Cotidiano

Foto: Redes Sociais

A fantasia fez sucesso e muitos admiradores, além da grana

Por Gustavo Meira

Nos últimos dias, ainda de carnaval, um vídeo de uma ‘’barraca do beijo’’ viralizou nas redes sociais e foi parar em vários portais e páginas de notícia. O motivo? É que essa foi a fantasia de Raphaela Oliveira em um dos dias da folia em Belo Horizonte, onde era cobrado R$ 1,00 o selinho e R$ 5,00 para levar um beijo de língua da estudante de Jornalismo. A barraca fez tanto sucesso, que teve até fila para beijá-la.

Confira pelo link

A barraca do beijo é tradicionalmente usada nas festas juninas. Mas Raphaela inovou e decidiu trazê-la para o carnaval, que esse ano foi o maior da história de BH, reunindo mais de 5 milhões de pessoas. Por ser conhecida como a ‘’beijoqueira’’ em seu grupo de amigos, uma vez foi desafiada a beijar um número x de pessoas. Ela realizou a brincadeira sem cobrar nada, e dessa vez decidiu arrecadar – por que não né?! ‘’Eu queria uma ideia criativa para o carnaval, e lembrei da barraca do beijo. Inicialmente não iria cobrar nada, mas lembrei que o tradicional cobra por beijo, aí decidi fazer a fantasia completa”, conta. 

Instagram/acervo Pessoal

O vídeo a princípio foi postado em seu Tik Tok. Depois de alguns comentários repudiando a atitude, o vídeo foi privado por ela mesmo, mas não teve jeito, ele viralizou em uma página no Twitter e foi tomando proporções gigantescas. Várias páginas de fofocas famosas e portais republicaram o vídeo. Com toda essa exposição, como de praxe, muitas pessoas expressam sua opinião, com comentários enaltecendo ou recriminando a atitude da estudante. ‘’Estou tentando não absorver os comentários negativos, por mais que eu responda alguns. Eu não levo isso pro meu coração e não fico mal com isso, porque sei que é a opinião da outra pessoa. Sei que eu não sou isso que eles estão falando’’, explica.

Comentários no post de Raphaela. Fonte: Instagram/@raphaoliveeira_

O faturamento

A pergunta que não quer calar. Quanto a beijoqueira faturou com a barraca do beijo? Raphaela faturou em torno de R$ 400,00 com a brincadeira. ‘’Não sei quantas pessoas foram, porque tiveram pessoas que pagaram mais de uma vez, pagaram via pix e dinheiro vivo. Esse valor já foi todo gasto, com comida e bebida no próprio carnaval’’, diz ela. 

Raphaela está adorando a repercussão em torno do vídeo, já que ela cria vários outros conteúdos pro Tik Tok que estão tendo um aumento de visualizações e trazendo admiradores nas redes sociais. Agora ela está esperando as propostas para uma futura parceria. Qual será a fantasia usada por ela no próximo ano? Ficaremos na expectativa. 

 

A desculpa de que não sabia que tal fantasia poderia ser ofensiva, não cola mais

Por Gustavo Meira

O Carnaval já está aí. Uma das coisas que o folião mais busca nesse período, são as fantasias, seja montando em casa ou comprando em alguma loja, o importante é arrasar na avenida. Porém o carnaval de hoje não é o mesmo de 30 anos atrás, onde qualquer fantasia era bem vista. Os tempos são outros e o principal é o respeito, por isso é importante ficar atento para não correr risco de alguma fantasia ser desrespeitosa para alguma cultura, minoria social ou povo, mesmo que sem intenção. 

Vamos listar algumas ‘’fantasias’’ que não se deve usar no carnaval:

Índio (a) (indigena):

Apesar de que para algumas pessoas possa parecer uma homenagem utilizar adereços da cultura indigena ou apenas uma brincadeira, a história recente e as pessoas pertencentes a esses grupos dizem que essa apropriação cultural é ofensiva. Se a desculpa para o uso for, por exemplo, uma homenagem aos Yanomamis, vai ser pior ainda. A tribo não quer homenagens, e sim ajuda.

Homens fantasiados de índio no carnaval. foto: rede social
Homens fantasiados de índio no carnaval. foto: rede social

Homem se fantasiar de mulher (e seus desdobramentos):

Quando um homem cis hétero se veste com roupas femininas para ‘’brincar’’ no carnaval, de alguma forma ele menospreza a realidade diária de mulheres brasileiras, já que vivemos em um país machista e misógino. Muitas delas morrem todos os dias por serem mulheres, além da desigualdade em comparação com o homem, o caso é pior quando se trata de uma mulher preta. Por outro lado, este homem também atinge travestis. Homens machistas, homofóbicos e transfóbicos, que menosprezam tudo que é considerado feminino, acabam se divertindo ao usar roupas que representam tudo o que repudiam.

Foto: rede social
Foto: rede social

“Nega Maluca” Black Face 

“Nega Maluca” satiriza as mulheres negras em suas características físicas como cabelo, lábios e formato do corpo, porém são características que devem ser exaltadas, valorizadas, vistas como belas e não como chacota. O uso desta fantasia vem se tornando cada vez mais rara (ainda bem). A prática racista do black face é de meados de 1830,  onde por anos, pessoas pretas foram proibidas de trabalhar no mundo das artes. Dessa forma, no teatro, cinema e televisão, personagens negros eram interpretados por atores brancos.

Foto: rede social
Foto: rede social

Iemanjá ou qualquer orixá

vestir-se como Iemanjá, por mais que pareça uma homenagem, acaba tendo o efeito

Foto: Rede Social
Foto: Rede Social

contrário, porque banaliza religiões de matriz africana perseguidas no Brasil e que sofrem até hoje com preconceito com os rituais e deuses e violência.

 

 

Japonesa, muçulmana, cigana e afins

Vestir-se baseado em trajes típicos de outros países de forma a representar a cultura é uma forma de estereotipar toda uma nação, banalizar os símbolos culturais, seus costumes e tradições. 

Fábio Assunção

A máscara com o rosto do ator Fábio Assunção foi febre no último carnaval. O artista passou a virar piada a partir do momento que sua dependência química veio a público, sua imagem passou a ser associada à desordem, quebra de regras, “vida louca”, irresponsabilidade. Foi então que as máscaras se espalharam fácil. Transformar a dependência química em fantasia é desconhecer a doença e como ela afeta a vida dos dependentes químicos e suas famílias. Os problemas de saúde de outro ser humano não devem servir para o divertimento, pois agravam ainda mais o sofrimento.  

Foto: Redes Sociais
Foto: Redes Sociais

Hitler 

Fazer menção ao nazismo é crime! Hitler é uma das figuras históricas mais terríveis do mundo. No seu comando, cerca de 5 milhões de judeus foram assassinados. As marcas deixadas pelo Holocausto ainda estão presentes nos dias de hoje e respeitar a história e sofrimento de um povo é importante. 

 

Terrorista

Os atentados terroristas ao World Trade Center e Pentágono, no EUA, em 2001, reacenderam o preconceito contra os povos árabes islâmicos em todo o mundo. No Ocidente, é comum associar o terrorismo ao islamismo. Uma coisa não tem a ver com a outra. Usar uma fantasia imitando a imagem de Osama Bin Laden acaba fazendo a associação direta entre as roupas típicas de povos árabes e o terrorismo. Ao fazer isso reforça a ideia de que o islamismo é ruim e de que árabes são perigosos. E não é isso.

Foto: Redes sociais
Foto: Redes sociais

Serial Killers

 

No ano passado, a série da Netflix sobre o assassino em série Jeffrey Dahmer levou vá

Foto: Redes sociais
Foto: Redes sociais

rias pessoas a se vestirem como o criminoso durante o Halloween. A atitude foi fortemente criticada baseada no desserviço em espetacularizar e ‘heroizar’ um homem que vitimou 17 homens nos Estados Unidos, em meio a casos de c@n1b@l1smo e n3cr0fil1a.

Covid-19, Vacinas e relacionados

 

A pandemia causada pelo Covid-19 matou milhões de pessoas ao redor do mundo. Fantasias relacionadas ao tema devem ser evitadas, por se tratar de um assunto muito sensível e ainda presente na vida de muitas pessoas que perderam entes queridos.

Você viu algumas fantasias que não devem ser usadas por serem ofensivas, no carnaval e em qualquer data. Evite-as, e passe esse recado para seus amigos que pensam em usar uma delas, já que embora a princípio não pareçam, fazem apologia a xenofobia, racismo, machismo entre outros. Nada melhor do que curtir sem ofender ninguém, né?

 

Bom carnaval!

 

A cidade receberá mais de 5 milhões de foliões e um de seus  mais tradicionais blocos, o Baiana Ozadas, promete ferver o carnaval belorizontino deste ano.

Por Gustavo Meira

O carnaval de 2023 acontece entre os dias 4 a 26 de fevereiro. O último de BH, realizado em 2020, teve 4,45 milhões de foliões. A expectativa para este ano é que 5 milhões de foliões encham as ruas da capital, o maior da história com 479 blocos.

Desde 2020, Belo Horizonte se consolida como a terceira maior folia do Brasil, ficando atrás apenas para os 15 milhões de São Paulo e para os 5 milhões do Rio de Janeiro. A marca foi atingida quando a capital mineira passou de Salvador e Olinda.

Multidão de foliões reunidos na Av. Afonso Pena, centro de BH. foto: redes sociais

De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte, a movimentação econômica prevista é de R$ 623 milhões. A previsão é que mais de 9 mil vagas de emprego sejam geradas, além dos mais de 15 mil ambulantes credenciados. Esta edição contará com dois patrocinadores, o Sistema Fecomércio-MG (R$1 milhão), entidade que representa o comércio no estado, e a Rede de Supermercados BH (R$250 mil).

O Carnaval de Belo Horizonte terá mais de 15 mil ambulantes nas ruas. foto: PBH
O Carnaval de Belo Horizonte terá mais de 15 mil ambulantes nas ruas. foto: PBH

 

Anna e seus adereços de carnaval produzidos por ela e sua mãe. Foto: Anna Pini
Anna e seus adereços de carnaval produzidos por ela e sua mãe. Foto: Anna Pini

Para a publicitária Anna Pini, proprietária da empresa de artesanato Pixua Ateliê de Linhas, o período pré-carnavalesco já tem dado retorno. Em comparação ao mesmo período do ano anterior, onde a empresária não conseguiu vender seus adereços, neste 2023 ela se mostra muito otimista. ‘’As vendas no pré-carnaval estão indo muito bem. A expectativa está a mil, estou unindo o útil ao agradável, indo a todos os bloquinhos. Eu vou, curto e aproveito pra vender. O público está bem aquecido, botando muita fé nesse carnaval de BH, que desbancou o de muitas cidades’’, diz.

 

Bloco Baianas Ozadas

A cantora baiana Daniela Mercury e seus 30 anos de carreira, é o tema do bloco Baianas Ozadas, um dos mais tradicionais de Belo Horizonte para o Carnaval 2023.  O evento de lançamento aconteceu na última quinta-feira (2), dia de Iemanjá, e contou com ensaios da Bateria Ozada e da Ala de Dança, show da banda Baianas Ozadas, além de convidados.

‘’Pela primeira vez o Baianas Ozadas está homenageando uma artista feminina, homenageando as mulheres. Junto com uma personalidade importante da música baiana, a força das Yabás, as orixás femininas, mas celebrando 30 anos do Canto da Cidade e de carreira’’, é o que disse Geo Ozado, fundador e vocalista do Bloco Baianas Ozadas.

foto: Instagram/Baianas Ozadas
foto: Instagram/Baianas Ozadas

O Baiana é um dos blocos mais tradicionais do carnaval de BH, fundado em 2012 pelo baiano Geo Ozado. O bloco desfila com saias, turbantes, balangandãs, e lavagem das escadarias da Igreja São José, trazendo um pouco da cultura baiana e arrastando milhares de carnavalescos pelas ruas. Em 2017, registrou a marca de 500 mil foliões no carnaval da época. E neste ano, o Baianas Ozadas sai na segunda-feira (20) de carnaval às 9h em frente a Igreja São José, na Av. Afonso Pena.

 

Cármen Valadares no evento de lançamento do Carnaval 2023 Baianas Ozadas - foto: Gustavo Meira
Cármen Valadares no evento de lançamento do Carnaval 2023 Baianas Ozadas – foto: Gustavo Meira

 

Cármen Valadares, 58, é considerada por muitos blocos capital a rainha de bateria, a que puxa a comissão de frente e a ala de dança por conta de sua animação, alto astral e requebrado. Ela está presente há cinco anos no carnaval de BH e já está comparecendo aos ensaios dos blocos. ‘’O carnaval é uma festa muito bonita, que recebe todo tipo de pessoa, gera emprego e renda. Minha expectativa é muita, estou muito feliz com o carnaval e não só esse ano, mas em todos os momentos. Eu sou uma pessoa muito alegre em estar viva, com saúde, em estar bem’’, declara.

Por Millena Vieira e Gabriel Almeida

Entender o sentido da existência de todos os seres vivos, pode ser uma das maiores questões do ser humano, ficando atrás somente do mistério da morte. Desde sempre, os povos ao redor do mundo buscam respostas sobre a existência da vida, pairando pelo tempo as famosas perguntas “de onde viemos?”, “para onde vamos?” e “qual é a missão de cada um de nós na terra?”. Parte da construção de uma resposta, nasce da necessidade de algo sobre além, desencadeada por diversas religiões e filosofias de vida. De contraponto, um dos principais desafios à convivência democrática está ligado à intolerância, por um sentimento de soberania dentro dessa multiplicidade religiosa.

“A religião é a maneira como a gente diz sobre as coisas, além da sua condição material, ou seja, há uma realidade por trás das coisas que é maior do que a sua condição imanente, há uma perspectiva transcendental, há um sentido, há algo de sagrado e de poderoso, místico, então é uma maneira de reler o mundo também”, explica Pedro Luiz de Oliveira Doche, bacharel e licenciado em Filosofia, com pós seguido em Ciência da Religião pela Puc Minas.

A orientação espiritual concebe ao indivíduo formas de compreender o mundo, a si mesmo, os seus valores morais e até mesmo suas decisões políticas. Com a manifestação das crenças religiosas, é preciso analisar a relação do indivíduo com a fé e seu comportamento perante ela. Tal comportamento religioso, na maioria das vezes, é induzido por crenças que perpetuam em uma mesma família por gerações, ou seja, nos seus primeiros anos, o indivíduo não escolhe a sua própria religião, ele já nasce nos berços da influência. A decisão passa a ser de cada um, a partir da autodeterminação das próprias escolhas e seu entendimento de posição no mundo.

A diversidade das religiões no mundo se dá pela identificação e evolução histórica e pelo desenvolvimento de vários povos, cada um com sua própria maneira de interpretar a criação da vida e o fim dela. Em tendência, a intolerância nasce a partir da incapacidade de conviver socialmente com as diferenças, é a ausência da vontade de lidar com o outro, assim como suas ideias, ocasionando atitudes ofensivas a crenças e práticas religiosas ou mesmo a quem não segue uma religião, é a deslegitimação da fé do outro a partir do próprio ponto de vista, porém a afirmação do que é a fé para si não deveria sobressair como é a fé para o outro.

No Brasil, segundo levantamento do Datafolha, a religião mais predominante é a religião Católica, com cerca de 50% da população, seguida pela Evangélica, com 31%, Espírita, 3%, e Umbanda, Candomblé ou outras religiões afro-brasileiras com 2 % dos brasileiros. Em teoria, a Constituição Federal prescreveu o Brasil como país laico, ou seja, garante o direito fundamental à liberdade de religião e o Estado deve prestar proteção e garantia ao livre exercício de todas as religiões.

Embora haja legislação, no último ano, o país obteve 545 denúncias de intolerância religiosa, três queixas por dia, sendo as religiões de matriz africana as que mais sofrem com o preconceito, segundo levantamento realizado pelo Disque 100, serviço para denunciar denúncia de direitos do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Terreiro de Umbanda Caboclo Pena Dourada. Imagem: Ana Clara Souza.
Terreiro de Umbanda Caboclo Pena Dourada. Imagem: Ana Clara Souza.

Mateus Araújo, de 22 anos, explica sua trajetória dentro da Umbanda, religião de matriz africana. “Eu cresci aqui… Desde pequeno, eu tive o livre arbítrio para escolher a religião que queria, meus pais foram muito flexíveis com relação a isso… Eu escolhi a Umbanda, porque eu senti que era o meu lugar.” Com a identificação desde jovem, Mateus mostra também como percebe a intolerância em sua forma velada: “O preconceito não está necessariamente na fala, mas sim em como essa fala é produzida e entonada… depende de quem está falando e como está falando.”

Em um país onde seus muros são construídos a partir do roubo, da exploração, da tomada de culturas e liberdades, como a escravidão dos povos negros e indígenas e a catequização, pense em uma realidade de respeito as reais liberdades democráticas, beira ao fictício.

Para cortar as raízes herdeiras da imposição e da importunação sobre a fé do outro, é preciso, antes, de um esforço social e, principalmente, governamental para a criação de medidas e novas políticas de segurança e educação que de fato saiam do papel e sejam subordinadas.

Religiões dos povos indígenas

Apesar da catequização, uma religião indígena resiste e se assemelha em diversos aspectos entre os diferentes povos. A relação com o mundo e a forma como é vista e interpretada é muito diferente do cristianismo, por exemplo. Os povos indígenas abraçam com fé as entidades e os grandes guerreiros que se manifestam através dos elementos da natureza. Eles acreditam que há um criador, chamado Tupã, responsável também pelas chuvas, raios e trovões. Além dele, há outros responsáveis ​​pela proteção do mundo em seus diversos aspectos, sobretudo ligados às matas e às florestas, bem como a crença de que alguns espíritos estão encarnados em animais, potencializando o poder da natureza e da relação dos povos com ela. Em sua relação com a crença e a vivência da fé, acredita-se que alguns possuem o dom de manter contato com os espíritos e as entidades. 

Religiões de matrizes africanas

Assim como algumas religiões indígenas, as religiões de matriz africana, como a Umbanda e o Candomblé, possuem em sua essência, a preservação aos ancestrais, a sabedoria dos mais idosos e a proteção de entidades poderosas e espíritos. Candomblé é uma religião afro-brasileira, que foi trazida pelas pessoas negras escravizadas. Umbanda é uma religião brasileira que mescla elementos do catolicismo, espiritismo e religiões afro-brasileiras. Uma das formas mais conhecidas no Brasil, é Iemanjá, guardiã das águas, e assim como ela, é possível encontrar outros tipos presentes nas duas religiões, onde os orixás são deuses cultuados representantes das forças elementares oriundas da água, da terra, do ar, faça fogo. Duas religiões monoteístas que apesar das semelhanças, não são iguais, uma é genuinamente brasileira. 

novembro azul
Novembro azul ( Internet divulgação )

Por Matheus Dias 

Hoje, 17 de novembro, é comemorado o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, a campanha ‘Novembro Azul’ que acontece nesta data é internacionalmente conhecida por dedicar todo o mês ao combate da doença. O movimento teve origem na Austrália em 2003 com objetivo de chamar a atenção para a prevenção e o diagnóstico precoce de doenças que atingem a população masculina e no Brasil  foi comemorado pela primeira vez em 2008. 

No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde,  depois do câncer de pele não melanoma, o câncer mais comum entre homens, sendo 29% dos diagnósticos, é o de próstata. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) mais de 65 mil novos casos são esperados em 2022. 

O Dr. Bernardo Geoffroy, médico urologista, destaca a importância da campanha e diz que as ações e campanhas como a do Novembro Azul estimulam o homem a procurar os consultórios: “Ainda é um tabu na sociedade, que é machista, mas vem caindo aos poucos. Esse tipo de

Dr. Bernardo Geoffroy, médico urologista
Dr. Bernardo Geoffroy, médico urologista. ( Foto: Arquivo pessoal )

iniciativa ajuda a acabar com o tabu, a gente vê isso na prática, os pacientes buscam consultas por causa das campanhas”. 

PREVENÇÃO 

A busca do homem a um consultório médico para consultas e exames em geral é bem menor comparado à mulher, comenta o urologista. A ida periódica para realizações de exames e ter um estilo de vida saudável coopera para que se não tenha câncer na próstata, já que não tem uma medida milagrosa para prevenir, mas o diagnóstico mais precoce possível é essencial para que se não avance.  O tabagismo, excesso de álcool, dieta rica em gordura animal, obesidade e sedentarismo aumentam o nível do câncer na próstata. 

O Dr. Geoffroy destaca a recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia de se fazer o rastreio do câncer de próstata a partir de 45 anos  para o grupo de fatores de risco e aos 50 sem os fatores, que também comenta de receber pacientes com uma idade menor em busca do exame: “vemos na prática nos consultórios a preocupação de pacientes já  aos 40 anos”. 

FATORES DE RISCO

Os pacientes com fator de risco são os que tiveram familiares de primeiro grau com a doença (pais e irmãos), sobrepeso e obesidade e a população negra. Questionado sobre o motivo da população negra estar nesse fator de risco, Dr. Bernardo nos diz que “se tem uma série de estudos, mas nada definido. É uma população com incidência maior e a doença é mais agressiva, por isso é importante ter um olhar mais cuidadoso”. 

SINTOMAS 

Por ser uma doença assintomática, quando surge algum sinal já está avançado. Os principais sintomas são: 

  • Presença de sangue na urina e/ou esperma; 
  • dificuldade de urinar; 
  • jato urinário fino;
  • frequência na vontade de urinar;
  • dor ósseas. 

 

EXAMES E TRATAMENTO

O Toque Retal é o exame físico que se faz a avaliação do tamanho e textura da próstata, é o famoso exame carregado de resistência e machismo, mas o Dr. Bernardo Geoffroy avalia que se tem diminuído o preconceito e medo dos homens. Também existe o exame de sangue – Antígeno Prostático Específico, o PSA, que mede a quantidade de uma proteína produzida pela próstata e que consegue identificar também outras doenças na próstata. 

Dr Geoffroy destaca que os exames são complementares e  após a identificação de alguma alteração nos exames, se faz uma biópsia da próstata, que somente assim se tem um diagnóstico final.  

“O tratamento depende de uma série de fatores, como idade do paciente, se o paciente tem doença associada, o que ele deseja e espera do tratamento e o estágio da doença”, conta o urologista. Pacientes com tumor muito pouco agressivo podem tentar uma vigilância ativa, que é acompanhar o paciente de perto com exames seriados e identificar a hora que esse tumor está avançando para tratar de forma definitiva. Pacientes com risco maior a indicação é a radioterapia ou cirurgia. Os tratamentos são oferecidos de forma integral e gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

Redação com a nova tagline. Foto/divulgação: Site - Itatiaia
Redação com a nova tagline. Foto/divulgação: Site - Itatiaia

Há 70 anos no ar, a Itatiaia tem como objetivo expandir para outros meios de comunicação  

Por Matheus Dias

Celebrou ontem, 25 de setembro, o Dia Nacional do Rádio. Em 2022 completou cem anos desde a primeira transmissão radiofônica no país, muitas emissoras se transformaram nos últimos anos e ampliaram sua cobertura e comunicação para o universo digital, como a Rádio Itatiaia de Minas Gerais, uma das maiores do país. 

A data escolhida é para homenagear Edgar Roquette-Pinto, considerado o pai da radiodifusão no Brasil, mesma data de seu nascimento. A primeira transmissão radiofônica ocorreu no dia 07 de setembro de 1922 no Rio de Janeiro, data que comemorava cem anos da independência do Brasil, com o discurso do então presidente do país, Epitácio Pessoa.

Novo visual da marca Itatiaia. Foto/Divulgação: Site - Rádio Itatiaia
Novo visual da marca Itatiaia. Foto/Divulgação: Site – Rádio Itatiaia

Era de costume as pessoas terem um aparelho de rádio em suas casas para escutarem as notícias, acompanhar as radionovelas, ouvir as transmissões esportivas e os programas de entretenimento,  isso antes da chegada da televisão no Brasil e de sua popularização. 

Houve quem acreditasse que com a chegada da televisão o rádio iria desaparecer. Com o surgimento da era digital também tiveram novos rumores, mas aí ele continua presente e se reinventando. 

ITATIAIA: EMBLEMÁTICA EM MINAS 

Redação integrada de jornalismo, esporte e digital da emissora. Foto/Divulgação: Site - Rádio Itatiaia.
Redação integrada de jornalismo, esporte e digital da emissora. Foto/Divulgação: Site – Rádio Itatiaia.

Uma das três maiores rádios do Brasil está em Minas Gerais, a Itatiaia. Com 70 anos de existência, a chance de um mineiro não conhecê-la é pequena. A rádio emblemática pelo seu jornalismo e esporte é consagrada pela grande audiência e popularidade no estado. 

Genival Aparecido, 53, motorista de aplicativo, mora em Belo Horizonte e também já trabalhou como taxista na cidade, conta que o rádio sempre foi seu companheiro e tem o hábito de escutar a Itatiaia. “Acompanho há 20 anos Itatiaia, todos os dias, desde quando comecei a trabalhar na praça. De manhã até a noite, escuto a Itatiaia”, diz o motorista de aplicativo. 

Fiel a Itatiaia, Genival opta pela emissora por notar que mesmo com o decorrer do tempo  não perdeu a sua agilidade em informar. Um acontecimento que marcou o motorista com a precisão na notícia e na prestação ao público da rádio foi há 30 anos, quando a Itatiaia informou o falecimento de seu sogro: “A Itatiaia dá notícia de tudo e inclusive deu uma notícia para a família de minha esposa, que o pai dela, meu sogro, havia morrido,  informou para que meus cunhados se reunisse em tal local, pois não havia telefone naquela época”, relembra Genival. 

Hoje, além de escutar fielmente a programação da emissora, o motorista interage com os programas pelo WhatsApp para participar de sorteios e enviar mensagens para os comunicadores na hora dos seus programas que tanto admira e se criou uma relação, por exemplo, Eduardo Costa, todas as manhãs. 

NOVA PROPOSTA

Em 2021 a Itatiaia ganhou uma nova gerência com a proposta de ampliar sua comunicação no meio digital e com o desafio de manter a credibilidade e o carinho de sua audiência no tradicional rádio.  

Thais Silva, gerente de marketing da Itatiaia, conta que quando chegou na emissora, há pouco mais de um ano, junto com o atual presidente da rádio, Diogo Gonçalves, foi lançado o desafio e a necessidade de se expandir: “A marca que antes que era somente ouvida, começou a ser vista. A rádio que já estava perfeita na comunicação no meio tradicional  se reposicionou para mudar como era vista e percebida pelo público para alcançar novos patamares e dominar o espaço digital, que é a nossa missão”, destaca a gerente de marketing.   

Estúdio principal da Itatiaia. Foto/Divulgação: Site - Rádio Itatiaia.
Estúdio principal da Itatiaia. Foto/Divulgação: Site – Rádio Itatiaia.

Há um mês, no dia 26 de agosto, a emissora inaugurou sua nova sede em Belo Horizonte, a migração para um novo local se deu por necessidade devido ao crescimento da rádio, pois o antigo prédio não comportava mais. Também a mudança para nova casa foi feita para que tivesse um espaço em que as redações de jornalismo, esporte e do departamento voltado aos conteúdos do digital pudessem ficar mais integradas em um mesmo ambiente. 

Com o novo momento da emissora de ampliação na comunicação focada nos mineiros, o que antes tinha como tagline “A rádio de Minas” se tornou “Itatiaia  tudo que importa para Minas”. Hoje a Rádio está presente em Minas Gerais com filiais e afiliadas que retransmitem o conteúdo gerado e possuem correspondentes em outros locais do país, como em Brasília, e no mundo, por exemplo, na Europa, mas sempre voltado para os assuntos e temas de interesse dos mineiros. 

Atualmente a Itatiaia se prepara para uma das maiores coberturas, a Copa do Mundo do Catar, que ocorrerá em novembro deste ano, com um time de 19 pessoas no país, sendo a maior equipe de emissora de rádio brasileira atuando presencialmente, segundo Thais Silva, e com transmissão para o rádio e com vídeo no digital, que desde 16 de novembro de 2021 a Itatiaia transmite 15 horas de programação ao vivo no YouTube.

O país e o mundo conseguem acompanhar a Itatiaia pela internet e aplicativo, mas pretendem ampliar a cobertura. “A gente quer alcançar uma nacionalização, em um futuro breve queremos que a nossa rádio seja nacional e atingir o Brasil de uma forma mais forte”, comenta Thais Silva. 

NOVOS PÚBLICOS

Há sete décadas no ar, uma nova geração conheceu a Itatiaia e hoje a emissora também tem como objetivo conquistar novos públicos e estar no dia a dia com presença forte em todo o meio digital – YouTube, aplicativo, site e rede social. A estratégia foi investir no visual e produção de conteúdos com a linguagem específica para cada meio. 

Stheffany Marrone Ribeiro, 23, estudante de Direito em Belo Horizonte, acompanha e se informa pela Itatiaia somente pelas redes sociais, não tem costume de escutar o rádio: “Consumo muito a Itatiaia. Sigo o Twitter e acompanho o feed para atualizar todas as notícias, mas não ouço o rádio”, conta a estudante de Direito, que também comenta ter amizade que entra todos os dias no perfil do Instagram da Itatiaia para se informar. 

No YouTube com transmissão ao vivo da programação e com vídeos, a Itatiaia possui mais de meio milhão de inscritos. Nas redes sociais TikTok, Instagram, Twitter e Facebook somam juntos mais de 2,6 milhões de seguidores. Em fevereiro de 2022 a pesquisa Kantar Ibope Media divulgou a Itatiaia como a emissora de rádio mais ouvida no Brasil, que conta com um público variado de idades, classes sociais e econômicas.