cinema

0 1397

Por Tiago Jamarino – Start – Parceiro Contramão HUB

Na quinta-feira, 6 de julho de 2017, Joan Lee, a esposa de Stan Lee, faleceu em Los Angeles, Califórnia, aos 93 anos. Lee foi hospitalizado no início desta semana depois de sofrer um acidente vascular cerebral.

Um porta-voz de Stan Lee divulgou uma declaração em seu nome e sua família para The Hollywood Reporter:

 

“Posso confirmar a triste notícia de que Joan Lee faleceu esta manhã discretamente e cercada por sua família. A família pede que você dê-lhes tempo para se afligir e respeitar sua privacidade durante este momento difícil “.

 

Joan Clayton Boocock casou-se com Stan Lee em 5 de dezembro de 1947. Eles tiveram duas filhas juntas: Joan Celia “J.C.” Lee nasceu em 1950 e Jan Lee nasceu, mas tragicamente morreu três dias após o nascimento em 1953.

 

Stan Lee refletiu quando conheceu Joan para THE em 2016 quando ele comemorou seu 75º aniversário na indústria de quadrinhos:

 

“Quando jovem, havia uma garota que eu desenhava; um corpo e rosto e cabelo. Era minha ideia de como uma garota deveria ser. A mulher perfeita. E quando eu sai do exército, alguém, um primo meu, conhecia uma modelo, uma modelo de chapéus em um lugar chamado Laden Hats. Ele disse ‘Stan, tem uma garota muito bonita chamada Betty. Eu acho que você pode gostar dela. E ela pode gostar de você. Por que você não a convida pra almoçar?’

“Então eu fui a esse lugar. Betty não atendeu a porta. Mas Joan atende, e ela era a principal modelo. Eu olhei para ela e ela era a garota que eu vinha desenhando minha vida toda. E então eu ouvi o seu sotaque inglês. E eu sou louco por sotaque inglês. Ela disse ‘Posso ajudá-lo?’ E eu olhei pra ela e acho que disse algo doido, ‘Eu amo você.’ Eu não lembro exatamente. Mas eu a levei pra almoçar. Eu nunca conheci Betty, a outra garota. Eu acho que pedi a Joan em casamento naquele almoço.’

 

 

A historia do primeiro encontro do casal lembra bastante o primeiro encontro de Peter Parker e Mary Jane Watson. Uma amiga da Tia May, tinha uma sobrinha, e elas convenceram Peter e a misteriosa sobrinha da senhora Watson a se encontrarem. Mas diferente do que ocorreu na história real de Stan, foi Peter Parkerquem atendeu a porta e ouviu a famosa frase: “Admita, Tigrão, você tirou a sorte grande.”

 

MaryJaneFirstAppearance

3 2018

Por Bianca Rolff

 

“Há algo de podre no Reino da Dinamarca”. (SHAKESPEARE, W. in: Hamlet)

“Quando você olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você. (NIETZSCHE, F. W. in: Além do Bem e do Mal)

 

Dinamarca. Neste país de reconhecimento shakespeariano – uma expressão, aqui, literal –, encontramos após algumas centenas de anos, outra arte sobre a qual é interessante nos debruçarmos: o cinema. E mais especificamente sobre o cinema de um artista da contemporaneidade cujas características se mostram, em si, contraditórias e questionáveis: se ao mesmo tempo este cinema se pode dizer, por muitos, necessário, por seu intrínseco paradoxo e possibilidade de discussão, também se faz bastante plausível cogitarmos se a sua existência acrescenta, de fato, algo à evolução do homem enquanto ser. De Shakespeare para Lars Von Trier, de Hamlet para Dogville e Manderlay, falemos sobre a humanidade. Ou sobre uma visão muito particular e decadente dela.

Tomando como material de análise o cinema de Von Trier, inicialmente voltamos o nosso pensamento à sua criação balizadora da produção cinematográfica: o Dogma 95. Mas não mais do que cinco minutos dos filmes aqui retratados, mais especificamente Dogville (2003), por ser o primeiro, para percebermos que o Dogma é descumprido veementemente por seu criador.  O que vemos é uma grandiosa tentativa de um cinema que ostenta técnica e recursos cinematográficos numa tentativa de englobar outras áreas artísticas.

Dogville é o primeiro de uma inconclusa trilogia crítica aos Estados Unidos da América, que pretende, aparentemente, demonstrar como o homem é o lobo do homem. Neste aspecto, não há dúvidas de que o sadismo paulatino dos personagens de Von Trier ilustra a capacidade do homem de ser mau por mera escolha de caminhos. Entretanto, a crítica a esta humanidade animal se esvai de sentido, na medida em que só o que se vê é um caos completo, sem nenhuma maneira de escape ou visão minimamente libertadora para o futuro da humanidade. Ainda que sua “forte” personagem feminina se valha de todos os seus ideais até o último instante, até mesmo ela sucumbe às mazelas inerentes à nossa pobreza de espírito. Se só há a maldade nesse universo tão meticulosamente construído, onde está a crítica?

E esta visão pessimista e desagradável é estendida por outras duas horas e meia de filme em Manderlay (2005). Entretanto, se em Dogville ainda mantínhamos certa esperança, ou mesmo uma curiosidade com aspectos tanto técnicos (o cenário teatral, a câmera na mão – herança do Dogma 95? –, a montagem visível através de cortes assimétricos e ligeiras repetições dos momentos), quanto narrativos (há em nós torcida quando a protagonista Grace foge de Dogville, acreditando estar se libertando daquele lugar tão pequeno e sórdido, e até mesmo certo contentamento com a vingança final, afinal, a catarse nos é intrínseca), em Manderlay não nos resta nada, senão esperarmos por qual final trágico teremos para os personagens.

Dogville, Lars Von Trier. 2003

Não há, para Von Trier, escolhas além do desastre. Manderlay nada mais é do que um prolongamento do martírio de Dogville, sem nem mesmo inovar na técnica e no modo de se contar a sequência. Inicialmente, podemos dizer que são filmes cujo intuito de incômodo e reflexão se concretizam no espectador, uma vez que nos proporcionam contato com aquilo que de pior temos. Mas para além disso, se fizermos uma análise um pouco mais profunda do que se pretendeu, cinematográfica e humanamente, o que vemos é um vazio de causa, já que nem mesmo uma dualidade dos antagonismos Bem e Mal se coloca de maneira convincente nos filmes. Somos todos lobos, e ponto final. Não há humanidade, apenas oportunidade (aliás, Von Trier acredita em algum momento que haverá, para nós, alguma forma de salvação?). O sadismo visto em seus personagens nos leva a um ponto ainda mais controverso e, se conclusivo, assombroso: o sadismo do próprio cineasta em relação aos espectadores de sua obra. Há uma vontade e uma realização de um martírio em cima de nós, desencadeando a desesperança e a crença de que podemos (devemos, quiçá) desistir. Von Trier cria uma crença perigosa a partir da sua descrença na humanidade.

Manderlay, Lars Von Trier. 2005

Talvez este seja um ponto para refletirmos porque a trilogia não se concretizou até o momento. Ou porque não há mais nada para mostrar, ou porque o autor percebeu a sua falha argumentativa e preferiu não bater na mesma tecla quebrada pela terceira vez. Parece que Von Trier busca uma ilustração cinematográfica do pensamento forte e também negativista de Nietzsche a respeito do homem como ser que precisa dos abismos e das desigualdades para evoluir. Ir além do bem e do mal, significando uma ausência de crença em Deus e de suas proteções aos mais fracos e oprimidos. Mas ao camuflar o seu discurso como crítica à humanidade, Von Trier se afasta de Nietzsche e nos mostra apenas um produto artístico que não visa solução, mas constatação generalizada. Nietzsche, por mais controversas e perigosas fossem as suas elucubrações, via uma evolução humana, ainda que pautada em atitudes que justificariam a nossa Vontade-de-Poder. O que Lars Von Trier faz é uma involução, ao nos colocar num mundo onde há apenas um lado: o do desastre.  Permanece a sensação de que o abismo que nos olha de volta é, ao contrário do abismo de Nietzsche, muito raso.

 

 

Por Ana Paula Tinoco

Na tarde de hoje, 25, o ator Antônio Pitanga participou de uma roda de conversa na 12ª Mostra de Cinema de Ouro Preto. Descontraído, Pitanga falou sobre racismo, oportunidade, escolhas e vivência. Com um documentário sobre sua vida, que tem na direção sua filha e também atriz Camila Pitanga junto a Beto Brant, ele é homenageado através de um olhar único que se constrói a partir de seu testemunho que narra seu percurso de criação e modulação na arte brasileira.

Mediado por Marcelo Miranda, crítico de cinema, o bate-papo foi do presente ao passado com um leve vislumbre do que há por vir na vida do ator. Pitanga que relembrou de seu começo difícil por causa do preconceito existente em nossa sociedade, ressaltou que essa dificuldade o moldou para chegar onde ele está hoje: “Eu muito cedo entendi e tive consciência política, encarei o racismo ao nascer. Sou bisneto de escrava e sei que as condições de vida não eram favoráveis. E isso me ajudou a moldar quem eu sou.”

Com uma carreira memorável no teatro, televisão e cinema, Pitanga deixa claro que tudo é uma questão de ir à luta e enfrentar as adversidades da vida: ”você é uma pedra bruta, você tem que lapidar-se e assim você vai chegar em algum lugar”. Sereno, ele relembra mais uma vez a história de sua bisavó e pontua sobre o machismo. Sendo categórico ao afirmar que isso não deve existir pois as mulheres são fortes pilares de nossa sociedade.

 

0 879

Por Rúbia Cely

A 12ª edição da Mostra de Cinema de Ouro Preto – CINEOP foi desenvolvida com base em três temáticas, sendo elas: Educação, História e Preservação. Para cada uma destas vertentes uma personalidade foi selecionada para ser homenageada.

Antônio Leão, nascido em 1957, pesquisador e colecionador paulista, será um dos contemplados pelo evento. Ele, que é considerado uma das maiores figuras que contribuem para preservação da história e memória cinematográfica brasileira, por não só ter feito a restauração de diversas produções, mas também por ter catalogado em seus dicionários as principais categorias associadas ao cinema, será o representante do tema Preservação.

Em consonância com o tema História, Cristina Amaral, produtora e montadora será a homenageada. Cristina é autora de mais de 10 títulos e muito reconhecida por se envolver de corpo e alma com as produções as quais faz parte, segunda a curadoria do tema. Nascida em 1954, ela se envolveu com o cinema ainda no período em que estudava na USP, desde então vem alcançando grande destaque em montagem.

Por último e com certeza não menos importante o projeto Vídeo nas Aldeias será tributado pela temática Educação. O projeto que completou seus 30 anos em 2016, contempla exatamente o tema que será discutido as “Emergências Ameríndias”. Os homenageados estarão presentes na abertura oficial do evento que ocorrerá no dia 22 de junho, a partir das 20h30 no Cine Villa Rica.

Feito por:  Henrique Faria

No Brasil, o Cinema Nacional é comemorado no dia 19 de junho, data que homenageia o ítalo-brasileiro Afonso Segreto, o primeiro cinegrafista brasileiro que registrou imagens do nosso território em 1898, virando a seguir o filme: “Uma vista da Baía de Guanabara”. Desde então a sétima arte vem fazendo e sendo história no nosso país e para entendermos um pouco mais sobre a importância deste dia, o Jornal Contramão conversou com produtor, crítico e professor de cinema Ataídes Braga.

 

Jornal Contramão: Qual a importância do Dia do Cinema Nacional?

Ataides: Tem a importância, não necessariamente de uma data comemorativa, mas sim histórica, como uma espécie de certidão de nascimento e a partir daí vira uma necessidade de afirmação de todas as lutas desenvolvidas contra a hegemonia de cinematografias externas que em diversos momentos nos deixaram em uma posição de inferioridade e opressão.

Jornal Contramão: Estamos na Época de Ouro do Cinema Nacional?

Ataides: Sim e não, o cinema brasileiro é muito complexo, diversificado, do ponto de vista mercadológico, temos uma certa produção, majoritariamente comédias, que estão muito bem de bilheterias, mas existem muitos outros filmes que nem se quer são ou serão lançados.

Jornal Contramão: Quais as dificuldades de se fazer um filme independente hoje no Brasil?

Ataides: A ausência de uma política pública específica; falta de controle do mercado exibidor. Controlado ainda  hoje,  pela majors americanas; dificuldade, mesmo quando feitos, não conseguem distribuição e exibição, quase todas voltadas para filmes de mercado.

Jornal Contramão: Vemos cada dia mais faculdades abrindo o curso de CINEMA, quais seriam os benefícios e malefícios disso?

Ataides: A formação teórica e prática é fundamental, mas nem sempre essas faculdades tem professores capacitados e quando os tem, não tem a liberdade criativa para desenvolverem projetos que possam pensar o cinema. Eles só reproduzem o mesmo tipo de filmes e possibilidades que já estão saturados por aí.

 

0 995

Por Ana Paula Tinoco 

A Mostra de Cinema de Ouro Preto – a CineOP – chega a sua 12ª edição e irá acontecer entre os dias 21 a 26 de junho. Sob o tema “Quem conta a História no cinema brasileiro? ” O enfoque neste ano será “Emergências Digitais” e a entrega do Plano Nacional de Preservação com a temática histórica “Quem conta a História? Olhares e identidades no cinema brasileiro e na Educação, “Emergências Ameríndias”.

 

Os homenageados da 12ª edição serão dois nomes que se destacaram na cena audiovisual brasileira: Antônio Leão e Cristina Amaral. O evento que receberá 100 profissionais de vários Estados do País tem como propósito a preocupação com a preservação do acervo que abriga as obras cinematográficas brasileiras.

Outro destaque presente na Mostra deste ano são as iniciativas que abrirá diálogo direto com os moradores, o Cine-Expressão – A Escola vai ao Cinema e a UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto. Os dois programas pretendem oferecer sessões que beneficiaram estudantes e professores.

A mostra que tem sua programação estruturada em três pilares, preservação, história e educação, oferece uma programação variada que inclui exibição de 60 filmes em pré-estreias, retrospectivas e mostras temáticas, homenagens e personalidades do audiovisual, oficinas, workshops internacionais, debates, seminários, exposições, lançamentos de livros, shows e atrações artísticas e tudo isso gratuitamente.

 

Serão três lugares ocupados pela Mostra em Ouro Preto: Cine Vila Rica, Centro de Convenções e a Praça Tiradentes.

Para outras informações: Programação 12ª CineOP