Artigo de opinião

Por Maria Cecilia Nepomuceno 

O momento de transição para a vida adulta é sempre uma época difícil. Escolher um curso, entrar em uma faculdade e se manter no curso pode afetar a saúde mental de qualquer jovem. Diversos aspectos ajudam a deteriorar o bem-estar dos jovens, como os compromissos das aulas, conciliar com o trabalho, as relações familiares, a pressão para ser bem-sucedido na profissão, entre outros.

Cursos mais requisitados como medicina apresentam alta taxa de alunos com ansiedade e depressão. Fernanda Mayer, doutora pela Faculdade de Medicina de São Paulo, publicou uma tese sobre o assunto. Ouvindo 1350 alunos de 22 universidades públicas e privadas concluiu em seu estudo que cerca de 41% dos estudantes de medicina do Brasil têm depressão, além disso, 81,7% apresentam ansiedade em algum momento da graduação. 

Existem vários programas e palestras oferecidas nos ambientes de ensino das escolas particulares e federais, que procuram ajudar os alunos nesse processo de adaptação e a lidar com as pressões e ansiedades do período.

Welder Rodrigo, líder do Núcleo de Apoio Psicopedagógico e Inclusão (NAPI) (das unidades Una Aimorés, Conselheiro Lafaiete, Liberdade, Itabira e Pouso Alegre, além dos cursos 100% EAD), que é o núcleo responsável por colocar em prática a política de atenção ao estudante o conduzindo a programas e projetos amparados nos princípios de equidade e inclusão e que assegura os recursos necessários nas relações, potencializando aprendizagens significativas e favorecendo o desenvolvimento de competências variadas, afirma que o programa de apoio psicológico da instituição fez mais de 100 atendimentos no ano de 2022. “O estudo tem sim sua responsabilidade, mas não precisa ser pesado, nem tóxico, pode ser leve, o estudante pode ter qualidade de vida, enquanto se gradua”, conclui. Todo estudante tem direito a acessar o NAPI de sua instituição, pela plataforma da mesma, para mais informações procure um de seus professores ou o coordenador do seu curso.

Foto/Divulgação: Próximos Concursos.

Cuidar da saúde mental é cuidar de um todo, e dentro da faculdade existem inúmeras possibilidades para seguir com o curso da melhor forma possível, participando de eventos, praticando atividade física, tendo convívio social e interativo com os colegas, se organizando, entre outras. 

Os profissionais da rede SESI/SENAI, indicam alguns cuidados e dicas para manter a boa saúde mental no período de estudos. Dentre elas: separar um tempo de descanso e de relaxamento da mente, investir no autoconhecimento, organização de tempo, ajuda de um profissional da área, seja ele psicólogo ou psiquiatra, e o ato de praticar atividades físicas e a boa alimentação. Por fim, Natália Vaz, aluna de Letras Inglês/Português pela Unicesumar sempre comenta que apenas tirar um tempo para si mesmo e só ver uma série, filme ou qualquer meio de entretenimento, ajuda bastante. “Se desligar um pouco da correria da rotina e relaxar”, diz.

Foto/Divulgação: Instituto Assistencial Espírita André Luiz/HEAL.

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Por Pedro Soares

O título acima é um trecho da música “Autoestima” do cantor Baco Exu do Blues, um homem negro, gordo e periférico. Pela descrição anterior já podemos dizer que Baco não está nem perto do padrão de beleza brasileiro. 

Qual padrão de beleza é esse que estou me referindo? Façamos um exercício juntos, abra uma guia no seu navegador e vá ao Google, no espaço de pesquisa digite a seguinte busca “homem bonito no Brasil”. Vá na aba de imagens, dê uma olhada nas respostas trazidas pela ferramenta de pesquisa e me diga: num país onde 56,1% da população é negra (IBGE/2022), os resultados apresentados pela plataforma são reais? Ou estão ancorados em um padrão de beleza racista que não pertence ao nosso país, onde TODOS os resultados dessa busca apresentam homens brancos, com o padrão físico malhado e de barba. 

Desde 1500, quando a coroa portuguesa chegou ao Brasil, temos um histórico de roubo da parte deles para com o nosso país. Roubo esse em vários aspectos diferentes, roubo de recursos materiais e naturais, roubo cultural, roubo de identidade e principalmente, de nossa autoestima. 

De acordo com o Blog Nocaute, durante os 300 anos da colonização portuguesa em nosso país, extraíram de nosso território cerca de 610 bilhões de reais em pedras preciosas, mas mais grave do que esse valor, foi o roubo de nossa autoestima. 

Em 2018, quase 520 anos após o início da colonização vemos o Baco, artista com alcance nacional, cantando nossas dores, buscando encontrar nossa autoestima, tentando esconder as dores com o uso de drogas, gastando valores exorbitantes em jóias para esconder nossas dores. 

“Usamos drogas pra esconder nossa dor. diamantes nas correntes pra ofuscar nossa dor, cravejamos o sorriso, não vão ver nossa dor. Pago dez mil nesse tênis, tô pisando na dor”. É preciso entender que homens negros ainda são exclusos do padrão de beleza do nosso país imposto por um país europeu. Ainda estamos buscando nossa autoestima, mas pelo menos, por agora, temos artistas relevantes o suficiente para cantarem nossas dores e nos ajudarem na compreensão de nós mesmos e em nossas belezas naturais.

brecho

Por Keven Souza 

Consumo consciente, esse é um conceito que se tornou uma tendência comportamental e se fixou tanto na realidade social das pessoas que saiu do posto de efemeridade e hoje é assunto sério, corriqueiro e mais do que necessário.

Ao falarmos do universo fashion, a ideia de usar tecidos pensando no impacto ambiental ganha ainda mais força. A indústria da moda é uma das mais rentáveis do mundo, ao mesmo tempo em que é a terceira no ranking de poluição.

Partindo dessa premissa é fácil concluir que, atrelado ao consumo consciente, a sustentabilidade também está no foco da atualidade à medida que a indústria têxtil se desenvolve e corrobora para mais poluição e estragos deixados para o planeta. Dito isso, acredito que a maneira mais responsável de se fazer roupa na hoje em dia é não fazendo.

Se pararmos para pensar no volume de peças já existente em todo o mundo e nas que ainda estão por serem produzidas, a certeza disso logo chega. É lógico que parar a indústria têxtil por completo ainda é uma utopia, mas existem algumas medidas que, enquanto consumidores, podemos adotar a fim de fazer desse modo de produção algo mais justo e sustentável. 

Uma dessas medidas é optar por comprar peças que já circulam por aí a mais tempo, tal qual como as peças que encontramos em brechós. Os brechós vêm ganhando espaço entre os consumidores do fast fashion – modo de fabricar roupas em grande escala – por proporcionarem uma experiência de compra diferente. 

Numa loja convencional, como C&A, Renner e Youcom, por exemplo, temos a dimensão do que encontraremos ao entrar: peças feitas de acordo com as tendências, separadas por sessão de gênero ou tamanho de corpo, estilo e por aí vai. Já no brechó, ao comprar uma roupa de reuso você se permite dar à uma peça uma visão atualizada (ou não), construir um olhar apurado para garimpar – prática de achar peças novas e em bom estado de uso – , e consumir de maneira mais consciente, que é um trabalho processual e delicioso.

Hoje, não é muito difícil encontrar brechós nas ruas, em feiras locais de moda, além de nas redes sociais, que é onde muitas delas se encontram na atualidade. O burburinho das redes é um dos fatores que têm ajudado os brechós a reconquistarem um lugar no coração dos consumidores. 

Se quer uma prova de que ser um consumidor de brechó é, quase, uma tendência comportamental, a geração Z, que hoje é o grupo consumidor mais estimado pela indústria, é a prova de que ser um consumidor de brechó é, quase, uma tendência comportamental. Isso porque, eles vêm trazendo esse novo olhar para as compras e têm se mostrado uma parcela exigente quando o assunto é consumo consciente ou sustentabilidade. 

Dito isso, utilizar o que já foi do outro não cabe mais a ideia sobre o que é velho. Ser consumidor de brechós é, no entanto, uma forma encantadora de levantar a bandeira de uma moda mais sustentável e também de dar continuidade a histórias e narrativas através das peças. Por isso, se permita ser também um percursos disso e venha fazer parte de uma sociedade mais responsável. 

Por Matheus Dias

Nas ruas, na TV, na rádio, na internet, no letreiro, nas bandeiras, nas faixas, nos altos falantes de carros, nos papéis – famosos santinhos, nos muros e em diversos locais se vê a movimentação política que se aflora de dois em dois anos a partir do mês agosto. 

É impossível não perceber que já se aproxima um dos períodos em que temos que exercer a cidadania, irmos nos colégios eleitorais para votar em alguém que nos representa.

Desde criança escuto a palavra “representar”, ou derivações dela. Quando se tratava de política, me pego pensando quando comecei a votar: será que tenho alguém que apoio e confio a tal certo ponto de me representar? Consigo achar um candidato que entregará tudo? Possivelmente não, mas parto para o desafio de fazer uma peneira nos que conheço ou ouvir falar para sondá-los em dar o meu voto. 

O horário eleitoral gratuito é um dos momentos da grade de programação de rádio e TV mais rejeitados e apontado como chato por grande parte das pessoas na minha percepção, mas paro a rotina alguns dias para poder assistir e ver quem está com  a oportunidade de me representar. E novamente me deixa mais confuso, principalmente os concorrentes aos cargos de legislativo, que neste ano são os deputados e senadores. 

Sinto que por uma cultura enraizada em nossa sociedade, os cargos de legislativo aparentam ser menos importantes para sabermos suas propostas e, para os candidatos que tentam se reeleger,  uma análise de seu mandato.  

Quando vejo o grande debate nas ruas sobre os candidatos concorrentes aos cargos do executivo e pouco escuto dos deputados, por exemplo, fico preocupado e quando pergunto para os amigos e também pessoas próximas, a resposta é de que ainda pensará em um candidato e que verá mais para frente – mesmo faltando menos de duas semanas para ir às urnas. 

Acredito que nessa reta final, os candidatos com melhor propaganda, maior números de placas espalhados pela cidade e com maior simpaticidade ganham votos. A hora de dar um voto de confiança se aproxima, é preciso ter cautela para depositar confiança e poder nas mãos de pessoas que influenciará e tomará decisões que respingará em mim e em todos.

rock in rio

Por Keven Souza 

Aconteceu no último domingo (11) o encerramento do Rock In Rio 2022, na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro. O evento que reuniu ​aproximadamente 100 mil pessoas no sétimo dia e contou a presença de mais de 36 artistas dos mais variados gêneros musicais, trouxe vida a Cidade Rock em 12 horas de música constante divididos em oito palcos. 

rock in rio
Dua Lipa, esbanjando talendo e brilho no palco mundo ( Foto: Keven Souza )

A atração mais aguardada da noite foi a cantora britânica de 27 anos, Dua Lipa. A artista era headliner do dia, onde, ao som de “Physical“, subiu ao Palco Mundo com todo um espetáculo de cores, luzes e hits. Esbanjando talento, apresentou o setlist com os sucessos de Future Nostalgia, seu segundo álbum de estúdio. Tudo muito bem pensado para quem estava presente no Parque Olímpico e também acompanhava de casa, pela transmissão do Multishow. 

Das músicas aos figurinos – quatro, ao todo – Dua Lipa brincou com cores e não dispensou brilho. Trouxe seu balé que performou garantindo um show à parte com coreografias. A cantora interagiu ainda com a plateia e finalizou, em português, dizendo: ‘obrigado gatinhos e gatinhas’.  

Megan Thee Stallion, Rita Ora e Ivete também foram outras cantoras que abrilhantaram o último dia de Rock In Rio, se apresentando no Palco Mundo. No Sunset, Liniker mostrou toda força da mulher trans preta juntamente com Luedji Luna. Logo após, Majur,  Agnes Nunes, Mart’nália, Gaby Amarantos e Larissa Luz uniram o samba, soul, blues, brega e jazz em um só espetáculo para homenagear Elza Soares.

Cidade do Rock é baile de favela

rock in rio
Toda a estrutura gigantesca do palco mundo. ( Foto: Keven Souza )

Já a cantora Ludmilla, de 27 anos, que também se apresentou no Palco Sunset, foi uma das artistas mais comentadas do mundo na internet após seu show. Isso porque, ela prometeu que faria algo grandioso e cumpriu. A dona do hit ‘Rainha de Favela” investiu em estrutura de palco, luzes e figurinos luxuosos. Além disso, não deixou de lado o funk!

Ludmilla construiu um setlist único, que privilegiava o gênero musical, fazendo com que a Cidade do Rock por um momento virasse baile de favela. Levou ainda a dupla Tasha e Tracie, MC Soffia, Tati Quebra Barraco e Majur para o palco. Como resultado, fez um show certamente histórico que trouxe questionamentos aos produtores do Rock In Rio sobre a participação de artistas brasileiros no Palco Mundo, que é o principal palco do festival. 

O Rock in Rio promoveu inclusão em seus shows deste ano, como intérpretes de Libras (Linguagem Brasileira de Sinais) e mais artistas negros e LGBTQIA+. Mas a principal crítica do público com os produtores foi colocar artistas femininas de grande público, que é o caso de Ludmilla e Avril Lavigne, em palcos menores, como o Sunset. 

A volta do Rock In Rio no Brasil 

Após dois anos desde a última edição do evento do Brasil, que aconteceu em 2019, a Cidade do Rock recebeu um público de 700 mil pessoas com o forte desejo de se reencontrar. Foram sete dias, 1.255 artistas, 300 shows e mais de 507 horas de experiência. 

As parcerias? Muitas! Stands do Globo Play, Tim, Itaú, TikTok, Coca-Cola, Doritos, Latam, Kit Kat, iFood, entre outros, decoraram o Parque Olímpico com cores e vida. E para mostrar que o Rock In Rio é um festival de números, esta edição foi recorde de turistas no Rio. Foram mais de 420 mil pessoas de outros estados do Brasil e uma estimativa de 10 mil de fora do país. 

O Rock In Rio é um festival que impacta diretamente na economia da cidade. É, ainda, patrimônio cultural imaterial do Rio de Janeiro que expande toda nossa brasilidade para o mundo. Que as próximas edições continue com ​​toda a energia e alto astral, pois o evento além de trazer grandes espetáculos para o Brasil, dá um show como festival de experiências!  

 

Por Lucas Nascimento

Ontem, 7 de junho, se comemorou uma data que, não sabia que existia até escrever este artigo: o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa.

Em se tratando do conceito básico da imprensa, ela nada mais é do que o mediador entre a população e os fatos, já que não podemos estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Assim, a imprensa faz o papel informativo, para que possamos, por consequência, ter nossa própria opinião e debater, em bares, em casa e qualquer encontro que chamamos de social, tais assuntos.

Historicamente, a imprensa, com os meios de comunicação de massa, tem um poder quase absoluto, como um governo à parte; tanto que chega a ser denominada de “o quarto poder” aqui no Brasil. Seguindo essa linha de raciocínio, sabemos que, quase nunca, a imprensa foi plena o suficiente.

No Brasil colonial e imperial, a imprensa teve um cerceamento muito forte. A partir dos primeiros anos da república, jornais, como o Correio da Manhã e a Folha de São Paulo, além da revista O Cruzeiro, foram criados e demonstravam muita competência na busca detalhada de informações. Com a criação da rádio, na década de 1920, as informações passaram a ser ouvidas, para uma melhor absorção.

Quando tudo parecia um mar de rosas, Getúlio Vargas criou o DIP em 1935, como uma forma de controle sobre a imprensa à época. Com o Estado Novo (1937-1945), a rigidez do DIP se aprofundou até a sua destituição, dez anos após o DIP. Tivemos, então, uma imprensa forte por mais de 15 anos.

Porém, em 1964, tudo começaria a degringolar com o Governo Militar (1964-1985), sobressaindo o AI-5 (1968). A partir daí, admitiu-se uma nova faceta da imprensa: a da luta por liberdade de expressão, que foi a maior em muitos anos. A data desta comemoração, inclusive, foi criada ainda no Governo Militar, em 1977. O manifesto, assinado por mais de 3 mil jornalistas, ocorreu após o assassinato de Wladimir Herzog.

E, com todo este movimento e tantas transformações – entre elas, a descentralização da informação, confesso que, depois que ouvi de uma professora minha que “jornalista não se acha um Deus, tem é certeza”, alguns acontecimentos recentes mostram um cerceamento seletivo e que, a própria imprensa, que se julga atacada pelo presidente Jair Bolsonaro, bate palmas.

Desde as eleições de 2018, há uma competição de quem realmente fala a verdade. Desta forma, a grande imprensa criou mecanismos de validação; dentre eles, o Fato ou Fake, do Grupo Globo. Em paralelo, a criação de conteúdo voltado para assuntos sobre política, trazendo informações que a grande mídia, por vezes, esconde, gerou revolta pela disputa de audiência.

Lembra do cerceamento da liberdade de expressão que passou a ser validado? Criticar posturas da mídia e de políticos ou magistrados jurídicos (leia-se STF – Supremo Tribunal Federal), passou a ser passível de censura. Aí, devemos nos perguntar: por quê?

Há casos a serem analisados: o deputado Daniel Silveira e os canais Te Atualizei e Hipócritas, além do Telegram. No primeiro caso, o deputado está sendo julgado para uma pena de 8 anos. Motivo? Criticar posturas do ministro Alexandre de Moraes e outras, um tanto quanto estranhas, do STF. No dia 21 de abril, Bolsonaro concedeu o indulto presidencial a Daniel.

Já sobre os canais do YouTube e o Telegram, que, como sabemos, é um órgão privado. Logo, convenhamos que é bizarro ter alguma tentativa de cerceamento, correto? Não para Alexandre de Moraes. Ele notificou ambas as plataformas sobre “conteúdos perigosos” e exigiu que o Telegram fosse bloqueado, e os canais do YouTube citados, desmonetizados.

A imprensa ainda tem a ideia de que existe uma “censura saudável”? Como? Mesmo com o Brasil estando em 111º lugar em um ranking de 180 países sobre liberdade de imprensa, segundo o Repórter Sem Fronteiras. Bem estranho.

Ou seja, enquanto a guerra da falta de verbas exorbitantes de desvio e as narrativas se sobreporem, a imprensa não vai mais convencer ninguém. Portanto, como qualquer coisa que exista para um bom equilíbrio, ele precisa retomar o seu papel de fato: apenas os fatos.