ANCINE

Filme Clarisse ou alguma coisa sobre nós dois encerra trilogia sobre a morte do diretor Petrus Cariry

O longa-metragem, Clarisse ou alguma coisa sobre nós dois, do diretor Petrus Cariry, conta a história e os dilemas de Clarisse para conseguir sua “libertação” após traumas vividos na infância que insistem em retornar durante a última visita feita a seu pai.

Com direção e fotografia de Petrus Cariry, a produção foi toda realizada no Ceará, “com uma equipe 90% cearense”, destaca a produtora e irmã do diretor, Bárbara Cariry.  O filme de suspense vem para encerrar a trilogia sobre a morte, produzida por Cariry.

Durante a exibição do filme, nesta quarta-feira (27), no Cine-Tenda na Mostra Transições, uma forte chuva despencou na cidade de Tiradentes, deixando a sala de projeção com um ar ainda mais apreensivo durante as cenas de suspense vividas pela personagem principal. “Algumas pessoas me perguntaram se as trovoadas faziam parte do filme ou eram da chuva. Não temos nenhum som de trovão no longa”, brinca o diretor. “Fui para a sala de projeção ajustar o som, já que o barulho da chuva e do vento estava mais alto. Foi interessante ver dali de cima a apreensão das pessoas”, conta.

Nesta quinta-feira (28), um bate papo entre publico e diretor foi mediado pelo curador e professor Pedro Maciel Guimarães, com a presença da crítica Guiomar Ramos.

Cariry possui uma longa conexão com a Mostra de Cinema de Tiradentes, já que seu primeiro filme da trilogia sobre a morte, “O Grão”, participou da Mostra Aurora há dez anos. O segundo filme da trilogia, foi gravado com orçamento de curta, e se chama “Mãe e Filha”.  O diretor, além de conversar sobre o filme e deixar uma interrogação sobre a história que ronda na sua produção, que pode ser interpretado das mais diversas formas, também apresentou ao publico um pouco do seu novo projeto previsto para ser lançado no segundo semestre de 2016. “O Barco será um filme menos sombrio, mas também fala sobre deslocamentos e sobre a luta para sair da ilha”, finaliza.

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O resultado das Mostras competitivas acontecerá no sábado dia (30) no Cine-Tenda e terá cobertura completa pelo Jornal Contramão em parceria com o Jornal Hoje em Dia.

Por Julia Guimarães e Gael Benítez
Foto capa: Divulgação do filme

Com grandes curtas metragens no currículo, as professoras e diretoras Aline Portugal e Julia Simone, estrearam na terça-feira, 26, o documentário de longa-metragem Aracati, no Cine Tenda da 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes.

O filme, que traz “uma fotografia impecável e sútil”, segundo o crítico de cinema Ticiano Monteiro, foi produzido durante os estudos das diretoras sobre o vento Aracati, no Vale do Jaguaribe, no estado do Ceará. Mesmo que o foco seja a trilha do vento, moradores locais participam do filme e contam a história do Vale e de suas vidas na região cheia de mudanças desde a construção do açude Castanhão, que, segundo os locais, fez com que a cidade de Jaguaribara deixasse de existir.

O destaque da obra é dado ao som produzido pelo vento, pelo o movimento das águas e das árvores, e também a delicadeza como as imagens foram capturadas pelo diretor de fotografia Victor de Melo.

Durante as pesquisas para obter o resultado final, ainda foram gravados dois curtas, o “Estudo Para o Vento”, em 2011 e “Vento Aracati” em 2014. Com a renda arrecadada para a produção do longa, foi contratado o pesquisador Victor Furtado para auxiliar na busca de cenários e personagens, além de seguir a trilha do próprio vento Aracati.

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Aracati – Encontro com a crítica

No seminário realizado nesta quarta-feira, 27, no Cine Teatro Sesi, as diretoras Aline e Juliana, diretor de fotografia Victor Melo, e o pesquisador Victor Furtado bateram um papo sobre a produção do filme com o crítico de cinema Ticiano Monteiro e com o público presente. De acordo com as diretoras, a produção do filme levou cerca de sete anos. “O filme refaz o percurso do vento em busca de entender o que ele está movimentando naquele espaço”, explica a diretora Simone enquanto complementa também a diretora Portugal sobre o Vento Aracati, “Limites, divisão e espacialização”, finaliza. . As diretoras também produziram: Sinfonia.

Em entrevista para a UNA TV/ Jornal Contramão em parceria com o Jornal Hoje em Dia, a diretora Aline Portugal fala como foi produzir o longa e da sua experiência em participar da 19ª Mostra de cinema de Tiradentes.

Texto por Julia Guimarães
Fotos: Gael Benítez

O Festival de Arte Negra – FAN chega a sua 8ª edição. Entre 25 e 29 de novembro, a cidade recebe oficinas, palestras, mostras, shows e exposições. Com uma bela programação o festival apresenta uma lista seleta de filmes que são assinados por talentosos cineastas negros. Não perca essa bela mostra de arte negra em forma de cinematografia.

Programação da mostra de cinema do FAN 2015

Dia: 25/11/15
• Viva Riva – Local: midiateca/ Praça da Liberdade

Em um país problemático onde tudo está à venda, Riva tem o que todos querem. Sendo um homem com muito carisma e ambição, tenta colocar as mãos no que todos desejam: petróleo. Onde até a igreja é capaz de tudo para conseguir o que quer, Riva terá que agir sem se apaixonar por uma mulher que pertence a outro homem.

• Mostra Kilimanjaro de Cinema Africano – Local: Sesc Palladium

Dia 27: Barcelona ou A Morte
Dia 28: A Pequena Vendedora De Sol
Amor, Sexo e Mobilete.
Dia 29: Angano, Angano – Contos de Madagascar
Exame de Estado
Entrada gratuita, sujeito a lotação

• FAN Indica
Horário: 10h00
Local: Memorial Vale – Midiateca – Praça da Liberdade

Exibição de filmes e documentários com temática Afro.

• Cinema Afro – brasileiro
Horário: 19h30
Local: Centro de Referência da Moda – Rua da Bahia, 1146.

Chico Rei em Movimento – De André Sobral/13’
Chico Rei – Mulheres – de André Sobral/ 3’
Aya de Yopougon (França 2011). De Clément Oubrerie, Marguerite Abouet. Animação em cores/ 84’.

• Cinema Afro – brasileiro – FANZINHO*
Horário: 09h00/ 14h00
Local: Centro de Referência da Moda – Rua da Bahia, 1146.

Chico Rei em Movimento – De André Sobral/13’
Chico Rei – Congado –De André Sobral /3’
Aya de Yopougon (França 2011). De Clément Oubrerie, Marguerite Abouet. Animação em cores/84’.
https://www.youtube.com/watch?v=7ncetcWlwGc

*Atividade voltada para o público infantil.

• Cinema Afro – brasileiro
Horário: 19h10

Local: Memorial da Vale – Casa da Ópera – Praça da Liberdade

Em um país problemático onde tudo está à venda, Riva tem o que todos querem. Sendo um homem com muito carisma e ambição, tenta colocar as mãos no que todos.

Viva Riva! (Bélgica, França, República Democrática do Congo 2010). De Djo Tunda Wa Munga. Drama em cores/98’.

• Cinema Afro – brasileiro
Horário: 14h00
Local: Memorial da Vale – Casa da Ópera – Praça da Liberdade

A vida, a obra e a ação política do poeta Aimé Césaire mostrando ao público a sua querida Martinica.

L’Île veilleuse (França 2006). De Euzhan Palcy. Documentário em cores/55’.

• Cinema Afro – brasileiro
Horário: 18h00
Local: Memorial da Vale – Casa da Ópera – Praça da Liberdade

Como encontrar “a força de olhar o amanhã” frente às desilusões da descolonização, aos declínios da negritude, às derrotas do terceiro-mundismo, à “doença do desenvolvimento” e à crise planetária?

La Force de regarder demain (França 2006). De Euzhan Palcy. Documentário em cores/52’.

Por Ana Paula Tinoco
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O domingo (08), marcou o terceiro dia do LUMIAR no Cine Humberto Mauro no Palácio das Artes. Com a segunda exibição das Sessões de Primeiros filmes e Mostra Competitiva Interamericana, foi possível assistir animações, documentários e ficções vindas do México, Argentina e Brasil às 14 e 18 horas. Entre os 8 filmes exibidos na Mostra Competitiva, um dos destaques foi o filme produzido por Mauricio Ferreira, Miúdo, que aborda músicas de Chico Buarque ao contar a história do casal João Pedro e João Hollanda.
O curta ganhou formato devido a um trabalho de faculdade realizado por Mauricio Ferreira e seu amigo Felipe Lovo. Eles deviam criar um produto audiovisual para ser avaliado no semestre e escolher quais seriam as disciplinas que os avaliariam, e uma dessas escolhas era a edição de som, o ponto principal que deveria ser explorado pelos universitários de Pernambuco. “O tema veio a seguir. O cinema pernambucano tem um tratamento peculiar sobre os corpos masculinos, no qual “quebra” com o clichê da construção enquanto forma dos corpos femininos dentro do cinema clássico, o que não se trata apenas de uma temática homossexual, mas sobretudo ao corpo masculino. Os dois atores, Adolfo Delvalle (paraguaio) e André Macedo (brasileiro) – e que eram casal na vida real quando gravamos o curta – tanto nos inspiraram quanto contribuíram para o desenvolvimento das personagens e do roteiro”, afirma Ferreira.

A escolha quanto as músicas de Chico Buarque, aconteceu porque o diretor é fã do cantor e via como uma oportunidade desconstruir o estigma de que as músicas feitas por Buarque embalassem apenas os relacionamentos heterossexuais. Para Ferreira, a composição de Chico Buarque aproxima a complexidade dos casais, sejam elas as orientações que forem. “Como sou um fã obstinado do músico e compositor, dei-me a liberdade de desconstruir os elementos formais das músicas e associá-las a um casal homossexual. A ideia não era erguer uma bandeira explícita sobre a questão de autoafirmação a orientação sexual, mas sim naturalizar aquela relação entre as personagens João Pedro e João Hollanda. Claro que é necessária essa luta – via audiovisual – pelo direito e liberdade da orientação sexual, porém as vezes entendo que apenas mostrar a luta pela liberdade da orientação sexual de maneira explicita, acaba por deslocar o homossexual ainda como o “outro”, cujo alguém ainda a vier a ser livre.”

As filmagens tiveram duração de cinco dias, mas não consecutivos, já que os equipamentos deveriam ser revezados com outros alunos do mesmo módulo de Ferreira. A edição e o tratamento do som também tiveram um intervalo de cinco a seis dias.
Após a apresentação do projeto em sala de aula, surgiu a necessidade do projeto não somente ser válido como avaliação. “O encontro com o Lumiar se deu dentro dessa busca por festivais universitários complacentes com o contexto de produção universitário. No mais, queríamos que o curta e o tema fosse disseminado festivais afora. Afinal estamos a um ano de completar a faculdade e já é hora de apresentarmos algo fora das paredes da Universidade. O Festival Lumiar, coincidentemente, foi o primeiro festival ao qual o inscrevi e, por sorte, foi o primeiro a seleciona-lo.” Após o LUMIAR, o curta Miúdo produzido por Ferreira, foi selecionado para outros dois festivais. “Sendo o Festival Lumiar o primeiro festival a selecionar o nosso curta, seguramente a relação da equipe com esse festival será carinhosamente mais afetiva do que com os outros festivais. Além disso, o Festival Lumiar tem o diferencial de carregar o subtítulo de Interamericano, ou seja, um reconhecimento importante para nós no que tange o circuito não só do Brasil,” finaliza.
A terça-feira (10) marcará o início da Mostra Panorama Interamericano, tendo em sua primeira exibição os filmes vindos do México e Argentina, além disso terá continuidade da Mostra Competitiva e a Retrospectiva Beto Brant, com o filme Cão sem dono.

Por Julia Guimarães

No final de semana, 25 e 26 de abril, Belo Horizonte recebeu a visita do cineasta Ardiley Queiróz, que vem se destacando no cinema independente do Brasil.

Queiróz recebeu o público no centro cultural Cento e Quatro, onde exibiu o mais recente trabalho ‘Branco sai, preto  fica’ (2014) e o curta ‘Dias de Greve’ (2009). Mineiro de nascença, o cineasta reside desde os sete anos em Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal. E é bem ali que mora seus atores, e onde os trabalhos acontecem.

Ardiley fala rápido e direto: “Por que faço cinema? Pra me divertir! A gente não ganha mais que 4 mil por mês – é muito mais que muita gente, mas não dá pra ficar rico! Trampo nisso porque eu gosto. Parte do lugar da diversão, de poder falar o que quiser.” E encoraja todos que têm vontade e vocação para fazer cinema, mas que é bloqueado pelo medo.

“O primeiro filme é filme de coletivo, de cumplicidade, de parceria com os poucos que estão envolvidos. Estávamos todos aprendendo, arriscando. Igual à cena do pessoal bebendo e jogando bola (em Dias de Greve), o sol estava fazendo uma luz bonita no campo, a gente tinha uma lata (rolo de filme) e estávamos bebendo aquele vinho, não pensamos muito e decidimos filmar! Por isso parece documentário. O som vai aprendendo, a fotografia vai aprendendo. O que se tem que ter é pesquisa. Não existe documentário, filme de ficção sem muita pesquisa. Precisa de uma imersão profunda, apesar de não ter currículo.”

Quando perguntado sobre como foi feito a famosa cena do sofá pegando fogo, imagem que estampa o cartaz de divulgação do filme “Branco sai, preto fica”, Ardiley respondeu sério: “a gente só tinha um sofá e 4 ou 5 pessoas – nunca passa disso para fazer a cena, incluindo o ator. Mas teve todo um cálculo. O Marquinho calculou, mas não falou como calculou. Mas diz ele que é acostumado
a queimar sofá”, concluiu rindo.

Texto: Camila Lopes Cordeiro

Foto: divulgação

Em busca de resposta para as perspectivas para o audiovisual brasileiro em 2015, cineastas e produtores de diversas regiões do país participaram  na segunda, 26, do debate  com Rodrigo Camargo, coordenador do departamento de fomento da ANCINE – Agência Nacional do Cinema -, ligada ao Ministério da Cultura. A discussão teve como mediador o critico de cinema Pedro Brecher.

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Rodrigo Camargo destacou algumas realizações nos últimos anos da Agência  e citou os quatro principais eixos de ação para o FSA (Fundo Setorial de Audiovisual): o desenvolvimento, a produção, a exibição e difusão e a capacitação.  Rodrigo aproveitou o espaço para divulgar editais que estão com inscrições abertas. São editais para produção e desenvolvimento de projetos audiovisuais. “Esses editais  contemplam não só projetos de cinema, mas, como o desenvolvimento de séries de tv, series para vídeos por demanda e formato de programa de televisão também”, destacou.

Rodrigo falou também de editais contínuos, que ficam abertos durante o ano todo e que são destinados a produções independentes, complementação de recursos e verba para lançamento de filmes: “ a perspectiva é de produzir trezentos longas metragens , 400 obras seriadas dando um total de duas mil horas de programação, o equivalente a toda a exibição de tv paga no ano de 2012”.

Os realizadores presentes lamentaram a ausência do presidente da ANCINE Manoel Rangel, anunciado na programação do evento, pois, buscavam uma discussão sobre  a política nacional para o audiovisual. Durante o debate,  apresentaram problemas  que encontram como o alto grau burocrático para aprovação de seus projetos, e o baixo incentivo para exibição de filmes independentes. Algumas questões não puderam ser respondidas por Rodrigo. “O que a gente vê é um distanciamento da ANCINE  para essa conversa com o setor de audiovisual no Brasil, e  quando o presidente não vem e manda um representante ele é só um representante,  e aqui é um local de interlocução”, lamentou Karen Abreu, vice-presidente do Congresso Brasileiro de Cinema e membro do Fórum Mineiro de Audiovisual.

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O Presidente do Congresso Brasileiro de Cinema, Frederico Cardoso,  levantou questões negativas presentes no próprio relatório anual da ANCINE. Entre elas, o baixo número de espectadores nas exibições de filmes brasileiros no cinema. E aproveitou para tentar mobilizar os cineastas, “quero convocar os realizadores a se unir e pensarem juntos em politicas publicas efetivas para o setor”.

Texto e reportagem: Felipe Chagas
Fotos/imagens: Yuran Khan