugar que estão”, diz a professora.
Ao longo da obra,o “jeitinho” mineiro estava presente, seja nos times de futebol, na farinha de joio, no linguajar e sotaque, encantando a plateia que se via na história.Marte Um é um marco para o Brasil, mas tem um carinho especial aos olhos dos mineiros que não estão acostumados com a sua cultura passando em uma tela.
O longa-metragem disputa uma indicação ao Oscar, na categoria de Melhor Filme Internacional, e a exibição no Palácio das Artes faz parte da campanha “Rumo ao Oscar”.
Provocando o público quanto aos termos Realismo e Naturalismo, a curadora de curtas da 21ª Mostra de Cinema de Tiradentes, Camila Vieira destacou que essas palavras têm ligações históricas e são carregadas de sentidos, durante o Seminário Debate que ocorreu no sábado, 20 no Cine Tenda.
Junto de Camila, estava também os curadores Cleber Eduardo, Francis Vogner, Lila Foster e Pedro Marciel, que explicaram como foram feitas as seleções dos filmes e o que nós podemos esperar do termo realismo.
Camila, após a provocação destacou que a seleção não foi pensada somente sob o olhar do engajamento com o real, segundo ela, a ficção também está presente nos filmes selecionados que serão vistos durante todo o festival. Já Cleber ressaltou que a escolha do tema não foi aleatória, uma vez que, as produções desde 2012 vem com uma relação direta com o real.
O termo Chamado Realista, surgiu a partir das variações de filmes inscritos, selecionados ou não para a Mostra, e que apresenta de maneiras distintas a abertura para a vida. Além de esclarecer que em sua visão a ideia do “realismo” tende para o lado pan-realista. O curador enfatiza que esse tema não está presente em todos os filmes exibidos.
De acordo com Francis Vogner, as experiências contemporâneas, cada vez mais, servem como alimento para produções de curta-metragem, e que isso fica evidente quando se compara com as edições anteriores da mostra. Lila Foster destaca que o tema sugere algo como um documentário ultra-realista permeado por fabulações, pensado em estratégias em que filmes desenvolvem para ter contato com o real.
Exemplo deste chamado realista é o curta Vaca Profana, de René Guerra, um dos quatro curtas exibidos dentro dessa temática no Cine-Tenda, foram 16 minutos de emoção com a história de Nádia, uma travesti que sonha em ser mãe. Pontos Corridos, tirou risos dos espectadores com a fugaz amizade entre um homem com problemas e o motorista derivada de uma música. Outro curta-metragem que se destacou na Mostra Panorama foi o Intervenção de Issac Brum, explorando a tensão e os conflitos com a polícia, o diretor despeja a violência e as decisões de um motoboy.